Prova Objetiva Disciplina: Direito Civil

Transcrição

1 ALT. C GAB. 1 GAB. 2 GAB. 3 GAB. 4 QUESTÃO Alegam os recorrentes que a questão comporta várias alternativas erradas, pois contraria dispositivo constitucional (art. 5 o., inciso XXXI) e infraconstitucional, sustentando, em síntese, que a para a LICC a nacionalidade seria relevante para determinar a legislação que regulará a sucessão. A questão recorrida está embasada nos artigos 8º e 10 o., ambos da LICC, e 76, parágrafo único, do Código Civil. Ora, a simples leitura do texto legal é suficiente e não deixa dúvida, pois comporta apenas uma alternativa incorreta, qual seja, a do gabarito. Está correta a alegação dos recorrentes de que a nacionalidade seria relevante para a LICC em caso de sucessão; porém, sua relevância não é fundamento suficiente para invalidar a questão, que está embasada na lei e encontra ampla aceitação, quer na doutrina, quer na práxis. Segundo a melhor doutrina, o princípio geral que rege a sucessão causa mortis, legítima ou testamentária, na sua universalidade, nos conflitos interespaciais de leis, é a lei do domicílio do de cujus. O artigo 10, caput, da LICC não só abrange a sucessão causa mortis, seja a legítima (decorrente da lei por não haver testamento), seja a testamentária (quando houver disposição de última vontade), como também alcança a sucessão por ausência. Nesse dispositivo, a LICC adotou a teoria da unidade sucessória (RTJ, 84:495), seguindo a esteira de Savigny, pois, enquanto não se efetivar a partilha, os bens do falecido ou do ausente constituirão uma universitas, um todo, uma projeção econômica da personalidade do autor da herança. Como o princípio da universalidade sucessória, em direito privado, que se prende à estrutura romana da unidade do patrimônio, deve corresponder ao da unidade em direito internacional privado, a sucessão causa mortis, ante o universum ius defuncti, deverá ser regida por um só direito: o do domicilio. O mesmo se diga em relação à morte presumida. A unidade da sucessão traz consequências práticas muito vantajosas, por simplificar as questões dela oriundas,

2 conferindo direitos iguais aos sucessores, harmonizando suas relações recíprocas e as dos credores da herança. 1 Portanto, a questão, tal como posta, subsiste integralmente porque, ademais, não deixa qualquer margem de dúvida ou de interpretação, está conforme o entendimento de boa doutrina e o texto da lei. 1 Vide: DINIZ, Maria Helena. Lei de introdução ao código civil brasileiro interpretada. 10 ed. adaptada à Lei /2002. São Paulo: Saraiva, pp. 271 a 316.

3 ALT. B GAB. 1 GAB. 2 GAB. 3 GAB. 4 QUESTÃO Dois candidatos recorrem da questão, que trata do tema defeitos dos negócios jurídicos. Alega um deles que o item B traz um erro ao aduzir que a responsabilidade do representado seria subsidiária; solicita a alteração do gabarito para a letra B ou a sua anulação. O outro candidato alega que a questão comporta duas alternativas corretas: a do gabarito e outra cuja redação é a seguinte: O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. A alternativa incorreta, conforme enunciado da questão, está fundamentada no artigo 149 do Código Civil, que dispõe que o representado responderá solidariamente, e não subsidiariamente. Portanto, as razões do primeiro recorrente vão de encontro à fundamentação da questão, pois, como ele próprio alega, a alternativa a ser assinalada seria mesmo a de letra B. Quanto aos argumentos do segundo recorrente, no que tange a alternativa acima reproduzida, também inaceitável pelas mesmas razões, pois trata-se de alternativa originária do artigo 142 do Código Civil, reproduzido literalmente, bem como em regra elementar em Direito Civil, portanto, absolutamente correta, como afirma o próprio recorrente. As demais alternativas, vale ressaltar, também reproduzem texto de lei. Assim, a questão, tal como colocada, está absolutamente correta e dispensa qualquer comentário ou fundamentação adicional. Com o devido respeito, as impugnações são absolutamente improcedentes, na medida em que expressam o descontentamento de apenas dois candidatos que sequer tiveram o cuidado de fundamentar com um mínimo de atenção. Ao contrário, trazem considerações que corroboram a exatidão da questão e não demonstram qualquer aspecto que porventura pudesse invalidar o gabarito.

4 Gabarito 1: Gabarito 2: Gabarito 3: Gabarito 4: 71 D 84 D 19 D 11 D Três candidatos recorrem da questão que trata do tema direito das obrigações, cujo enunciado pede seja marcada a alternativa correta. Alega um deles que a alternativa A também estaria correta, com base nos artigos 240 e 239, ambos do Código Civil. O outro candidato, embasando suas razões no artigo 276 do Código de Processo Civil, sustenta que a alternativa correta seria a de letra C. Por fim, o terceiro candidato, embora aponte esta questão como sendo a recorrida, direciona suas razões para matéria discutida em outra, que aborda temas regidos pela LICC, sustentando não haver alternativa incorreta, razão pela qual a questão deveria ser anulada. Em relação a este ultimo, as razões recursais já foram analisadas em outro parecer, pertinente ao tema em discussão. Quanto a este tema, direito das obrigações, a alternativa correta está embasada nos artigos 294 e 296, ambos do Código Civil, sendo que a simples leitura do texto legal é suficiente para demonstrar que a questão comporta apenas uma alternativa correta, qual seja, a do gabarito. As demais alternativas, vale ressaltar, também reproduzem texto de lei, porém com algumas alterações que modificam o seu teor. Assim, a única questão que está absolutamente correta, tal como colocada, é a do gabarito. O primeiro recurso merece atenção especial porque pelo menos contém alguma fundamentação, embora equivocada. O recorrente aduz, in verbis: O art. 239, por sua vez, estabelece que Se a coisa se perder por culpa do devedor, responde este pelo equivalente, mais perdas e danos. Não se pode reputar a omissão referencia as perdas e danos pela alternativa como motivo ensejador de sua incorreção, uma vez que estas nem sempre serão cabíveis. O argumento do recorrente é falacioso. Isso porque a lei, como norma geral, abstrata e apriorística, estabelece o comando padrão: se a coisa se perder por culpa do devedor ele responde i) pelo equivalente, (ii) mais perdas e danos (observe-se a vírgula no texto legal a separar as duas orações de modo a indicar pluralidade de consequências). Essa é a regra; aqui há uma presunção em favor do credor que ficou sem a coisa e sem os eventuais frutos dela provenientes.

5 Trata-se de verdadeira responsabilidade civil objetiva pelo fato da coisa. Mas, como na responsabilidade civil objetiva em geral, evidentemente sem necessidade de utilizar argumento ad hominem, verdadeiro argumento de autoridade, dispensável, portanto, e impróprio porque qualquer pessoa dotada de raciocínio lógico chegaria à mesma conclusão requer para a sua ocorrência e exigência (pelo credor ao devedor) a presença de prejuízo. Rememore-se: a base elementar da responsabilidade civil indica que são quatro os seus requisitos (fato, culpa [dispensável na responsabilidade civil objetiva], relação de causalidade e dano); faltando um deles fica descaracterizada a obrigação de indenizar. Além disso, no caso em comento, pela perda da coisa o credor pode (verdadeira faculdade) exigir do devedor indenização pelo equivalente à coisa cumulativamente pelo prejuízo. Essa é a regra! Por outro lado, evidentemente (a repetição da palavra é proposital) cabe ao credor o poder (direito subjetivo) de optar, numa escala crescente, por: i) nada exigir do devedor que perdeu a coisa; ii) exigir do devedor apenas indenização pela perda da coisa mediante o pagamento do seu equivalente; iii) exigir do devedor a indenização pela perda da coisa mediante o pagamento do seu equivalente e indenização pelas perdas e danos. Confira-se, por fim, a alternativa: Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação pelo pagamento do valor equivalente. Ora, essa alternativa é incorreta porque na segunda parte a proposição está incompleta. A lei contempla reitero dupla sanção civil: i) indenização pela perda da coisa; e ii) indenização pelos prejuízos que a perda da coisa causar. Em conclusão. Alternativa incompleta não é alternativa correta. Se a indenização pelas perdas e danos será cabível ou não apenas o caso concreto o dirá e caberá ao juiz decidir. Isso não foi pedido aos candidatos. A questão encontra-se assentada em expresso texto de lei e não comporta dificuldade de interpretação. A impugnação é manifestamente improcedente. Com o devido respeito, as impugnações são absolutamente improcedentes, na medida em que expressam o descontentamento de apenas três candidatos que sequer tiveram o cuidado de fundamentar seus recursos com um mínimo de atenção, direcionando o embasamento para temas não abordados aqui ou até mesmo para legislação diversa do Código Civil, desincumbindo-se de demonstrar qualquer aspecto que porventura pudesse invalidar o gabarito.

6 ALT. A GAB. 1 GAB. 2 GAB. 3 GAB. 4 QUESTÃO Alegam os recorrentes que a questão não apresenta alternativa incorreta, pois a alternativa A, apontada pelo gabarito como errada, também estaria correta, de acordo com o que dispõe o artigo 475 do Código Civil. A questão trata do tema extinção do contrato, cujo comando pede fosse assinalada a opção incorreta. As demais alternativas sequer foram questionadas, visto que elaboradas de acordo com o que dispõem os artigos 480, 483, 495 e 535, todos do Código Civil. A única alternativa a ser assinalada, porque incorreta, é definitivamente a A, que está fundamentada no artigo 475 do mesmo diploma, a única que não reproduziu integralmente o texto da lei. Veja-se: a expressão em qualquer dos casos foi substituída por no primeiro caso, o que altera completamente o imperativo legal, tornando, consequentemente, incorreta a afirmativa. Confira-se o seu teor: A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, porém, no primeiro caso, a indenização por perdas e danos. Ora, é óbvio que afirmar que somente seria cabível a indenização no primeiro caso (da resolução do contrato), não tem o mesmo efeito que afirmar que a mesma indenização seria cabível em ambos os casos (seja na resolução, seja no cumprimento do contrato), conforme dispõe o texto da lei, tornando a alternativa incorreta. Portanto, a questão, tal como redigida, não deixa qualquer margem de dúvida ou de interpretação, pois está embasada no entendimento exarado no texto da lei. Dispensáveis maiores considerações. Os recursos traduzem mera intenção de obtenção de pontos pelos recorrentes em detrimento dos demais candidatos.