AULA 03: POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO Prof. Thiago Gomes QUESTÃO DO DIA Julispeterson, sabendo das dificuldades para conseguir atendimento médico na rede pública, resolveu adquirir um plano de saúde privado. A empresa informou os planos disponíveis e condições de pagamento. Satisfeito com as condições, apresentou os documentos necessários à efetivação do contrato. Foi quando recebeu a informação que o plano não seria efetivado em razão de sua elevada idade. A operadora argumentou que, em razão de não ser serviço essencial e da liberdade contratual, não teria obrigação de aceitar qualquer cidadão interessado em seus serviços. O que fazer? 1
Aspectos Históricos da Relação de Consumo BRASIL E A PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR Constituição Federal de 1988 Qual a importância na prática? CIVIL E PROCESSUAL. ACÓRDÃO ESTADUAL. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. PLANO DE SAÚDE. CARÊNCIA. TRATAMENTO DE URGÊNCIA. RECUSA. ABUSIVIDADE. CDC, ART. 51, I. I. Não há nulidade do acórdão estadual que traz razões essenciais ao deslinde da controvérsia, apenas por conter conclusão adversa ao interesse dos autores. II. Irrelevante a argumentação do especial acerca da natureza jurídica da instituição-ré, se esta circunstância não constituiu fundamento da decisão. III. Lídima a cláusula de carência estabelecida em contrato voluntariamente aceito por aquele que ingressa em plano de saúde, merecendo temperamento, todavia, a sua aplicação quando se revela circunstância excepcional, constituída por necessidade de tratamento de urgência decorrente de doença grave que, se não combatida a tempo, tornará inócuo o fim maior do pacto celebrado, qual seja, o de assegurar eficiente amparo à saúde e à vida. IV. Recurso especial conhecido em parte e provido. (REsp 466667/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 27/11/2007, DJ 17/12/2007 p. 174) POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES O CDC, por si só, seria suficiente para solucionar todos os conflitos ou questionamentos decorrentes da relação de consumo? OBJETIVO DA POLÍTICA Estabelecer conjunto de diretrizes e posturas a serem observadas por todos os integrantes da relação de consumo. 2
VULNERABILIDADE (art. 4º, I, CDC) Um dos mais importantes do sistema jurídico de proteção ao consumo. Tratar os iguais de forma igual e os desiguais na medida dessa desigualdade. (Isonomia) EFEITOS DO PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE Elaboração de Normas Interpretação da Norma VULNERABILIDADE (art. 4º, I, CDC) ESPÉCIES DE VULNERABILIDADE Jurídica Ignorância legal do consumidor frente aos seus direitos e garantias. Ex.: O consumidor não consegue identificar no contrato a existência de cláusula abusiva. Medidas para reduzir a vulnerabilidade jurídica: Lei 12291/2010 Obrigatoriedade do CDC nos estabelecimentos comerciais. 3
VULNERABILIDADE (art. 4º, I, CDC) ESPÉCIES DE VULNERABILIDADE Econômica (Fática) O fornecedor, via de regra, possui maior capacidade econômica em relação ao consumidor. Vulnerabilidade Hipossuficiência Técnica Desconhecimento dos meios de produção, as técnicas empregadas da fabricação, distribuição de produtos ou na prestação de serviços. Ex.: Consumidor não conhece profundamente o funcionamento do principio ativo e nem tem meios de checá-lo. ANÁLISE DE VULNERABILIDADE (art. 4º, I, CDC) ESPÉCIES DE VULNERABILIDADE Econômica (Fática) O fornecedor, via de regra, possui maior capacidade econômica em relação ao consumidor. Vulnerabilidade Hipossuficiência Técnica Desconhecimento dos meios de produção, as técnicas empregadas da fabricação, distribuição de produtos ou na prestação de serviços. Ex.: Consumidor não conhece profundamente o funcionamento do principio ativo e nem tem meios de checá-lo. 4
INTERVENÇÃO ESTATAL (art. 4º, II, CDC) Atuação Estatal: Uma visão proativa na tutela de consumo. Estratégias da atuação governamental: Atuação direta: Ações através dos órgãos de proteção ao consumo e institutos correlatos. Presença do Estado no mercado de consumo: Empresas públicas e Sociedades de Economia Mista. Incentivando a criação e desenvolvimento de associações representativas: Existem associações de consumidores em praticamente todos os países desenvolvidos. Exemplos: ADECON, ANADEC, Proteste, IDEC INTERVENÇÃO ESTATAL (art. 4º, II, CDC) Estratégias da atuação governamental: Incentivando a criação e desenvolvimento de associações representativas: As associações civis, para defender efetivamente os seus associados, precisam ser independentes de empresas e de injunções político partidárias. Tem um papel importante na defesa do consumidor contra o Estado, já que o Estado também pode lesar o consumidor. Condições para a defesa coletiva: Para a associação recorrer à Justiça é necessário que a entidade tenha pelo menos um ano de existência e em seu estatuto conste que a associação tem como finalidade a defesa do consumidor. (Art. 82, IV, CDC) 5
INTERVENÇÃO ESTATAL (art. 4º, II, CDC) Estratégias da atuação governamental: Fixação de padrões de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho BOA-FÉ (EQUIDADE) Relação entre consumo x economia Boa-fé objetiva: Um padrão de comportamento Funções da Boa-fé Interpretativa Controle CONSCIENTIZAÇÃO PARA O CONSUMO (art. 4º, IV, CDC) INCENTIVO AO AUTOCONTROLE Conflito: Solução entre as partes x Mediação Estatal Mecanismos de autocontrole Eficiente controle da qualidade e segurança dos produtos defeituosos no mercado Recall Criação de centros de atendimento ao consumidor: Arbitragem Atenção: A arbitragem não pode se dar como forma compulsória de solução dos conflitos. (Art. 51, VII do CDC) 6
COIBIÇÃO DOS ABUSOS (art. 4º, VI, CDC) É esse princípio que fundamenta as cláusulas abusivas, as publicidades enganosas e abusivas, praticas comerciais indevidas ao longo do CDC. Concorrência desleal Utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos Credibilidade da marca e o consumidor Tal disposição não traz segurança só para o consumidor MELHORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (art. 4º, VII, CDC) HARMONIZAÇÃO DOS INTERESSES (art. 4º, VIII, CDC) Estudo constante das modificações do mercado de consumo. INSTRUMENTOS PARA A EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO (art. 5º, CDC) Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente. 7
INSTRUMENTOS PARA A EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO (art. 5º, CDC) Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo Lesão envolve pequeno valor econômico. (Até 40 Sal. Mín) Até 20 salários mínimos a presença do advogado é dispensada. Indicado para as lesões que atingem individualmente as pessoas. Concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. QUESTÃO DO DIA Julispeterson, sabendo das dificuldades para conseguir atendimento médico na rede pública, resolveu adquirir um plano de saúde privado. A empresa informou os planos disponíveis e condições de pagamento. Satisfeito com as condições, apresentou os documentos necessários à efetivação do contrato. Foi quando recebeu a informação que o plano não seria efetivado em razão de sua elevada idade. A operadora argumentou que, em razão de não ser serviço essencial e da liberdade contratual, não teria obrigação de aceitar qualquer cidadão interessado em seus serviços. O que fazer? 8
DÚVIDAS... BOA NOITE! 9