PRIMEIRO DIAGNÓSTICO DE PLATINOSOMOSE EM FELINOS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO IFPB CAMPUS SOUSA

Documentos relacionados
Platynosomum concinnum (Trematoda: Dicrocoeliidae) em gato doméstico da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA CRÔNICA EM GATOS

TABELA DE PREÇOS. BIOQUÍMICA SÉRICA VALOR MATERIAL PRAZO Ácidos biliares totais (jejum) 115,00 Soro sanguíneo 5 dias

INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA EM GATOS

RESIDENCIA MÉDICA UFRJ

Complicações da pancreatite crônica cursando com dor abdominal manejo endoscópico - agosto 2016

Uso do Endal Gatos no tratamento da platinossomíase felina*

SUS A causa mais comum de estenose benigna do colédoco e:

PATOLOGIA DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO

No. do Exame 001/ Data Entrada..: 20/01/2017

1/100 RP Universidade de São Paulo 1/1 INSTRUÇÕES PROCESSO SELETIVO PARA INÍCIO EM ª FASE: GRUPO 5: VETERINÁRIA

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM GATOS

Caso clínico. Homem, 50 anos, desempregado, casado, sem filhos, Gondomar. parestesias diminuição da força muscular. astenia anorexia emagrecimento

Universidade Federal do Paraná. Treinamento em Serviço em Medicina Veterinária. Laboratório de Patologia Clínica Veterinária

INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA EM CÃES

Enzimas no Laboratório Clínico

Leucemia Linfoblástica Aguda e aspectos microscópicos. Relato de caso

Colangiohepatite Felina

AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA E ULTRASSONOGRÁFICA DO FÍGADO E DA VESÍCULA BILIAR EM GATOS DOMÉSTICOS

OBESIDADE ASSOCIADA À PANCREATITE CRÔNICA E UROLITÍASE EM CÃO DA RAÇA YORKSHIRE TERRIER RELATO DE CASO

RELATO DO PRIMEIRO DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO DE Platynosomum, LOOSS (1907) EM FELINO NO ESTADO DE SANTA CATARINA

[LINFOMA EPITELIOTRÓPICO]

COLECISTITE AGUDA TCBC-SP

TABELA DE PREÇOS PARA VETERINÁRIOS CONVENIADOS. Tabela a partir de 01/06/2017.

TÍTULO: OCORRÊNCIA DE FELINOS DOMÉSTICOS (FELIS CATUS) NATURALMENTE INFECTADOS COM GIARDIA SP NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, SP, BRASIL

DESAFIO DE IMAGEM Aluna: Bianca Cordeiro Nojosa de Freitas Liga de Gastroenterologia e Emergência

BOTULISMO EM CÃES - RELATO DE CASO

Descrição do Procedimento VALOR (R$) Prazo de entrega Material enviado. Ácidos biliares totais (jejum ou pós prandial) 130,00 4 dias Soro sanguíneo

I CURSO DE CONDUTAS MÉDICAS NAS INTERCORRÊNCIAS EM PACIENTES INTERNADOS

INTRODUÇÃO AO LINFOMA EM GATOS

Platinosomíase em felinos domésticos: um diferencial para obstrução biliar

Doenças das vias biliares. César Portugal Prado Martins UFC

Infecção natural pelo Platynosomum Looss 1907, em gato no município de Salvador, Bahia

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO FIGADO Silvia Regina Ricci Lucas

Apresentação de caso. Marco Daiha / Raquel Lameira

Principal função exócrina = produção, secreção e estoque de enzimas digestivas (gordura, proteínas e polissacarideos) Cães: Possuem dois ductos

PSA - ANTÍGENO ESPECÍFICO Coleta: 20/11/ :05 PROSTÁTICO LIVRE. PSA - ANTIGENO ESPECÍFICO Coleta: 20/11/ :05 PROSTÁTICO TOTAL

AVALIAÇÃO DA METODOLOGIA PARA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE Fasciola hepatica RESULTADOS PRELIMINARES

Microscópico- resíduos alimentares não

MANSIL. Cápsula. 250 mg

RELATO DE CASO Identificação: Motivo da consulta: História da Doença atual: História ocupacional: História patológica pregressa: História familiar:

PÂNCREAS ENDÓCRINO. Felipe Santos Passos 2011

DERMATITE ALÉRGICA A PICADA DE PULGA RELATO DE CASO

Carteira de VETPRADO. Hospital Veterinário 24h.

Sessão televoter anemias. Joana Martins, Manuel Ferreira Gomes António Pedro Machado

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ UNIDADE JATOBÁ. Carga Horária Total Carga Horária Semestral Ano Letivo 48 hs Teórica: 32 Prática:

R1CM HC UFPR Dra. Elisa D. Gaio Prof. CM HC UFPR Dr. Mauricio Carvalho

[ERLICHIOSE CANINA]

CORRELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS PLASMÁTICOS DE TRANSAMINASES E O TEMPO DE PROTROMBINA EM PACIENTES COM LITÍASE BILIAR

DOENÇAS INFECCIOSAS DE CÃES

TABELA DE PREÇOS. 1 Imagem R$ 80,00 2 Imagens R$ 150,00 3 Imagens R$ 180,00 4 Imagens R$ 220,00 Imagens Adicionais R$ 30,00 Sedação R$ 190,00

23/08/2016 HÉRNIAS HÉRNIAS EM PEQUENOS ANIMAIS HÉRNIAS HÉRNIAS PARTES DE UMA HÉRNIA: CLASSIFICAÇÃO PARTES DE UMA HÉRNIA: DEFINIÇÃO:

ULTRASSONOGRAFIA PEQUENOS ANIMAIS

TABELA DE EXAMES PERFIS HEMATOLOGIA BIOQUÍMICOS

TRANSPLANTE DE FÍGADO

PLANO DE ENSINO Ficha nº 1 (permanente) EMENTA

AVALIAÇÃO DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM CÃES OBESOS RESUMO

Giardíase Giardia lamblia

DIAGNÓSTICO CLÍNICO E HISTOPATOLÓGICO DE NEOPLASMAS CUTÂNEOS EM CÃES E GATOS ATENDIDOS NA ROTINA CLÍNICA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVIÇOSA 1


Áquila Lopes Gouvêa Enfermeira da Equipe de Controle de Dor Instituto Central do Hospital das Clínica da Faculdade de Medicina da USP

Uso do Prediderm (prednisolona) associado ao micofenolato de mofetil no tratamento de anemia hemolítica imunomediada canina: relato de caso

Complicações na Doença Inflamatória Intestinal

PLATINOSOMOSE: ABORDAGEM NA CLÍNICA FELINA PLATYNOSOMOSIS: APPROACH IN FELINE CLINICAL RESUMO

Relatório de Caso Clínico

EXAME DE URETROGRAFIA CONTRASTADA PARA DIAGNÓSTICO DE RUPTURA URETRAL EM CANINO RELATO DE CASO

Seminário Grandes Síndromes

FORMULÁRIO PADRÃO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS

PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DE INFECÇÃO POR CORONAVÍRUS FELINO PROF. DR. DIANE ADDIE, 2016

ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DE NEOPLASIA HEPÁTICA EM PERIQUITO AUSTRALIANO (Melopsittacus undulatus): RELATO DE CASO

SERVIÇO DE CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - CÂMPUS CONCÓRDIA

Identificação J.J.S., masculino, 48 anos, caminhoneiro, negro, residente em Campo Grande, MS.

PRINCÍPIOS PARA O CUIDADO DOMICILIAR POR PROFISSIONAIS DE NÍVEL SUPERIOR - FECALOMA: ABORDAGEM CLÍNICA, PRINCÍPIOS E INTERVENÇÕES

Nº 15 CASO CLÍNICO: HEPATOPATIA CRÔNICA. Julho/2015. Hepatite Canina

Bárbara Ximenes Braz

Guia Prático MANEJO CLÍNICO DE PACIENTE COM SUSPEITA DE DENGUE. Estado de São Paulo Divisão de Dengue e Chikungunya

EXAMES BIOQUÍMICOS. Profa Dra Sandra Zeitoun Aula 3

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO DA AMOSTRA SOBRE OS PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS DE CÃES

Nota Técnica 03/2017 CIEVS/GEEPI/GVSI. Assunto: Fluxo Assistencial de Pessoa com Suspeita de Febre Amarela na Rede SUS-BH

FÍGADO AVALIAÇÃO LABORATORIAL PARAA PREVENÇÃO DE DOENÇAS

AUXILIAR DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

ABDOME AGUDO NA GRAVIDEZ Waldemar Prandi Filho

COLECISTITE AGUDA ANDRÉ DE MORICZ CURSO CONTINUADO DE CIRURGIA PARA REWSIDENTES COLÉGIO BRASILEIRO DE CIRURGIÕES 2006

PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA MEDICINA VETERINÁRIA

Confira se os dados contidos na parte inferior desta capa estão corretos e, em seguida, assine no espaço reservado para isso.

RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 PRÉ-REQUISITO (R4) PROVA ESCRITA

AVALIAÇÃO DE POSSÍVEIS ALTERAÇÕES METABÓLICAS EM CAMUNDONGOS SUBMETIDOS À DIETA CRÔNICA COM PERESKIA ACULEATA MILLER

ALTERAÇÕES DE INTESTINO DELGADO EM GATOS

Interpretação clínica das alterações no número dos leucócitos Alterações no número de leucócitos na circulação

Ácidos biliares: metabolismo e aplicações diagnósticas 1

HBS-Ag - Antígeno Austrália Material: Soro VALOR DE REFERÊNCIA RESULTADO: SORO NÃO REAGENTE Soro Não Reagente TRANSAMINASE OXALACETICA (TGO)

HEMOGRAMA COMPLETO

Patologia Clínica e Cirúrgica

Relatório de Caso Clínico

Relatório de Caso Clínico

SECRETARIA DO ESTADO DE SAÚDE (SES) 2015 PRÉ-REQUISITO / CANCEROLOGIA PEDIÁTRICA PROVA DISCURSIVA

Em cada ano é necessário seleccionar o campo (ou campos) adequado para cada doente. Abcesso abdominal: documentado por ecografia, TAC, RMN ou cirurgia

RELAÇÃO ENTRE ENERGIA METABOLIZÁVEL E AMINOÁCIDOS SULFUROSOS SOBRE O PERFIL BIOQUÍMICO SÉRICO DE POEDEIRAS NA FASE DE PRODUÇÃO DE 24 A 44 SEMANAS

TRÍADE FELINA FELINE TRIAD

Transcrição:

1 PRIMEIRO DIAGNÓSTICO DE PLATINOSOMOSE EM FELINOS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO IFPB CAMPUS SOUSA FIRST DIAGNOSIS OF PLATINOSOMOSIS IN FELINES OF THE VETERINARY HOSPITAL OF IFPB - CAMPUS SOUSA Morgana Alves CAVALCANTE 1 ; Francisco Alipio de SOUSA SEGUNDO 1 ; Edla Iris de Sousa COSTA 1 ;Luis Fernando Batista ARRUDA²; Paulo Wbiratan Lopes da COSTA²; Ana Lucélia de ARAÚJO 3 e Vinicius Longo Ribeiro VILELA 3. 1 Médico Veterinário Autônomo, morgannacavalcante@hotmail.com 2 Graduando de Medicina Veterinária, IFPB, campus Sousa 3 Professores do Curso de Medicina Veterinária, IFPB, campus Sousa Resumo: O presente trabalho objetivou relatar um caso de um felino acometido por Platinosomose. Deu entrada no hospital veterinário um felino, macho, inteiro, sem raça definida, pesando 2,9 Kg, aparentemente geriátrico, de vida livre, cuja queixa principal era o emagrecimento progressivo, o exame clínico geral revelou que o paciente apresentava os parâmetros fisiológicos normais, já na avaliação específica apresentou hiporexia, apatia e abdome distendido. Foram solicitados exames hematológicos, bioquímicos, urinalíse, ultrassonográfico, radiográfico e coproparasitológico. Através da visualização de ovos de Platynosomum fastosum durante o exame coproparasitológico foi possível chegar ao diagnóstico definitivo da patologia, sendo instituída uma terapia utilizando Praziquantel 20 mg/kg SID, durante cinco dias e terapia de suporte. Após um mês do tratamento, animal apresentou uma quantidade reduzida de P. fastosum no exame coproparasitológico, sendo realizada nova vermifugação com o mesmo antiparasitário, porém por apenas três dias. Após as terapêuticas instituídas pode-se considerar que o antiparasitário tem boa ação sobre o P. fastosum porém, o tempo terapêutico, a dose empregada e o grau de infecção parasitária pode influenciar na sua eficácia., necessitando-se de maiores informações sobre a Platinosomose. Palavras-chave: Antiparasitário, Gato, Platynossomum fastosum, Praziquantel. Keywords: Antiparasitic, Cat, Platynossomum fastosum, Praziquantel. Anais do 38º CBA, 2017 - p.0326

2 Introdução: O P. fastosum é um trematódeo que acomete principalmente felinos, este parasita possui predileção pelo fígado, vesícula biliar, ductos biliares e, em menor frequência, o intestino delgado (SOLDAN & MARQUES, 2011). Os sinais clínicos da platinosomose são variados, podendo ser ausentes a sinais bastante severos, como colangite, colangiohepatite, colecistíte e colelitíase, os quais podem levar à óbito, apesar da gravidade, são escassos os estudos essa patologia (SOUSA FILHO et al., 2015). O diagnóstico definitivo pode ser realizado através da visualização de ovos do parasita nas fezes dos animais, entretanto, em alguns casos não se pode observar os ovos do parasita, o que associado a sinais clínicos inespecíficos, dificulta o diagnóstico do paciente (SOUSA FILHO et al., 2015). O anti-helmíntico de escolha para tratamento da platinosomose é o praziquantel, com dosagem de diária de 20 mg/kg via oral, uma vez ao dia, durante 5 dias (SOLDAN & MARQUES, 2011). A dificuldade em se chegar à um diagnóstico definitivo interfere na adoção de um tratamento clínico eficaz do paciente, resultando em alta taxas de letalidade, muitas vezes a doença é um achado de exames post mortem. Diante do contexto, o presente trabalho tem como objetivo relatar o diagnóstico de platinosomose em felino através de exame coproparasitológico. Descrição do Caso: Foi atendido no Hospital Veterinário (HV) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), um felino, macho, com aproximadamente dez anos de idade, sem raça definida, pesando 2,68 kg, com histórico de apatia, inapetência e isolamento. Ao exame físico foi possível verificar mucosas pálidas, levemente desidratado (5%) e linfonodos submandibulares aumentados. Na avaliação clínica especifica observou-se que o animal tinha aumento de volume abdominal na região epigástrica, postura antálgica de dorso arqueado, com resposta de dor a palpação abdominal, principalmente na região epigástrica, alças intestinais espessadas, observadas à palpação externa. Então foram solicitados exames hematológicos, bioquímicos e parasitológico de fezes. Anais do 38º CBA, 2017 - p.0327

3 O exame hematológico apresentou valores de hemácias em limítrofe inferior (5,6x10 6 ) e hematócrito dentro da referência do valor da espécie (29,2%). O leucograma revelou leucocitose (COLOCAR VALOR), linfocitose (9307 mm 3 ), monocitose (4290,3/mm 3 ). Não foi observada alterações sobre os valores das enzimas ALT, Creatinina, Ureia e FA. No exame parasitológico de fezes, realizado por meio das técnicas de flutuação simples e sedimentação simples, obteve-se resultados positivos para Spiorometra mansonoides e Platynossomum fastosum. O animal foi internado devido seu estado clínico. O período de internamento durou seis dias, durante esse tempo o animal recebeu terapia de suporte constituída por Praziquantel, Cefalotina sódica, Metronidazol, Acetilcisteína, Dipirona sódica, Cloridrato de Tramadol, Metoclopramida, Prednisolona, Ranitidina, Complexo Vitamínico-Mineral, Vitamina E. Ao final do internamento um novo exame parasitológico de fezes foi realizado, evidenciando alta carga parasitária de Platynosomum fastosum. Após os tratamentos efetuados no período do internamento, foi observado melhora clínica significativa do animal, apresentando apetite, pêlos limpos e diminuição de dor abdominal. Foi prescrito um tratamento de suporte a ser realizado no ambiente domiciliar, constituído de Acetilcísteina, Cefalexina suspensão, Dipirona, Hepvet, Prednisolona e Vitamina E. Após 20 dias do encerramento de terapia antiparasitária, foram solicitados hemograma, bioquímica de ALT, FA, GGT, AST, albumina, amilase, lipase, ureia, creatinina, urinálise e ultrassonografia abdominal. O hemograma revelou valores hematológicos normais, foi observado um discreto aumento no valor de proteínas totais (8,4g/dL). No exame bioquímico não foram observadas alterações com exceção da amilase, que apresentou aumento de 1000% a mais do valor máximo normal para a espécie. A urinálise encontrou valores dentro dos padrões de referência. Na ultrassonografia abdominal foi evidenciado a redução das regiões cortical e medular dos rins, hepatomegalia, discreta heterogeidade, vasos hepáticos congestos e presença do platinosoma. A vesícula biliar estava repleta e com dilatação do ducto comum. Os achados foram sugestivos de enterite e pancreatite. Anais do 38º CBA, 2017 - p.0328

4 Um novo exame coproparasitológico revelou redução considerável de Platynosomum fastosum nas fezes, mas, devido a presença do parasita um novo tratamento com Praziquantel foi realizado. A segunda terapia com Praziquantel reduziu o grau de infecção do parasita, evidenciado através de um terceiro exame coproparasitológico, entretanto, mesmo com a instituição de terapia de suporte durante todo o acompanhamento do animal, não foi observada melhora do quadro clínico, diante do estado desfavorável para sua sobrevivência, foi realizada eutanásia. Discussão: O animal deste estudo não era vermifugado e possuía vida livre a maior parte de sua vida, esses são dados críticos para a infecção de felinos (JESUS et al., 2015), já que felinos de vida livre apresentam instinto predatório em animais como lagartixas, que participa do ciclo de vida do parasita. Assim como o relatado em outros estudos, o animal apresentou sinais clínicos inespecíficos, além de não apresentar icterícia das mucosas, que é comumente relatado em casos de Platinosomose (JESUS et al., 2015). As alterações hematológicas no presente estudo, não foram determinantes para o diagnóstico, de acordo com Soldan e Marques (2011), a diminuição nos valores hematológicos, além de linfocitose e leucocitose são dados inespecíficos, fazendo necessária a busca por alterações em órgãos como o fígado, através das enzimas ALT, AST e bilirrubina. Observou-se valor bastante elevado de amilase, sugerindo comprometimento pancreático, os casos onde se têm o desenvolvimento de pancreatite são considerados raros (SOLDAN & MARQUES, 2011). As alterações ultrassonográficas encontradas neste relato vão de encontro as alterações observadas em outros estudos (MICHAELSEN et al., 2012), geralmente essas indicam obstrução biliar. A eficácia do exame coproparasitológico está relacionada a quantidade e tamanho dos ovos eliminados, como também a capacidade do profissional em visualizar os ovos (SHEEL et al., 2015), no presente estudo o exame coproparasitológico se mostrou vital na obtenção do diagnóstico definitivo, possibilitando o emprego da terapia adequada o mais rápido possível. Anais do 38º CBA, 2017 - p.0329

5 A literatura revela que animais acometidos por P. fastosum comumente vão à óbito (SOUSA FILHO et al., 2015), mesmo com terapia de suporte ampla. O sucesso da terapêutica parece estar associada à obtenção precoce do diagnóstico e emprego de terapia adequada (MICHAELSEN et al., 2012). O combate ao parasito é realizado utilizando principalmente o praziquantel. A terapia muitas vezes precisa ser repetida, Shell et al. (2015) relataram o acompanhamento durante um ano de um felino com Platinosomose, mesmo com um segundo tratamento a presença de carga parasitária persistiu. Conclusão: O animal apresentou um grau de infestação severa pelo Platynosomum fastosum, diagnosticado por meio de exame coproparasitológico. Uma única dose do antiparasitário não foi suficiente para debelar a infecção, necessitando a repetição da terapia. Referências: JESUS, M. F. P.; BRITO, J. A.; SILVA, V. C.; PEDROSO, P. M. O.; PIMENTEL, L. A.; MACEDO, J. T. S. A.; SANTIN, F.; NETO, A. F. S.; RIBEIRO, R. R. Natural infection by Platynosomum illiciens in a Stray Cat in Cruz das Almas, Recôncavo da Bahia, Brazil. Brazil J. of Vet Pathology, v.8, n.1, p.25-28, 2015. MICHAELSEN, R.; SILVEIRA, E.; MARQUES, S. M. T.; PIMENTEL, M. C.; COSTA, F. V. A. Platynosomum concinnum (Trematoda: Dicrocoeliidae) em gato doméstico da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Vet em Foco, v. 10, n. 1, p. 53-60, 2012. SHELL, L.; KETSIS, J.; HALL, R.; RAWLINS, G.; PLESSIS, W.D. Praziquantel treatment for Platynosomum species infection of a domestic cat on St Kitts, West Indies. Jour of Fel Medic and Surg Open Report, p.1 4, 2015. SOLDAN, M. H. & MARQUE, S. M. T. Platinosomose: Abordagem na clínica felina. Rev da FZVA, v. 18, n. 1, p. 46-67, 2011. SOUSA FILHO, R. P.; SAMPAIO, K. O.; HOLANDA, M. S. B.; VASCONCELOS, M. C.; MORAIS, G. B.; VIANA, D. A.; COSTA, F. V. A. Primeiro relato de infecção natural pelo Platynosomum sp. em gato doméstico no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Arq. C. Vet. Zool. UNIPAR. v. 18, n. 1, p. 59-63, 2015. Anais do 38º CBA, 2017 - p.0330