Avaliação Econômica de Investimentos Disciplina: Administração Financeira Ciências Contábeis
Após terem feito estimativas dos fluxos de caixa incrementais, as empresas os analisam para julgar se um projeto é aceitável ou para classificar projetos. Existem diferentes técnicas de análise de investimentos, mas as principais concentram-se: - no cálculo do valor do dinheiro no tempo; - considerações de risco e retorno; - conceitos de avaliação para selecionar gastos de capital compatíveis com a maximização de riqueza dos proprietários.
Para analisarmos as técnicas de avaliação econômica de investimentos, utilizaremos os fluxos de caixa incremental a seguir como exemplo: Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Fluxo de caixa 1 Fluxo de caixa 2 ($42.000) $14.000 $14.000 $14.000 $14.000 $14.000 ($45.000) $28.000 $12.000 $10.000 $10.000 $10.000 Supondo que uma empresa esteja avaliando dois projetos de investimento, 1 e 2. O investimento inicial corresponde ao ano 0, com suas respectivas entradas de caixa.
1) PAYBACK O payback é um dos métodos mais utilizados nas decisões de investimento de longo prazo. Refere-se ao tempo necessário para que a empresa recupere seu investimento inicial em um projeto, considerando as entradas de caixa promovidas pelo investimento. Ao estabelecer o período máximo para o retorno do projeto, as empresas procuram reduzir o risco e valorizar a liquidez. É um método muito utilizado para rejeitar alternativas com longo período de retorno. Método simples, embora seja considerado deficiente por não considerar o valor do dinheiro no tempo.
1) PAYBACK Avaliação Econômica de Investimentos No caso de entradas de caixa anuais, o período de payback pode ser encontrado dividindo-se o investimento inicial pela entrada anual de caixa. Tomemos o exemplo do projeto de investimento 1: Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Fluxo de caixa 1 ($42.000) $14.000 $14.000 $14.000 $14.000 $14.000 $14.000 $14.000 $14.000 $14.000 $14.000 0 1 2 3 4 5 $42.000
1) PAYBACK Neste caso, para calcular o tempo necessário para que a empresa recupere seu investimento inicial, basta dividir o investimento inicial pela entrada anual de caixa. PAYBACK = Investimento Inicial Entrada Anual de Caixa PAYBACK = $42.000 $14.000 = 3 Isto significa que o período de payback do investimento 1 é de 3 anos, ou seja, em três anos recupera-se o valor do investimento inicial.
1) PAYBACK Avaliação Econômica de Investimentos No caso de uma série mista de entradas de caixa, as entradas anuais precisam ser acumuladas até que o investimento inicial seja recuperado. Tomemos o exemplo do projeto de investimento 2: Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Fluxo de caixa 2 ($45.000) $28.000 $12.000 $10.000 $10.000 $10.000 $28.000 $12.000 $10.000 $10.000 $10.000 0 1 2 3 4 5 $45.000
1) PAYBACK Neste caso, para calcular o tempo necessário para que a empresa recupere seu investimento inicial, deve-se trazer de volta ao caixa da empresa cada uma das entradas previstas para cada ano. No final do ano 1, a empresa recuperará $28.000 de seu investimento inicial. No final do ano 2, $40.000 ($28.000 do ano 1 + $12.000 do ano 2). No final do ano 3, $50.000 terão sido recuperados. Mas, somente 50% da entrada de caixa de $10.000, referente ao ano 3, são necessários para a recuperação do investimento inicial, de $45.000. Logo, período de payback deste projeto é de 2,5 anos (2 anos + 50% do ano 3).
1) PAYBACK Critérios de decisão Quando o período de payback é usado na tomada de decisões de aceitação ou rejeição, os critérios utilizados são os seguintes: Se o período de payback for menor que o período máximo aceitável de recuperação, o projeto será aceito. Se o período de payback for maior que o período máximo aceitável de recuperação, o projeto será rejeitado. Obs: A duração do período máximo aceitável de recuperação é determinada administração da empresa. Esse valor é fixado subjetivamente, com base em diversos fatores, como o tipo de projeto (expansão, substituição, reforma), o risco que oferece e a relação imaginada entre o período de payback e o valor da ação. Na prática, busca-se o menor período de payback.
1) PAYBACK Vantagens Método de fácil entendimento e aplicação Desvantagens Ignora o valor do dinheiro no tempo Favorece a liquidez do projeto analisado Exige um período limite arbitrário Considera a incerteza de fluxos de caixa mais distantes Ignora os fluxos de caixa pós-payback. Obs.: - Quando uma empresa enfrenta problemas de liquidez, ela é forçada a dar prioridade a projetos cujo capital investido retorne o mais rápido possível. - O payback, antes de ser um critério para classificar propostas de investimento, é um critério para descartar projetos.
2) PAYBACK Descontado Método desenvolvido para corrigir uma das principais falhas do payback, que é não considerar o valor do dinheiro no tempo. Assim, o payback descontado é o período de tempo necessário para recuperar o investimento inicial, considerando os fluxos de caixa descontados. (a valor presente) Para seu cálculo, deve-se trazer cada uma das entradas de caixa a valor presente, descontando esses fluxos a uma taxa de juros que represente a rentabilidade mínima (custo de oportunidade) exigida pela empresa na aceitação do projeto.
2) PAYBACK Descontado Como exemplo, considere o seguinte fluxo de caixa incremental: Fluxo de Caixa Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 ($145,00) $71,00 $74,00 $80,00 $50,00 Supondo que a taxa mínima de aceitação do projeto seja de 20% a.a., deve-se calcular o valor presente de cada um dos fluxos de caixa.
2) PAYBACK Descontado Períodos $ Valor Presente $ Ano 0 (145,00) (145,00) Ano 1 71,00 PV = Ano 2 74,00 PV = Ano 3 80,00 PV = Ano 4 50,00 PV = Agora, o payback descontado é calculado da mesma maneira que o simples: 71,00 (1+0,20) 1 = 59,17 74,00 (1+0,20) 2 = 51,39 80,00 (1+0,20) 3 = 46,30 50,00 (1+0,20) 4 = 24,11 No final do ano 1, a empresa recuperará $59,17 de seu investimento inicial. No final do ano 2, $110,56 ($59,17 do ano 1 + $51,39 do ano 2). No final do ano 3, $156,86 terão sido recuperados. Mas, para recuperar o investimento inicial não se utilizará todo o ano 3, bastando apenas o necessário para recuperar o investimento de 145,00. (Faltam 34,44, que, dividindo-se pelo fluxo do ano 3, resulta em 0,74. Assim, o período do payback descontado será de aproximadamente 2,74 anos ( 2 anos e 9 meses).
Conclusões: Payback Assim como no payback simples, no payback descontado o critério de decisão segue o confronto do período obtido com o padrão limite admitido pela empresa. A técnica do payback é admitida geralmente como um importante indicador do nível de risco (ou, ao contrário, de liquidez) de um projeto de investimento Em épocas de maior incerteza da conjuntura econômica ou de restrições à liquidez monetária, o limite-padrão definido pelas empresas em geral reduz-se bastante. Assim, a medida do payback é um instrumento auxiliar nas decisões financeiras de longo prazo. É indispensável o uso simultâneo de outros métodos mais sofisticados.
Aplicação Considere o seguinte fluxo de caixa e calcule o payback simples e payback descontado e a viabilidade do projeto de acordo com as seguintes informações: Considere uma taxa mínima de aceitação de 17% e o limite de tempo admitido pela empresa de 5 anos. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Fluxo de caixa ($1.309.000) $269.301 $316.899 $316.899 $316.899 $1.200.499
Referências Bibliográficas BÁSICAS: ASSAF NETO, Alexandre; FABIANO GUASTI, Lima. Curso de Administração Financeira. 3º ed., 2014. BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. As decisões de investimentos. São Paulo: Atlas, 2003. SOUZA, Alceu; CLEMENTE, Ademir. Decisões financeiras e análise de investimentos. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2004. COMPLEMENTARES: ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do capital de giro. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômicofinanceiro. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2006. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7ª ed. São Paulo: Harbra, 1997. HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2004. SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.