PROTEÇÃO DA ORDEM ECONÔMICA E DA CONCORRÊNCIA Profª Camila Ilário

Transcrição

1 PROTEÇÃO DA ORDEM ECONÔMICA E DA CONCORRÊNCIA Profª Camila Ilário

2 Já estudamos que nossa Carta Magna tem inspiração neoliberal no que se refere ao regime econômico. Por esta razão, estabeleceu mecanismos de amparo à liberdade de competição e de livre iniciativa, isto é, de coibição de práticas empresariais incompatíveis com o referido regime.

3 Quais são as práticas empresariais incompatíveis com o regime econômico disposto no ordenamento jurídico brasileiro?

4 INFRAÇÃO À ORDEM ECONÔMICA e CONCORRÊNCIA DESLEAL.

5 INFRAÇÕES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA As infrações contra a ordem econômica (antes chamadas de abuso do poder econômico) estão definidas na Lei nº de 11 de junho de 1994, que dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica.

6 De acordo com Fábio Ulhoa Coelho, para a caracterização de infração contra a ordem econômica é preciso conjugar os artigos 20 e 21 da Lei nº 8.884/94. De um lado, o art. 20, que estabelece o objetivo ou efeitos possíveis da prática empresarial ilícita; de outro, o art. 21, que elenca diversas hipóteses em que a infração pode ocorrer.

7 O capítulo II do título V da Lei nº 8.884/94 trata das infrações contra a ordem econômica estabelecendo o seguinte: Art. 20. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:

8 I limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; II dominar mercado relevante de bens ou serviços; III aumentar arbitrariamente os lucros; IV exercer de forma abusiva posição dominante.

9 1º A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II. 2º Ocorre posição dominante quando uma empresa ou grupo de empresas controla parcela substancial de mercado relevante, como fornecedor, intermediário, adquirente ou financiador de um produto, serviço ou tecnologia a ele relativa.

10 3º A posição dominante a que se refere o parágrafo anterior é presumida quando a empresa ou grupo de empresas controla 20% (vinte por cento) de mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia.

11 CADE: Conselho Administrativo dedefesaeconômica

12 Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica:

13 Fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer forma, preços e condições de venda de bens ou de prestação de serviços; limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços; vender injustificadamente mercadoria abaixo do preço de custo; etc.

14 As condutas elencadas no art. 21 da Lei nº 8.884/94 só caracterizam infração contra a ordem econômica se estiverem presentes os pressupostos do art. 20 da mesma lei. Por outro lado, qualquer prática empresarial, ainda que não elencada no art. 21, configurará infração se os seus objetivos ou efeitos forem os citados no art. 20, porque a repressão as condutas lesivas à ordem econômica está fundada no art, 173, 4º da CF.

15 É irrelevante a existência ou não de culpa do empresário. Para a caracterização da infração contra a ordem econômica basta a prova de que o empresário agiu causando os efeitos considerados abusivos pela lei, sem pesquisa do ânimo de sua ação.

16 A infração à ordem econômica dá ensejo à repressão de natureza administrativa. A competência para tal procedimento é do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça. O CADE é auxiliado pela SDE (Secretaria de Direito Econômico) do Ministério da Justiça, que tem competência para a realização das averiguações preliminares e a instrução do processo administrativo, conforme o art. 30 da Lei nº 8.884/94.

17 A lei prevê as seguintes sanções administrativas contra os empresários condenados pela prática de infração à ordem econômica: Multa; Publicação pela imprensa do extrato da decisão condenatória; Proibição de contratar com o poder público ou com instituições financeiras oficiais;

18 Inscrição no Cadastro Nacional de Defesa do Consumidor; Recomendação de licenciamento obrigatório de Patente titularizada pelo infrator, de negativa de parcelamento de tributos ou cancelamento de benefício fiscal; Determinação de atos societários como cisão ou transferência de controle compulsórios.

19 O CADE, além das atribuições de ordem repressiva, tem o papel de atuar preventivamente, validando os contratos entre particulares para limitar ou reduzir a concorrência, de acordo com o disposto no art. 54 da Lei 8.884/94.

20 Independentemente do procedimento administrativo, a Lei nº 8.137/90 tipifica algumas práticas empresariais que configuram crime contra a ordem econômica (arts. 4º a 6º).