INFLAÇÃO 1
O CONCEITO DA INFLAÇÃO A inflação é definida como um aumento contínuo e generalizado do índice de preços, ou seja, os movimentos inflacionários são aumentos contínuos de preços, e não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. O aumento de um bem ou serviço em particular não constitui inflação, que ocorre apenas quando há um aumento generalizado da maioria dos bens e serviços. 2
As fontes da inflação costumam diferir em função das condições de cada pais: a) Tipo da estrutura de mercado (oligopolista, concorrencial, etc), que condiciona a capacidade dos vários setores de repassar aumentos de custos aos preços dos produtos; b) Grau de abertura da economia ao comércio exterior: quanto mais aberta a economia à competição externa, maior a concorrência e menores os preços dos produtos; c) Estrutura das organizações trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salários acima dos índices de produtividade e maior a pressão sobre os preços. 3
AS CAUSAS DA INFLAÇÃO A inflação de demanda refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à produtividade disponível de bens e serviços. A probabilidade de ocorrer inflação de demanda aumenta quando a economia esta produzindo próximo do pleno emprego de recursos. Nessa situação, aumentos da demanda agregada de bens e serviços, com a economia já em plena capacidade, conduzem a elevação de preços. 4
A inflação de custos pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. O nível da demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam. Com isso, ocorre uma retratação da produção, deslocando a curva da oferta do produto para trás, provocando um aumento dos preços de mercado. As causas mais comuns dos aumentos dos custos de produção são: Aumentos do custo de matérias-primas: crises do petróleo da década de 70, ao elevar sensivelmente os preços dessa matéria-prima, provocaram um brutal aumento nos custos de produção, em particular nos custos de transporte e energia com base no diesel, que forçosamente foram repassados aos preços dos produtos e dos serviços. 5
aumentos salariais acima da produtividade: um aumento das taxas de salários que supere os aumentos na produtividade da mão de obra acarreta um aumento dos custos unitários de produção, que são normalmente repassados aos preços dos produtos. Isso ocorre, normalmente, em setores que tem sindicatos com grande poder de barganha; estrutura de mercado: a inflação de custos também esta associada ao fato de algumas empresas, com elevado poder de monopólio ou oligopólio terem condições de elevar seus lucros acima de elevação dos custos de produção. 6
A inflação inercial é o processo automático de realimentação de preços. Ou seja, a inflação corrente decorre da inflação passada, perpetuando-se uma inércia ou memória inflacionária. Ela é provocada, fundamentalmente, pelos mecanismos de indexação formal (salários, aluguéis, contratos financeiros) e indexação informal (preços em geral e impostos, preços e tarifas públicas). Ou seja, os aumentos de preços passados são automaticamente repassados para todos os demais preços da economia, por meio dos mecanismos de correção monetária, cambial e salarial, gerando um processo autorrealimentador de inflação. 7
CAUSAS DA INFLAÇÃO SEGUNDO A CORRENTE ESTRUTURALISTA Na América Latina, a partir dos anos 1950, ganhou destaque uma corrente que pressupõe que a inflação no continente estaria associada estreitamente a tensões de custos, causados por deficiências na estrutura econômica. É a chamada corrente estruturalista ou cepalina, por ter sido originada na CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, organismo da ONU sediado no Chile. De acordo com essa corrente, a inflação seria explicada principalmente por questões estruturais, como estrutura agrária, estrutura oligopólica de mercado e estrutura do comércio internacional. 8
A inflação seria provocada pelas desvalorizações cambiais que os países subdesenvolvidos são obrigados a promover para compensar o déficit crônico da balança comercial, gerado pela deterioração dos termos de troca no comércio internacional. Ainda segundo a visão estruturalista, as causas da inflação estão associadas a conflitos distributivos, ou seja, na tentativa de os agentes manterem ou aumentarem sua posição na distribuição do bolo econômico: empresários defendendo suas margens de lucro, trabalhadores tentando manter seus salários e o governo mantendo sua parcela por meio de impostos, preços e tarifas públicas. 9
AS DISTORÇÕES PROVOCADAS POR ALTAS TAXAS DE INFLAÇÃO O processo inflacionário, especialmente aquele caracterizado por elevadas taxas e particularmente por taxas que oscilam, tem sua previsibilidade dificultada por parte dos agentes econômicos e promove profundas distorções na estrutura produtiva. Diante de tais questões, os principais efeitos provocados por esse fenômeno são apontados a seguir: Efeito sobre a distribuição de renda; Efeito sobre o balanço de pagamentos; Efeito sobre o mercado de capitais; Efeito sobre as expectativas empresariais. 10
Efeito sobre a distribuição de renda A distorção mais séria provocada pela inflação diz respeito à redução relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste. Nesse caso são os assalariados, que com o passar do tempo vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. A classe trabalhadora é sem duvida a que mais perde com a elevação das taxas de inflação, principalmente os trabalhadores de baixa renda, que não tem condições de se proteger, por exemplo com aplicações financeiras. Por este motivo costuma-se dizer que a inflação é um imposto sobre o pobre. 11
Efeito sobre o balanço de pagamentos Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, tendem a provocar um estímulo às importações e desestímulo às exportações, diminuindo o saldo da balança comercial (exportações menos importações). Entretanto, as importações essenciais, das quais muitos países não podem prescindir, como petróleo, fertilizantes, equipamentos sem similar nacional, tornar-se-ão inevitavelmente mais caras, pressionando os custos de produção dos setores que se utilizam mais largamente de produtos importados. 12
Efeito sobre o mercado de capitais Tendo em vista o fato de que, em um processo inflacionário intenso, o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorre um desestímulo à aplicação de recursos no mercado financeiro, especialmente as aplicações cuja a remuneração é definida antecipadamente (no momento da aplicação). Em tal situação, normalmente não é possível prever de maneira adequada as taxas de inflação, e a rentabilidade acaba dependendo de índices de preços utilizados para corrigir o valor aplicado e, consequentemente, sua rentabilidade fica atrelada às características dos índices de preço utilizados para corrigir as aplicações. 13
Efeito sobre as expectativas empresariais Elevadas taxas de inflação também afetam a formação das expectativas sobre o comportamento da economia no futuro. O setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dada a relativa instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica em um compasso de espera, enquanto a conjuntura inflacionária durar, e dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. 14
A INFLAÇÃO NO BRASIL A inflação foi durante muito tempo, um problema bastante característico da economia brasileira, em particular a partir da década de 1950, e que só passou a ser mais controlada a parir da implantação do Plano Real em 1994. Na década de 1950 e início de 1960, o principal fator era o elevado déficit público, provocado pela necessidade do governo suprir a infraestrutura adequada de transportes, energia, saneamento, entre outros, para promover o desenvolvimento econômico do país. 15
Entre 1964 e 1973, a política de combate caracterizouse em duas etapas, onde a primeira pode ser classificada como tratamento de choque, com uma rígida política monetária, fiscal e salarial, e na segunda como uma política gradualista, que correspondeu ao combate por etapas planejadas. As crises do petróleo, em 1973/74 e 1979, trouxeram repercussões profundas sobre a economia brasileira e mundial. Desde aquela ocasião, até 1994, o Brasil apresentou com raras exceções, taxas crescentes de inflação. 16
PLANO REAL Em 1994, no governo Itamar Franco, tendo como ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, implementou-se o Plano Real, o que representou um avanço em relação aos planos anteriores em sua operacionalização. Não restam dúvidas do sucesso do Plano Real no controle da inflação, ou seja a taxa de inflação, que girava anteriormente em 4 dígitos anuais e 2 mensais, passou para 1 dígito anual. Além do sucesso no combate a inflação o Plano Real, proporcionou uma melhoria no padrão de vida dos trabalhadores de baixa renda, que eram os maiores prejudicados com a inflação elevada. 17
Com a manutenção dos principais fundamentos de política econômica a partir do Plano Real, e com benefícios proporcionados pelo espetacular crescimento da economia mundial desde 2003, impulsionado principalmente pela China, Índia e outros países, o Brasil vem conseguindo cumprir aqueles que são os objetivos principais de política econômica: estabilidade econômica, crescimento da renda e do emprego e melhoria do padrão de vida da população. 18
Dúvidas? 19