1. FINANCIAMENTO A MÉDIO E LONGO PRAZO Finanças II Ano Lectivo 2005/06 Turma TP1 Ricardo Valente 1 Introdução Decisões de financiamento Captação de fundos para financiar actividade corrente, projectos de investimento Distribuição de riscos entre dívida e capital próprio Tipo de obrigações impostas à empresa/claúsulas restritivas ( covenants ) Afectam o risco e retorno esperado da empresa Afectam o montante de impostos a pagar Afectam a probabilidade de falência Ricardo Valente Finanças II 2005/06 2
Introdução Análise do impacto das alternativas Capital Próprio Dívida Instrumentos Híbridos Ricardo Valente Finanças II 2005/06 3 Capital Próprio O Capital Próprio assume distintas formas: nas pequenas empresas: corresponde normalmente ao investimento das poupanças dos seus donos; nas médias empresas: pode assumir a forma de venture capital ou private equity (Capital de Risco) nas grandes empresas: assume a forma de emissão de acções (IPO s). Ricardo Valente Finanças II 2005/06 4
Capital Próprio Acções Ordinárias número de acções emitidas (e admitidas à cotação) valor nominal prémios de emissão direitos (voto, dividendos) uma ou várias classes subscrição pública ou privada Ricardo Valente Finanças II 2005/06 5 Capital Próprio A emissão de Capital Próprio assume hoje nas grandes empresas distintas formas para além da emissão de acções ordinárias: tracking stocks: a empresa vende direito a cash flows específicos ou partes da empresa. warrants: venda de direito de compra da acção a preço pré-fixado numa data futura. Garante à empresa encaixe inicial, evita efeito diluição inicial, permite tirar partido de sobre-estimativa do risco da empresa no mercado. Contingent Value Rights (CVR s): a empresa vende uma opção de venda sobre a acção da empresa. Esta emissão garante um encaixe à empresa, sinaliza que a empresa acredita na sub-avaliação da acção pelo mercado e permite atrair investidores para a acção ordinária (uma vez que têm aqui uma protecção hedging). Ricardo Valente Finanças II 2005/06 6
Dívida A Dívida assume distintas formas: nas pequenas e médias empresas: assume a forma de empréstimos bancários ou leasing. nas grandes empresas: assume a forma de emissão de obrigações. Ricardo Valente Finanças II 2005/06 7 Dívida Dívida juros (cupão): fixa ou variável reembolso capital / cláusulas de reembolso parcial e/ou antecipado benefício fiscal dos juros maturidade: curto prazo ou médio/longo prazo garantias prestadas subscrição pública ou privada características especiais ( caps ou floors ) Ricardo Valente Finanças II 2005/06 8
Diferenças entre Dívida e Acções Natureza dos direitos sobre os CF s gerados pela empresa Dívida: CF s estabelecido à priori e por meio de contrato de empréstimo (juros + reembolso de capital); Acções: CF s residuais depois de satisfeitas as obrigações da empresa. Natureza dos direitos sobre os activos da empresa Dívida: prioridade em caso de liquidação da empresa; Acções: tem direitos residuais em caso de liquidação (últimos a receber). Ricardo Valente Finanças II 2005/06 9 Tratamento Fiscal Diferenças entre Dívida e Acções Dívida: dedutível o valor dos juros pagos pela empresa; Acções: não dedutível o pagamento de dividendos aos accionistas (pelo contrário estes são duplamente tributados). Maturidade Dívida: fixada contratualmente; Acções: sem maturidade (perpétuas). Ricardo Valente Finanças II 2005/06 10
Diferenças entre Dívida e Acções Controlo sobre a empresa Dívida: só em casos excepcionais (quando previsto em claúsulas do empréstimo); Acções: direito de voto em Assembleia Geral; direito à nomeação de Administradores (participação > 10%). Acções Direito sobre CF s residuais Responsabilidade limitada (direito de liquidar falência) Dívida Remuneração fixa independente dos Cf s da empresa Direito de solicitar falência da empresa Ricardo Valente Finanças II 2005/06 11 Instrumentos Híbridos A emissão de híbridos assume normalmente as seguintes formas: obrigações convertíveis: obrigação que incorpora um direito de conversão a preço pré-fixado sobre as acções da empresa. acções preferenciais: acção com direito preferencial ao recebimento de dividendos (em montante pré-fixado e dependente de existência de Resultados). O seu detentor não tem direitos de voto, nem pode solicitar falência da empresa em caso de não pagamento de dividendos. Ricardo Valente Finanças II 2005/06 12
Padrões de financiamento 1. Autofinanciamento Tipo de financiamento preferido em 90% dos casos 2. Dívida a. Empréstimos bancários b. Obrigações 3. Acções Ricardo Valente Finanças II 2005/06 13 Tendências de financiamento g aumento da dívida na estrutura de capitais das empresas (cerca de 90% do capital externo a que as empresas recorrem é dívida) g diminuição de emissão de novas acções nos últimos anos (reflexo do bear market iniciado em 2000) g recurso mais usual a instrumentos híbridos obrigações convertíveis acções preferenciais obrigações com cláusulas opcionistas Ricardo Valente Finanças II 2005/06 14
Tendências de financiamento Year Internal Financing New Stock Issues New Debt External Issues Financing from Common and Preferred External Stock Financing from Debt 1975 80,30% 20,20% 79,80% 3,98% 15,72% 1976 66,50% 20,90% 79,10% 7,00% 26,50% 1977 63,40% 22% 78,00% 8,05% 28,55% 1978 58,60% 33,40% 66,60% 13,83% 27,57% 1979 61,20% 30,90% 69,10% 11,99% 26,81% 1980 62,30% 35% 65,00% 13,20% 24,51% 1981 63,60% 42,10% 57,90% 15,32% 21,08% 1982 78,90% 39% 61,00% 8,23% 12,87% 1983 67,80% 51,60% 48,40% 16,62% 15,58% 1984 68,50% 27,80% 72,20% 8,76% 22,74% 1985 75,80% 32,80% 67,20% 7,94% 16,26% 1986 64,60% 28,60% 71,40% 10,12% 25,28% 1987 69% 20,30% 79,70% 6,29% 24,71% 1988 68,90% 17,40% 82,60% 5,41% 25,69% 1989 73,90% 15,10% 84,90% 3,94% 22,16% 1990 81,90% 11,00% 89,00% 1,99% 16,11% 1991 83,20% 15,50% 84,50% 2,60% 14,20% 1992 81,56% 22,10% 77,90% 4,08% 14,36% 1993 79,40% 19,30% 80,70% 3,98% 16,62% 1994 75,50% 17,00% 83,00% 4,17% 20,34% 1995 81,10% 27,00% 73,00% 5,10% 13,80% 1996 70,00% 23,50% 76,50% 7,05% 22,95% 1997 68,50% 19,50% 80,50% 6,14% 25,36% 1998 72,00% 16,30% 83,70% 4,56% 23,44% Fonte: Damodaran Ricardo Valente Finanças II 2005/06 15 Ciclo de Financiamento Fonte: Damodaran Ricardo Valente Finanças II 2005/06 16
Formas de financiamento Ofertas Públicas de Venda (OPV s) IPO s balanço entre acesso a mercados financeiros e fundos possibilidade de valor ser reflectido na emissão perda de controlo exposição ao mercado: analistas, agências de rating, divulgação de informação Custos com a emissão e manutenção da empresa cotada no mercado Ricardo Valente Finanças II 2005/06 17 IPO s Procedimentos/Fases 1. Escolha de Banco de Investimento ajuda a empresa no processo (aconselhamento técnico, contabilístico e jurídico); fornece credibilidade à emissão; aconselhamento na avaliação e preço de emissão partilha de risco: garante a emissão/tomada firme (underwriting) custos de emissão: Custos legais e administrativos Fees de intermediação e aconselhamento Underpricing da emissão (função de dimensão e risco da emissão) Ricardo Valente Finanças II 2005/06 18
IPO s Procedimentos/Fases 2. Avaliação da Empresa e condições de emissão Avaliação intrínseca da acção; Métodos dos Múltiplos/Rácios de Mercado; Definição de: Valor justo da acção Preço de emissão (desconto) Garante que a emissão será colocada Positivo para futuras emissões Ricardo Valente Finanças II 2005/06 19 IPO s Procedimentos/Fases Como evitar o underpricing? Leilões / book building (Ex. IPO Google) Credibilidade da empresa Conhecimento da empresa Privatizações Dimensão da emissão Mercado-Alvo Ricardo Valente Finanças II 2005/06 20
IPO s Procedimentos/Fases 3. Preparação do Prospecto, Roadshow, Colocação Sindicato de Colocação Anúncio de Lançamento Anuncio Preliminar da Operação Ricardo Valente Finanças II 2005/06 21 Formas de financiamento Empresas já cotadas no mercado Subscrições públicas Custos de emissão entre 3% e 10% do encaixe bruto Subscrições reservadas a accionistas Direitos de subscrição Exercício ou venda Stand-by agreements ou preço de emissão mais baixo Subscrições particulares ou privadas Ricardo Valente Finanças II 2005/06 22
Formas de financiamento Subscrições Públicas vs Reservadas a Accionistas Transferência de riqueza entre accionistas (actuais e novos) Controlo Diluição Não permite dispersar a base accionista actual Sinaliza lógica de não exposição ao julgamento do mercado (ex: IKEA) Ricardo Valente Finanças II 2005/06 23 Formas de financiamento Implicações para o gestor financeiro Existem economias de escala significativas na emissão de valores mobiliários (Shelf Registration SEC rule 415) Não existem custos de emissão no autofinanciamento Novas emissões de acções podem colocar pressão sobre o preço de mercado das acções admitidas actualmente à cotação Importância de estabelecer um plano de emissões (dívida) Aumenta flexibilidade Reduz custos de colocação Ricardo Valente Finanças II 2005/06 24