A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS NOS ANOS INICIAIS RESUMO Marcelo Moura 1 Líbia Serpa Aquino 2 Este artigo tem por objetivo abordar a importância das atividades lúdicas como verdadeiras facilitadoras na aprendizagem dos alunos nos anos iniciais. Sabemos que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em todas as idades, e não pode ser vista apenas como diversão, onde além de melhorar o âmbito educativo, o educando desenvolve a força impulsora da curiosidade, explorando muito mais a sua criatividade e melhorando sua conduta no processo de ensino-aprendizagem. Nota-se que o jogo tem um aspecto mágico em sua relação com os educandos, e constitui admiráveis instituições sociais, sendo ele a base epistemológica da educação, e sem dúvida, a atividade mais importante, favorecendo também o desenvolvimento corporal e humano. A educação lúdica, além de influenciar na formação do educando contribui na preparação para a vida futura, tornando-o mais atuante e envolvido com a sociedade. Palavras-chave: criança, educação infantil, escola, lúdico, aprendizagem. INTRODUÇÃO O presente trabalho aborda o tema sobre a importância do lúdico na aprendizagem dos alunos de séries iniciais. Sabemos que é na infância que se tem os primeiros contatos e vivências para desenvolver a aprendizagem, e acredita-se que os jogos e brincadeiras são essenciais na vida das crianças, pois ficam mais motivadas a usarem a inteligência e tornam a aprendizagem mais prazerosa, auxiliando as crianças a desenvolverem a personalidade e suas múltiplas inteligências. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA APRENDIZAGEM Segundo João Batista Freire (1997, p.13), existe um rico e vasto mundo de cultura infantil repleto de movimentos, de jogos, da fantasia, quase sempre ignorado pelas instituições de ensino. Pelo menos até a 4ª série do 1º grau, a escola conta com alunos cuja maior especialidade é brincar. É uma grande perda que esse enorme conhecimento não seja aproveitado como conteúdo escolar. Pois vemos que nem a educação Física, enquanto disciplina do 1 2 Acadêmico do curso de Educação Física da Universidade Luterana do Brasil. Docente do curso de Pedagogia e da Universidade Luterana do Brasil e orientadora deste trabalho.
currículo, que deveria ser especialista em atividades lúdicas e em cultura infantil, leva isso em conta, onde poderia utilizar o lúdico como uma importante ferramenta pedagógica na área da educação. Uma coisa é certa: negar a cultura infantil é, no mínimo, mais uma das cegueiras do sistema escolar. Corpo e mente devem ser entendidos como componentes que integram um único organismo (FREIRE, 1997, p. 13). Vemos o quão importante é desenvolver estas atividades no processo de crescimento dos educandos; o quanto auxilia e ajuda na formação e assimilação do conhecimento. Viajando pela fantasia, a criança vai longe. Conhece coisas que nós, adultos, já vivemos e esquecemos, e muitas vezes vai além de quase todos os adultos. No entanto, há pessoas mais velhas que enveredam pela ficção, e são capazes de trazer de lá conhecimentos que revolucionam o mundo. É uma pena que os homens quase sempre esqueçam de suas fantasias e sonhos! (FREIRE, 2006, p. 37). O que chama atenção é que a criança, entre outras coisas, para viver sua fantasia, levam em conta a realidade. Pois, também nossa imaginação depende de traços de nossa experiência vivida, de nossa cultura. Durante o ato de imaginar, nada se interpõe à fantasia infantil, mas durante a ação corporal que o acompanha, verifica-se uma busca de ajustamento ao mundo exterior, uma espécie de acompanhamento. Por outro lado, a ação imaginada não tem origem na mente apenas, mas na relação concreta da criança com o mundo (FREIRE, 2006, p. 43). O brinquedo simbólico é tão rico para o desenvolvimento da criança que uma análise superficial nem de longe chega a apreender todas as suas possibilidades. Sabemos que as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. Estudos realizados sobre a aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que quando uma criança chega à escola, traz toda uma pré-história, elaborada a partir de suas vivências, experiências, e grande parte delas através da atividade lúdica. O lúdico é uma importante metodologia que contribui para diminuir os altos índices de fracasso escolar e evasão dos alunos nas escolas. Pois a utilização de
atividades lúdicas pode contribuir para uma melhoria nos resultados obtidos pelos alunos. Estas atividades seriam mediadoras de avanços e contribuiriam para tornar a sala de aula um ambiente alegre e favorável. A criança e mesmo o jovem opõem uma resistência à escola e ao ensino, porque acima de tudo ela não é lúdica, não é prazerosa. Estudos demonstram que através de atividades lúdicas, o educando explora muito mais sua criatividade, melhora sua conduta no processo de ensino-aprendizagem e sua auto-estima. O indivíduo criativo é um elemento importante para o funcionamento efetivo da sociedade, pois ele é quem faz descoberta, inventa e promove mudanças. Sem falar que a criança aprende melhor brincando. No entanto, o sentido verdadeiro da educação lúdica, só estaria garantido se o professor estiver preparado para realizá-lo e tiver um profundo conhecimento sobre os fundamentos da mesma. O lúdico é um ótimo recurso didático, que somente contribui com o professor-educador e com certeza para o processo de ensino-aprendizagem. Percebemos que o lúdico apresenta uma concepção teórica profunda e uma concepção prática, atuante e concreta. A ludicidade é uma necessidade do ser humano em todas as idades, e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico proporciona uma melhor aprendizagem, e ainda facilita o desenvolvimento pessoal, social e cultural. Colabora para uma boa saúde mental, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e viabiliza um melhor rendimento na parte intelectual. O JOGO E A APRENDIZAGEM O jogo é, sem dúvida, a atividade mais importante na educação. Pois as atividades lúdicas são fundamentais na formação das crianças, e verdadeiras facilitadoras dos relacionamentos e das vivências no contexto escolar. Pois as atividades lúdicas promovem a imaginação e, principalmente, as transformações do sujeito em relação ao seu objeto de aprendizagem. O caráter de integração e interação contido nas atividades lúdicas fez com que a Educação Infantil e o Ensino Fundamental utilizassem constantemente estas atividades para integrar o conhecimento como uma ação prática dos nossos alunos (HAETINGER, 2005). Vimos que parece ser unânime entre todos os autores da educação, onde defendem que o jogo é indispensável e contém um valor significativo no ato de
aprender e ensinar de forma vivencial. Com certeza, o jogo é a base epistemológica da educação, e constitui admiráveis instituições sociais. É também um instrumento pedagógico muito significativo. É de grande valor social, favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência. Contribui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade. Desde os primeiros anos de vida, os jogos e brincadeiras são nossos mediadores na relação com as coisas do mundo. Do chocalho ao videogame, aprendemos a nos relacionar com o mundo através dos jogos e brincadeiras. Por este motivo o jogo tem um papel de destaque na educação, pois ele é a base do desenvolvimento cognitivo e afetivo do ser humano (HAETINGER, 2005, p. 82). Nota-se que o jogo tem um aspecto mágico em sua relação com os educandos, na qual eles estes estão sempre prontos para jogar e brincar. Talvez este fator seja um dos mais importantes do jogo, onde promove a motivação, e gera uma maior participação, relação e interação entre os alunos e o conhecimento, proporcionando assim uma aprendizagem de qualidade e adaptada a cada educando. Haetinger (2005) argumenta que o jogo tem outro aspecto, as vivências, as experiências acontecem de forma coletiva, em relação ao que é conquistado em interação com os outros colegas, e individual, causa dos diferentes papéis vividos em cada brincadeira. Acredita-se que o jogo seja tão antigo quanto às criaturas do planeta, pois os animais já brincavam entre si, fomentando o lúdico como fator de vínculos e de afeto. O homem mais primitivo já tinha seus jogos e brincadeiras, o que reitera o lúdico como algo essencial e elementar para o ser humano (HAETINGER, 2005). Percebemos que o jogo é um fator importante para conhecermos os povos e seus costumes, pois através da educação, os jogos ultrapassam a linha do tempo e permeiam muitas gerações. E apesar de toda a modernidade, os jogos e brincadeiras do passado ainda são importantes para o universo infantil, além de resgatar nossa cultura, instiga a criatividade, ou seja, a arte de criar. Neste enfoque, PIAGET apud HATINGER (2005, p. 84), ilustra muito bem o caráter abrangente e imaginativo do jogo, onde fala que quando a criança brinca, assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação
com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui. Nas brincadeiras e nos jogos, a criança fica tão envolvida com o que está fazendo, que coloca na ação seu sentimento e emoção. O jogo, além de ser um elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos, sociais, enriquece muito a criatividade da criança, nutrindo a alma. Ajuda também no deixar de receber tudo pronto e começa a construir seu próprio universo, mesmo muitas vezes um universo de sonhos, mas é fundamental para essa etapa da vida. Seguindo algumas das muitas contribuições de Vygotsky, apud HATINGER (2005 p. 84), podemos dizer que o jogo é um elemento socializador e, consequentemente, algo muito importante para o desenvolvimento humano. Para Vygotsky, a criança é introduzida no mundo adulto pelo jogo, e sua imaginação (estimulada através dos jogos) pode contribuir para sua expansão de suas habilidades conceituais. CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação lúdica, além de ajudar e influenciar na formação do educando possibilita um crescimento feliz e sadio, onde este levará por toda a vida este enriquecimento pessoal e intelectual. Ela somente vem contribuir com o educador, pois através dela se pode educar com criatividade e responsabilidade, descobrindo maneiras interessantes para serem trabalhadas conforme a realidade do educando. Vimos que a educação é um processo de vida e não de preparação para a vida futura. E a escola deve representar a vida presente, vida tão real e vital para a criança como a que leva em casa, e em suas brincadeiras. E que as atividades lúdicas são uma prática privilegiada para a aplicação de uma educação que visa o desenvolvimento pessoal e a atuação cooperativa na sociedade, tornando-os mais participativos e envolvidos com o mundo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: Teoria e prática da Educação Física. Ed. Scipione. São Paulo, 2006.. João Batista. Educação de corpo inteiro: Teoria e prática da Educação Física. Ed. Scipione. São Paulo, 1997. HAETINGER, Max Gunther. O universo criativo da criança: na educação. Brasil: Instituto criar, 2005.