ADAPTAÇÃO CURRICULAR: CONTRIBUIÇÕES DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL

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Transcrição:

ADAPTAÇÃO CURRICULAR: CONTRIBUIÇÕES DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL Marta Gertel RESUMO: Nos últimos anos, a proposta de inclusão escolar tem gerado uma modalidade de atividades cujo objetivo principal é favorecer o processo de aprendizagem dos alunos que apresentam questões de linguagem escrita. Conhecidas por atividades adaptadas ou flexibilizadas eram, inicialmente, elaboradas de maneira artesanal e dependiam do conhecimento, sensibilidade e empenho individual de professores, pedagogos ou coordenadores. O aumento da demanda e a prática cotidiana fizeram com que diversas escolas sistematizassem essas atividades diárias e, como consequência, as avaliações da performance do aluno também. Objetivo: apresentar a contribuição do fonoaudiólogo educacional para a elaboração das atividades adaptadas ou flexibilizadas. Pressupostos teóricos: O trabalho do fonoaudiólogo educacional difere do fonoaudiólogo clínico. É fundamental que esse pressuposto seja de conhecimento da instituição onde a ação é realizada para que seja feito um trabalho em classe e não atendimento clínico na escola. Cabe ao fonoaudiólogo contribuir com a especificidade de seu saber da linguagem oral e escrita para a elaboração das atividades adaptadas e/ou flexibilizadas no cotidiano escolar e nas avaliações periódicas que acompanham o progresso do aluno em questão. Auxiliar o professor a olhar de maneira diferenciada o processo de aprendizagem daquela criança envolve perceber suas particularidades e o momento certo para mudar ou retirar as adaptações. Por ser um processo individualizado e que depende do olhar e da pessoalidade do professor e do aluno nem sempre é um processo claro ou tranquilo para ambas as partes. Vale lembrar que a nota é uma exigência legal, mas nem sempre traduz o que a criança ou jovem aprendeu ou apreendeu dos conteúdos apresentados em classe. Resultados: O trabalho conjunto do fonoaudiólogo educacional e da equipe pedagógica envolve mapear o perfil da instituição; da série; das necessidades específicas de cada matéria x as dificuldades apresentadas pelo aluno; como realizar atividades avaliativas contínuas, mensais, bimestrais ou trimestrais. Todo esse arcabouço de atividades são parte das atividades adaptadas ou flexibilizadas e são 1

fundamentais para contribuir no desenvolvimento do processo de aprendizagem do aluno que apresenta dificuldades de leitura e escrita. Conclusão: A contribuição do fonoaudiólogo educacional envolve auxiliar o corpo docente a perceber que o processo de aprendizagem é mais do que apreender conteúdos específicos de cada matéria. Envolve escolhas e conhecimento de como aquele aluno específico aprende e apreende o conteúdo que está sendo apresentado em classe e, acima de tudo, como favorecer seu processo rumo à autonomia da construção do saber. Ao longo do processo de elaborar e definir o tipo de adaptação curricular para cada aluno é possível observar que os professores desenvolvem uma sensibilidade especial para perceber, identificar e contextualizar características pessoais de cada aluno e do grupo como um todo. Essa é a raiz da EDUCAÇÂO. Palavras chave: Fonoaudiologia Educacional. Flexibilização curricular. Educação. Introdução A literatura fonoaudiológica é vasta em apresentar referências quanto às atividades do fonoaudiólogo junto à escola. Nos últimos anos, a proposta de inclusão escolar tem gerado uma modalidade de atividades cujo objetivo principal é favorecer o processo de aprendizagem dos alunos que apresentam questões de linguagem escrita. Conhecidas por atividades adaptadas ou flexibilizadas eram, inicialmente, elaboradas de maneira artesanal, ou seja, caso a caso. Na maioria das vezes dependiam do conhecimento, sensibilidade e empenho individual de professores, pedagogos ou coordenadores. O aumento da demanda e a prática cotidiana fizeram com que diversas escolas sistematizassem essas atividades diárias e, como consequência, as avaliações da performance do aluno também. Alguns desafios se colocam e podem favorecer a presença do fonoaudiólogo nesse novo campo de atuação. O primeiro desafio é o conhecimento específico da grade curricular mínima obrigatória elaborada pelo MEC e o perfil da instituição em que o fonoaudiólogo está inserido. Para isso, a integração com a equipe pedagógica (coordenação e corpo 2

docente) é fundamental. É a partir desse pressuposto que o fonoaudiólogo pode e deve assegurar a especificidade de suas contribuições: seu saber da linguagem oral e escrita. Mais do que discutir matérias ou temas do currículo, o fonoaudiólogo pode trabalhar sua escuta para favorecer o aprendizado do aluno no grupo classe. O segundo desafio é a escolha do tipo de adaptação que será indicado para cada aluno com dificuldades no processo de aprendizagem. Grosso modo o que se observa é a crença, por parte da equipe escolar, que basta fazer as atividades orais e a performance do aluno melhora. Em alguns casos isso é verdadeiro, mas nem sempre. O terceiro é auxiliar o professor a olhar de maneira diferenciada o processo de aprendizagem daquela criança ou jovem. Só assim, ele é capaz de perceber as particularidades de cada uma delas e o momento certo para mudar ou retirar as adaptações. Por ser um processo individualizado e que depende do olhar e da pessoalidade do professor e do aluno nem sempre é um processo claro ou tranquilo para ambas as partes. O quarto desafio é a avaliação do desenvolvimento do aluno e a modificação dos tipos de adaptação para que, no decorrer da vida escolar, ele possa caminhar em direção à autonomia de aprendizagem. Vale lembrar que a nota é uma exigência legal, mas nem sempre traduz o que a criança ou jovem aprendeu ou apreendeu dos conteúdos apresentados em classe. Objetivo: apresentar a contribuição do fonoaudiólogo educacional para a elaboração das atividades adaptadas ou flexibilizadas. Pressupostos teóricos: O trabalho do fonoaudiólogo educacional difere do fonoaudiólogo clínico. É fundamental que esse pressuposto seja de conhecimento da instituição onde a ação é realizada para que seja feito um trabalho em classe e não atendimento clínico na escola. Cabe ao fonoaudiólogo contribuir com a especificidade de seu saber da linguagem oral e escrita para a elaboração das atividades adaptadas e/ou flexibilizadas no cotidiano escolar e nas avaliações periódicas que acompanham o progresso do aluno em questão. Auxiliar o professor a olhar de maneira diferenciada o processo de aprendizagem 3

daquela criança envolve perceber suas particularidades e o momento certo para mudar ou retirar as adaptações. Por ser um processo individualizado e que depende do olhar e da pessoalidade do professor e do aluno nem sempre é uma trajetória clara ou tranquila para ambas as partes. Chegar à adaptação curricular é fruto de longo processo de discussão e envolve a parceria família, escola e fonoaudiólogo educacional. O fonoaudiólogo educacional pode contribuir na discussão de questões pertinentes ao desenvolvimento da linguagem oral e escrita: o aluno se beneficia da leitura por outra pessoa? São necessárias explicações pormenorizadas de cada conteúdo? Essas são algumas das questões que podem ser discutidas com o corpo docente. Vale lembrar que a nota é uma exigência legal, mas nem sempre traduz o que a criança ou jovem aprendeu ou apreendeu dos conteúdos apresentados em classe. Já professores e coordenadores possuem conhecimento específico de como aquele aluno está no grupo-classe, quais atividades demandam mais tempo para sua realização, podem comparar a performance das atividades em classe e em casa. A partir da interlocução fonoaudiólogo educacional e corpo docente podemos ter, grosso modo, quatro modelos básicos de adaptação para os alunos que apresentam alterações no processo de aprendizagem: 1. As atividades são iguais às do restante da turma e se apresenta a possibilidade de aumentar o tempo para a realização da mesma. Por exemplo, o aluno faz a prova em duas aulas invés de uma. 2. As atividades são lidas por um tutor ou professor assistente e o aluno responde as questões por escrito ou oralmente. Nesse ultimo caso, o tutor ou professor assistente escreve as respostas exatamente como o aluno falar. 3. As atividades tem seu tamanho reduzido de acordo com o tema principal eleito pelo professor e que o aluno consegue realizar em sala de aula com autonomia individual. 4. As atividades são adaptadas de acordo com o conteúdo que o aluno necessita e que não está em consonância com o restante da turma. Resultados: 4

O trabalho integrado do fonoaudiólogo educacional e da equipe pedagógica no processo de adaptar e/ou flexibilizar atividades para alunos que questões de aprendizagem envolvem vários aspectos para além da própria atividade em si. Pressupõe mapear o perfil da instituição; da série; das necessidades específicas de cada matéria x as dificuldades apresentadas pelo aluno; como realizar atividades avaliativas contínuas, mensais, bimestrais ou trimestrais. Todo esse arcabouço de atividades são parte das atividades adaptadas ou flexibilizadas e são fundamentais para contribuir no desenvolvimento do processo de aprendizagem do aluno que apresenta dificuldades de leitura e escrita. Conclusão: A contribuição do fonoaudiólogo educacional envolve auxiliar o corpo docente a perceber que o processo de aprendizagem é mais do que apreender conteúdos específicos de cada matéria. Envolve escolhas e conhecimento de como aquele aluno específico aprende e apreende o conteúdo que está sendo apresentado em classe e, acima de tudo, como favorecer seu processo rumo à autonomia da construção do saber. Ao longo do processo de elaborar e definir o tipo de adaptação curricular para cada aluno é possível observar que os professores desenvolvem uma sensibilidade especial para perceber, identificar e contextualizar características pessoais de cada aluno e do grupo como um todo. Essa é a raiz da EDUCAÇÂO. Referencias bibliográficas Berberian, A.P; Bortolozzi, K.B; Massi, G; Biscouto, A.R. Análise do conhecimento de professores atuantes no ensino fundamental acerca da linguagem escrita na perspectiva do letramento. VER CEFAC 15(6)-1635-1642, 2013. disponível em www.scielo..br Floriani, F.H; Fernandes, S.F. Flexibilização e adaptação curricular: desafios dos sistemas de ensino para equilibrar o comum e o individual em contextos inclusivos. Disponível em www.diaadiaeducacao.pr.gov.br Gertel, M.C.R., Maia S.M. O fonoaudiólogo e a escola - reflexões acerca da inclusão escolar: estudo de caso. Rev. CEFAC [periódico na Internet]. 13(5): 954-961; 2010. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo. 5

Gertel, M.C.R. Família e Escola: interfaces do atendimento fonoaudiológico de crianças com transtorno de linguagem [Tese]. São Paulo: PUC-SP, 2013. Medicalização de Crianças e Adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças de indivíduos. Orgs Conselho Regional de Psicologia SP. São Paulo; Casa do Psicólogo, 2011 Oliveira,J.P; Schier, A.C. Suporte para a atuiação em fonoaudiologia educacional. VER CEFAC 15(3) 726-730. 2013 disponível www.scielo.br Zabala, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed; 1998. 6