A importância do jogo na prática Psicopedagógica



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Transcrição:

1 A importância do jogo na prática Psicopedagógica Deyse de Sousa Kaam 1 Juliana de Alcântara Silveira Rubio 2 Resumo Este artigo expõe a aquisição do conhecimento por meio do lúdico, auxiliando no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e moral do paciente, proporcionando a construção do conhecimento e o diagnóstico exato na intervenção psicopedagógica no auxílio das dificuldades de aprendizagens. Palavras Chave: lúdico, desenvolvimento infantil, prática psicopedagógica, processo de ensino e aprendizagem. 1. Introdução Visando desenvolver a pesquisa que investiga a brincadeira como o foco na construção do processo do ensino e aprendizagem nas séries iniciais é fundamental destacar que ao brincar a criança se desenvolve em vários aspectos que são prioridades para a formação íntegra como ser humano autônomo inserido no contexto sócio-cultural. Nessa perspectiva, a brincadeira é a principal ação que manifesta a essência da aprendizagem significativa na vivência do aprendiz. Por meio da ação do brincar, a criança, que naturalmente possui a característica da curiosidade, é inserida em um mundo de fantasia proporcionado por elas e pelo próprio contexto; a formação do saber aprimora-se através dessa prática importante. Essa junção entre a formação da aprendizagem e a prática do brincar é pertinente para o fornecimento de informações específicas, que têm como meta explorar conteúdos que retratam a evolução da criança nesse contexto lúdico. 1 Pós-graduanda em Psicopedagogia pela Universidade Nove de Julho UNINOVE. 2 Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista UNESP Professora orientadora.

1 Ressaltando que o ensino por meio de palavras e representações simbólicas é considerado conteúdo abstrato, ao romper com esse paradigma, valoriza-se o educando que aprende brincando e se introduz o conteúdo concreto, através do qual a criança realiza conexões com a aprendizagem momentânea e com seus pressupostos. No ambiente educacional, as propostas pedagógicas devem atender às necessidades infantis de acordo com cada fase de desenvolvimento da criança, com atividades que explorem a imaginação, para haver a constante evolução da autonomia e autoconhecimento. 2. Desenvolvimento da criança de seis a sete anos A faixa etária entre os seis e sete anos abrange transformações consideráveis no comportamento infantil. Esse desenvolvimento nítido da criança acontece por meio da sua inserção no período escolar conceituado como fundamental; essa fase propicia caráter de maior responsabilidade e complexidade quanto ao processo de ensino e aprendizagem, com menor ludicidade no seu cotidiano pedagógico. Pensando-se em conceitos cognitivos, é relevante o acesso que as crianças têm às informações; essa base cognitiva centra-se no ideal de buscar informações reais no que se encontra subentendido. Nesse período específico, a construção de regras e a imposição de limites são importantes para que a criança exerça suas atividades com liberdade controlada, na desenvoltura e adaptação do seu contexto social. Segundo Bee (2003), é muito importante a participação pedagógica na construção da personalidade da criança, na medida em que compara os alunos que obtém maior ou menor desempenho aos paradigmas acadêmicos; essa atitude influi diretamente na análise que a criança apresenta de si mesma. Enfatizando especificamente a faixa etária entre os seis aos sete anos, as crianças terão como base a formação da personalidade e das atitudes morais e éticas como um todo, sendo primordial a participação

2 positiva dos pais, educadores e responsáveis para a evolução dos aprendizes como cidadãos plenos de criticidade e autonomia para atuar na sociedade. 2.1. Desenvolvimento Cognitivo Na dimensão do desenvolvimento psicológico infantil há consideráveis mudanças no comportamento da criança, que busca ficar perto de outras crianças e compreender suas experiências, confirmando o pensamento de que o infante é autor de sua construção e formação do saber. Na medida em que as coisas se destacam da própria ação e em que esta se situa entre o conjunto das séries de acontecimentos ambientes, o indivíduo é obrigado a construir um sistema de relações para compreender essas séries e para compreender-se em relação a elas. Ora, organizar tais séries é constituir, concomitantemente, uma rede espaço-temporal e um sistema de substâncias e de relações de causa a efeito. (PIAGET, 2003, p. 105). Segundo o conceito piagetiano, as crianças passam por estágios referentes à evolução psicológica; por meio de sua teoria do desenvolvimento humano, Piaget considera aspectos sócio-educacionais e biológicos. No período pré-operatório, a inserção do processo da linguagem é evidente na criança, influenciando suas atitudes; ela está sempre querendo buscar informações e explicações para todos os acontecimentos que venham a surgir. Desfruta da imitação como atributo desse período, apenas repetindo o que escuta, mas não sabendo o real sentido do que está exteriorizando. No período pré operacional, surgem os símbolos mentais. Eles se manifestam por meio da capacidade criativa e imaginária da criança praticada nos momentos lúdicos; ela utiliza objetos reais para simbolizar os mais diversos objetos fantasiosos. De acordo com Bee (2003), a concepção sobre o desenvolvimento cognitivo, destaca-se a representação expressiva da linguagem por meio do desenho, de ações lúdicas, que expressam a realidade do ponto de vista

3 infantil. É relevante destacar que a linguagem está diretamente ligada à evolução do pensamento infantil, pois há a necessidade da compreensão da sequência da formação de palavras e classes e da nomeação de objetos de acordo com sua real existência, acontecendo, paulatinamente, de acordo com o ritmo de aprendizagem de cada educando. No período operatório concreto, a criança estabelece relações com a importância das opiniões de outras pessoas e de várias formas de conceituar uma mesma situação. Realiza a construção da aprendizagem por meio de objetos concretos, onde ela possa vivenciar através da visualização real do conceito em foco. Nessa fase, a criança desenvolve a habilidade de refletir sobre questões propostas a ela, diante das quais considera cognitivamente os pressupostos para chegar a uma conclusão autônoma e própria. Segundo Martí (2004), a aquisição do conhecimento infantil através da construção da aprendizagem escolar é ideal nessa faixa etária específica, pois sua habilidade cognitiva será desenvolvida estrategicamente, construindo seus saberes. 2.2. Desenvolvimento Afetivo-Emocional Quanto ao desenvolvimento afetivo-emocional, a criança deve saber que as emoções devem ser manifestadas, para que esse processo ocorra de forma contínua. Com relação aos aspectos relevantes da afetividade, ressalta-se o período da descoberta da sexualidade envolvendo fases definidas por Freud. Na faixa etária em questão, as fases são a fálica e, em seguida, a passagem para o período de latência. A sexualidade é um campo amplo para o universo infantil e adulto; relaciona tópicos como os da descoberta do próprio corpo, do corpo oposto, do contato puro com outras pessoas, incluindo questões simples como o fato da inexistência do preconceito diante de situações em que meninos podem se inserir nas brincadeiras das meninas e as meninas brincarem junto com os meninos.

4 Na fase fálica, ocorre o desvendar da sexualidade, buscando-se conhecimentos sobre as diferenças entre os sexos. Aos 6 anos, a criança já vivenciou o complexo de Édipo, que exprime o desejo das crianças serem aceitas pelos seus pais; os meninos seguem o modelo de seus pais, para serem aceitos pelas suas mães; e as meninas seguem o modelo de suas mães para serem aceitas pelos seus pais. Portanto, a aquisição infantil de valores morais, éticos e emocionais é definida pelas atitudes dos pais, sendo que a criança preza a aprovação de seus responsáveis para continuar a adotar atitudes diante de acontecimentos em que tem que se manifestar. No período de latência, a atenção da criança sai do próprio corpo, criando espaço para as atividades intelectuais; nessa fase, as crianças mantêm a curiosidade para pesquisar sobre o corpo humano, para aprender sobre seu funcionamento, mas sem conotação erótica. É nesse período que ocorre a nítida separação e a competitividade entre meninos e meninas. O conhecimento da sexualidade pode ser pedagogicamente explorado de forma em que haja a conscientização com relação à riqueza cultural que esse tema proporciona, desmistificando o termo sexual e mostrando que ele se refere a muitos aspectos além da procriação. No contexto emocional, é relevante destacar os sentimentos básicos que embasam as emoções; são eles, o medo, o prazer e a raiva. Cada sentimento determina diferentes maneiras de expressar e definir cada sensação que aparece nos indivíduos. As emoções são interpretadas e compreendidas pelas crianças de acordo com as experiências vividas com outras pessoas e situações cotidianas. Por meio da aquisição da linguagem, as emoções infantis passam a ser expressas verbalmente, sendo que as influências sociais marcam diretamente a mudança do comportamento da criança. 2.3. Desenvolvimento Social e Moral No desenvolvimento social, as amizades são extremamente importantes, sendo considerada a qualidade e não a quantidade de amigos.

5 As crianças buscam respostas para os fatos que surgem ao seu redor e conseguem raciocinar sobre atitudes dos adultos, inclusive do educador. Na fase abaixo dos sete anos, os educandos se adaptam com muita facilidade às regras impostas, considerando-as de extrema importância para a efetuação de qualquer ação própria; mas acima dos sete anos, com o olhar voltado para a justiça se contrapõem às regras, já conseguem refletir, avaliando se haverá benefícios no cumprimento das regras. A criança evolui gradativamente quando pratica atividades lúdicas que proporcionem a socialização por meio de brincadeiras livres, em que a natureza infantil possa expressar sua criatividade e associar o universo adulto ao seu mundo. A importância das relações sociais torna-se nitidamente essencial na medida em que a criança se apropria de valores que contribuam ao espírito cooperativo, estruturando a formação dos indivíduos, na perspectiva do auxílio quanto às necessidades da sociedade. Na fase de transição da criança para a série inicial enfatiza-se o estágio no qual ela desenvolve o conceito sobre si mesma, avaliando suas atitudes e habilidades diante de situações cotidianas; avalia se de forma positiva, onde não há a comparação concreta da competição entre o melhor e pior perante um grupo. Diante da perspectiva da autoconceito, o educador é um instrumento importante influenciando na evolução das crianças no aspecto da formação da personalidade e estimulando o desenvolvimento de habilidades específicas. Com relação ao convívio social, as crianças necessitam compreender o cumprimento das regras sociais e morais; nessa perspectiva, há o destaque para a conduta formada por uma origem cultural (regras convencionais) e o procedimento da conduta com o foco nos direitos dos indivíduos (regras morais); e por meio dessa visão sobre o seguimento de normas, os educandos manifestam a ruptura de paradigmas que têm por objetivo a conduta convencional e expressam respeito seguindo às regras

6 morais. O processo do desenvolvimento da moralidade na criança é um importante fator para a constituição da personalidade infantil. Há dois tipos de condições morais, na visão piagetiana; a primeira denominada como moral da coação retrata o individualismo como fonte primária e revela as condutas expressadas dos adultos direcionadas às crianças; a segunda, nomeada como moral da cooperação manifesta as atitudes de respeito, conduzindo ao objetivo da aquisição da autonomia nas questões morais. 3. A importância do brincar Por meio das brincadeiras que a criança cria oportunidade de interação com todos ao seu redor, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades psicomotoras, cognitivas e também da relação de afetividade entre os educandos, que estabelecem laços de amizade entre si e adquirem conhecimentos. A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio,um enriquecimento permanente,integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento.sua prática exige a participação franca,criativa,livre,crítica,promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio.(almeida,2003:57) A educação lúdica contribui para a formação do infante, possibilitando um enriquecimento pedagógico e de valores culturais, ensinando a respeitar as opiniões dos outros e ampliando o conhecimento. Para Piaget, os jogos têm significado para a criança, quando ela começa a inventar, reconstruir objetos com sua própria criatividade, levandoa à um processo de assimilação e acomodação. O aluno assimila várias realidades formando assim novos conceitos e dando espaço à acomodação. Quando o jogo proposto cria oportunidade para que o aluno busque, verifique resultados e raciocine sobre o conteúdo, ele coloca a criança em um momento lúdico, preparando-a para solucionar problemas em situações presentes no seu cotidiano.

7 Os jogos de construção são considerados de grande importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da criança. A criança, quando joga percebe seu lugar e valor no grupo social, construindo pensamentos; dissolvendo paulatinamente o egocentrismo que ainda pode persistir no comportamento da criança. A educação lúdica contribui para o desenvolvimento da criança, na qual a participação educacional promove a criatividade e interação, valorizando a linguagem oral. Dessa forma, os jogos intelectuais como o quebra-cabeça, jogo da memória, amarelinha não podem ser descartados no âmbito escolar, pois esses jogos auxiliam no desenvolvimento e na alfabetização do infante. 3.1. Jogos, brinquedos e brincadeiras O jogo tem um sentido específico para cada cultura; uma mesma conduta nos jogos pode ter significado diferente dependendo da cultura; o arco e flecha, por exemplo, para muitos é um divertimento, mas para a comunidade indígena é uma forma de preparo para a arte da caça necessária para sua tribo. Existem vários brinquedos tradicionais com os quais até hoje as crianças brincam, como a pipa, o peão, o cavalinho de pau e a boneca. Até mesmo os instrumentos musicais transformam-se em objetos lúdicos para as crianças. As crianças aprendem rapidamente as regras dos jogos, porém sentem dificuldades em utilizá-las por conta da competição. É preciso que o educador trabalhe o grupo, ensinando o respeito ao outro e preparando a vida em sociedade. O jogo surge como um auxílio psicopedagógico, desenvolvendo o relacionamento em grupo e também a autonomia. Cada jogo tem seus objetivos e características próprias e cabe ao educador observar qual jogo deverá aplicar naquele grupo para obter um

8 melhor resultado, de acordo com as dificuldades apresentadas naquele momento educativo. O jogo auxilia na diminuição da ansiedade, quando o seu propósito é ajudar a criança a perceber a importância do tempo para a realização de uma determinada tarefa ou quando o educador mostra não só a importância do resultado, mas também do processo pelo qual se passa para se obter o resultado desejado. O aprimoramento da coordenação motora fina nos jogos ajuda o educando nas atividades de alfabetização e desenvolve habilidades importantes para o processo de ensino-aprendizagem. Quando se estimula o educando através de tarefas que utilizam estratégias, planejamento e exigem antecipação para resolvê-las, o educador está, consequentemente estimulando o seu raciocínio - lógico, aspecto importante para uma aprendizagem significativa. Segundo Vygotsky (2007), o brinquedo tem grande influência no desenvolvimento da criança. Através dos brinquedos, o infante cria situações de imaginação, dando espaço para as suas fantasias. Dessa forma, o brinquedo pode ter vários significados: um cabo de vassoura, por exemplo, no mundo da imaginação, pode se tornar um cavalinho - de - pau para a criança. A criança, ao inventar um brinquedo usando sua própria criatividade, está conhecendo suas potencialidades, soltando sua imaginação. Para uma criança, o brinquedo terá maior valor quanto mais se aproximar da realidade, ou seja, quanto mais atraente, sofisticado e perto do seu dia a dia, mais valor terá como instrumento de brincar. O brinquedo, portanto, pode determinar vários sentimentos na criança. Assim, um mesmo brinquedo pode ser apenas uma boneca em um momento lúdico de divertimento, como também pode se tornar uma representação de sentimento e emoções. Um exemplo dessa atitude é uma criança que agride uma boneca com raiva dizendo que é sua irmã. Esse

9 seria o momento para manifestar suas angústias e alegrias, já que o ciúme é normal na idade de seis a sete anos. Segundo Almeida (2003), os jogos de expressão e interpretação propiciam momentos de aprendizagem, além de enriquecer a linguagem oral e escrita do educando, ampliando seu vocabulário pela socialização e auxiliando seu desenvolvimento cognitivo. Os brinquedos tradicionais são bem educativos quando orientados pelo professor, pois os jogos de bolinha de gude, jogo da vara, jogo da cabra cega, jogo do lencinho, jogo do anel entre outros ajudam na integração social e afetiva dos educandos. 3.2. O brincar na aprendizagem No âmbito da construção da aprendizagem, alguns jogos têm o propósito de auxiliar o educando na aquisição da aprendizagem como os matemáticos e linguísticos. Já em outros momentos, eles os auxiliam no desenvolvimento afetivo, físico-motor e social. No entanto, o educador precisa respeitar o processo de cada um, para que o jogo não se torne um momento obrigatório e sim que seja um momento prazeroso e com significado cognitivo para o aluno. Quando o educador incentiva no educando o interesse nas pesquisas, desenvolvimento de trabalhos em grupo, a busca pelas respostas através do lúdico, esse aluno estará aprendendo de uma forma prazerosa a atividade proposta e, consequentemente, ao assimilar esses novos conceitos terá uma aprendizagem cognitiva com êxito. A atividade lúdica resulta em instrumento facilitador da aprendizagem; por meio dessas atividades educacionais. Os jogos e brincadeiras para crianças de seis a sete anos possibilitam a construção do seu próprio conhecimento; a interação entre várias culturas, valores e costumes que estão a sua volta e ajudarão o educando a alcançar sua própria autonomia. O brincar permite que a criança tenha mais liberdade para criar, pensar e construir o conhecimento por meio dessas atividades lúdicas, auxiliando no desenvolvimento de suas habilidades.

10 O ensino e a aprendizagem através da ludicidade fazem com que a criança se aproprie e reproduza o mundo adulto, despertando a curiosidade infantil e proporcionando a constante busca pelo novo. 4. A Intervenção Psicopedagógica com os jogos A utilização do jogo na intervenção psicopedagógica, primeiramente, requer um ambiente acolhedor, prazeroso em que o paciente se sinta a vontade para estar criando e desenvolvendo suas representações simbólicas. Na terapia do brincar, o paciente constrói a aprendizagem a partir da interação dele com o novo elemento, que por meio dessa ação o psicopedagogo proporciona o desenvolvimento do cognitivo buscando a evolução do prazer para a aquisição de novos saberes. De acordo com Bossa (2007, p.110), a ação do jogar é o momento de observação nas atitudes infantis para que haja a identificação de como a criança efetiva a ação do aprender voltada para sua realidade escolar A atividade lúdica auxilia no diagnóstico e tratamento nas dificuldades de aprendizagens, pois quando um paciente não desenvolve a habilidade de jogar, há a identificação de explicitar o quanto é difícil para esse individuo construir o conhecimento, necessitando de estímulos e tempo para se apropriar dessa prática saudável e importante à ampliação do conhecimento social, afetivo, cognitivo e emocional. 5. Considerações Finais Criar um vínculo afetivo por meio da socialização das crianças com seus colegas facilita o processo de ensino-aprendizagem. Os jogos e brincadeiras irão contribuir para um enriquecimento intelectual e a construção do conhecimento, ativando o processo cognitivo do aluno, proporcionando a criação de oportunidades para a criança expressar suas ideias, ensinando a respeitar as opiniões dos outros, promovendo assim a autonomia do infante.

11 Ao brincar, as crianças expressam seus sentimentos de medo, desejo, frustração e angústia, dando espaço para a sua imaginação, além de fazer uso de sua própria criatividade para inventar seus brinquedos, expondo o ato de conhecer suas potencialidades; para que haja o auxilio no desenvolvimento da coordenação motora fina e grossa dos pacientes, estimulando habilidades importantes para o processo de ensinoaprendizagem. A aquisição do conhecimento, do desenvolvimento físico-motor, social e moral por meio do lúdico, ampliam o contexto para sanar as dificuldades de aprendizagens rumo a uma aprendizagem significativa. 6. Referências Bibliográficas ALMEIDA, Marcos Teodorico Pinheiro de. Jogos divertidos e brinquedos criativos. 2ª ed. Petrópolis, SP: Vozes, 2004. BEE, Hellen. A criança em desenvolvimento. 9ª ed. Rio Grande do Sul: Artmed, p. 209 309, 2003. BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3ª ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007. CHAMAT, Leila Sara José. Técnicas de diagnóstico psicopedagógico: o diagnóstico clínico na abordagem interacionista. São Paulo, Vetor: 2004. FONSECA, Vítor da. Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2ªed. Rio Grande do Sul: Artes Médicas, 1995,. HIDALGO, Victoria; PALACIOS, Jesús. Desenvolvimento da personalidade dos seis anos até a adolescência. In: COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesús (orgs). Desenvolvimento psicológico e educação. Rio Grande do Sul: Artmed, p.181, 2004. KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2003. KUPFER, Maria Cristina Machado. Freud e a educação. 3ª ed. São Paulo: Scipione, p.39, 2004. MARTÍ, Eduardo. Processos cognitivos básicos e desenvolvimento intelectual entre os seis anos e a adolescência. In: COLL, César;

12 MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesús (orgs). Desenvolvimento psicológico e educação. Rio Grande do Sul, Artmed: 2004. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 7ª Ed. São Paulo, Martins Fontes: 2007.