Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

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Transcrição:

422 ESTUDO SOBRE A VISÃO DOS ÁRBITROS EM RELAÇÃO AS SUAS ATUAÇÕES NA CATEGORIA INFANTIL, DA MODALIDADE FUTSAL NOS JOGOS ESCOLARES MARANHENSES 2014 Raimundo José de Jesus 1, Bruno Luiz Galvão de Miranda 1 Diogo Matheus Barros da Silva 1, Ester da Silva Caldas 1 Ezequias Rodrigues Pestana 2, Marlon Lemos de Araújo 1 RESUMO O objetivo do presente estudo foi analisar a visão dos árbitros diante de suas atuações na categoria infantil, da modalidade futsal nos Jogos Escolares Maranhenses de 2014. A amostra foi composta por 14 árbitros, do gênero masculino, escalados para atuar no JEM's 2014. Para analisar a amostra foi aplicado um questionário com 09 perguntas semiabertas. Foi identificado que 78,57% da amostra está acima dos 31 anos, o ensino médio completo com 42,85% foi o maior nível de escolaridade, 100% dos árbitros possuem o curso de formação, com 42,85% o tempo de atuação encontrado foi 1-2 anos, a vocação com 92,85% foi maior motivo para a escolha profissional, 85,71% dos pesquisados acreditam não ser necessário uma formação específica para atuar na categoria infantil, o critério mais utilizado para atuar no JEM'S foi a indicação com 78,57%. Assim constata-se a falta de mulheres dentro do quadro de arbitragem da federação, o curso de formação de árbitros é obrigatório para atuar em jogos, o tempo de atuação mostra que a maior parte da amostra está no início da carreira, a vocação para o trabalho é maior que a rentabilidade e o critério para atuar no JEM's não considera ter experiência com o público ou o ambiente em questão. Conclui-se que é possível identificar tendências dentro desta profissão (árbitro), e torna-se claro que o árbitro necessita analisar sua forma de atuação nos JEM s, pois a mesma deve ser direcionada aos objetivos da proposta escolar que o esporte oferece ao desenvolvimento infantil. Palavras-chave: Educação Física Escolar. Futsal. Escolares. Prática Escolar. 1-Faculdade Estácio de São Luís, Maranhão, Brasil. 2-Universidade Ceuma, Maranhão, Brasil. ABSTRACT Study about the referees' vision regarding their performances in the School Games of Maranhão 2014 in the infantile category of futsal sport The objective of this study was to analyze the referees' view on their performances in the children's category, of the futsal modality in the School Games Maranhenses of 2014. The sample consisted of 14 male referees who worked at JEM's 2014. To analyze the sample, a questionnaire was applied with 9 semi-open questions. It was identified that 78.57% of the sample is over 31 years of age, the high school with 42.85% was the highest level of schooling, 100% of the referees had the training course, 42.85% of the participants presented the work time of 1-2 years, the vocation with 92.85% was the major reason for the professional choice, 85.71% of the sample believe that they do not need specific formation to work in the category of children, the criterion of choice to work at JEM's was the indication with 78.57%. The results showed the lack of women referees in the federation, training of referees is mandatory for work in games, working time shows that most of the sample is early in the career, vocation to work was higher than profitability and the criterion of choice to work at JEM's does not consider the experience with the public or the environment in question. It is concluded that it is possible to identify trends within this profession (referee), and it becomes clear that the referee needs to analyze his / her way of acting at JEM's, which should be directed towards the school objective that the sport offers for child development. Key words: School Physical Education. Futsal. Children. School Practice.

423 INTRODUÇÃO A cultura esportiva hoje é extremamente difundida e exercitada em nosso país, tornando-se um dos principais fenômenos socioculturais dos últimos tempos, estando presente em diversas áreas, entre elas o ambiente escolar possuindo caráter educacional. O Ministério do Esporte (2013), afirma que desde de 2003 tem procurado integrar a política esportiva educacional com a política de educação, através de diversos programas governamentais, buscando incentivar a prática esportiva nas escolas. O mesmo constata ainda que cerca de 1,2 milhões de jovens foram beneficiados por esses programas. O investimento governamental utilizando o esporte como uma ferramenta pedagógica e educativa, ressalta a importância do mesmo para crianças, adolescentes e jovens dentro das escolas. O esporte como conteúdo escolar tem sido um dos temas mais presentes no debate acadêmico da Educação Física brasileira, em grande medida como objeto de crítica relacionada à influência da instituição esportiva sobre as práticas escolares. Elas seriam orientadas pela maximização do rendimento e pelo espírito competitivo, pela exclusão e pela submissão a regras universalizadas, pelos princípios da sobrepujança e das comparações objetivas, entre outros aspectos (Bracht, 2009). Rose Junior (2002) comenta que o esporte escolar tem o propósito de desenvolver nas crianças suas habilidades motoras e também as integrando de forma lúdica e divertida. Diante deste pensamento, foram criadas competições escolares para que a prática desportiva pudesse ser exercida por todas as crianças de todas as classes tornando o processo universal. Entre as competições nacionais direcionadas ao público escolar, ressalta-se os Jogos Escolares, evento realizado em vários estados do país, com alunos de diversas faixas etárias, pertencentes a escolas públicas e particulares. O mesmo tem como intuito, estimular a prática do esporte escolar com fins educacionais, além de contribuir para o desenvolvimento integral dos alunos como seres sociais, autônomos, democráticos e participantes. No estado do Maranhão acontece os Jogos Escolares Maranhenses (JEM s), realizado pela Secretária de Esporte e Lazer (SEDEL) associada há federações esportivas como a Federação de Futsal do Maranhão (FEFUSMA). Dentre as várias modalidades oferecidas nos JEM s (voleibol, handebol, futebol, atletismo, entre outros), temos o futsal, que é o campo de estudo do objeto desta pesquisa. Quanto a modalidade esportiva futsal, Santana (2008) argumenta que a infância é o período em que as crianças constroem suas atitudes, habilidades e desenvolvem capacidades que possam contribuir para suas vidas e não apenas para o esporte. Entre as várias habilidades do futsal que facilitam o processo de vida diária das crianças, temos como exemplo, correr, saltar, girar, equilibrarse, desviar, transpor e outras. Entre as habilidades para o jogo temos, chutar, passar, conduzir, driblar e outras. Quanto as capacidades físicas, velocidade, resistência, alongar-se (flexibilidade), imprimir forças e coordenação de diferentes movimentos. A figura responsável por aplicar as regras da modalidade, e as medidas disciplinares da competição é o árbitro. A arbitragem é ponto fundamental nas competições esportivas, pois é ela quem mediará os processos durante a prática do esporte nas competições. Silva (2004) argumenta que as funções do árbitro são processos contínuos de tomada de decisões em situações com muita pressão. No futsal em função da alta velocidade do jogo e por se tratar de uma modalidade onde o contato físico entre os atletas dentro da quadra é inevitável os dois árbitros da partida se veem constantemente em situações onde precisam definir em questões de milissegundos pela marcação ou não de uma infração (Ferreira e colaboradores, 2009). Por conta disso, as competições infantis necessitam de um árbitro para desempenhar estas funções e este deve ser adaptado ao nível das crianças que entrará em contato. Neste sentido cabe refletir se os processos de desenvolvimento de habilidades dos árbitros são coerentes com tais responsabilidades. Observando se os mesmos possuem perfis e conhecimentos para contribuir no processo educacional dentro do ambiente esportivo.

424 O objetivo do presente estudo foi analisar a visão dos árbitros diante de suas atuações na categoria infantil, da modalidade futsal nos Jogos Escolares Maranhenses de 2014. MATERIAIS E MÉTODOS A presente pesquisa trata-se de um estudo de campo, de características qualitativa e quantitativa. Atendendo há aspectos éticos dentro da pesquisa, foi realizado duas apresentações, evidenciando as metas, consequências e contribuições acadêmicas do projeto. A primeira destinada aos representantes da SEDEL e FEFUSMA para autorização da pesquisa no evento esportivo e a segunda ao quadro de arbitragem da federação para suas confirmações de participação e objeto do estudo. Após ambas apresentações foram entregues o Termo de Liberação Institucional (TLI) aos representantes dos órgãos e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos árbitros, que foram lidos e devidamente assinados. O estudo foi composto por 14 árbitros da Federação de Futsal do Maranhão (FEFUSMA) escalados para arbitrar a modalidade Futsal, na categoria infantil da 42ª edição dos Jogos Escolares Maranhenses de 2014. Para analisar o ponto de vista da amostra foi confeccionado um questionário com 09 perguntas semiabertas sobre o tema abordado em nosso estudo. As mesmas questionavam sobre a formação acadêmica, tempo de serviço nesta área, motivo pelo qual exerce essa profissão, o processo de escolha para arbitrar estes tipos de jogos, seus conhecimentos sobre o trabalho com crianças, se recebem alguma capacitação específica para trabalhar com crianças, se possuíam algum tipo de formação complementar que o habilita a trabalhar com crianças, se as regras são diferenciadas para esta categoria e sobre a postura que deve ter ao trabalhar com elas. Abrindo assim espaço para análises e discussões sobre a atuação dos árbitros. A pesquisa ocorreu nos ginásios poliesportivos: Castelinho e Guioberto Alves, na cidade de São Luís, onde se realizou a Etapa Estadual do campeonato. O questionário foi aplicado no dia em que os árbitros eram selecionados para o campo de atuação, sendo entregues aos mesmos uma hora antes das partidas e devolvidos momentos antes de entrarem em quadra. RESULTADOS A Tabela 1 representa as questões de caracterização da amostra (gênero, faixa etária e nível de escolaridade), com seus respectivos percentuais. Identificou-se que todos os árbitros analisados (100%) possuem o gênero masculino. Em relação à faixa etária, observou-se que a maior parte dos árbitros está acima de 31 anos (78,57%). De acordo com os níveis de escolaridade dos árbitros, o nível com maior destaque foi o ensino médio completo (42,86%), seguido por ensino superior incompleto (28.57%). A Tabela 2 apresenta as variáveis referentes a formação específica para árbitro, motivações e tempo de atuação dos participantes, com seus respectivos percentuais. Tabela 1 - Variáveis de caracterização da amostra. Gênero (%) Masculino 100% Feminino 0% Faixa etária (%) 22 25 anos 7,14% 26 30 anos 14,29% > 31 anos 78,57% Escolaridade (%) Ensino Médio Completo 42,86% Ensino Médio Incompleto 28,57% Ensino Superior Completo 21,43% Ensino Superior Incompleto 7,14%

425 Tabela 2 - Formação específica para árbitro, motivação profissional e tempo de atuação. Possui curso de Formação de Árbitros (%) Sim 100% Não 0% Motivação profissional (%) Vocação 92,86% Rentabilidade 7,14% Tempo de atuação (%) 1 2 anos 42,86% 2 10 anos 35,71% > 10 anos 21,43% Tabela 3 - Formação específica, método de atuação e critérios de escolha. Formação específica para atuar na categoria infantil (%) Sim 85,71% Não 14,29% Necessidade de atuação diferenciada (%) Sim 42,86% Não 57,14% Critério de escolha para atuar no JEM's (%) Indicação 78,57% Sorteio 14,29% Experiência 7,14% Todos os participantes (100%) possuem o curso de formação de árbitros, que é oferecido pela instituição que regulamenta a prática do futsal, no caso deste estudo é a Federação de Futsal Maranhense (FEFUSMA) e a Confederação Brasileira de Futsal (CBFS). Em relação há motivação para se inserir dentro do quadro de arbitragem da FEFUSMA, obteve-se a vocação (92,86%) como principal motivo. 42,86% dos árbitros possuem o tempo de atuação de apenas 1 a 2 anos de atividade, 35,71% tem de 2 a 10 anos de atividade, e 21,43% possui mais de 10 anos de profissão. A Tabela 3 representa as questões sobre a formação necessária para atuar na categoria infantil, se há uma atuação diferenciada nos jogos escolares e os critérios de escolha para a atuação no JEM's, com seus respectivos percentuais. Em relação a atuação na categoria infantil, a maior parte (85,71%) dos participantes afirmam que é necessária uma formação específica para trabalhar com a categoria infantil. Enquanto 14,29% afirmaram que não é preciso ter um curso específico para trabalhar com crianças. Quanto a necessidade de uma atuação diferenciada nos jogos escolares, 57,14% dos árbitros acreditam que a mesma não é necessária. Embora um número relevante de participantes (42,86%) já desenvolveu a consciência de que ao se trabalhar com crianças é preciso ter maior cuidado e escolher de forma criteriosa que regras devem ser aplicadas, de forma que não prejudique seu rendimento e o desenvolvimento da mesma. Entre os critérios de escolha dos árbitros para atuar no JEM's, encontra-se como o mais utilizado a indicação (78,57%), em seguida, o critério por sorteio que teve 14,29% das respostas e por último o critério referente a experiência (7,14%).

426 DISCUSSÃO A arbitragem sempre foi alvo de críticas e contestações no seguimento esportivo, isto ocorre devido à grande responsabilidade que recai sobre o mesmo na tomada de decisões, porém dentro da modalidade futsal ainda é um campo pouco explorado. Devido à escassez de literaturas direcionadas há arbitragem de futsal, foram utilizados como referências pesquisas com modalidades que possuem federações semelhantes a este estudo. Assim o objetivo do presente estudo foi analisar a visão dos árbitros diante de suas atuações na categoria infantil, da modalidade futsal nos Jogos Escolares Maranhenses de 2014. Em relação ao gênero da amostra, é possível identificarmos que todos os árbitros são do sexo masculino, com grande parte apresentando faixa etária acima de 31 anos. O estudo de Hortmann e Martins (2013) com árbitros de futsal de Guarapuava- PR, também encontrou a predominância do sexo masculino entre a arbitragem e a média de idade de 37,31 anos, valores que condizem com este estudo. Analisando o nível de escolaridade da amostra, identificou-se o ensino médio completo como o maior nível (42,86%) entre os participantes. Semelhante ao achado por Silva (2004) que pesquisou sobre estresse em árbitros de diversas modalidades, o mesmo também encontrou o ensino médio completo em todos os participantes de seu estudo. Este afirma ainda que entre os pré-requisitos para tornar-se um árbitro são basicamente, possuir no mínimo 18 anos de idade, o ensino médio como grau de escolaridade, efetuar o pagamento e frequentar o curso de formação. Em relação à motivação para a escolha desta área de atuação, a vocação apresentou o maior percentual, seguida pela rentabilidade, podendo ser explicada pelo fator emocional e o amor pelo esporte. Rolim (2014) após analisar 37 árbitros profissionais de futebol encontrou respostas similares sobre o que os levou a escolher esta função, encontrando o amor pela profissão como principal motivo, seguido pela rentabilidade financeira. O tempo de atuação foi de certa forma surpreendente, pois aponta que predominantemente os árbitros da FEFUSMA não possuem mais de dois anos na profissão, ou seja, estão no início da carreira. Esse resultado contradiz os achados de Nunes, Shigunov (2002) que analisaram a autoestima de 28 árbitros e árbitros assistentes de futebol profissional do estado de Santa Catarina (SC), os mesmos identificaram que 64,28% dos participantes possuíam entre dois e dez anos de atuação, além disso 25% deles eram árbitros a mais de dez anos e apenas 3,57% dos mesmos não tinham mais de dois anos como árbitros. Logo é possível notarmos que o quadro de arbitragem da federação maranhense vem sofrendo um constante e correto processo de renovação. Diante do questionamento sobre a necessidade de formação específica para atuação na categoria infantil, a maioria dos árbitros (85,71%) afirma que é necessária essa formação para trabalhar com a criança. Embora os mesmos como foi apresentado nos dados anteriores não possuem tal formação. Cavalcante (2013) em seu trabalho com 16 alunos, com idades entre 9 e 11 anos de uma escola de futsal em SP, argumenta que a 3ª infância está compreendia entre seis a onze/doze anos, sendo neste momento que a criança estará se desenvolvendo fisicamente ultrapassando limites que os próprios desconhecem, o cognitivo está em constantes transformações e construções, tornando-se capazes de realizar atividades como ler, escrever e interpretar cada vez mais rápido, de forma consciente e correta, suas socializações seja no ambiente escolar ou esportivo apresentaram crescimentos, assim como o emocional. Logo é essencial que os árbitros tenham uma formação acadêmica específica para obter os conhecimentos citados e trabalhar com este público, proporcionando junto ao esporte um desenvolvimento integral. Em relação ao questionamento sobre a necessidade de uma forma de atuação diferenciada nos JEM's, a maior parte dos árbitros avaliados (57,14%) responderam que não era necessário, pois o objetivo a ser alcançado é o cumprimento das regras. Deixando claro assim, que os mesmos não veem diferença na forma como atuam na categoria infantil ou profissional. Esse achado

427 mostrou-se diferente aos encontrados na literatura. Costenaro, Mendes (2009) afirmam que o futsal para o público infantil deve ser adaptado a partir de intervenções pedagógicas para que o objetivo final seja o desenvolvimento das crianças, tornando o jogo e suas regras dinâmicas de acordo com as situações apresentadas, exigindo dos praticantes, tanto no aspecto cognitivo, psicológico e motor. Portanto a arbitragem profissional é muito diferente, e não condiz com a realidade que o arbitro enfrentará durante os jogos escolares. Quanto ao critério de escolha utilizado para atuar na categoria infantil do JEM s, a indicação foi a mais utilizada, a mesma é feita pela SEDEL ou pela FEFUSMA, já critérios sorteio e experiência aparecem logo após com 14,29% e 7,14% respectivamente. Pereira, Silva e Aladashvile (2006) aplicaram um questionário em 14 ex-árbitros da Federação Paranaense de Futebol (FPF) tentando identificar os fatores (causas) que levam os árbitros da federação a desistirem da carreira profissional. Entre as respostas encontradas está o critério de indicação usados dentro da federação, os mesmos não concordam com esse princípio. Assim é encontrado uma tendência dentro de federações esportivas, em relação a federação maranhense, os mesmos não levam em consideração o conhecimento dos árbitros diante deste público em questão (alunos) ou a experiência por ter trabalho no ambiente escolar. CONCLUSÃO De acordo com resultados do presente estudo, é possível identificar tendências dentro desta profissão (árbitro), quanto ao seu gênero (masculino), a faixa etária predominante (acima dos 31 anos), motivação profissional (vocação), tempo de carreira (1 a 2 anos), o critério de escolha para atuar no JEM's (indicação) e se há diferenças no método de atuação no ambiente de trabalho (nenhuma diferença). Assim torna-se claro que o árbitro necessita fazer uma análise sobre a forma que atua nos JEM s, pois a mesma deve ser direcionada aos objetivos da proposta escolar que o esporte oferece aos alunos, promovendo assim a conscientização de que a sua prática profissional pode prejudicar o desenvolvimento das crianças. Cabe destacar ainda a necessidade de desenvolver projetos e trabalhos com este profissional, com o intuito de expandir conhecimentos sobre o mesmo, assim como a modalidade esportiva que o mesmo rege. REFERÊNCIAS 1-Bracht, V. Esporte de Rendimento na Escola. In: Stigger, M. P.; Lovisolo, H. (Orgs.) Esporte de Rendimento e Esporte na Escola. Campinas: Autores Associados. p.11-27. 2009. 2-Cavalcante, C. S. Socializando Crianças de 9 à 11 anos através do Futsal. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Edição Especial: Pedagogia do Esporte. Vol. 5. Num. 18. p.302-307. 2013. Disponível em: <http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/vi ew/204/201> 3-Costenaro, L. A.; Mendes, J. C. Futsal: Reflexão da Prática Escolar. Medianeira-PR. 2009. 4-Ferreira, H. C. A.; Simim, M. A. M.; Noce, F.; Samulski, D. M.; Costa V. T. Análise do estresse em árbitros de futsal. Coleção Pesquisa em Educação Física. Vol. 8. Num. 1. 2009. 5-Hortmann, K.; Martins, M. V. Variáveis antropométricas de árbitros de futsal de guarapuava. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Vol. 5. Num. 15. p.15-20. 2013. Disponível em: <http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/vi ew/160/159> 6-Nunes R.; Shigunov V. Auto-estima do árbitro de futebol profissional do estado de Santa Catarina. R. da Educação Física/UEM. Vol. 13. Num. 2. p.71-79. 2002 7-Ministério do Esporte. Segundo Tempo na Escola, 2013. Disponível em: <http://www.esporte.gov.br/index.php/institucio nal/acesso-a-informacao/150-ministerio-doesporte/segundo-tempo-na-escola>. Acesso em: 20/03/2017.

428 8-Pereira A. J.; Aladashvile G. A.; Silva A. I. Causas que levam algumas pessoas a desistirem da carreira de árbitro profissional de futebol. Coleção Pesquisa em Educação Física. Vol. 5. Num. 1. 2007. 9-Rolim, R. M. O escolher ser árbitro de futebol e a motivação para prática sob o olhar da psicologia do esporte: investigação centrada na tecnologia do google docs. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Rio Claro. 2014. 10-Rose Junior, D. Esporte e atividades físicas na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre. Artmed. 2002. 11-Santana, W. C. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na especialização. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. 12-Silva, S.A. Construção e validação de um instrumento para medir o nível de estresse dos árbitros dos jogos esportivos coletivos. Dissertação de Mestrado. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade de Minas Gerais. Belo Horizonte. 2004. E-mail dos autores: gusnutri17@yahoo.com bruunoluiz@hotmail.com diogoldu@gmail.com esterscaldas@gmail.com ezequiaspestana@bol.com.br mrln21@hotmail.com Endereço para correspondência: Bruno Luiz Galvão De Miranda Av. General Arthur Carvalho S/N Cond. São José de Ribamar II, BLC. 08, AP. 307 Bairro: Turu / Miritiua, São José de Ribamar-MA. CEP: 65110-000. Recebido para publicação em 25/05/2017 Aceito em 21/08/2017