Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis Painel 1: Aspectos Regulatórios: Qual a Estrutura Apropriada para o Pré-Sal?" Álvaro Alves Teixeira Secretário Executivo IBP
Brasil: 11 anos de Sucesso da Lei do Petróleo A Indústria Nacional de Petróleo logrou um crescimento extraordinário neste período, evoluindo de cerca de 2% para 10% do PIB. Grande parte desse crescimento foi impulsionado pela Petrobras através do compromisso com excelência tecnológica e gerencial. O Brasil alcançou esse notável desenvolvimento do setor de E&P graças a um regime progressivo de concessão e um sistema estável, transparente e competitivo. É importante que o Brasil tenha em mente o êxito do seu processo de abertura, neste momento em que considera ajustar o modelo em vista do novo paradigma, visando aumentar a captura da renda petroleira e um maior controle do desenvolvimento desse importante recurso natural.
Vantagens do Atual Sistema Brasileiro CONTRATO DE CONCESSÃO Sistema moderno, flexível, progressivo e transparente Dispõe de mecanismos para uma repartição adequada da Renda Petroleira entre Governo e Concessionário - Bonus de Assinatura -captura risco exploratório - Royalties e - Participação Especial -captura produtividade e rentabilidade Atrativo para Governo, grandes investidores e operadores nacionais Acomoda diferentes condições de produção: terra, águas rasas e águas profundas Favorece a viabilidade econômica de campos de portes diversos supergiants, médios, pequenos e marginais Pode acomodar participação Governamental direta no jointventure (caso da Noruega) ou acordar entrega de parte do petróleo produzido (não usual)
Distribuição Mundial de Tipos de Contrato As duas principais modalidades de contratação de atividade de exploração e produção (E&P) de petróleo, os Contratos de Concessão e de Partilha de Produção, têm distribuição equilibrada no mundo. De forma geral, os Contratos de Concessão tendem a dominar nos países desenvolvidos, ao passo que os de Partilha de Produção são mais comuns nos quais não existe um regime tributário estabelecido e estável. Contratos de Serviço são muito menos comuns e tendem a ser adotados em países onde há forte oposição a investimentos internacionais no setor de petróleo Os dois únicos países relevantes são o México e o Irã O México está votando uma reforma visando introduzir novas modalidades contratuais
Distribuição de Modelos de Contratos de E&P Service PSC CA Mix
CONTRATOS DE E&P CARACTERÍSTICAS GENÉRICAS Propriedade reservas Titularidade na Produção Receita Bruta Contratante Propriedade Bens (assets) Liberdade Operacional Contratante Participação Governo no Contrato Receita Governo Concessão Estado Cabeça poço Venda produção Contratante Geralmente alta NOC- se existente (carregada ou não) Bônus, Royalties, Impostos, PE Partilha (PSA) Estado Ponto Exportação Serviço Estado Nenhuma Venda de sua Parcela Venda Serviço na produção (com ou sem risco) Companhia Estatal NOC Limitada Sujeita à NOC NOC (geral carregada) Venda de sua Parcela na produção Companhia Estatal NOC Limitada Sujeita à NOC NOC (geral carregada) Produção total
Alternativas para o Pré- sal É preciso mudar o modelo? Contratos de Concessão e de Partilha da Produção podem oferecer uma repartição adequada da renda petroleira entre Governo e Concessionário/Contratista. Contrato de Partilha exige: Criação de uma empresa 100% estatal para receber parcela do Governo na partilha da produção de petróleo; Todos ativos do contrato são propriedade do Governo, exigindo uma grande estrutura burocrática para aprovação dos gastos e investimentos do Operador; Ineficaz pois não estimula otimização de custos ( gold plating );
Alternativas para o Pré- sal É preciso mudar o modelo? (continuação) Atual Lei do Petróleo, através de ajustes na Participação Especial que funciona como taxação especial sobre lucros extraordinários -, poderá propiciar uma adequada repartição da renda petroleira entre Governo e Concessionário nos campos de alta rentabilidade e/ou alta produtividade, descobertos no Pré-sal. Enquanto os possíveis ajustes na Participação Especial podem ser obtidos no curto prazo, através de um Decreto Presidencial, a criação de um novo marco legal, como contrato de Partilha da Produção, deverá ser objeto de mudança na Lei do Petróleo, a ser aprovada no Congresso Nacional, cujo prazo de tramitação não pode ser previsto, paralisando o setor.
Rodadas de Licitação Atrasos na continuidade das Rodadas representarão: Adiamento de importantes investimentos de E&P, com reflexos negativos a médio prazo no perfil de produção, pondo em risco a auto-suficiência Adiamento na arrecadação de elevados tributos (US$ 3 a 5 bilhões/ano, para um campo com 5 a 8 bilhões de reserva) Eventual desmobilização de empresas nacionais (36) e internacionais (35) que operam no setor com prejuízos para a competitividade do setor Reflexos diretos na criação de empregos e renda Recomendação: Conclusão imediata da 8ª RODADA, seguindo edital original (Decisão STF) Manutenção das Rodadas Anuais
FATOS E DISCUSSÕES RELATIVAS AO PRÉ-SAL 1- MEGA JAZIDAS E PERCEPÇÃO DE RISCO ZERO Retirada de 41 Blocos da 9ª. Rodada (Novembro 2007) Congelamento da 8ª. Rodada Comissão Interministerial Estuda Conveniência de Mudar Atual Marco Regulatório Manutenção do Contrato de Concessão com Ajustes Novo Tipo de Contrato PSA e/ou Serviço, com criação de NOVA EMPRESA ESTATAL (Depende de Aprovação do Congresso) Preocupação com Propriedade do Óleo Produzido (Agregar Valor) Unificação (Unitization) da Produção Cluster de Santos (TUPI, JÚPITER...)
FATOS E DISCUSSÕES RELATIVAS AO PRÉ-SAL 2- Investimentos estimados para Cluster de Santos Caso: 50 Bi boe Estimativas dependem dos riscos de desenvolvimento: Complexidade do reservatório Teste longa duração Produtividade por poço (número de poços) Manutenção da produção Custos de equipamentos/ serviços (desafios tecnológicos) Solução da infraestrutura e faciliadades escoamento Estimativas de investimento: Otimista: US$ 8/barril = US$ 400 Bi Realista: US$ 12/barril = US$ 600 Bi Pessimista US$ 15/barril = US$ 750 BI 30 a 50 anos?
FATOS E DISCUSSÕES RELATIVAS AO PRÉ-SAL 3- Desafios para Financiamento Cenário de Crise Cash Flow: Queda Abrupta dos Preços do Petróleo Financiamento: escasso, mais oneroso e alta disputa nos mercados de capital Margem dos projetos: caindo drásticamente
Considerações Finais Contrato de Concessão para atividades do setor de E&P no País, é um modelo de comprovado sucesso, internacionalmente reconhecido por sua transparência e estabilidade. Não seria recomendável mudanças na atual Lei do Petróleo. Ajustes na Participação Especial, poderão propiciar uma repartição adequada da Renda entre Governo e Concessionário gerada por campos de alta produtividade/ rentabilidade, como os descobertos no Pré-sal Não há diferenças significativas entre Contratos de Concessão e de Partilha da Produção. Ambas modalidades podem oferecer resultados econômicos equivalentes na repartição da renda petroleira.
Considerações Finais Ajustes na Participação Especial podem ser obtidos a curto prazo, por Decreto Presidencial. A criação de novo marco legal, i.e. Partilha da Produção, exigirá mudança na atual Lei do Petróleo (ou elaboração de lei específica), cuja tramitação no Congresso Nacional poderá levar anos, paralisando as atividades do setor ( caso da PL do Gás Natural). A tramitação poderá ficar ainda mais complicada caso o tema royalties entre nas discussões políticas no Congresso. Merece destaque a Resolução do CNPE 06/07 que determina rigorosa manutenção dos contratos de concessão firmados com ANP, preservando os direitos adquiridos. Assim, qualquer mudança no marco regulatório deve ser aplicada apenas às futuras licitações (base jurídica).
Considerações Finais Atrasos nessas definições e na continuidade das Rodadas de Licitação representarão adiamento de importantes investimentos e de arrecadação de tributos ( US$ bilhões/ano, para um único campo como Tupi). O IBP vem mantendo contatos com as Autoridades do Setor, com objetivo de colaborar no debate de eventual ajuste no marco regulatório, que contemple as perspectivas abertas com promissoras descobertas do Pré- sal, buscando sempre pleno desenvolvimento e manutenção da competitividade do setor Setor de E&P está pronto a continuar investindo, independentemente do modelo que venha a ser adotado pelo Governo, desde que mantidas condições de atratividade econômica