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Abordar conceitos e práticas que permitem o aluno analisar o custo de produtos, bem como tomar decisões estratégias relacionadas aos custos.

Transcrição:

CUSTO DO SERVIÇO MARTELINHO DE OURO Elias Stefani 1 Fabrício Müller Muniz 1 Guilherme Machado 1 Karina Rosa Perochin 1 Keli Fernanda de Marchi 1 Gisele Carina Pistore 2 Resumo: Esta pesquisa apresenta como tema central, o estudo de caso onde se analisa os custos e despesas na prestação de serviço de um funileiro artesanal, conhecido no Brasil como martelinho de ouro. O projeto tem base bibliográfica para conceituar as diferentes formas de gastos, das empresas em geral, sendo uma pesquisa qualitativa e exploratória baseada também em uma entrevista com o empreendedor, auxiliada pelo banco de dados da empresa estudada. O estudo mostrou detalhadamente os principais gastos da empresa e calculou-se o valor correspondente ao custo-hora do serviço prestado, baseado na média dos gastos e das horas trabalhadas, obtidos em seis meses de trabalho da empresa. Ao término do trabalho buscou-se encontrar soluções para o empreendedor diminuir o valor do custo-hora do seu serviço, sugerindo ações que contribuíssem para essa redução, aumentando assim a margem de lucro da empresa. Palavras-chave: Custos. Gastos. Serviços. 1 INTRODUÇÃO O primeiro carro adquirido por um brasileiro foi em 1893, sendo comprado por Santos Dumond, o pai da aviação (Gov. Est. São Paulo). Entretanto nesta época o automóvel não despertava o interesse de todas as classes sociais como no atual cenário brasileiro, em que a aquisição nas cidades chega a um carro para cada dois habitantes (STAUDT). Com este crescente número de veículos houve um aumento nas empresas prestadoras de serviços de manutenção de carros, diante deste fato os funileiros artesanais, ou seja, os martelinhos de ouro estão se destacando pela sua arte de desamassar os carros sem precisar passar por uma chapeação, mantendo assim a pintura original do automóvel. Sobre este enfoque pretende-se responder a pergunta: Como calcular o custo do serviço de um funileiro artesanal? 2 REFERENCIAL TEÓRICO As empresas possuem muitos gastos, mas dificilmente conseguem classificar contabilmente o que é despesa, custo ou investimento, pois não sabem diferenciá-los. Portanto é preciso definir as diferenças existentes nas terminologias e significados, para isso, será utilizado a bibliografia de autores renomados na área, visando melhor o entendimento. 1 Acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da FSG. 2 Mestre em Administração. Professora do Curso de Ciências Contábeis na Faculdade da Serra Gaúcha. Endereço eletrônico: gisele.pistore@fsg.br

485 Nesse sentido, Megliorini (2001) explica que os custos são classificados da seguinte forma: quanto aos produtos fabricados (custo direto e custo indireto), e quanto aos diferentes níveis de produção (custo fixo e custo variável). No entanto, Martins (2010) define custo sendo um gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços. Stark (2007) determina ainda que o custo pode ser definido como a aplicação de recursos para se conseguir atingir um objetivo definido. Para tanto, Leone (2009) explica que a contabilidade de custos deve estudar todos os objetos que compõem a empresa, como por exemplo, seus produtos e serviços, que somados a outros componentes da organização são capazes de produzir informações gerenciais de custos. Dessa forma, é fundamental diferenciar os custos da empresa, classificando da forma adequada para que a contabilidade da empresa seja feita da maneira correta. 2.1 Custos 2.1.1 Custos diretos e indiretos Para a contabilidade de custos há os custos diretos e os custos indiretos, sendo que o primeiro pode ser quantificado e identificado no produto ou prestação de serviço. Já o custo indireto não consegue ser identificado com facilidade no produto ou na prestação de serviço sendo que este precisa de rateio para a sua alocação. Sob este enfoque, Martins (2010) salienta que custo indireto é tudo que precisa ser feito algum tipo de rateio para a apropriação na empresa ou que seja feita estimativas. Neste sentido, Stark (2007) comenta que os custos indiretos são os que dependem de rateios, cálculos ou estimativas para serem alocados aos produtos, não podendo ser apropriados diretamente. 2.1.2 Custos fixos e variáveis Os custos fixos em uma empresa são aqueles que ocorrem todo o mês, por exemplo, o aluguel do pavilhão e o seguro do mesmo, sendo assim, uma grande ou pequena fabricação durante o mês não altera o valor do custo. Sob este enfoque Perez Jr. et al. (2012, p.12), salienta que são os custos que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada, independem do volume da produção [...].

486 No entanto os custos variáveis dependem da produção, pois varia de acordo com a quantidade produzida, um exemplo é a matéria prima utilizada no processo fabril. Na opinião de Perez Jr. et al. (2012, p.12), são os custos que mantêm relação direta com o volume de produção ou serviço. 2.2 Gastos Perez Jr. et al. (2012, p. 6), descreve que os gastos são classificados no processo produtivo em três grandes grupos, sendo eles materiais, mão de obra e outros custos de produção, dessa forma, os gastos envolvidos no processo de fabricação do produto. Perez Jr. et al. (2012, p. 8) complementa ainda que todos os gastos incorridos no processo produtivo são classificados como custos. Porém, Martins (2010) entende que gasto é um compromisso financeiro assumido por uma empresa na aquisição de bens ou serviços, sendo considerado gasto de investimento quando adquirido para algum processo produtivo e gasto de consumo quando esse bem ou serviço, adquirido for utilizado no exato momento do serviço prestado ou da produção do produto. 2.3 Despesas Por conseguinte, as despesas são tudo que não está associado diretamente com o processo fabril. Em vista disso, Martins (2010) salienta que, despesa é o serviço ou bem consumido direta ou indiretamente na obtenção de receitas. Corroborando neste sentido, Perez Jr. et al. (2012, p.8), explica que despesas são os gastos relativos aos bens e serviços consumidos no processo de geração de receitas e manutenção dos negócios da empresa. As empresas, na parte administrativa, geralmente são divididas em setores, e cada setor possui no mínimo um colaborador, que todo mês recebe o seu salário, sendo assim, esta remuneração do funcionário é uma despesa para a empresa. Entretanto em custos esta despesa administrativa é classificada como despesa indireta, pois Perez Junior et al. (2012, p. 18), salienta que despesas indiretas são os gastos que não podem ser identificados com precisão com as receitas geradas. Neste sentido, Santos (2006) salienta que as despesas são oriundas de consumo de qualquer tipo de recurso que contribui de forma direta ou indireta para a geração de receita, tais como salários, energia, alugueis, etc.

487 2.4 Perdas Durante o processo produtivo ocorrem algumas perdas dos materiais que estão sendo utilizados, no entanto, estas perdas podem ser classificadas como gastos anormais ou involuntários, pois ocorreram de fatos que não estavam programados para acontecer como o vazamento de materiais líquidos. (PEREZ JR et al., 2012, p. 9). 2.5 Materiais diretos e indiretos Os materiais que estão ligados diretamente no produto são classificados em materiais diretos, isto é, consegue ser visualizado no produto fabricado. Para exemplificar, o couro utilizado no sapato é classificado como matéria prima, pois pode ser visualizado no produto final. Por outro lado a cola utilizada no mesmo processo não pode ser medida na proporção exata, sendo classificada como material indireto. Neste sentido Perez Junior et al. (2012, p.16) classifica material direto em matéria prima, materiais de embalagem, componentes e outros materiais necessários à produção, ao acabamento e à apresentação final do produto. 2.6 Mão de obra direta e mão de obra indireta Mão de obra direta pode-se ser exemplificada como aquele trabalho que está ligado diretamente no produto, ou seja, o operário que está trabalhando na fabricação de um produto e a mão de obra indireta pode ser representa por um supervisor que está gerenciado o trabalho do operário. A mão de obra direta é classificada em custo direto, pois consegue identificar-se nos produtos fabricados. Portanto também pode ser classificada em despesa direta, porque pode ser identificada na receita de vendas e de prestação de serviço (PEREZ JR et al., 2012). Por outro lado, a mão de obra indireta está associada ao material indireto, em virtude que o produto utilizado é considerado auxiliar não podendo ser quantificado.

488 2.7 Métodos de Custeio 2.7.1 Custeio por absorção A respeito deste método, Martins (2000, p. 41) expõe que este consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos. No entanto Megliorini (2012, p. 22) define custeio por absorção como aquele em que os custos fixos e os custos variáveis são apropriados aos produtos, ou seja, os produtos absorvem todos os custos incorridos em determinado período. Segundo Horngren et al. (2000, p. 211) custeio por absorção é o método de custeio de estoque em que todos os custos, variáveis e fixos, são considerados custos inventariáveis. Isto é, o estoque absorve todos os custos de fabricação. Para Ferreira (2007, p. 158), método de custeio por absorção considera como custo do serviço tudo que estiver ligado a ele, direta ou indiretamente. Nesse sistema, os custos variáveis não se alteram por serviço, porém, os custos fixos por unidade reduzem na medida em que a quantidade produzida aumenta. 2.7.2 Custeio Variável De acordo com Martins (2000, p. 214), surgiu devido aos problemas vistos com relação à dificuldade trazida pela apropriação dos custos fixos aos produtos e em função da grande utilidade do conhecimento do Custo Variável e da Margem de Contribuição. Megliorini (2012) corrobora que no custeio variável os custos fixos é tratado como custo do período, indo diretamente para o resultado do exercício. É estruturado de forma a atender as informações administrativas da empresa. Para Horngren et al (2000, p. 211), custeio variável é o método de custeio de estoque em que todos os custos de fabricação variáveis são considerados custos inventariáveis. Todos os custos de fabricação fixos são excluídos dos custos inventariáveis: eles são custos do período em que ocorreram. 2.7.3 Custeio ABC De acordo com Megliorini (2012), a criação do método de custeio ABC veio para permitir que a apropriação do custo indireto da empresa seja, realizada pela atividade

489 executada, pois entende que o custo é gerado pela atividade, sendo cada custo indireto relacionado à respectiva atividade a qual está vinculado. Conforme Nakagawa (1994, p. 40), trata-se de uma metodologia desenvolvida para facilitar a análise estratégica de custos relacionados com as atividades que mais impactam o consumo de recursos de uma empresa. Neste contexto, Martins (2000, p. 100) explica a atividade como sendo uma mescla de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros utilizados para produzir bens e serviços. 3 METODOLOGIA 3.1 Métodos de pesquisa O projeto teve como pesquisa um estudo de caso, neste contexto Gil (2007, p. 41) salienta que estas pesquisas têm como meta [...] proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses.. Diante disso, o trabalho demonstrou como o administrador pode ter a tomada de decisão otimizada. Partindo da determinação de que a coleta de dados foi qualitativa e exploratória, a análise de dados aconteceu através de entrevista. De acordo com Beuren (2009, p. 92) Na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. A pesquisa foi elaborada através de uma pesquisa exploratória, conforme Beuren (2009, p. 80): A caracterização do estudo como pesquisa exploratória normalmente ocorre quando há pouco conhecimento sobre a temática a ser abordada. Por meio do estudo exploratório, busca-se conhecer com maior profundidade o assunto, de modo a torna-lo mais claro ou construir questões importantes para a condução da pesquisa [...]. Segundo Gil, (2002, p. 41) estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de instituições. Foi utilizada neste estudo de caso a empresa Muniz Martelinho de Ouro de propriedade de Fabrício Müller Muniz, o qual foi entrevistado a fim de analisar e determinar o custo do serviço prestado pela empresa, objeto desse estudo. Para Yin (2005), o estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação especialmente adequada quando se procura compreender, explorar ou descrever

490 acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos fatores. 3.2 Delimitação da população ou do objeto de estudo e amostragem O objeto de estudo e amostragem deste estudo de caso foi realizado através de documentos disponibilizados pelo funileiro artesanal. Foram feitas análises dos custos que este teve para prestar o serviço. 3.3 Técnicas de coletas dos dados A técnica de coleta de dados aconteceu mediante a análise do conteúdo dos documentos disponibilizados pelo funileiro artesanal, permitindo uma descrição objetiva e qualitativa destes documentos. Para Gil (2010, p. 119) os estudos de caso executados com rigor requerem a utilização de fontes documentais, entrevistas e observações. Ainda de acordo com Gil (2008, p. 141), pode-se dizer que, em termos de coleta de dados, o estudo de caso é o mais completo de todos os delineamentos. Pois se vale tanto de dados de gente quanto de dados de papel. Gil (2010, p. 66) ainda argumenta que, as fontes documentais são muito mais numerosas e diversificadas, já que qualquer elemento portador de dados pode ser considerado documento. Nesse sentido, Barros e Lehfeld (2007, p. 105) dizem que é a fase da pesquisa em se indaga a realidade e se obtêm dados pela aplicação de técnicas. Para Lakatos e Marconi (1992, p. 105) as técnicas são consideradas um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma análise, na obtenção de seus propósitos. Correspondem, portando, à parte prática de coleta de dados. 3.4 Técnicas de análise de dados Foi utilizada como técnica de análise de dados a análise de conteúdo, pois o conteúdo desenvolvido foi elaborado a partir do levantamento dos dados brutos obtidos. Partindo da determinação de que foi elaborada uma pesquisa qualitativa, a análise de dados aconteceu através de documentos disponibilizados pelo martelinho de ouro e também das pesquisas bibliográficas.

491 Foi feita uma análise dos principais custos que o funileiro artesanal teve efetuando um serviço de desamassar a lataria de um carro não precisando este passar por uma chapeação e repintura. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A pesquisa baseou-se no Micro Empreendedor Individual (MEI) Fabrício Müller Muniz, cujo ramo de atividade é a prestação de serviço de funileiro artesanal, popularmente conhecido como Martelinho de Ouro. Com este propósito, a entrevista visou avaliar os custos diretos e indiretos, despesas e mão de obra e assim descobrir o valor do custo hora do serviço prestado. O MEI avaliado utiliza planilhas com os valores detalhados dos serviços prestados, das compras realizadas e de todos os gastos que envolvem a prestação de seu serviço para ter o controle da empresa. Analisaram-se, primeiramente todos os valores obtidos pelo empreendedor nos últimos seis meses, de dezembro de 2013 a maio de 2014, utilizando-se todos os custos e despesas incorridos efetivamente nesse período para prestar estes serviços, servindo como base para o cálculo do custo hora. Para chegar ao custo total mensal, foram somados todos os gastos desse período analisado, dividindo pelo número de meses, chegando a um valor médio mensal. Em seguida, calculou-se o número médio mensal de trabalhos realizados, e chegou-se também a uma média de horas usadas para cada serviço. Após, verificou-se o valor-hora da mão de obra, incluindo no cálculo as despesas com impostos, conforme mostrado na Tabela 1. Todos esses gastos foram analisados e calculados separadamente para melhor precisão de valores, utilizando para tanto, o método de custeio por absorção, que considera como custo do serviço tudo que estiver ligado a ele, direta ou indiretamente. Nesse sistema, os custos variáveis não se alteram por serviço, porém, os custos fixos por unidade reduzem à medida que a quantidade produzida aumenta. Ferreira (2007) apresenta a seguinte fórmula, para mensurar o custeio por absorção: Custo = (Custos fixos + Custos variáveis) / Produção do período Abaixo demonstrado na Tabela 1, observa-se os cálculos referente aos custos e despesas do serviço prestado.

492 Tabela 1 Tabela Custos prestação de serviço Custos/Despesas Total Médio Mensal Média de serviços por mês Total por serviço Média de horas serviço Valor hora Combustível R$ 600,00 30 R$ 20,00 3 R$ 6,67 Manutenção veículo R$ 943,50 30 R$ 31,45 3 R$ 10,48 Custos Ferramentas/Materiais de uso e consumo R$ 133,20 30 R$ 4,44 3 R$ 1,48 Mão de Obra/Pró-labore R$ 724,00 30 R$ 24,13 3 R$ 8,04 Boleto R$ 97,50 30 R$ 3,25 3 R$ 1,08 NF R$ 45,00 30 R$ 1,50 3 R$ 0,50 Comissão R$ 60,00 30 R$ 2,00 3 R$ 0,67 Despesas Despesas Bancárias R$ 45,00 30 R$ 1,50 3 R$ 0,50 Telefone R$ 60,00 30 R$ 2,00 3 R$ 0,67 Marketing R$ 40,42 30 R$ 1,35 3 R$ 0,45 Impostos (INSS e ISS) R$ 41,20 30 R$ 1,37 3 R$ 0,46 R$ 2.789,82 R$ 92,99 R$ 31,00 Fonte: Autores 05/2014 Nos valores acima foram considerados dados médios de serviços para efetuar os cálculos dependendo do mês, o valor poderá aumentar ou diminuir com o número de serviços prestados. Segundo informações fornecidas pelo funileiro artesanal, foram divididos os gastos em custos e despesas. Como o serviço é prestado no local ou a domicílio, não existem os custos de um espaço próprio para desempenhar o trabalho, como o aluguel por exemplo, mas existe a necessidade de disponibilizar um veículo exclusivo para se deslocar até o cliente, levando consigo as ferramentas e materiais de uso e consumo. Nesse contexto, os custos do MEI avaliado baseiam-se em: combustível e manutenção do veículo, calculados pelo valor médio mensal, custo com ferramentas e materiais de uso e consumo, calculados pelo valor investido dividido pela vida útil, e o custo com a mão de obra/pró-labore que segundo o entrevistado, é destacado um salário mínimo nacional por mês. Já as despesas se dividem basicamente em: boletos, notas fiscais (NF) e taxas bancárias sendo necessárias para a cobrança dos clientes, despesas com comissões que é devida a alguns clientes quando existe a intermediação de serviços, despesas com impostos, sendo necessário para a empresa operar dentro da lei, despesas com marketing visando novos clientes e a despesa com telefone, usada principalmente para agendar os serviços. A partir dos dados apresentados verificou-se um gasto excessivo com a manutenção do veículo que o funileiro utiliza para se locomover até seus clientes para prestar o serviço, este

493 custo constitui 33,82% do valor total de todos os custos. Assim, deve-se buscar fazer um plano de ação sobre este item (manutenção de veículo), dessa forma a empresa poderia diminuir seu custo hora atual que hoje está em R$ 31,00 para R$ 25,76 ao reduzir 50% desse custo específico. A Tabela 2 mostra o custo da prestação de serviço em um veículo FOX da marca Volkswagen demonstrado na Figura 1. Para efetuar o cálculo do custo total deste serviço, foi multiplicado o tempo gasto em horas, que foi de 2 horas e 10 minutos ou 2,17 horas, que o funileiro artesanal levou até terminar o serviço pelo valor do custo hora que é R$ 31,00, calculado na Tabela 1 chegando ao custo total deste serviço de R$ 67,27. Tabela 2 Serviço carro FOX Serviço carro FOX Total de horas gastas 2,17 Custo hora R$ 31,00 Custo total do serviço R$ 67,27 Fonte: Autores 05/2014 Depois de efetuado o cálculo deste serviço constatou-se que o custo apresentado pelo cálculo é maior do que o imaginado pelo entrevistado, já que não eram feitos até então cálculos do custo com base no tempo gasto para cada serviço. A Figura 1 mostra como o veículo estava antes do serviço e como ele ficou após o serviço efetuado pelo martelinho de ouro.

494 Figura 1 - Veículo FOX antes e depois Fonte: Autores 05/2014 Observando o quadro em que mostram os custos do serviço de martelinho de ouro, pode-se ressaltar que alguns custos estão altos e podem ser diminuídos com uma análise deste serviço, de uma forma que leve a empresa estudada a obter mais lucro. Dois dos custos que estão mais visíveis nesse serviço é a manutenção do veículo, sendo utilizado para atender os respectivos clientes em diversas cidades da região e o combustível decorrente desses atendimentos feitos pela empresa para seus clientes. Uma solução para esses dois custos elevados no custo do serviço prestado seria a possibilidade de um investimento em um novo veículo, o qual se diminuiria consideravelmente os gastos com manutenção e possivelmente reduziria também os gastos com combustível por ser um veículo novo e poder fazer mais quilometragem com um litro de combustível.

495 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa teve sua delimitação em apontar os custos gerados na prestação do serviço martelinho de ouro, para tanto foi utilizado de entrevista com o funileiro artesanal o qual apresentou todos os seus custos e despesas, visando assim determinar o valor hora a ser cobrado dos clientes. Após avaliação dos custos para a prestação de serviço verificou-se que o valor hora do serviço a ser prestado ficou mais caro devido ao valor elevado de manutenção necessária no veículo utilizado pelo funileiro no deslocamento para a realização de seu ofício. Outro fator que encarece seu valor hora é a necessidade de pagamento de comissão, diminuindo assim seu lucro em algumas oportunidades. Sugere-se então ao MEI avaliar a possibilidade de trocar de veículo e se possível extinguir o pagamento de comissões, a fim de diminuir significativamente seus custos, podendo obter dessa forma um lucro maior em relação ao que se apresenta atualmente. 6 REFERÊNCIAS BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. BEUREN, Ilse Maria. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2009. COSTA, Rogério Guedes; OLIVEIRA, Luís Martins de; PEREZ JR, José Hernandez. Gestão Estratégica de Custos: textos, casos práticos e testes com as respostas. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2012. FERREIRA, José Antônio Stark. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. FROTA DE VEÍCULOS NA SERRA GAÚCHA CRESCE EM RITMO MAIS RÁDIDO DO QUE EM PORTO ALEGRE. Caxias, Bento e Farroupilha tem um automóvel para cada dois moradores. Disponível em: <http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/frota-deveiculos-na-serra-gaucha-cresce-em-ritmo-mais-rapido-do-que-em-porto-alegre-6866.html>. Acesso em: 30 mar.2014. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2007.

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