Derivativos de Crédito, Securitização e Structure Finance. Prof. Marcio Janot MFEE FGV 2009 Aula 12

Documentos relacionados
Como é Negociado o Risco Brasil no Mercado Internacional?

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulo 3

ANÁLISE ECONÓMICA DA ESTRUTURA FINANCEIRA e BANCOS

Globalização Financeira

A Origem da Crise Imobiliária dos EUA e seus Efeitos

Mestrado em Finanças e Economia Empresarial EPGE - FGV. Curso de Derivativos. Alexandre Lowenkron.

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Maio 2009

Mestrado em Finanças e Economia Empresarial EPGE - FGV. Curso de Derivativos. Alexandre Lowenkron.

MERCADO DE CAPITAIS CENTRO DE ESTUDOS DE CEMEC

JJ Mois Année. Gerenciamento de Risco de Crédito

ETFs no Brasil. Guia dos

Análise cruzada do mercado 28 G-SIBs vs. 28 Seguradoras Comparação dos indicadores de risco sistêmico

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO DA ATIVIDADE SEGURADORA

Empréstimo de Títulos Públicos Com Garantia da B3 Régio Martins

61ª Reunião Anual da SBPC Manaus 14 a 17 julho 2009

REGRA VOLCKER REGRA VOLCKER

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Alternativas de Financiamento Mercado de Capitais Internacional

21ªS JORNADAS TÉCNICO-CIENTÍFICAS DA FESA: ANGOLA FACE À ACTUAL ORDEM ECONÓMICA- FINANCEIRA MUNDIAL

Avaliação de Empresas

Derivativos - MFEE Monitoria do dia 20/10/ Monitor: Rafael Ferreira

Novos paradigmas em securitização e derivativos de crédito

Seminário Internacional sobre Desenvolvimento, CDES, Brasília, 06/03/2009 Luiz Fernando de Paula Professor da Faculdade de Ciências Econômicas do

Clearings B3. Diretoria de Liquidação INFORMAÇÃO PÚBLICA

Brasil: Respostas à Crise Financeira. Mario Torós. Março de 2009

3 Metodologia. Lucro empresa privada = a + b Valorização Ibovespa

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO DA ACTIVIDADE SEGURADORA

RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS. Introdução

Notas para o Seminário Andima sobre Renda Fixa em Mercado de Balcão. Alkimar R. Moura FGVSP 29/09/2006

Infraestruturas de Mercado Riscos e Soluções

EMF Cap.1 Sistema Financeiro e Moeda. Os Cinco Elementos do. Sistema Financeiro. Os Cinco Princípios Fundamentais da EMF[Cecchetti, cap.

plano do curso 11 1.º VISÃO GERAL DO DIREITO DAS FINANÇAS SOCIETÁRIAS 1. Do que trata o direito das finanças societárias 13

5º Seminário Anbima de Renda Fixa e Derivativos de Balcão Investimento e Financiamento de Longo Prazo no Brasil

e turbulência financeira Regulação Vítor Constâncio 11 de Março de 2008 Conferência do Diário Económico Banco de Portugal Eurosistema

TENDÊNCIAS DE DISTRIBUIÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS

NIM, líquida de provisões

Estrutura de Gerenciamento de Riscos Conglomerado Morgan Stanley

Visão Geral Sobre o Setor Bancário Global

Informações relativas ao montante RWA, aos índices e aos limites R$ Mil 1T17 PR RWAcpad RWAmpad 242 RWAcam 242 RWAopad 22.

Conhecimentos Bancários

Simplified alternative to the standardised approach to market risk capital requirements

Estrutura de Gerenciamento de Riscos

Estrutura de Gerenciamento de Riscos Conglomerado Morgan Stanley

Informações relativas ao montante RWA, aos índices e aos limites R$ Mil 3T17 PR RWAcpad RWAmpad RWAcam RWAopad 24.

Macro VI: Intermediação financeira e análise macroeconômica. Professor Christiano Arrigoni

European Safe Bonds (ESBies)

ABS, MBS, CDOs: Nova Intermediação Financeira, Ativos de. Alexandre Lowenkron Banco BBM

PRINCIPAIS PRODUTOS E PERFIL DO INVESTIDOR

Estrutura da Apresentação

Prof. Roberto Macedo

MANUAL DE GESTÃO DE RISCO PARA FUNDOS DE INVESTIMENTOS OBJETIVO

Descrição geral da natureza e dos riscos de determinados Instrumentos Financeiros

Canais de negociação: Home Broker Mesa de Operações Boleta Rápida AE Broadcast Ágora Station

Luciano Coutinho Presidente

Estrutura da Apresentação

Relatório Anual da Dívida 2008 Plano Anual de Financiamento 2009

Elementos para o olhar da sociologia econômica sobre a crise

Banco Central Fortaleza, 2010

Cenários Macroeconômicos e Políticos 2008 IX Seminários Econômicos Fundação CEEE

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulo 3

RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS. Introdução

PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP MARCOS RICARDO CARNELOS. DERIVATIVOS DE CRÉDITO Aplicação para o Mercado Brasileiro

OPERAÇÕES DE HEDGE. Artur Alves Igor Soares Vinicius Hatano

Definição. Securitização: é uma prática financeira (ou processo) que consiste em converter ativos financeiros em títulos negociáveis no mercado.

METODOLOGIA DE RATINGS DE SECURITIZAÇÃO

BANCO BEST. PLATAFORMA, PARCERIAS e INOVAÇÃO. Seguros Capitalização A investir a médio-longo prazo numa vertente de baixo risco

Banco Mizuho do Brasil S.A. Novembro /16

Economia Brasileira em Perspectiva. Crise Financeira Internacional Atual

ICBC DO BRASIL BANCO MÚLTIPLO S/A. Relatório de Gerenciamento de Risco. Pilar III

Resultados R$ Milhões

POLÍTICA DE RESTRIÇÃO DE INVESTIMENTOS - BWGI

Instrumentos de Política Macroeconômica

Um caminho acidentado para o sistema financeiro mundial

A análise da recuperação de créditos e de juros, efetuada no decorrer dos exercícios de 2017 e 2016, apresentada por tipo de crédito, é a seguinte:

Mestrado em Finanças e Economia Empresarial EPGE - FGV. Derivativos

O que é securitização?

Teleconferência de Resultados 1T de maio de 2017

Melhores Práticas na Alocação de Recursos diante do Novo Cenário Econômico Brasileiro Rodrigo da Rocha Azevedo

Análise de Risco ANÁLISE DE RISCO. Tipos de Risco. Agenda Aula 2. Questões Norteadoras. Questões Norteadoras. Questões Norteadoras.

POLÍTICA DE GESTÃO DE RISCO DA HAMILTON LANE INVESTIMENTOS LTDA. Rio de Janeiro, Junho de SP v1

Cointegração e Price Discovery do Risco Soberano Brasileiro

FATORES DE INFLUÊNCIA À SECURITIZAÇÃO BANCÁRIA NO BRASIL

Gerenciamento de Risco


Informações relativas ao montante RWA, aos índices e aos limites R$ Mil 2T14 PR RWAcpad RWAmpad RWAcam RWAopad 14.

Nota de Aula 3: Bancos

Moeda, taxas de juros e taxas de câmbio

Dodd-Frank Wall Street Reform and Consumer Protection Act Legislação pós crise de 2008

Renda Fixa ETF de Renda Fixa. Renda Fixa. ETF de Renda Fixa

ICBC DO BRASIL BANCO MÚLTIPLO S/A. Relatório de Gerenciamento de Risco. Pilar III

Produto 8 Instrumentos de mercado de capitais para financiamento de infraestrutura. Outubro 2018

39º Congresso Brasileiro da Previdência Complementar Fechada Governança e política de investimento à Luz da Resolução 4.661/18

10⁰ Conferência Eurofinance. São Paulo, 8 de novembro de 2016


ANEXO. Sound Practices for Managing Liquidity in Banking Organisations (Fevereiro de 2000).

Transcrição:

Derivativos de Crédito, Securitização e Structure Finance Prof. Marcio Janot MFEE FGV 2009 Aula 12 1

Referências Bibliográficas Brunnermeier, M. (2008) Deciphering the 2007-08 Liquidity and Credit Crunch, Journal of Economic Perspectives (forthcoming) Bomfim, A. (2005) Understanding Credit Derivatives and Related Instruments (San Diego: Elsevier Academic Press), Cap. 1, 3 e 14. Hull, J. (2008) Fundamentals of Futures and Options Markets, Sixth Edition, Pearson International Edition. IMF (2006) The Influence of Credit Derivative and Structured Credit Markets in Financial Stability, Global Financial Stability Report (April). Rule, D. (2001) The Credit Derivatives Market: Its Development and Possible Implications for Financial Stability, Bank of England Financial Stability Review, January, pp.117-40. The Institutional Risk Analyst (2009) To Stabilize Global Banks, First Tame Credit Default Swaps. 2

Sumário I. Derivativos de Crédito CDS Estudo de Caso: AIG II. Securitização Securitizações financiadas Securitizações sintéticas III. Structured Finance Collateralized debt obligations (CDOs) Two-layer Securitization ou CDO-squared CDS index tranches Constant Proportion Debt Obligations (CPDO) Structured finance policy issues 3

Instrumentos de Risco de Crédito Securitização Asset-backed securities (ABS) Mortgage-backed securities (MBS) Collateralized debt obligations (CDO) Derivativos de Crédito Credit default swaps Total return swaps Instrumentos Tradicionais Empréstimos Títulos Produtos Hibridos Credit-linked notes Synthetic CDOs 4

Instrumentos de Crédito Tradicionais Origem O banco avalia o projeto do tomador de crédito e monitora. Financiamento O banco transfere recursos para o tomador. Alocação de Risco de Crédito O banco carrega o risco de crédito do empréstimo em seu balanço (i.e. probabilidade de default e perdas associadas). 5

Origem, financiamento e Risco de Crédito Origem ------------------------------ securitização Financiamento ------------------------------ derivativos de crédito Alocação do Risco de Crédito 6

Origem, financiamento e Risco de Crédito Securitização separa a origem do empréstimo do financiamento; Derivativos de Crédito separam a alocação do risco de crédito (o crédito passa a ser uma commodity). Produtos de crédito estruturados combinam securitizações e derivativos de crédito, provendo aos investidores produtos e perfis de risco que atendam a necessidades específicas. 7

I. Derivativos de Crédito 8

O que são os derivativos de crédito? São contratos que objetivam transferir o risco de crédito do comprador da proteção para o vendedor da proteção. O valor do contrato está atrelado a uma obrigação específica emitida por uma entidade de referência. Os derivativos de crédito são instrumentos sintéticos (não precisa colocar dinheiro para comprar) e negociados em mercados de balcão (OTC). 9

Benefícios dos Derivativos de Crédito Podem melhorar a alocação e precificação do risco de crédito ao: 1. Permitir que os bancos diversifiquem riscos e reduzam a concentração de riscos. 2. Permitir que instituições não bancárias tomem risco de crédito (ex: Seguradoras). 3. Criar mercados líquidos para instrumentos tradicionalmente ilíquidos. 4. Diminuir os custos de transação (mais barato que ficar vendido em um título, que requer um aluguel). 10

Usos dos derivativos de crédito Os compradores de proteção podem: 1. Diversificar e alterar a exposição a risco de crédito associados com empréstimos ou títulos sem precisar vender o ativo (não afetando o relacionamento com os clientes) ou comprar novos ativos. 2. Tomar posições vendidas sintéticas 3. Reduzir o requerimento obrigatório de capital. 4. Liberar a capacidade de empréstimos ao reduzir a exposição a crédito. 11

Usos dos derivativos de crédito Os vendedores de proteção podem: 1. Obter exposições de crédito sintéticas alavancadas. 2. Obter retornos de um ativo sem possuí-lo. 3. Reduzir o requerimento obrigatório de capital. 4. Criar um perfil risco-retorno que não está disponível no mercado (ex: obter uma exposição de 5 anos a uma empresa que só tenha disponível títulos de 3 ou 10 anos). 12

Novos Riscos dos Derivativos de Crédito 1. Opacidade na alocação do risco de crédito (com quem está o risco?) 2. Potencial concentração de riscos 3. Implicações para a estabilidade financeira 4. Desafios regulatórios 13

Credit Default Swaps (CDS) Principal derivativo de crédito negociado e tem se tornado o benchmark para precificar crédito. É um contrato que permite ao investidor comprar proteção para um crédito contra o risco de default do emissor do ativo. O comprador faz pagamentos periódicos de um prêmio (taxa do CDS) ao vendedor, especificados como % anualizado do valor nocional (em pontos base, usualmente pagos trimestralmente) Sem default, o contrato se encerra no vencimento sem troca de fluxo de caixa Com default, o vendedor da proteção paga para compensar as perdas resultantes do evento. 14

Empresas x Países Em 2001, 15% dos contratos eram emitidos sobre países (com tendência declinante). Quantificar o risco de crédito de países é mais difícil devido a menor disponibilidade de dados de default e também de definição de eventos de crédito (deveria incluir moratória). 15

Estrutura do CDS 16

Tela com CDS de Países Latinos 17

basis points CDS (5 anos): Brasil and Países Selecionados 4,000 3,500 3,000 spread change: 6/14/07 3/2/2009 3,248 3,608 2,500 2,241 2,000 1,500 1,000 500 0 254 333 338 417 431 433 546 552 720 Chile Turkey Mexico Hungary Russia Argentina Brazil Korea S. Africa Indonesia Venezuela Ukraine Source: Bloomberg 18

basis points CDS (5 anos): Brasil and Países Selecionados 3,500 spread change: 9/15/08-3/2/2009 3,190 3,000 2,500 2,519 2,000 1,500 1,582 1,000 500 0 171 198 200 258 289 297 367 370 549 Turkey Brazil Korea Indonesia Russia Argentina Chile S. Africa Mexico Hungary Venezuela Ukraine Source: Bloomberg 19

Expansão do Mercado de CDS Segundo a Fitch, cresceu 100% entre 2002 e 2003, para US$ 1.9 trilhão (valor nocional). Dados do BIS mostram que em 2005 o valor nocional era de $ 13,9 tri, em 2006 $28,7 tri e em 2007 $57,9 tri. Esses valores excedem o estoque de títulos e empréstimos. 20

Índices CDS: itraxx e CDX 21

Índices CDS: itraxx e CDX Em junho de 2004, foram lançados: 1. Os índices itraxx na Europa e Ásia; 2. Os índices CDX nos EUA Estes produtos padronizados provêem exposição a um amplo segmento dos mercados de derivativos de crédito. 22

itraxx Europe O itraxx Europe: 125 nomes mais líquidos (100 empresas não financeiras e 25 financeiras); O itraxx Hi Vol: 30 nomes no itraxx Europe com os mais altos spreads do CDS. O itraxx Europe Crossover: 50 entidades de referência européias não financeiras de grau especulativo. 23

CDX.EM 5y The Dow Jones CDX Emerging Markets Index is composed of sovereign issuers.the composition of the EM Index is determined by a consortium of 13 member banks. All entities are domiciled in 3 regions: (i) Latin America, (ii) Eastern Europe, the Middle East and Africa, (iii) Asia. CDX indices roll every 6 months in March & September. 24

Estudo de Caso: AIG AIG era a maior seguradora do mundo. Além de vender seguros, ela tinha uma divisão chamada AIG Financial Products (gerenciamento de ativos). AIG-FP começou a vender CDS em 1998 e se tornou o maior vendedor de proteção de empresas AAA (mais de US$ 400 bi). Em torno de 2004, passou a segurar não apenas títulos/empréstimos e ABS, como também CDOs (US$ 80 bi). 25

Estudo de Caso: AIG Os modelos de precificação de risco estimavam probabilidade de default muito baixas com base na série histórica. Com o início da crise do Subprime em agosto de 2007, as contrapartes passaram a exigir elevadas margens (colateral) devido a redução no rating das entidades de referência nos CDS e também ao aumento do risco de contraparte (o rating da AIG também foi cortado). 26

Estudo de Caso: AIG Muitos bancos (grandes e pequenos) haviam comprado proteção da AIG: a quebra da AIG teria congelado o mercado de CDS e criado risco sistêmico para o sistema financeiro. O tesouro dos EUA fez o maio socorro a uma firma privada na história (US$ 152 bi): $60 bi em empréstimos $40 bi em ações preferências $52 bi em compras de ativos podres 27

II. Securitização 28

Securitização é o processo de Securitização empacotar empréstimos individuais ilíquidos e outros instrumentos de dívida, e Convertê-los em asset-backed securities comerciáveis e líquidos. Dessa forma, a securitização substitui o financiamento no mercado de capitais por financiamento por intermediários (desintermediação) Em suma: a securitização envolve Grupamento de ativos (com ganhos de diversificação); Venda de créditos/direitos sobre estes ativos para um grupo de investidores. 29

Securitização As instituições financeiras securitizam ativos para: Obter acesso a financiamento no mercado de capitais; Para reduzir o requerimento compulsório de capital. Securitização também tende a aumentar a liquidez e consequentemente o valor de mercado do grupo de ativos subjacentes. 30

Securitização Para os investidores, securitização (e particularmente structured finance ) oferece: Oportunidades de investimentos com novos perfis de risco-retorno; Exposição a crédito tailor-made ; Melhor liquidez. 31

Securitização O ponto central da securitização é a transferência do risco de crédito para uma special-purpose vehicle (SPV), que pode ser feito de duas formas: 1. Securitizações financiadas ( cash or true sale transactions); Os ativos subjacentes são transferidos para a SPV, que mantém os empréstimos em seus ativos e emite títulos lastreados nos fluxos de caixa destes empréstimos. 2. Securitizações sintéticas (securitizações não financiadas). Credit default swaps são usados para transferir apenas o risco de crédito para as SPV. 32

Securitizações Financiadas 33

Securitizações Financiadas Estrutura básica Banco O banco vende a carteira de crédito Pagamento pela carteira de empréstimos Special Purpose Vehicle (SPV) O SPV emite títulos (ABS) Pagamento pelos títulos Investidores 34

Securitizações Financiadas Principais Vantagens: O banco que originou o crédito se beneficia porque: Libera capital (além de reduzir o requerimento de capital); Diminui o custo de financiamento (Comerciabilidade, liquidez e precificação) ; Permite diversificação de riscos. Grupamento de ativos subjacentes relativamente homogêneos (tais como hipotecas) gera um ganho considerável para os investidores em termos de diversificação. Desvantagem: Securitizações true sale altera a relação entre o banco e seus tomadores de crédito. Essa desvantagem pode ser evitada pela securitização sintética. 35

Securitizações Sintéticas 36

Credit-Linked Note (CLN) CLNs são notas de médio prazo com CDS embutidos. Os investidores recebem pagamentos regulares de cupom, mas pagam o principal ao comprar a CLN. O repagamento do principal está atrelado ao fato da entidade de referência ter honrado ou não seu compromisso. Os emissores de CLN equivalem aos compradores de proteção em CDS plenamente financiados. Os investidores em CLNs equivalem a vendedores de proteção nos CDS. Alguns investidores (como seguradoras) tem restrições para usar derivativos de crédito, mas não para investir em CLNs (considerado como título). 37

Credit-Linked Note (CLN) Estrutura Básica Cupom/juros SPV (emissor) Principal Investidores (comprador) No vencimento, valor par menos qualquer perda em valor do ativo de referência devido a eventos de crédito Ativo de referência 38

Banco (comprador da proteção) Securitizações sintéticas Estrutura Básica prêmio do CDS Pagamento em caso de evento de crédito SPV investe em títulos do governo SPV (vendedor da proteção) Títulos com rating elevados SPV emite credit-linked notes Fundos Pagamento dos juros e principal Investidores (vendedores finais da proteção) 39

Securitizações sintéticas As transações sintéticas combinam securitização com derivativos de crédito. O banco que originou o crédito retém o ativo em seu balanço, mas transfere o risco de crédito associado para uma SPV via credit default swaps (CDS) A SPV, por sua vez, emite credit-linked notes (CLNs) que carrega o risco de default dos CDSs vendidos para as SPV. 40

Securitizações sintéticas A SPV investe os fundos gerados pela emissão dos CLN em títulos de elevado rating (geralmente títulos governamentais). A SPV usa a renda dos juros dos títulos do governo, juntamente com o prêmio do CDS, para fazer pagamentos nos CLNs. Vantagens das securitizações sintéticas: São mais flexíveis que as securitizações financiadas; Preservam a relação do banco com o cliente. 41

II. Structured Finance 42

Structured Finance Structured finance tem três aspectos chaves: Grupamento de ativos (tanto os financiados como os sintéticos); Desvinculação do risco de crédito das garantias ( collateral pool ) do risco de crédito do banco de origem; Tranching de passivos. 43

Collateralized Debt Obligations (CDOs) CDOs são asset-backed securities cujo colateral subjacente é tipicamente uma carteira de títulos ou empréstimos bancários. cujos fluxos de caixa são alocados para diferentes classes de investidores. Em um CDO, o SPV emite títulos com diferentes níveis de hierarquia (seniority) => tranches. 44

Collateralized Debt Obligations O risco de crédito dos CDOs são usualmente divididos em no mínimo três tranches: a tranche senior a tranche mezzanine a tranche junior ( first-loss or equity tranche ) As transações são usualmente estruturadas de modo que: A tranche senior recebe um rating AAA. A tranche mezzanine um rating BBB 45

Collateralised Debt Obligation Special Purpose Vehicle (SPV) Ativos US$100 milhões Carteira de Empréstimos ou Títulos Passivos CDOs emitidos US$100 milhões Tranche Senior US$75 milhões Tranche Mezzanine US$20 milhões Tranche Junior US$5 milhões 46

Perdas absorvidas pelas sucessivas tranches Tranche 1 ( equity tranche) $5 milhões Yield 35 % Absorve os primeiros $5 milhões de perdas $100 milhões Carteira de Títulos SPV Tranche 2 $10 milhões Yield 15 % Absorve os próximos $10 milhões de perdas Yield médio 8.5% Tranche 3 $10 milhões Yield 7.5 % Absorve os próximos $10 milhões de perdas. Tranche 4 $75 milhões Yield 6 % Absorve somente as perdas que excederem $25 milhões

Tipos de CDOs Collateralized loan obligations (CLOs) os ativos subjacentes são empréstimos Collateralized bond obligations (CBOs) os ativos subjacentes são títulos Collateralized mortgage obligations (CMOs) os ativos subjacentes são hipotecas CDOs de ABS: CDO-squared ou two-layer securitization 48

Tamanho do mercado 49

Principais Investidores Bancos Companhias seguradoras Hedge funds Fundos de Pensão 50

Two-layer Securitization ou CDO-squared 51

Two-layer Securitization Consiste de CDOs colateralizados por ABS, MBS, or CDOs. Depois de 2005, também sintéticos (colateralizados por CDS referenciados nos ABS individuais) Ex: Pega várias trancehes mezzanine de MBSs (as mais difíceis de vender), e empacota em diferentes tranches. 52

Two-layer Securitization (ABS-CDO) Subprime Mortgages Equity Tranche (5%) CDO 2 Equity Tranche (5%) Mezzanine Tranche (20%) BBB Mezzanine Tranche (20%) BBB Source: John C. Hull 2008 Senior Tranche (75%) AAA Senior Tranche (75%) AAA 53

Two-layer Securitization (ABS-CDO) O exemplo anterior mostra que se obteve 90% de ativos AAA de uma carteira de hipotecas subprime. E a subordinação adicional aumenta a chance de grandes perdas. 54

Two-layer Securitization Um índice (ABX) foi criado pelos dealers Referencia uma carteira dos 20 maiores subprime RMBS Em alguns casos é usado na marcação a mercado dos ativos. No gráfico a seguir podemos notar o crescente estresse no mercado de subprime a partir de meados de 2007. 55

The ABX Index Source: Brunnermeier, 2008 56

CDS Index Tranches 57

CDS Index Tranches The itraxx indexes são padronizados para obter maior liquidez no mercado secundário. Ex: O itraxx Europe tem seis tranches padronizadas: Equity (0-3 porcento of the joint loss distribution) Low mezzanine (3-6 porcento) Mid mezzanine (6-9 percento) High mezzanine (9-12 porcento) Super senior (12-22 porcento) High super senior (22-100 porcento) 58

Constant Proportion Debt Obligations 59

Constant Proportion Debt Obligations (CPDOs) CPDOs estão entre as mais recentes inovações financeiras. A primeira transação foi feita em 2006. Eles foram concebidos para usar a alavancagem para aumentar o retorno dos investidores de crédito. Fazer negócios altamente alavancados em índices de crédito. 60

CPDOs Estrutura Básica Índices CDS itraxx and CDX Prêmio do CDS Pagamento em caso de evento de crédito SPV investe em ativos seguros SPV (vendedor da proteção) SPV emite notes Fundos Pagamentos de juros e principal Investidores (vendedores finais da proteção) Ativos que pagam LIBOR 61

CPDOs Uma SPV emite 10-year notes com elevados ratings (a maioria AAA) e taxa yield igual a LIBOR + 200 basis points. A SPV investe osfundos que ela obtém do investidor em ativos seguros que pagam LIBOR. Inicialmente, há uma perda de 200 b.p. Para cobrir esta perda, a SPV constitui exposição a índices de CDS de grau de investimento (itraxx and CDX); Esses instrumentos são sintéticos (não exigem recursos); A alavancagem típica é 15: o valor nocional do CDS index is 15 vezes o valor investido pelos investidores. 62

CPDOs Exemplo: The SPV emite $100 million de notas, que pagam LIBOR + 200 bp. Vende proteção no itraxx e CDX com valor nocional de $1.5 billion (alavancagem 15). Assumindo um itraxx e CDX premium de 35 p.b., o prêmio que o SPV recebe é 525 p.b. (15 x 35bp). Suppose the os custos de transação (intermediários) seja de 65 p.b. por ano. O excesso de spread será de 260 p.b. = 525 200 65. 63

Structured Finance Policy Issues 64

Structured Finance Policy Issues De forma geral, structure finance representa um passo em direção a: Maior acesso ao crédito Mercados mais completos Maior eficiência na precificação Maior eficiência na distribuição de riscos Structured finance dá ao investidor a oportunidade de melhor gerenciamento do risco de seus investimentos através do acesso a uma nova classe de ativos com perfis indivividualizados de risco-retorno. 65

Structured Finance Policy Issues No entanto, o potencial para subestimar os riscos é uma característica presente em structured finance, aonde o pooling, tranching, e o envolvimento de diferentes participantes requer um rigor analítico e documentação apropriada. O risco pode ser aumentado devido a Opacidade e complexidade dos instrumentos Problemas de incentivos Concentração indevida de riscos 66

Da Perspectiva de Desenvolvimento dos Mercados Structured finance pode aprofundar o mercado de ativos Ao permitir que empresas acessem os mercados de capitais diretamente reduzindo a dependência do crédito bancário. Mas os pré-requisitos incluem: Agências de rating e investidores sofisticados Sistemas jurídicos eficientes Regulação financeira efetiva e supervisão que acompanha as inovações financeiras. 67

Da Perspectiva da Supervisão Complexas estruturas off-balance-sheet Podem criar escopo para arbitragem regulatória entre diferentes partes do sistema financeiro. Podem promover transferências de risco de crédito, mas também concentrações indevidas. Pode levar a alocações de risco pouco transparentes e descasamentos de maturidade A importância de cooperação internacional entre os reguladores nacionais é ressaltada pela locação offshore da maioria das SPVs. 68