II Simpósio Nacional de Empreendedorismo Social Enactus Brasil

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Transcrição:

COOPERATIVA DA AGRICULTURA FAMILIAR DE BOA ESPERANÇA: LÓGICA SIMBÓLICA DA TERRA, SOCIABILIDADES Dyedre Alves Pedrosa Téc administração em projetos, graduanda antropologia. Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA dyedre@hotmail.com Introdução A Cooperativa da Agricultura Familiar de Boa Esperança - COOPBOA, localizada na Rodovia Curuá-una km 42 - PA 370, cidade de Santarém-Pa, Compõem em seu quadro 23 cooperados, atuando em múltiplas formas no âmbito do barracão dos cooperados, na casa da farinha e nas decisões coletivas e públicas para as famílias envolvidas. A comunidade trabalha essencialmente com a produção de farinha (tapioca A Cooperativa da Agricultura Familiar de Boa Esperança popularmente conhecida, goma) e farinha d água, farofa. No Pará a farinha, principal produto da mandioca produzida pelos agricultores gera a sua maior renda na economia familiar, uma herança direta da alimentação e modos de fazer dos povos indígenas e populações negras, em que tais modos e usos foram diversos e reinventados em vários momentos da história dessa região. Essas influências produzem valores e significados simbólicos para as famílias e até mesmo para os consumidores. A reprodução da Cooperativa da Agricultura Familiar de Boa Esperança em seus laços familiares de sociabilidades envolvidos no ato da produção, o que mostra que a produção familiar é sem duvidas, uma forma econômica diferencial por não ser estática, é uma forma de saber que é ao mesmo tempo acumulado e em constante processo de atualização. Desde seus núcleos familiares, casas de farinha ao dialogo em conjunto, a cooperativa de Boa Esperança faz da produção da cultura da mandioca, algo muito além da sua produção econômica, ela carrega uma marca de referencial nos espaços de sociais e suas relações envolvidas que articulam entre o espaço de produção e fora dela.

Figura 1- Bandeira da cooperativa Uma análise sobre as sociabilidades e lógica da terra Relacionando as sociabilidades encontradas nas relações no meio rural da comunidade de Boa Esperança e agentes envolvidos que se afetam mutuamente. Criam-se novas formas e processos sociais no cotidiano de relações antes de tudo humanas que fazem o diferencial na organização do meio do trabalho nessas sociedades organizacionais, meios e técnicas que são incorporadas e aceitas socialmente. O trabalho da terra: a lógica e a simbólica da lavoura camponesa Ellen Woortmann e Klaas Woortmann (1997) trabalharam em um rico trabalho etnográfico, que teve inicio na década de 80, em vários municípios do interior do Estado de Sergipe destaque para as etnografias ( de Itabi e Ribeirópolis). As etnografias mostram através de relatos dos próprios sitiantes a lógica das formas de ocupação do território, para além do desempenho de atividades de ordem produtivas. Trazendo essas reflexões para a comunidade e Boa Esperança-Pa.

Na terra são incorporados valores simbólicos, que apresentam a vida sociocultural, e não o resultado de motivações unilaterais ou meramente de exploração do ambiente físico/ natural. Legitimando raízes com a terra, terras construídas coletivamente e socialmente. As cooperativas possuem esse vinculo de sociabilidade constante com os meios de espaços que se conectam, através de várias ferramentas e laços em conjunto. Isso faz com que as maneiras de trabalhar em prol de um desenvolvimento coletivo seja uma maneira de comunicação e planejamento articulado. O lugar do trabalho é um conjunto de espaços que articulam entre si, a terra é o local de trabalho por excelência tanto a organização do trabalho quanto a terra sofrem modificações em uma temporalidade onde o homem e natureza (calendário rural) são orientados por diversas questões que dão sentindo a um processo histórico e um ambiente natural significativo. Na percepção etnoecologica o trabalho, preparo e terra, é antes de tudo algo construído, o vir-a-ser do trabalho na terra e suas variedades propriedades do solo, dinâmicas de uso. São para os agricultores uma forma de saber acumulado e em constante transformação. Também pensar no enfoque da agricultura familiar que pode ser incorporado às pesquisas no Brasil e para o Brasil; isso significa uma possibilidade de melhor compreender a realidade brasileira. Essa realidade também necessita de uma distancia na ótica de reducionismos. A questão do campesinato através sua economia, também pode ser interpretada como uma relação de-reprodução cujas orientações em suas formas sociais de operar num sistema de capital a qual se subordina ou não. Para Chayanov (1966) compreender e analisar grupos domésticos / familiares economicizada vista como uma unidade de força de trabalho que ao mesmo tempo uma realidade demográfica. Já em oposição Sahlins (1978) compreende um modelo de aceito como redução domestica, mas como se deseconomizar colocando a no contexto de um contrato social estabelecido na reciprocidade enquanto forma de valores entre os agentes.

Figura 2- Juntos seremos sempre melhor placa em frente ao barracão da cooperativa. Fazendo referência a essas questões, no livro Para além da produção : Multifuncionalidade e agricultura familiar, com um conjunto de etnografias do nordeste- ao sul do país, analisando e compreendendo a noção de multifuncionalidade de uma maneira critica e necessária a ser discutida entre a academia e também para se estabelecer um debate político do papel dos programas sociais governamentais e suas formulações padronizadas. Compreender essa dinâmica aberta da multifuncionalidade, referente a processos sociais, culturais simbólicos que ao mesmo tempo gera materialidade. Compondo base de três pilares para essas analises que são: 1) famílias rurais 2) território e seus modos de uso 3) a sociedade a qual pertence Considerações finais A partir dessa analise, podemos compreender os impactos que os estudos nas comunidades rurais trazem como reflexibilidade para acadêmicos, pesquisadores e extensionistas. É saber analisar a natureza e os fenômenos sociais não como algo não dado ou objetivado, mas analisar os meios lógicos sociais que esse sistema opera e interacionam-se durante os processos multifuncionais ligados a terra e cooperativas.

Referências CARNEIRO, M.J ; MALUF, R.S Para além da produção : multifuncionalidade e agricultura familiar.rio de Janeiro : Mauad,2003. WOORTMANN, E.F ; WOORTMANN, K. O trabalho da terra: a lógica e a simbólica da lavoura camponesa. Brasília: Editora Universidade de Brasília,1997.