ACÓRDÃO Nº 1.081/004 - TCU - Plenário 1. Processo TC-006.936/004-.. Grupo I - Classe V: Levantamento. 3. Entidade: Companhia Energética do Amazonas CEAM. 4. Interessado: Congresso Nacional. 5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade técnica: Secex/AM. 8. Advogado que atuou nos autos: não há. 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado no período de 5.5 a 7.7.004, nas obras de ampliação da capacidade do Parque de Geração Térmica de Energia Elétrica no Estado do Amazonas, objeto do Programa de Trabalho 5.75.104.367.0013, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em: 9.1. determinar à Secex/AM que identifique os responsáveis pela gestão dos contratos abaixo relacionados e os convoque em audiência, para que apresentem justificativa acerca das seguintes irregularidades: 9.1.1. ausência dos termos circunstanciados de recebimento provisório e definitivo dos grupos geradores adquiridos e das respectivas instalações, em desacordo com o art. 73, inciso I, e 1º, da Lei 8.666/93; 9.1.. ausência de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental EIA e de licenciamento ambiental das usinas nas quais foram instalados grupos geradores (Contratos 373/0, 374/0 e 375/0), ao arrepio do disposto no art. º, inciso XI, da Resolução Conama 01/86 e no art. º da Resolução Conama 37/97; 9.1.3. ausência de cadastramento de todos os contratos no Sistema de Administração de Serviços Gerais Siasg, em afronta ao disposto no art. 18 da Lei 10.707/003; 9.. determinar à empresa Companhia Energética do Amazonas CEAM que: 9..1. elabore os termos circunstanciados de recebimento provisório e definitivo dos grupos geradores adquiridos e das respectivas instalações, atinentes aos contratos 373/0, 374/0 e 375/0, conforme determina o art. 73, inciso I, e 1º, da Lei 8.666/93; 9... promova o Estudo de Impacto Ambiental EIA e o devido licenciamento ambiental, junto aos órgãos responsáveis, das usinas nas quais foram instaladas os grupos geradores relativos aos contratos 373/0, 374/0 e 375/0, em cumprimento ao art. º, inciso XI, da Resolução Conama 01/86 e ao art. º da Resolução Conama 37/97, respectivamente; 9..3. cadastre todos contratos no Sistema de Administração de Serviços Gerais Siasg, a teor o disposto no art. 18 da Lei 10.707/003; 9..4. informe ao Tribunal, no prazo de 30 dias da ciência deste Acórdão, sobre as providências adotadas para atendimento das determinações anteriores; 9.3. dar ciência desta decisão, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, informando-lhes que não foram observadas graves irregularidades que recomendassem a paralisação cautelar das obras de ampliação da capacidade do Parque de Geração Térmica de Energia Elétrica no Estado do Amazonas, objeto do Programa de Trabalho 5.75.104.367.0013, nos termos do art. 93, º da Lei 10.707/003 (LDO de 004). 10. Ata nº 8/004 Plenário 11. Data da Sessão: 4/8/004 Ordinária
TC-006.936/004-1. Especificação do quórum: 1.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues (Relator), Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e os Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa. VALMIR CAMPELO Presidente WALTON ALENCAR RODRIGUES Ministro-Relator Fui presente: LUCAS ROCHA FURTADO Procurador-Geral
GRUPO I CLASSE V Plenário TC-006.936/004- Natureza: Levantamento Entidade: Companhia Energética do Amazonas CEAM. Interessado: Congresso Nacional TC-006.936/004- Sumário: Fiscobras 004. Obras de ampliação da capacidade do Parque de Geração Térmica de Energia Elétrica no Estado do Amazonas. Ausência de termos circunstanciados de recebimento dos grupos geradores adquiridos e de suas respectivas instalações, em desacordo com o art. 73, inciso I, 1º, da Lei 8.666/93. Ausência de Estudo de Impacto Ambiental EIA e de licenciamento ambiental das usinas, nas quais foram instalados os grupos geradores, infringindo determinações contidas nas Resoluções Conama 01/86 e 37/97. Falta de cadastramento de contratos no Siasg. Irregularidades insuficientes para recomendar a paralisação cautelar das obras, nos termos do art. 93, º, da Lei 10.707/003. Audiência dos responsáveis. Determinações. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. RELATÓRIO Trata-se de Levantamento de Auditoria realizado no período de 5.5 a 7.7.004, nas obras de ampliação da capacidade do Parque de Geração Térmica de Energia Elétrica no Estado do Amazonas, objeto do Programa de Trabalho 5.75.104.367.0013, cuja importância socioeconômica consiste em aumentar a oferta de energia elétrica confiável no interior do Estado do Amazonas, por meio da aquisição de grupos geradores novos, movidos a óleo diesel. As obras tiveram início em 1º.1.00, com término previsto para 31.1.004. À data da vistoria in loco realizada pela Secex/AM, ocorrida em 18.6.00, verificou-se a realização de 61% do valor orçado para o empreendimento. No momento da auditoria, encontrava-se em andamento a fase de habilitação da concorrência internacional 19/04, destinada à aquisição e instalação de 85 grupos geradores de energia elétrica, divididos em três lotes, quais sejam: a) 47 grupos geradores de 150 KW e grupos geradores de 80 KW; b) 14 grupos geradores de 600 KW e 19 grupos geradores de 800 KW; c) 3 grupos geradores de.00 KW. Segundo o demonstrativo orçamentário e financeiro fls. 13, os créditos autorizados para o exercício de 004 são de R$ 44.000.000,00, tendo sido executados, até a data da auditoria, R$ 848.15,00. Desde o início da realização do empreendimento, foi liquidada a quantia R$ 46.504.576,57, estimando-se, para a conclusão do programa, o valor de R$ 43.000.000,00. Do exame dos contratos selecionados pela unidade técnica, foram identificadas as seguintes irregularidades (fls. 0/1): a) Ausência de termos circunstanciados de recebimento provisório e definitivo dos grupos geradores adquiridos e das respectivas instalações, em desacordo com o art. 73, inciso I, e 1º da Lei 8.666/93 (Contratos 373/0, 374/0 e 375/0); b) Ausência de licenciamento ambiental de usinas nas quais foram instalados os grupos geradores, relativos aos contratos 373/0, 374/0 e 375/0, em desacordo com o art. º da Resolução Conama 37/97, bem como ausência de Estudo de Impacto Ambiental EIA, conforme determina o art. º, inciso XI, da Resolução Conama 01/86.
TC-006.936/004- Segundo a instrução, nenhuma das irregularidades apontadas recomendam a paralisação das obras, uma vez que os contratos encontram-se conclusos, os equipamentos entregues e não se materializou dano. Entretanto, a Secex/AM propõe a audiência dos responsáveis. VOTO Preliminarmente, registro que as irregularidades verificadas nas obras de ampliação da capacidade do Parque de Geração Térmica de Energia Elétrica no Estado do Amazonas não se revestem de gravidade suficiente a recomendar a paralisação cautelar das obras do empreendimento em análise, nos termos do art. 93, º, da Lei 10.707/003 (LDO de 004). Conquanto os grupos geradores tenham sido entregues pelos fornecedores nas respectivas usinas, não foram precedidos de termos circunstanciados de recebimento provisório e definitivo desses produtos e de suas instalações, em desacordo com o art. 73, inciso I, e 1º, da Lei 8.666/93. Tal exigência não é desnecessária ou desprezível se considerarmos que esses termos de recebimento podem compor os documentos necessários à definição do período de garantia de equipamentos de vultuosa quantia, bem como das obrigações das partes contratantes. Assim, os responsáveis devem ser ouvidos em audiência, sem embargo das determinações corretivas cabíveis. As mesmas providências devem ser adotadas em relação à ausência de Estudo de Impacto Ambiental EIA e de licenciamento ambiental das usinas nas quais foram instaladas os grupos geradores de energia elétrica, uma vez que não foi observado o art. º, inciso XI, da Resolução Conama 01/86 e o art. º da Resolução Conama 37/97. Colhe-se dos autos que o relatório executivo produzido por técnicos da Eletrobrás e da própria CEAM, em julho de 000, logo após a federalização da companhia estadual, já apontava para as más condições de segurança ambiental, especialmente no que diz respeito à emissão de poluentes, resíduos, vazamento de óleo e excesso de barulho, dentre outros itens. Desde então, não se têm notícias de encaminhamento da solução deste problema aos órgãos licenciadores, tampouco da adoção de medidas mitigadoras. Verifico, ainda, que os contratos auditados não possuem os respectivos registros no Sistema de Administração de Serviços Gerais Siasg, violando, assim, a determinação contida no art. 18 da Lei 10.707/003, in verbis: Art. 18. Os órgãos e entidades integrantes dos orçamentos da União deverão disponibilizar no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais Siasg - informações referentes aos contratos e aos convênios firmados, com a identificação dos respectivos programas de trabalho, mantendo atualizados os dados referentes à execução física e financeira. (...) 4º As entidades constantes do orçamento de investimento das estatais deverão providenciar a transferência eletrônica de dados relativa aos contratos firmados para o Siasg, na forma e no nível de detalhamento a serem definidos junto ao gestor do sistema. 5º O Tribunal de Contas da União verificará o cumprimento do disposto neste artigo. A ausência de cumprimento da referida obrigação dificulta o controle externo das despesas já realizadas, ainda que a prestação de serviços e o fornecimento de bens já tenham sido concluídas. Saliento que os recursos destinados ao programa de trabalho em análise originam-se do orçamento de investimento das estatais e não decorrem de convênio firmado com a União. Porém, não obstante a ausência de registro no Siasg configure, em princípio, indício de grave irregularidade, tal fato não é suficiente para recomendar a paralisação cautelar das obras, uma vez que, nos termos do art. 93, º, da Lei 10.707/003, não é materialmente relevante. Ademais, eventual suspensão do empreendimento revela-se desproporcional ao fim que se almeja alcançar, para o qual bastam a oitiva prévia dos responsáveis e a determinação corretiva. Por fim, deve-se comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional a situação encontrada.
Plenário. TC-006.936/004- Ante o exposto, voto por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação do Sala das Sessões, em 4 de agosto de 004. Walton Alencar Rodrigues Ministro-Relator