Considerações sobre a indústria naval



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Transcrição:

Considerações sobre a indústria naval Autor: Prof. Ubirajara Rodrigues Ribas 1 1. Introdução A dinâmica econômica mundial atual nos mostra que o desenvolvimento não está mais tão dependente de vantagens comparativas estáticas como solo fértil, recursos naturais abundantes. As vantagens comparativas modernas não são pré-existentes são criadas por empresários dinâmicos. A competição por preços é guerra perdida para os Chineses. Eles produzem a preços mais baixos. A vantagem competitiva deve ser buscada na agregação de valor aos produtos e serviços. Valor é diferente de preço. A diferença entre o preço e o valor representa o excedente do consumidor. Tal diferencial nos preços se constitui numa apreciação do consumidor sobre a qualidade do produto em termos de utilidade marginal. O capitalismo moderno para garantir a sua sustentabilidade deve gerar conhecimento novo capaz que se transformar em novos produtos com velocidade estabelecida pela concorrência. A velocidade com que são colocados novos produtos ao mercado é uma das características do capitalismo atual. A qualidade da prospecção de cenários futuros torna-se em vantagem competitiva considerável. A geração endógena de conhecimentos nas empresas depende de economias internas suficientes para a manutenção de departamentos de P&D, laboratórios e pessoal com habilidade para realizar pesquisas como mestres e doutores. Segundo De Negri e Lemos (2011), conforme dados da primeira década de 2000 mostram que os investimentos em P&D em proporção do PIB, no Brasil é de 1% ao passo que na média os países da OCDE investem 2,3%. A China investe 1,2% de seu PIB em P&D. No Brasil as economias internas são geradas por rendimentos crescentes de escala obtidos por setores intensivos de escala. A economia interna ou lucro é o elemento motor para a manutenção da atividade de pesquisa. No Brasil estão incluídos os segmentos relacionados com a cadeia produtiva do setor naval como metalurgia básica, materiais elétricos e bens de capital. Alguns segmentos intensivos de engenharia ainda demandam algum tempo para formar pessoal qualificado, devido a longos anos de baixo crescimento econômico. Hoje a profissão do engenheiro está em alta sendo que é, logo após a profissão de médico, a que melhor remunera no país. A formação de engenheiros está intimamente ligada ao crescimento do PIB. A indústria naval também possui esta associação, mas esta mais conectada as trocas internacionais e aos ciclos econômicos. Alguns países como o Japão, dependem intensamente de trocas internacionais, e são por isso países de forte vocação para o mar. No caso específico do Japão, já no ano de 1900, não possuía nenhum analfabeto o que lhe confere o status de país com sólida formação educacional já de longa data. Quanto a outros países notadamente o Brasil, o crescimento econômico funciona num movimento de stop and go transferindo esta dinâmica aos Cursos de Engenharia, a pesquisa e a inovação. Durante longos anos os Cursos de Engenharia foram preteridos devido a oscilações no crescimento do PIB. Além disso existe uma natural defasagem entre o inicio do surto de crescimento e a formação de novos engenheiros ao mercado. Isto sem falar na defasagem com relação a formação de novos mestres e doutores e a resultante 1 Prof. de Economia ucpel, Prof. aposentado da Ufpel, pesquisador do Itepa, PhD. em Administração Educacional

produção científica aplicada. No Brasil a construção naval foi praticamente desativada nos anos 80 e recomeçando no ano 2000 através de encomendas da Petrobras. No ano de 2006 a retomada da indústria naval nacional já dá para ser sentida com 100 mil trabalhadores e 46 grandes empresas operando. A tabela 01, a seguir nos mostra níveis tecnológicos da indústria naval no Brasil, distribuídas em: Líderes, seguidoras, frágeis e emergentes. Tabela 01 - Níveis Tecnológicos da Indústria Naval no Brasil (e setores relacionados) Empresas Líderes 2 Seguidoras 3 Frágeis 4 emergentes 5 Construção e reparo de 0 21 83 5 embarcações Metalurgia básica 34 243 304 15 Produtos de metal 47 569 1697 10 Máquina e aparelhos elétricos 61 348 357 26 Bens de capital 132 851 757 60 Fonte: Negri & Lemos, Núcleo Tecnológico da Industria Brasileira, IPEA, 2011. Observe que especificamente no ramo de construção e reparo de embarcações não possuímos nenhuma indústria líder, sendo que 76% delas são consideradas frágeis. O fato da falta de tradição brasileira na indústria náutica nos coloca em total dependência tecnológica das líderes mundiais em desenvolvimento náutico. Considerando toda a cadeia produtiva incluindo aquelas que produzem componentes para toda a indústria nacional, como produtos de metal, máquinas e equipamentos, a indústria nacional fica melhor situada possuindo diversas empresas lideres nos seus respectivos campos de atuação. 2. A indústria naval no Brasil A industria naval compreende a produção de embarcações de transporte à granel (líquido ou sólido) e de carga em geral. O setor é de grande importância pois movimenta 90% da carga transportada mundialmente. O setor está fortemente correlacionado aos ciclos de crise e prosperidade dos países. No Brasil o setor está sendo impulsionado por compras da Petrobras com produção voltada para a produção e transporte de petróleo e gás. Apesar do segmento obedecer aos grandes ciclos econômicos, o segmento tem o seu ciclo próprio. Segundo Alex (apud Silva, 2007, p.45), pode se identificar 5 grandes ciclos associados ao volume de carga oriundos do comércio internacional: 2 Segundo De Negri e Salermo (2005), empresas líderes, exportadoras, inovadoras de produtos novos e exportam com preço premio. 3 Idem, idem, demais exportadoras, seguidoras não líderes 4 Idem, idem, empresas emergentes, não exportadoras que investem em P&D, com mestres e doutores ocupados em P&D. 5 Demais empresas consideradas como frágeis.

Tabela 02 Fases recentes da indústria naval Fases Ocorrência Primeira Aceleração e euforia dos anos 60 Segunda Reversão pela crise do petróleo no inícios dos anos 70 Terceira Grande recessão nos anos 80 Quarta Restabelecimento parcial da construção naval nos anos 90 Quinta Queda fluxos de comércio e baixa preços de navios ano 2008 Fonte: Segundo a CEPAL (2005) os ciclos marítimos estão muito ligados aos surtos de desenvolvimento e de crise e obedecem geralmente a seguinte sequência: Tabela 03 Ciclos do Mercado de Construção Naval Ordem Eventos/ciclos 01 Diminuição do valor dos fretes marítimos, pelo declínio econômico 02 Cai a demanda por embarcações e a frota cresce lentamente 03 A Demanda por embarcações excede a oferta 04 A tonelagem embarcada fica escassa 05 A partir de um novo surto de crescimento, os fretes aumentam 06 Aumentam os pedidos de novas embarcações 07 O excesso de otimismo torna os pedidos excessivos 08 Estabiliza-se a demanda por transporte e a oferta supera a demanda 09 Pelos sinais de excesso de oferta, retorna-se ao evento 01 Qualquer movimento fora do ciclo acima somente ocorrerá por políticas anti cíclicas promovidas pelos governos. O ciclo econômico ocorre em razão de eventos de grande magnitude como por exemplo o fenômeno da redução da taxa de lucros 6. A política anticíclica é justamente encetada para romper o ciclo em andamento. Tais rupturas geralmente são onerosas para os cofres públicos pois subsidiam atividades antieconômicas, de baixo nível tecnológico. O ciclo econômico é uma dinâmica de ajustamento que busca o tamanho e nível tecnológico adequados sob condições de otimização. No capitalismo se alternam períodos de expansão e retração. Se depender do capitalismo a dinâmica será sempre esta. Para romper este funcionamento perverso os países tomam medidas anticíclicas. Quaisquer ações anticíclicas são onerosas pelo lado do custo e portanto os produtos resultantes terão que receber subsídios por ocasião da venda. Conforme podemos observar na tabela 01 o Brasil não possui nenhuma empresa líder no setor de construção de navios, sendo que a maioria pode ser classificada como frágil. As principais fontes de inovação estão nas empresas produtoras de peças e sistemas para a fabricação de navios. Quanto a produtividade de um estaleiro, a mesma está associada às atividades de planejamento, programação e gestão. Como em geral as atividades são muito diversificadas, deve se buscar o máximo de padronização com vista a obtenção de escalas de produção. A padronização de tarefas, equipamentos, e processos torna possível viabilizar escalas e reduzir custos. A introdução das técnicas do custo padrão contábil possibilita um perfeito controle da produção sob condições de maximização. 6 Sobre o comportamento da taxa de lucro ver: Gerard Duményl e Dominique Levy, O neoliberalismo sob a hegemonia norte-americana, In François Quesnay, A finança Mundializada, São Paulo, Boitempo, 2005, p.90.

3. A Indústria naval no mundo As empresas líderes da construção naval mundiais como a Hyunday, Daewoo, Samsung, Mitsubishi e Ishikawajima são empresas altamente diversificadas produzindo desde plantas industriais até automóveis, de turbinas para jatos até pontes. Em termos mundiais a produção naval está concentrada em três grandes produtores: Coréia do Sul, Japão e China num total de 84,65% de toda a produção mundial. O resto do mundo produz apenas 15,35% do total. Tabela 04 - Produção Mundial de Embarcações (2007) Participação % País No. Produção (milhões Embarcações de tons 7 1.Coréia do Sul 424 20,20 35,68 2.Japão 539 17,31 30,58 3.China 643 10,41 18,39 4.Alemanha 69 1,34 2,36 5.Dinamarca 4 0,85 1,50 6.Itália 25 0,70 1,23 7.Croácia 25 0,69 1,21 8.Taiwan 16 0,66 1,16 9.Polônia 44 0,56 0,98 10.Turquia 109 0,53 0,93 11.Romênia 43 0,43 0,75 12.Filipinas 10 0,36 0,63 13.Resto do mundo 737 2,4 4,24 Fonte: World Shipbuilding Statistics, Lloyd s Register Fairplay, dez. 2007 Como podemos observar a produção mundial está fortemente concentrada em países com forte ação marítima devido aos intensos intercâmbios internacionais. Aliado o setor é estimulado por vigoroso apoio financeiro e proteção por parte dos respectivos governos. O grosso dos investimentos em P&D está também concentrado em 3 países com vários institutos de pesquisa voltados para o setor naval. 7 Toneladas brutas

Tabela 05 - Maiores Estaleiros do Mundo (Sul Coreanos) Empresas Backlog em GT 8 Faturamento em 2008 Em bilhões de dolares 1. Hyunday Heavy 18,84 14,5 Industries 2. Daewoo Shipbuilding 11,01 7,3 3. Sansung Heavy 10,42 7,7 Industries 4. STX Shipbuilding 7,21 Nc 5. Hyunday Mipo 6,02 2,8 Dockyard Fonte: Negri, Kubota, Turchi, Núcleo Tecnológico da Indústria Brasileira Indústria Naval, IPEA, 2011. Em segundo lugar aparece a indústria naval japonesa que é sustentada por uma forte demanda doméstica. O país possui a maior frota de navios mercantes de longo curso do mundo. A industria é protegida pelo Estado e é exigido o uso de navios de bandeira japonesa no comércio exterior. Como o país é dependente do comercio exterior é determinada uma política de preços baixos de fretes e navios. Tabela 06 - Principais construtores navais Japoneses Empresa Faturamento em 2008, milhões de dólares 1.Mitsubishi US$ 37,56 2.Ishikawajima US$ 15,86 3.Sumitomo 9 4.Hitachi 5.Mitsui 6.Kawasaki 7.NKK Fonte: Negri, Kubota, Turchi, Núcleo Tecnológico da Industria Brasileira Indústria Naval, IPEA, 2011. Em termos de construção naval a China ocupa a terceira posição no mundo sendo que representa a quarta frota de navios mercantis no mundo. O ranking dos maiores construtores navais chineses é o seguinte: 1. China State Shipbuilding Co. (CSSC) 2. China Shipbuilding Co. (CC) 8 Pedidos acumulados em aberto em milhões de toneladas brutas 9 = Sem informação

3. Conclusões 3. Changjian National Shipping Co. (CNSC) 4. China Oceanshipping Co. (COSCO) 5. China Shipping Ind. Co. (CIC) 6. Fujian Shipbuilding Ind. Group (FG) 7. Yulian Dockyards (YD) O desenvolvimento de uma indústria naval é gradual e se constrói dentro do ciclo econômico com surtos de crescimento e fases recessivas onde ocorre o declínio da taxa de lucro. Nos surtos recessivos o ajustamento ocorre com uma forte ação gerencial, tecnológica e apoio estatal, saindo o setor fortalecido para um novo surto de progresso. O Brasil não possui nenhuma empresa líder no setor. Devido ao atraso e da falta de tradição do setor no Brasil, quaisquer investidas na construção de um pólo naval deverão ocorrer através da formação de joint ventures com os grandes armadores mundiais do Japão, da Coréia ou da China. A indústria naval está associada ao PIB e as trocas internacionais. A economia mundial (Europa e Estados Unidos) encontra-se em quase recessão com o conseqüente recrudescimento das trocas internacionais. O momento internacional é de redução do valor dos fretes e de construção de navios. Para reverter este quadro recessivo o Brasil tenta apostar na construção de navios petroleiros e plataformas para exploração de petróleo. No momento atual (segundo semestre de 2012), vivemos outra fase de redução geral da taxa de lucros nas economias centrais. A primeira ocorreu em 2008 com ligeira recuperação a em 2012 estamos vivendo uma fase econômica semelhante o que recomenda cautela nos investimentos em geral.