PENSAMENTO CRÍTICO Aulas 7 e 8 Profa. Dra. Patrícia Del Nero Velasco Universidade Federal do ABC 2016-2
Avaliação lógica de argumentos: há, entre as premissas e a conclusão, uma conexão apropriada? As premissas justificam suficientemente a conclusão? A conclusão é necessária a partir das premissas ou é apenas provável? Existe a possibilidade das premissas serem supostamente verdadeiras e a conclusão, falsa? Avaliação material de argumentos: as premissas e a conclusão são de fato verdadeiras? Avaliação retórica de argumentos: o argumento é persuasivo para a audiência? O argumento convence? É falacioso? (HAACK, Susan. Filosofia das lógicas. São Paulo: UNESP, 2002) AVALIAÇÕES DE ARGUMENTOS
Identifique as conclusões dos argumentos enunciados na folha à parte. Classifique os argumentos em dois grupos, segundo algum critério. Enuncie o critério em questão. EXERCÍCIO
Os argumentos estudados podem ser classificados de acordo com a força da conclusão com relação às premissas: a conclusão é (ou pretende ser) necessária a partir das premissas? Ou a conclusão pretende-se provável? A resposta caracterizará os argumentos como dedutivos ou indutivos. PÓS EXERCÍCIO
Um argumento é dito dedutivo se e somente se a conclusão é (ou pretende ser) consequência lógica das premissas, isto é, se a suposta verdade da(s) premissa(s) garante (ou pretende garantir) a verdade da conclusão. Argumentos cuja conclusão é provável a partir da(s) premissa(s) são ditos indutivos. DEDUÇÃO E INDUÇÃO
Premissa 1. Premissa 2. Conclusão. Premissa 1. Premissa 2. Conclusão. Suponha que temos uma determinada caixa azul de CD s e que retiramos dela alguns destes CD s, ou seja, uma amostra. A avaliação da amostra de CD s retirados da caixa mostra que os mesmos são de Rock. Todos os CD s da dada caixa azul são de Rock. Suponha que todos os CD s de uma determinada caixa azul são de músicas dos anos 70. Nesta mesma caixa azul, todas as músicas dos anos 70 são de bandas de Rock. Todos os CD s da dada caixa azul são de bandas de Rock. COMPARE OS ARGUMENTOS
A característica mais conspícua dos raciocínios indutivos reside no fato de partirem de certas frases e chegarem a uma outra que generaliza, de algum modo, sobre as frases de que se partiu. (SÀÁGUA apud BRANQUINHO et al., Enciclopédia de termos lógicofilosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 43) Contraexemplo: A maioria dos palmeirenses é inteligente; Edelcio é palmeirense; logo, Edelcio é inteligente. PROBLEMATIZAÇÃO
[...] há um sentido mais amplo em que um argumento [...] pode ser chamado de dedutivo: quando há a intenção, por parte de quem constrói ou apresenta o argumento, de [...] que sua conclusão seja conseqüência lógica das premissas, ou seja, a pretensão de que a verdade de suas premissas garanta a verdade da conclusão. [...] Porém, [...] nem todos os argumentos que usamos são dedutivos, ou seja, nem sempre pretendemos que a conclusão do argumento seja uma conseqüência lógica das premissas [...] apenas que ela é provavelmente verdadeira. (MORTARI, Cezar. Introdução à lógica. São Paulo: Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001, p. 23-24)
(i) Modus ponendo ponens; (ii) Silogismo hipotético; (iii) Modus tollendo tollens; (iv) Silogismo disjuntivo; (v) Falácia de Afirmação do Consequente; (vi) Falácia de Negação do Antecedente. TIPOS DE ARGUMENTOS DEDUTIVOS
Premissa 1. Se esfriar, então colocarei um casaco. Premissa 2. Esfriou. Conclusão.. (i) MODUS PONENDO PONENS* * a maneira através da qual, afirmando, afirma-se
Premissa 1. Se esfriar, então colocarei um casaco. Premissa 2. Esfriou. Conclusão. Coloquei um casaco. (i) MODUS PONENDO PONENS* * a maneira através da qual, afirmando, afirma-se
Premissa 1. Se venta muito, então faz frio. Premissa 2. Se faz frio, então fico resfriada. Conclusão.. (ii) SILOGISMO HIPOTÉTICO
Premissa 1. Se venta muito, então faz frio. Premissa 2. Se faz frio, então fico resfriada. Conclusão. Se venta muito, então fico resfriada. (ii) SILOGISMO HIPOTÉTICO
Premissa 1. Se parir, então serei mãe. Premissa 2. Não sou mãe. Conclusão.. (iii) MODUS TOLLENDO TOLLENS* * Tollere : tolher, cortar, negar
Premissa 1. Se parir, então serei mãe. Premissa 2. Não sou mãe. Conclusão. Não pari. (iii) MODUS TOLLENDO TOLLENS* * Tollere : tolher, cortar, negar
Premissa 1. Caso ou compro uma bicicleta. Premissa 2. Não caso. Conclusão.. (iv) SILOGISMO DISJUNTIVO
Premissa 1. Caso ou compro uma bicicleta. Premissa 2. Não caso. Conclusão. Compro uma bicicleta. (iv) SILOGISMO DISJUNTIVO
Premissa 1. Se ganhar na loteria esportiva, então ficarei rico. Premissa 2. Conclusão. Fiquei rico.. (v) FALÁCIA DE AFIRMAÇÃO DO CONSEQUENTE
Premissa 1. Se ganhar na loteria esportiva, então ficarei rico. Premissa 2. Conclusão. Fiquei rico. Ganhei na loteria esportiva. (v) FALÁCIA DE AFIRMAÇÃO DO CONSEQUENTE
Premissa 1. Se ganhar na loteria esportiva, então ficarei rico. Premissa 2. Não ganhei na loteria. Conclusão.. (vi) FALÁCIA DE NEGAÇÃO DO ANTECEDENTE
Premissa 1. Se ganhar na loteria esportiva, então ficarei rico. Premissa 2. Não ganhei na loteria. Conclusão. Não fiquei rico. (vi) FALÁCIA DE NEGAÇÃO DO ANTECEDENTE
Verdade é propriedade de proposições; validade e correção são propriedades de argumentos. Um argumento dedutivo é dito válido se a conclusão for inferida necessariamente das premissas; se, contrariamente, a suposta verdade das premissas não assegura a verdade da conclusão (embora o pretenda), o argumento é denominado inválido. Um argumento é correto se é válido e contém premissas de fato verdadeiras. Em caso contrário o argumento é dito incorreto. VERDADE, VALIDADE E CORREÇÃO
Um argumento é dito indutivo se e somente se a conclusão é (e pretende ser) provável a partir da(s) premissa(s). Os criadores das teorias físicas mais importantes, como Newton, Maxwell e Einstein [...] parecem, às vezes, ter algo em comum com o artista e de fato têm: com base em elementos (experimentos, leis, hipóteses,...) de âmbito mais ou menos restringido, edificam teorias cujo escopo vai muito além do que os dados pareciam autorizar, assemelhando-se mais a criadores do que a descobridores, onde o gênio e a inspiração despontam, lembrando o ato criador do artista. Em síntese: Não haveria ciência empírica se os cientistas procurassem empregar unicamente formas válidas de inferências. (DA COSTA, N. C. A. Lógica indutiva e probabilidade. São Paulo: Hucitec: Editora da Universidade de São Paulo, 1993, p. 22). INDUÇÃO
(i) Indução simples (ou por enumeração). (ii) Indução por analogia. (iii) Inferência estatística: Silogismo estatístico; Generalização estatística. TIPOS DE ARGUMENTOS INDUTIVOS
A indução simples é caracterizada pela enumeração dos elementos de determinada amostra de um conjunto e a constatação de uma propriedade comum a todos estes, seguida da inferência de que todos os elementos do conjunto em questão possuem a dada propriedade. Se a 1, a 2,...,a n são elementos da classe A e constatamos que todos eles pertencem a outra classe B, então, supondo-se que não se conhece nenhum elemento de A que não pertença a B, conclui-se que todo A é B (Da Costa, 1993, p. 24-25). (i) INDUÇÃO SIMPLES (OU POR ENUMERAÇÃO)
Na indução analógica, as premissas afirmam que duas ou mais coisas são semelhantes sob determinado aspecto; afirma-se, igualmente, que uma ou mais delas (desde que não a totalidade das coisas comparadas) possui uma dada propriedade; conclui-se, então, que todas as coisas em questão possuem a tal propriedade. Suponhamos que os elementos x 1, x 2,...,x k, todos possuindo a propriedade P, possuam, também, a propriedade Q; então, se x k+1 possuir P, concluímos que ele possui Q (Da Costa, 1993, p. 25). (ii) INDUÇÃO POR ANALOGIA
P1. Labradores e pastores alemães são cães inteligentes. P2. Labradores e pastores alemães são cães amáveis. P3. Labradores e pastores alemães são cães obedientes. P4. Labradores são excelentes cães de caça. Conclusão. Pastores alemães são excelentes cães de caça. EXEMPLO DE INDUÇÃO ANALÓGICA
Silogismo estatístico é uma inferência que parte das estatísticas relativas a um conjunto de indivíduos, para uma conclusão (provável) sobre algum elemento desse conjunto. Exemplo: (NOLT, J.; ROHATYN, D. Lógica. São Paulo: McGraw-Hill, 1991 p. 416, grifos nossos) P1. Na primavera, 80% das árvores dão flores. P2. Os ipês são árvores. C. Os ipês dão flores na primavera. (iii-1) INFERÊNCIA ESTATÍSTICA: SILOGISMO ESTATÍSTICO
Generalização estatística, pelo contrário, parte de estatísticas relativas a um subconjunto, selecionado ao acaso, de um conjunto de indivíduos para uma conclusão (provável) sobre a composição de todo o conjunto. (Nolt; Rohatyn, 1991, p. 416, grifos nossos) Exemplo: P1. 80% das árvores (dos mais diferentes tipos) avaliadas em uma amostra dão flores na primavera. C. 80% das árvores dão flores na primavera. (iii-2) INFERÊNCIA ESTATÍSTICA: GENERALIZAÇÃO ESTATÍSTICA
Um argumento indutivo é forte se e somente se dada a suposta verdade das premissas, a conclusão é provável. Se, por outro lado, a conclusão não é provavelmente verdadeira a partir da suposta verdade das premissas, então o argumento é dito fraco. Usa-se o termo convincente para uma indução forte com premissa(s) de fato verdadeira(s). ARGUMENTOS INDUTIVOS FORTES E CONVINCENTES
Para uma discussão filosófica Sobre a Indução, consultar o capítulo de mesmo nome da obra: RUSSELL, Bertrand. Os Problemas da Filosofia. Tradução de Desidério Murcho. Lisboa: Edições 70, 2008, p. 119-128.
VELASCO, P. D. N. Dedução e Indução. In: Educando para a argumentação: contribuições do ensino da lógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2010, p. 73-114. BIBLIOGRAFIA BÁSICA
COPI, I. M. A analogia e a inferência provável. In: Introdução à lógica. Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo: Mestre Jou, 1978, p. 313-328. DA COSTA, N. C. A. Lógica indutiva e probabilidade. São Paulo: Hucitec: Editora da Universidade de São Paulo, 1993. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR