Concepção de Educação e Trabalho

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Transcrição:

http://www.pcdiga.net/showthread.php?t=19011 Disciplina: Concepção de Educação e Trabalho Prof. Cleito Pereira dos Santos

O Trabalho na Teoria Marxista Diego Rivera Particolare Detroit Industry 1932

Conceituando o Trabalho: Trabalho: meio através do qual o homem supera sua condição de ser natural e se converte em ser social. Relação Homem Natureza Indivíduo modifica a natureza e é modificado por ela.

Trabalho ato que pressupõe a consciência e o conhecimento dos meios e dos fins aos quais se pretende chegar. No trabalho Indivíduo, como subjetividade se objetiva e converte o objeto e a si próprio em objetos do conhecimento. Através das subjetividades depositadas nas objetividades a natureza converte-se em obra e em realidade humana.

(...), o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. (Marx, 1988: 142).

Diego Rivera: Indústria em Detroit (fragmento).1933...o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. (Marx, 1988: 142-3)

O processo de trabalho, como o apresentamos em seus elementos simples e abstratos, é atividade orientada a um fim para produzir valores de uso, apropriação do natural para satisfazer a necessidades humanas, condição universal do metabolismo entre o homem e a Natureza, condição natural eterna da vida humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes igualmente comum a todas as suas formas sociais. (Marx, 1988: 146).

Capitalismo Divisão do trabalho trabalho concreto - trabalho abstrato (valor de uso) (valor de troca) Alienação/Estranhamento: aspectos do trabalho alienado indivíduo se aliena dos produtos, de seu trabalho, do processo de seu trabalho, de seu próprio ser e dos outros indivíduos.

Produção de mercadorias fetiche da mercadoria mercadorias ocultam a relação social entre os trabalhos individuais e o trabalho total. Nesse sentido, trabalho que seria a realização da essência humana converte em pura objetivação, pura exteriorização Primazia do objeto sobre o sujeito.

Reestruturação Produtiva do Capital: do Taylorismo-Fordismo ao Toyotismo

Organização do Trabalho Fonte: Adaptado de Heloani (2003) TAYLORISMO Separação da concepção/planejament o e execução; Intensificação do trabalho decomposiçã o do trabalho em tarefas simples e repetitivas; Controle de tempos e movimentos eliminar a porosidade FORDISMO Tem por objetivo ganhos constantes de produtividade; Linha de montagem; Verticalização da produção; Pressão para adequação do trabalhador aos ritmos de produção; Produção em grandes lotes de bens padronizados; Parcialização das tarefas Controle nos dispositivos automáticos; Alienação do trabalho compensada pelo consumo. TOYOTISMO Automação flexível; Produção em pequenos lotes; Envolvimento do trabalhador captura da subjetividade ; Integração dos diversos departamentos Horizontalização; Diversas formas de controle através do uso da automação microeletrônica; Qualidade Total; Just-in-Time/Kanban; Produção enxuta;

TAYLORISMO FORDISMO TOYOTISMO Estrutura Política e Econômica Segunda Revolução Industrial; Trustes e Cartéis; Produção em massa Repasse da produtividade aos salários; Consumo em massa de bens duráveis; Ciclo consumoinvestimentos; Política de emprego; Investimento predominante na produção industrial; Lucratividade elevada. Welfare State(Keynes); Negociação Coletiva; Sindicatos-Estado- Empresas Apropriação da produtividade pelo capital; Consumo seletivo; Elevação apenas dos maiores salários; Investimentos apenas em setores de maior competitividade e tecnologias poupadoras de mãode-obra; Revisão do Papel do Estado; Corte na seguridade social e nos gastos públicos com educação e a saúde; Desemprego; Pressão sobre as reivindicações sindicais em relação à estabilidade e ao salário Fonte: Adaptado de Heloani (2003)

Toyotismo e a Reordenação da Subjetividade do Trabalho: Flexibilização e integração das subjetividades Incentivo à cooperação Gestão participativa Administração por estresse (management by stress).

Dentro de um sistema altamente competitivo e flexível, a empresa pósfordista estimula o desenvolvimento da iniciativa, da capacidade cognitiva, do raciocínio lógico e do potencial de criação para que seus funcionários possam dar respostas imediatas a situações-problema. Ao passo que delega algum poder de decisão (propicia certa autonomia), a empresa precisa manter um controle indireto sobre a atuação de seus empregados, o que leva a fazer com que estes assimilem e incorporem suas regras de funcionamento como elemento de sua percepção, chegando, num último estágio, ao reordenamento da subjetividade dos trabalhadores, visando garantir a manutenção das normas empresariais. A subjetividade é assim tomada, (...), como um recurso a mais a ser manipulado, um engodo por parte do capital, para que os trabalhadores, (Heloani, 2003: 106) crendo que sua subjetividade foi reconhecida ponham a serviço do capitalismo seu potencial físico, intelectual e afetivo. (Enriquez apud Heloani, 2003: 106).