Implantação de Núcleos de Ação Educativa em Museus 1/25

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MUSEU ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO REGENTE FEIJÓ EM PONTA GROSSA-PR

Transcrição:

Implantação de Núcleos de Ação Educativa em Museus 1/25

Aspectos sobre a Aprendizagem em Museus 2/25

O Conselho Internacional de Museus (ICOM) define museu como sendo uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público e que faz pesquisas concernentes aos testemunhos materiais do homem e de seu meio, adquirindo-os, conservando-os, comunicando-os e, especialmente, expondo-os com o propósito de estudo, educação e deleite. (ICOM, 1987) 3/25

Com esta definição, fica claro que museus mesmo sendo instituições científicas, culturais e educativas, devem ser considerados à parte e diferentes dos ambientes escolares. Para os visitantes, mesmo sendo estudantes trazidos por suas escolas, museus são educativos, mas são também fortemente ligados ao lazer. Esta motivação não tira a possibilidade de aprendizagem, pois parte do requisito da curiosidade, no entanto exige que consideremos o movimento do visitante. 4/25

Visitas são passeios para se ver várias coisas interessantes; são passeios que implicam na antecipação do encontro de coisas novas, agradáveis ou impactantes, que promovem um incremento do interesse e da atenção. A aprendizagem de fatos e conceitos nesse contexto de passear equipara visitantes a viajantes, no sentido de desvendadores de culturas e curiosidades. 5/25

Na ida a um museu, além de ser um passeio, portanto vontade de descoberta, as exposições se desenham em ritmos, em estímulos que impulsionam e estímulos que freiam, que, idealmente, devem auxiliar a percepção reflexão dos visitantes que os leva à formação de conhecimento. 6/25

Exposições 7/25

A exibição de um acervo é um processo tão complexo quanto sua conservação na reserva técnica, envolve direta ou indiretamente todos os funcionários da instituição, mas é praticamente a única parte das atividades museais que o público pode conhecer, e por isso constitui o cartão de visitas do museu. 8/25

Segundo Marandino, o processo de constituição do discurso expositivo se da por meio de relações didáticas no interior da instituição museal em dois importantes momentos: um primeiro, referente a concepção da exposição o sistema didático museal interno e um segundo, referente ao momento da visita do público sistema didático museal externo. (MARANDINO, 2013, p.211). 9/25

No processo de produção da exposição participa a noosfera museal que seleciona, organiza e legitima aquilo que aparece efetivamente na exposição (curadoria). 10/25

O sistema didático museal. 11/25

Conhecimento Musealizável Exposição Visitante sistema didático museal 12/25

No processo de concepção da exposição, inicia-se a transposição museográfica, na medida em que o conhecimento a ser exposto, oriundo do coleções, pesquisas ou nos conceitos básicos das áreas da ciência sobre a qual se quer expor forma o conhecimento musealizável. 13/25

O sistema didático museal interno envolve três eixos, que são conectados por relações: o conhecimento musealizável, os elaboradores e a exposição ou temática. 14/25

O sistema didático museal externo, por sua vez, é também formado por três eixos, conectados por relações: a exposição que é compartilhada por ambos os sistemas interno e externo, o mediador e o visitante. 15/25

No momento da visita, inicia-se a transposição didática, na medida em que o discurso expositivo ou saber exposto é transformado a partir do contato direto do público com o conhecimento exposto. 16/25

Ação Educativa em Museu Tanto o sistema didático interno do museu quanto o sistema didático externo encontram-se mergulhados no entorno societário e, dessa forma, sofrem as influências e são regulados pelas relações de poder estabelecidas entre os agentes e as instituições que participam das instâncias macroestruturais da sociedade. 17/25

(MARANDINO, 2005a; 2010) 18/25

Neste modelo a exposição aparece como o elo entre as intenções educativas do museu e os processos de aprendizagem do público durante a visita. 19/25

Se considerarmos que ao elaborar uma exposição existem intenções de ensino para determinados sujeitos com vistas à apropriação de conhecimentos, os objetos, os textos, e a forma com que se apresentam, devem oferecer o suporte necessário por meio do qual os conhecimentos poderão ser aprendidos. 20/25

[...] a dimensão pedagógica do Museu, não está relacionada apenas com a apresentação dos objetos, mas certamente, na compreensão da historicidade do objeto museal. Por isso, defendese a tese que cada objeto traz consigo a sua historicidade, que reflete as inter-relações dos homens com o seu meio e com o fato cultural, num espaço-tempo histórico determinado. Assim, se concretiza uma práxis pedagógica, cuja relação sujeito-museólogo e sujeito-visitante é mediatizada pelo objeto museal, tomado enquanto objeto de conhecimento. (NASCIMENTO, 1998, p.32-33). 21/25

Os objetos sejam eles originais ou réplicas, modelos ou aparatos tecnológicos estão organizados no espaço com a finalidade de expressar determinados conteúdos. 22/25

Esses objetos, a forma com que se revelam e as relações que estabelecem com a linguagem de apoio via textos encontrados em etiquetas, painéis ou hipertextos devem levar em conta as formas específicas com que o cada público visita uma exposição, evidenciando, dessa maneira, os constrangimentos e as imposições que o espaço e o tempo oferecem a esta experiência. 23/25

Neste sentido, a temática e os conteúdos presentes na exposição se apresentam por meio dos objetos e dos textos que nela se encontram, compondo, assim, alguns dos elementos que fazem parte dos produtos didáticos desse sistema. 24/25

Bibliografia de referência MARANDINO, MARTHA. Estudando a dimensão epistemológica da pedagogia museal. In: IX Congreso Internacional sobre Investigación em Didáctica de las Ciencias, 2013, Girona. Número Extraordinário da Revista Ensenanza de La Ciencia. Barcelona : Universitat Autónoma de Barcelona, 2013. p. 2109-2113.. Museus e Educação: discutindo aspectos que configuram a didática museal. In: CUNHA, A. M. de O. et al. (Org.). Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica, p. 389-401, 2010.. Tendências Pedagógicas na Educação em Ciências. In: Secretaria Estadual de Educação de SP; USP; UNESP; PUC. (Org.). Natureza, Ciências, Meio Ambiente e Saúde. São Paulo: Fundação Vanzolini, 2002, v., p. 1437-1444. NASCIMENTO, Rosana. O objeto museal, sua historicidade: implicações na ação documental e na dimensão pedagógica do museu. 1998. 121f. Dissertação (Mestrado em Educação). ULHT, Universidade Federal da Bahia, 1998. 25/25