O VÍDEO COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO NA EAD Marcos de Almeida Rubia Maria Amélia do Rosário Santoro Franco Universidade Católica de Santos RESUMO Esta investigação parte de uma análise qualitativa/bibliográfica com base em pesquisas já realizadas e objetiva refletir sobre as possibilidades do vídeo como material didático para a Educação a Distância (EaD), buscando evidenciar as condições que possibilitam uma mediação pedagógica entre professor e aluno. A análise dos dados desta pesquisa, feita sob forma de interpretação crítica permite afirmar que as condutas pedagógicas que favorecem o diálogo enriquecem o processo de ensino-aprendizagem, e que, o uso adequado do audiovisual, mais especificamente da construção do vídeo, procedido de reflexões e interações formam uma estrutura pedagógica que colabora com a organização de processos multimídiáticos na educação. No entanto os dados indicam que, para um bom aproveitamento do vídeo como recurso didático é necessário que sejam considerados os aspectos pedagógicos voltados à adequada formação de profissionais; condições institucionais que valorizem o professor e organização didática do conteúdo abrindo espaços para o diálogo construtivo entre o material e os aprendizes. Tudo isso exige uma pedagogia muito mais flexível, integradora e experimental. Palavras-chave: PRÁTICA PEDAGÓGICA VÍDEO - EAD INTRODUÇÃO A criação de um meio digital multimídia exige adaptações das instituições de ensino para as novas necessidades do mercado educacional, criando desafios para a manutenção e o cumprimento de seu relevante papel, criando ferramentas que viabilizem a diversidade e as necessidades de uma forma geral. Essas adaptações, espaços próprios de um novo processo de educação com alicerce em tecnologias da comunicação e da informação, ocasionam alguma fragilidade, podendo provocar perdas ao processo de Educação a Distância. Quando não há normas para efetuar práticas na Educação a Distância, cada docente apresenta a forma que crê mais adequada ou menos árdua para o seu cumprimento. Segundo LÉVY (1999): 12784
2 Os especialistas nesse campo reconhecem que a distinção entre ensino presencial e ensino a distância será cada vez menos pertinente, já que o uso das redes de telecomunicação e dos suportes multimídia interativos vem sendo progressivamente integrado às formas mais clássicas de ensino(p.170). Há o temor que muitos docentes se limitarão a recomendar textos, oferecer exercícios parecidos aos que são dados em sala de aula, colocar materiais nas copiadoras para os alunos, todas reflexo da educação presencial. No entanto a Educação a Distância pode também inserir o audiovisual como prática docente que é repleta de aspectos ainda não utilizados pelo ensino tradicional. Esses feitos, certamente, dependem muito do assunto, modelo e intuito de educação. De acordo com MORAN (2003): Estamos caminhando para um conjunto de situações de educação online plenamente audiovisuais. Caminhamos para processos de comunicação audiovisual, com possibilidade de forte interação, integrando o que de melhor conhecemos da televisão (qualidade da imagem, som, contar estórias, mostrar ao vivo) com o melhor da internet (acesso a banco de dados, pesquisa individual e grupal, desenvolvimento de projetos em conjunto, a distância, apresentação de resultados). Tudo isso exige uma pedagogia muito mais flexível, integradora e experimental diante de tantas situações novas que começamos a enfrentar(p.43). Diante dessa realidade tão complexa e fechando um pouco o espectro, o objetivo é pesquisar quais as possibilidades do uso das ferramentas audiovisuais, mais especificamente o vídeo, na Educação a Distância para compreender o processo de produção e os intuitos das formas como o vídeo é conduzido para melhor atender as demandas dos professores para com os alunos. NOVOS CAMINHOS DA APRENDIZAGEM Ensinar e aprender, uma relação que em cada época e em cada sociedade organizada sempre teve seus paradoxos, trazendo para a Educação a Distância algumas novas angústias e outras nem tão novas assim. O questionamento sobre como o aluno aprende, sempre permaneceu como um desafio educacional em qualquer modalidade, presencial, virtual ou semipresencial. Elaborar um caminho de aprendizagem, que permita ao aluno: levantar questões, elaborar e testar hipóteses, discordar, propor interpretações alternativas, avaliar 12785
3 criticamente fatos, conceitos, princípios, ideias (ALENCAR, 1990, p.58). Esse caminho deve servir como ponte, conectando o que o professor precisa e almeja ensinar com aquilo que o aluno necessita aprender. Devido às novas formas de aprendizagem, tanto o professor quanto o aluno precisam se adaptar à nova forma de ensino, tendo seus papéis modificados. O VÍDEO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A utilização do vídeo surgiu com a observação de programas televisivos que foram os pioneiros nessa mídia audiovisual. A televisão, porém, não apresentava muitas opções de programas educativos e também não tinha o alcance que temos hoje com a internet. O vídeo obteve espaço e aos poucos mais relevância na construção do O vídeo na Educação a Distância tem uma importância fundamental, pois a partir da utilização dessa ferramenta o conhecimento passou a ficar fluido, no que diz respeito ao entendimento das informações transmitidas. Para DALLACOSTA (2004), a utilização do vídeo em EaD se dá por uma linguagem que sensibiliza a maioria da população, de jovens a adultos. O resultado da sua comunicação é a combinação de textos, sinais e ações. Na Educação a Distância (EaD), o vídeo é apresentado como uma ferramenta que facilita a compreensão e a assimilação crítica da informação. O vídeo também é capaz de provocar discussões, exemplificar e completar informações, esclarecer e dinamizar uma aula. Diversas situações podem ser exemplificadas por um vídeo, pois segundo Moore e Kearsley o vídeo consegue mostrar uma sequência de ações, closes, movimentos acelerados em perspectivas múltiplas (MOORE; KEARSLEY, 2007). Como crê SARTORI (2005), os professores não compreendem muito bem o jeito complexo da linguagem audiovisual aplicada no ensino e explica a necessidade das relações das múltiplas inteligências de Gardner, onde o autor defende que cada um possui uma mistura das diferentes inteligências: emocional, corporal-cinestésica, linguística, lógico-matemática, intrapessoal, interpessoal e naturalista. Sartori conclui que ensinar levando em consideração essas inteligências sugere modificações na educação tradicional que deve se encaminhar para o abandono da segmentação, e da hegemonia da linguagem verbal, e levar mais em consideração a abordagem interdisciplinar, a resolução de problemas e utilizar-se de todas as linguagens. 12786
4 O uso do vídeo em EaD é debatido em aspectos negativos e positivos, alguns dos positivos são: dinamismo, melhor e maior envolvimento do aluno, melhor compreensão do conhecimento, uma relação mais estreita entre aluno e professor, entre outros. No entanto, alguns pesquisadores apontam também alguns aspectos negativos. Entre as críticas negativas está o amadorismo, que pode se por falta da compreensão da linguagem audiovisual, por falta de um bom equipamento, entre outros. Para HACK (2007), em sua pesquisa, sempre devemos ficar atentos às formas como o conhecimento é transformado em encenação. De acordo com o autor, se faz necessário à ajuda da experiência dramatúrgica para superar falhas na elaboração e produção do vídeo, tornando-o assim mais espontâneo. Hoje em dia nos deparamos com a proliferação das produções amadoras, que é motivo de preocupação e críticas. E não é de hoje essa preocupação, atualmente temos acesso a muito mais material do que tínhamos antes. Para COLLINS E BERGE (2000) as produções amadoras de vídeos são as principais comprometedoras da qualidade do material realizado para EaD. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Educação a Distância está desenvolvendo-se cada vez mais rapidamente e é inegável a importância e a versatilidade do vídeo como ferramenta para uma boa dinâmica de aula à distância. É necessário e importante que haja um investimento na capacitação docente nessa área. A transdisciplinaridade nesse âmbito é muito intensa, e requer um cuidado especial no processo de construção do vídeo como material pedagógico e, dessa forma, a integração dessa prática diretamente ao papel didático em qualquer área do Alunos interessados, aulas sedutoras, educadores inovadores e motivados a ampliar à capacidade de adequar a utilização da comunicação audiovisual são alguns dos muitos benefícios do vídeo na Educação a Distância. Uma Educação a Distância de qualidade se faz com bons professores. Atualmente os educadores não se limitam apenas a uma bagagem teórica, mas também dar vazão as suas experiências transdisciplinares, buscando integrar-se às novas tecnologias da informação. É fundamental que o professor inove sua maneira de ensinar, trazendo para suas aulas o melhor jeito e conteúdo a ser apresentado aos alunos. 12787
5 É conveniente finalizar ressaltando que o vídeo na Educação a Distância, produzido por conta das novas tecnologias de informação e comunicação, e se utilizando das técnicas corretas de produção audiovisual, influencia positivamente o processo de ensino-aprendizagem e o desenvolvimento de um novo aluno contemporâneo que recebe, interagi e interpreta informações para a construção do seu REFERÊNCIAS LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. ALENCAR, E. M. L. S. de. Como desenvolver o potencial criador: um guia para a liberação da criatividade em sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990. MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Educação a Distância: uma visão integrada. São Paulo: Thomson Learning, 2007. MORAN, José Manuel.; MASETTO, Marcos.; BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 7 ed. São Paulo: Papirus, 2003. SARTORI, Ademilde Silveira. Educação superior a distância: gestão da aprendizagem e da produção de materiais didáticos impressos e on-line. Tubarão: Ed. Unisul, 2005. HACK, Josias Ricardo. Audiovisual e educação à distância: aportes teóricos e reflexões sobre uma experiência. 2007. http://www.abed.org.br/congresso2007/tc/4112007123415pm.pdf. Acesso em: 19 mar. 2015. DALLACOSTA, Adriana. Possibilidades educacionais do uso de vídeos anotados no youtube. Rio de Janeiro - RJ - Abril 2004. Disponível em: http://www.ensino.eb.br/portaledu/conteudo/artigo9513.pdf. Acesso em: 20 fev. 2015. COLLINS, Mauri P.; BERGE, Zane L. Technological Minimalism in Distance Education. The Technology Source, November/December 2000. Acesso em: 24 abril 2015. 12788