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Transcrição:

BuscaLegis.ccj.ufsc.br Prescrição no Direito do Trabalho contra o menor herdeiro. Síntese: a) é prescricional o prazo previsto no inciso XXIX do art. 7º da C.F. b) a prescrição não corre contra herdeiro menor, nos termos do art. 169 do C.Civil, não do art. 440 da C.L.T, referente ao menor empregado; c) o bem de herança é indivisível (art. 1.580 do C. Civil), conseqüentemente, aproveita aos herdeiros maiores os efeitos da interrupção da prescrição; e d) constitui bem de herança: os créditos devidos ao obreiro, não prescritos na constância do vínculo empregatício. Um dia desses, fizemos uma proposta de voto em um recurso ordinário, em que uma empresa renovava, em sede de recurso, prejudicial de mérito - decadência / prescrição -, sob o argumento básico de escoamento do prazo hábil para a perseguição de verbas trabalhistas, nos termos da C.L.T. e Carta Magna. Não obstante o inconformismo patronal, entendemos que a prejudicial não havia de ser acolhida. Analisemos a questão. Em primeiro lugar, a recorrente se confundiu com relação a natureza do prazo previsto no inciso XXIX do artigo 7º da Constituição Federal, ora informando ser o mesmo decadencial, ora prescricional. Assim, houve a necessidade de se traçar algumas linhas acerca dos institutos de direito material: decadência e prescrição. Pedimos venia e expusemos os traços distintivos entre decadência e prescrição, pinçados com propriedade pela i. Magistrada Heloísa Pinto Marques, no recurso ordinário 2.709/98 T.R.T. da 10ª Região, verbis: Os dois institutos - decadência e prescrição - por vezes se confundem e até mesmo mostram-se interligados, mormente quando a própria legislação não os distingue nitidamente. Entretanto, a melhor doutrina, de forma bastante clara, nos apresenta as características distintivas de cada um deles: Na prescrição o direito nasce com uma duração indefinida e somente poderá deixar de existir se houver negligência no seu uso. Na decadência, o

direito já nasce com o destino de extinguir-se num período limitado de tempo, se dentro dele não for posto em atividade; a sua existência como que tem um percurso previamente limitado ou fixado. A diferença entre esta hipótese (decadência) e a Prescrição (diferença em concreto nem sempre reconhecível à primeira vista) está em que na prescrição o decurso do tempo é único meio que opera a extinção do direito; enquanto naqueles casos, o real e imediato fundamento da extinção deve procurar-se unicamente na originária limitação do direito (Crome). Com a escola alemã, diremos que a prescrição extingue diretamente a ação, ao passo que a decadência extingue o próprio direito (Evaristo de Moraes Filho - Introdução ao Direito do Trabalho, São Paulo, LTr Edit., 2ª ed., 1978, pág, 287). Na decadência o direito nasce com o seu exercício, ou seja, a lei fixa determinado prazo para ser exercitado, caso contrário, se extingue - art. 853 da CLT. Na prescrição o direito é pré-existente, apenas a ação para exigi-lo é que se extingue pelo decurso do tempo. A decadência surge pelo não exercício do direito e a prescrição nasce da lesão ao direito. A decadência pressupõe a ação do titular para exercer o seu direito e a prescrição pressupõe a inércia na defesa do direito. O reconhecimento espontâneo do direito prescrito representa renúncia à prescrição e a decadência é irrenunciável. Fixadas essas premissas, o art. 7º, XXIX, a, da Constituição Federal, contém, em ambos os prazos fixados, regra de natureza prescricional. O caput do inciso diz respeito a direitos a créditos resultantes das relações de trabalho, que violados, subsistem independente do direito de ação para repará-los. Decorrido o prazo de exigibilidade desses créditos (dois anos após a extinção do contrato), poderão ser recebidos se houver renúncia da prescrição, equivalendo essa à sua não argüição, pela parte devedora, na ação judicial. Exemplo típico de decadência é o da ação rescisória, que somente nasce quando exercitado, ou seja, quando interposta a ação no prazo legal estipulado. Caduco o prazo, fulminado o direito de rescindir o

julgado, que não se restabelece porquanto não nasceu da respectiva violação. O início do prazo prescricional conta-se a partir da violação do direito e o prazo decadencial, a partir do surgimento do direito. Assim, podemos exemplificar: se o empregado estável for dispensado sem justo motivo, houve violação do seu direito à garantia do emprego, contando-se a partir desse ato o prazo extintivo bienal do art. 7º, XXIX, a, da Constituição Federal. Se o empregador pretender dispensar empregado estável, o seu direito surge a partir do ajuizamento do inquérito judicial, no prazo de 30 dias a contar da suspensão do empregado - prazo decadencial, art. 853 da CLT. Acrescente-se que o próprio art. 7º, XXIX, a, da Constituição Federal, conceitua o prazo como sendo de natureza prescricional ao dispor que a ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato (grifo nosso), não sendo lícito ao intérprete tergiversar sobre tal conceituação, que é peremptória. (Sic). Citamos jurisprudência acerca da natureza do prazo previsto no inciso XXIX do artigo 7º da Constituição Federal, verbis: PRAZO PREVISTO NA ALÍNEA B, INCISO XXIX DO ART. 7º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - PRESCRIÇÃO - INTERRUPÇÃO. É de prescrição o prazo previsto na alínea b do art. 7º da Constituição Federal e, como tal, sujeito a interrupção por arquivamento de reclamatória. T.S.T. Relator: MINISTRO JOSÉ ALBERTO ROSSI. R.R. 331170/1.996. Data de Publicação: D.J. 05/11/1999 PG.: 208. AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO AO ART. 7º, INCISO XXIX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. 1. Caso em que a sentença rescindenda firmou a tese de que quando o obreiro busca a proteção jurisdicional no prazo de dois anos após a extinção do seu contrato de emprego, os direitos questionados alcançam os últimos cinco anos,

sustentando a natureza decadencial do prazo de dois anos previsto no art. 7º, inc. XXIX, a, da Carta Magna. 2. Natureza prescricional do prazo em foco, imodificável ante a cessação contratual, até porque ilógico que o prazo comece a fluir ostentando natureza prescricional e expire ostentando natureza decadencial. 3. Pedido de rescisão acolhido pelo Eg. Regional por infringência do art. 7º, inc. XXIX, a, da Constituição Federal. 4. Recurso ordinário interposto pelo Requerido conhecido e não provido. T.S.T. Relator: MINISTRO JOÃO ORESTE DALAZEN. R.O.A.R. 331971/1.996. Data de Publicação D.J.: 05/11/1999 PG.: 77. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO. DECADÊNCIA DIREITO. ART. 7º, INCISO XXIX, A, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. Contanto que intentada a ação trabalhista no biênio subseqüente à extinção do contrato, apura-se a prescrição retroagindo-se cinco anos da data do ajuizamento da ação e não da data da rescisão do contrato. O biênio previsto no art. 7º, inc. XXIX, a, da CF de 88, não é novo prazo, de natureza decadencial, mas o termo final do prazo prescricional. 2. Proposta a ação trabalhista após dois anos da cessação contratual opera-se a prescrição total, impondo-se a emissão de sentença equivalente à de mérito (CPC, art. 269, IV). 3. Recurso de revista não conhecido. T.S.T. Relator: MINISTRO JOÃO ORESTE DALAZEN. R.R. 302753/1.996. Data de Publicação D.J.: 06/08/1.999. PG.: 297. Feitas estas considerações - sendo o prazo previsto no inciso XXIX do artigo 7º da Carta Magna de natureza prescricional -, analisamos o argumento básico da recorrente, escoamento do lapso temporal hábil para a perseguição de verbas trabalhistas. Exsurgiu dos autos que: a. o início do contrato de emprego do obreiro com a reclamada data de 16-12-1.987; b. o obreiro veio a falecer em razão de acidente de trabalho em 16-04-1.998; e c. a reclamatória em questão só veio a ser proposta em 17-04-2.002.

Ora, a procedência das verbas trabalhistas postuladas na vestibular - caso devidas - estaria prejudicada pela prescrição, não fosse o fato de haver menor de idade entre os herdeiros do obreiro, conforme certidão de nascimento juntada nos autos. Melhor explicando: a. considerando-se certas circunstâncias especiais, a lei impõe uma paralisação do prazo prescricional. É o que se denomina causa impeditiva da prescrição; e b. em se tratando de menores, a norma contida no art. 169 do Código Civil, preceitua que não corre a prescrição contra incapazes de que trata o artigo 5º do mesmo Codex. Ressaltamos que no presente caso não se aplica o artigo 440 da C.L.T., referente apenas aos menores empregados, pois situado no capítulo quarto da C.L.T., relativo à proteção do trabalho do menor. Nesse sentido o i. Magistrado do T.R.T. da 2ª Região, Sérgio Pinto Martins, verbis: Contra menores de 18 anos não corre nenhum prazo de prescrição (art. 440 da CLT). O artigo refere-se apenas ao menor trabalhador e não a menores sucessores do pai ou mãe falecido que era empregado na empresa. É certo que o art. 165 do Código Civil declara que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu herdeiro. A prescrição só não irá correr em relação aos menores de 16 anos que forem herdeiros (art. 5º, I, c/c art. 169, I, do CC). In Curso de Direito do Trabalho, 14ª Edição, Ed. Atlas. Citamos jurisprudência acerca da presente matéria, verbis: Recurso Extraordinário. O artigo 169, n. I, do Código Civil. Se há, entre interessados, menores, contra eles não corre a prescrição. O artigo 171 do mesmo Código. Direito indivisível. S.T.F. - 2ª T. R.E. 29.345/56 - Rel. Min. Cândido Motta - Ementa. Vol.289/01 - pág.392. Prescrição. Menor absolutamente incapaz. Contra os incapazes de que trata o artigo 5º, do Código Civil, não há se falar, nos termos do artigo 169 do referido diploma legal, em curso de qualquer prazo prescricional. R.O. 1999560735-69. T.R.T. 19ª. Juiz relator SEVERINO RODRIGUES.

PRESCRIÇÃO - HIPÓTESE DE SUSPENSÃO - HERDEIROS MENORES. A prescrição que iniciou-se contra o titular, continua a correr contra o herdeiro (art. 165, do Código Civil), exceto se este é beneficiado pelas hipóteses de suspensão previstas no art. 169 do mesmo diploma legal. Assim sendo, se entre os herdeiros do trabalhador existe uma pessoa menor de 16 anos, tem-se que, em relação a ela, ocorre a suspensão do prazo prescricional, desde o falecimento do titular e até que o herdeiro deixe de ser absolutamente incapaz. Seria injurídico reconhecer a prescrição do direito de ação em relação a uma pessoa que sequer logrou poder exercê-lo pessoalmente. Aplicação dos arts. 169, I, e 5º, I, do Código Civil Brasileiro. T.R.T. 24ª. R.º 446/98. Relator: Amaury Rodrigues Pinto Júnior. Reza o artigo 1.580 do Código Civil que sendo chamadas simultaneamente a uma herança duas ou mais pessoas, será indivisível o seu direito, quanto à posse e ao domínio, até que seja ultimada a partilha. Ora, sendo o bem de herança indivisível, há de se estender os efeitos da interrupção da prescrição (artigo 178 do Codex aqui citado) aos demais herdeiros. Face a todas as considerações que foram tecidas, pudemos concluir: com relação ao herdeiro Machado de Assis, nascido em 09-06-1.987 (certidão à fl. 00), ocorreu fato impeditivo da prescrição, nos termos do artigo 169 do Código Civil, que, em conformidade com o artigo 1.580 do mesmo Codex, aproveita aos demais credores solidários, herdeiros maiores de idade. Perguntamos: as verbas postuladas nos termos da inicial hão de ser examinadas durante todo o lapso temporal do contrato de emprego (da admissão em 16-12-1.987 até a data do óbito, 16-04-1.998)? Antes de responder a tal indagação, pedimos licença e colacionamos a lição do ilustre José Luis Ferreira Prunes in "A Prescrição no Direito do Trabalho", verbis: (...) o problema é extremamente complexo. Valemo-nos de Brenno Fischer ( A prescrição nos Tribunais, Rio. José Konfino, 1957, vol. I tomo II, pág.500) quando analisa a situação dos menores e a prescrição: Se a prescrição já havia sido iniciada e depois ficou suspensa pela superveniência de uma incapacidade, cessada esta retoma a prescrição o seu curso, não porém reiniciando-o (como na interrupção), mas continuando do ponto em que ficara suspensa.

Suponhamos que um credor, maior, que venha a falecer quando seu crédito já tivera seu curso prescricional iniciado. Deixa ele um herdeiro, mas este é um menor de 14 anos de idade. Aquela prescrição que se iniciara em vida do titular ficará suspensa desde o dia do falecimento dele e até que o herdeiro complete 16 anos de idade. Quando isso acontecer, a prescrição retomará o seu curso, não porém iniciando a contagem do prazo prescricional, mas continuando do ponto em que ficara suspensa. E, assim, quando somados o tempo de prescrição já decorrido em vida do titular e o tempo que decorrer depois que o herdeiro completar 16 anos, tivermos o lapso de tempo exigido por lei para que a prescrição se consume, poderá ser ela legitimamente alegada. Se morre o empregado como credor do empregador, já tendo transcorrido algum prazo prescricional, mas não consumado, seus herdeiros - se menores - não sofrerão, enquanto menores, o transcurso deste prazo. É este retomado apenas quando da maioridade, considerado o prazo prescricional sofrido pelo empregado. Observadas as considerações supracitadas, pudemos concluir que os herdeiros só têm direito as verbas porventura devidas ao obreiro, não alcançadas pela prescrição durante o contrato de emprego - objeto da herança -, ou seja, correspondentes ao período compreendido entre 16-04-1.993 até 16-04-1.998, uma vez que: a. a prescrição não correu para os herdeiros do obreiro, desde sua morte - 16-04- 1.998 - até o ajuizamento da presente reclamatória - 17-04-2002; e b. na constância do contrato de emprego a prescrição se operou com relação as parcelas postulados e relacionadas ao período anterior a 16-04-1.993, em conformidade com o inciso XXIX do artigo 7º da Carta de 1.988, uma vez que ação foi ajuizada no dia 17-04-1998. Feita a análise das alegações patronais ligadas a prejudicial em questão, rejeitamos a mesma.

Observações acerca desta humilde compilação: 1. Compilação: ato ou efeito de compilar; compilar, 1. coligir, reunir (textos de vários autores, ou de natureza ou procedência vária.) 2. Elabora (um programa) em linguagem-objeto a partir de um programa em linguagem-fonte. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. 2. Fonte desta compilação: julgados da Justiça do Trabalho. 3. Finalidade desta compilação: visão teórica e prática do universo jurídico. 4. Dados acerca do autor desta compilação: Marcos Venero da Costa. 4.1. Servidor Público do Eg. T.R.T. da 18ª Região. 4.2. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 13 de dezembro de 2.002 (6ª.f.). COSTA, Marcos Venero da. Prescrição no Direito do Trabalho contra o menor herdeiro. Disponível em: < http://www.direitonet.com.br/textos/x/23/44/234/> Acesso em: 07.ago.2006.