BOLETIM INFORMATIVO. IVA Alimentação e Bebidas. (Verbas 1.8 e 3.1 da Lista II anexa ao Código do IVA)

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Departamentos: Contabilidade, Auditoria e Fiscalidade BOLETIM INFORMATIVO 07 de Junho de 2016 IVA Alimentação e Bebidas (Verbas 1.8 e 3.1 da Lista II anexa ao Código do IVA) Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março - Ofício Circulado n.º 030 181, de 2016.06.06 Em vigor a partir de 01 de Julho de 2016 Pedro Moreira Consultor Fiscal Rua São João de Deus, nº 72 Edifício D. Sancho I, 1º Sala C - Apartado 524 4764-901 VILA NOVA DE FAMALICÃO +351 252308330 a 38 +351 252308339 geral@agenciamoreira.pt www.agenciamoreira.pt

ENQUADRAMENTO A Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março, que aprovou o Orçamento do Estado para 2016 (OE 2016), introduziu alterações na verba 1.8, na categoria 3 e na verba 3.1, ambas da Lista II anexa ao Código do IVA, para entrarem em vigor no dia 1 de julho próximo. Com estas alterações, essas verbas ficaram com a seguinte redação: 1.8 Refeições prontas a consumir, nos regimes de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio. 3.1 Prestações de serviços de alimentação e bebidas, com exclusão das bebidas alcoólicas, refrigerantes, sumos, néctares e águas gaseificadas ou adicionadas de gás carbónico ou outras substâncias. Quando o serviço incorpore elementos sujeitos a taxas distintas para o qual é fixado um preço único, o valor tributável deve ser repartido pelas várias taxas, tendo por base a relação proporcional entre o preço de cada elemento da operação e o preço total que seria aplicado de acordo com a tabela de preços ou proporcionalmente ao valor normal dos serviços que compõem a operação. Não sendo efetuada aquela repartição, é aplicável a taxa mais elevada à totalidade do serviço. Naturalmente que a amplitude destas alterações, trouxe bastantes dúvidas quanto à sua aplicabilidade nas mais diversificadas situações existentes. Assim sendo e tendo em vista, não só a dissipação das mais vulgares duvidas, mas também quanto à aplicação uniforme das referidas verbas, a AT emitiu instruções administrativas constantes do recente Ofício Circulado n.º 030181, datado de 2016/06/06. Em função desse mesmo Ofício Circulado, vimos aqui transpor e complementar os conceitos e procedimentos constantes do mesmo, procedimentos esses que de alguma forma vêm criar novas realidades, por força da interpretação das referidas verbas, e que em nossa opinião passaram a ser as seguintes: A verba 1.8 da Lista II anexa ao CIVA encontra-se sistematicamente integrada na categoria 1 - Produtos para alimentação humana e determina a aplicação da taxa intermédia do imposto às refeições prontas a consumir, nos regimes de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio. Para efeitos de IVA, as operações abrangidas pela verba qualificam-se como transmissões de bens, nos termos do artigo 3.º do CIVA, Já a verba 3.1 da Lista II, assume o conceito diferente e esta também ela inserida sistematicamente na categoria 3 - Prestações de serviços, que determina a aplicação da taxa intermédia às prestações de serviços de alimentação e bebidas, com exceção do fornecimento de bebidas alcoólicas, refrigerantes, sumos, néctares e águas gaseificadas ou adicionadas de gás carbónico ou outras substâncias e que se enquadram, para efeitos de IVA, no artigo 4.º do CIVA, como prestações de serviços. Página 1 de 7

Importa antes de mais, clarificar os seguintes conceitos; - Serviços de restauração e de «catering» são os serviços que consistam no fornecimento de comida ou de bebidas, preparadas ou não, ou de ambas, destinadas ao consumo humano, acompanhado de serviços de apoio suficientes para permitir o consumo imediato das mesmas. O fornecimento de comida ou de bebidas, ou de ambas, constitui apenas uma componente de um conjunto em que os serviços são predominantes. - Constituem serviços de restauração, os serviços prestados nas instalações do prestador e serviços de catering os serviços prestados fora das instalações do prestador" - Está fora do conceito de «serviços de restauração e de catering» "o fornecimento de comida ou de bebidas, preparadas ou não, ou de ambas, incluindo ou não o transporte das mesmas, mas sem qualquer outro serviço de apoio, pelo que, nas "prestações de serviços de alimentação e bebidas", o fornecimento de alimentação e de bebidas é apenas uma componente de um conjunto em que os serviços são predominantes. - Consideram-se refeições prontas a consumir, no regime de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio, os pratos ou alimentos acabados de preparar, prontos para consumo imediato, com ou sem entrega ao domicílio (take away, drive in ou semelhantes), pelo que, sendo dissociadas de serviços de apoio relevantes estas entregas de refeições são consideradas transmissões de bens. Recordamos também que, até 31 de dezembro de 2011, constavam da verba 1.8. os produtos preparados à base de carne, peixe, legumes ou produtos hortícolas, massas recheadas, pizas, sandes e sopas, ainda que apresentadas no estado de congelamento ou pré- congelamento e refeições prontas a consumir, no regimes de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicilio", enquanto a verba 3.1, por sua vez, sujeitava à taxa intermédia as "Prestações de serviços de alimentação e bebidas". APLICABILIDADE DAS NOVAS REGRAS Verba 1.8 da lista II Refeições prontas a consumir, nos regimes de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio. Na redacção actual, passam a estar contempladas na verba 1.8, as Refeições prontas a consumir, nos regimes de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio.", tendo por isso sido excluída da mesma verba, a transmissão de produtos preparados à base de carne, peixe, legumes ou produtos hortícolas, massas recheadas, pizas, sandes e sopas, ainda que apresentadas no estado de congelamento ou pré-congelamento, quando estes produtos não constituam refeições confecionadas para consumo imediato. Daqui resulta que, por exemplo, pizas, sandes ou sopas, passam a enquadrar-se na verba 1.8 da Lista II, sempre que consistam em produtos confecionados para consumo imediato. No entanto, já não se encontram abrangidos pela mesma verba, sendo tributados à taxa de IVA que lhes corresponder individualmente (reduzida, intermédia ou normal), os produtos alimentares a seguir exemplificados, ainda que fornecidos em conjunto com refeições prontas a consumir: Página 2 de 7

i - A transmissão de sumos ou néctares de frutos, de iogurtes ou de pão é tributada de acordo com a taxa reduzida de IVA, por aplicação das verbas 1.11, 1.4.5, 1.1.5 da Lista I, respetivamente; ii - A transmissão de águas minerais ou de vinhos comuns é tributada à taxa intermédia, por aplicação das verbas 1.11 e 1.1 O da Lista II, respetivamente; iii. A transmissão de demais bebidas alcoólicas, de refrigerantes, de gelados e de produtos de pastelaria são tributados de acordo com a taxa normal do imposto, por falta de enquadramento em qualquer das verbas das Listas I ou II anexas ao CIVA. Alias, este entendimento, reflete as orientações administrativas da Autoridade Tributária relativamente à aplicação da verba 1.8 da Lista II, até à entrada em vigor da Lei do OE 2012. Quanto aos bens alimentares normalmente vendidos em grandes superfícies, supermercados ou similares (ex. enlatados ou boiões de comida para bebé) não se enquadram na verba 1.8 da Lista II, sem prejuízo, naturalmente, das situações em que estes estabelecimentos se dediquem, também, à confeção de refeições para consumo imediato, em regime de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio. Também não se enquadram na verba 1.8 da Lista II, as entregas de bens alimentares efetuadas através de máquinas de venda automática (vending), pelo que, como se referiu, a estes produtos aplica-se a taxa de IVA que individualmente lhes corresponder. Quando, no âmbito do fornecimento de refeições prontas a consumir, os produtos sejam transmitidos por um preço global único (por exemplo, piza com refrigerante) a determinação da taxa do imposto deve observar o disposto no n.º 4 do artigo 18.º do CIVA, pelo que, mantendo os bens a sua natureza e individualidade, aplica-se ao valor global dos bens a taxa de IVA que lhes corresponder, desde que esta seja a mesma. Cabendo-lhes taxas diferentes, aplica-se a mais elevada, de acordo com a alínea a) do n.º 4 do artigo 18.º do CIVA Verba 3.1 da lista II Prestações de serviços de alimentação e bebidas, com exclusão das bebidas alcoólicas, refrigerantes, sumos, néctares e águas gaseificadas ou adicionadas de gás carbónico ou outras substâncias. Quando o serviço incorpore elementos sujeitos a taxas distintas para o qual é fixado um preço único, o valor tributável deve ser repartido pelas várias taxas, tendo por base a relação proporcional entre o preço de cada elemento da operação e o preço total que seria aplicado de acordo com a tabela de preços ou proporcionalmente ao valor normal dos serviços que compõem a operação. Não sendo efetuada aquela repartição, é aplicável a taxa mais elevada à totalidade do serviço". São tributados à taxa intermédia de IVA, por aplicação da verba 3.1 da Lista II, os serviços de alimentação e de bebidas, com exceção das bebidas ali expressamente referidas. Página 3 de 7

Esta verba, aplica-se ao fornecimento de alimentação efetuado no âmbito de um serviço de restauração ou de catering, independentemente de se tratar de refeição principal ou não (entradas, aperitivos, sandes, sobremesas, gelados, etc.), para consumo nas instalações do prestador do serviço, no caso do serviço de restauração, ou para consumo no local onde o serviço é prestado, no caso do catering. A taxa intermédia a que se refere a verba 3.1 da Lista II é ainda aplicável ao fornecimento, incluído no serviço de restauração ou de catering, de águas naturais ou produtos de cafetaria em geral (chá, café, café com leite, leite com chocolate ou chocolate quente, entre outros) e das demais bebidas que não sejam expressamente excluídas da verba. Quando, em conjunto com os serviços de alimentação e bebidas abrangidos pela verba em questão, forem fornecidas bebidas alcoólicas, refrigerantes, sumos, néctares e águas gaseificadas ou adicionadas de gás carbónico ou outras substâncias, aplica-se a estes últimos a taxa normal do imposto, por estarem excecionados da verba 3.1 da Lista II. Prevendo a verba 3.1 a possibilidade de serem aplicadas diferentes taxas de IVA às várias componentes do serviço, tal circunstância deve ser devidamente refletida na fatura, para um correto apuramento do imposto a entregar ao Estado. Quando o fornecimento de alimentação e bebidas é efetuado mediante o pagamento de um preço global único (ex. menu, buffet ou em eventos que incluem o serviço de alimentação e bebidas), podendo incorporar elementos sujeitos a taxas de IVA distintas, o legislador determinou, no segundo parágrafo da mesma verba, os critérios de repartição do valor tributável pelas diferentes taxas de IVA aplicáveis, sendo que, para efeitos da repartição do valor tributável pelas taxas a aplicar, deve apurar-se o valor proporcional que cada parcela do serviço representa no preço global fixado, tendo em consideração, para o efeito, o preço de cada uma dessas parcelas do serviço quando faturada individualmente, atendendo-se, para isso, à tabela de preços do estabelecimento ou, na falta desta, ao valor normal dos serviços, determinado nos termos do n.º 4 do artigo 16.º do CIVA. Assim sendo, podem existir neste propósito várias situações e tratamentos distintos, a saber; 1ª Exista um preço em determinado menu, o qual detêm a informação desagregada dos seus produtos componentes, com indicação dos respetivos preços individuais de cada um e correspontentes taxas individuais de IVA aplicáveis, informação esta, quando comparável com a tabela normal de preços do estabelecimento, se constate existirem diferenças nos preços. a) Exemplo de um menu de 12,00 Euros, cujo somatório do preço dos produtos, vendidos de forma isolada, é igual ao preço que consta da tabela normal de preços do estabelecimento. Neste caso, havendo possibilidade de, não só discriminar de forma separada os produtos no menu com a indicação individualizada das diferentes taxas de IVA aplicáveis a cada produto, como também, se verificar que os mesmos produtos, vendidos de forma separada, mantêm os mesmos preços, conforme a tabela de preços do estabelecimento afixada. Exemplo de um menu com preço global de 12,00 Euros e se constante que de acordo com a tabela de preços do estabelecimento, o prato tem um preço de 9, com IVA incluído a 13%, o refrigerante, o preço de 2, com Página 4 de 7

IVA incluído a 23% e o café o preço de 1, com IVA incluído a 13%, no total dos mesmos 12,00 Euros, aqui o apuramento do imposto faz-se de forma direta, ou seja: Uma vez que os valores em causa contêm ou devem conter IVA incluído, a determinação da base tributável é efetuada nos termos do artigo 49.º do CIVA, dividindo-se o valor de 10,00 (9,00 + 1,00) por 113 e o de 2,00 por 123, multiplicando-se os quocientes por 100 e arredondando os resultados, por defeito ou excesso, para a unidade mais próxima. Assim, no exemplo, o valor do IVA a entregar ao Estado pelo serviço "menu" seria de 1,52, correspondendo 1,15 à parcela do serviço tributado à taxa intermédia e 0,37 à parcela tributada à taxa normal do imposto. b) Exemplo de um menu de 10,00 Euros, cujo somatório do preço dos produtos, vendidos de forma isolada, é de 12,00 Euros e, por consequência, diferente do preço que consta da tabela normal de preços do estabelecimento. Se neste menu com preço global de 10,00 Euros, se constante que de acordo com a tabela de preços do estabelecimento, o prato tem um preço de 9, com IVA incluído a 13%, o refrigerante, o preço de 2, com IVA incluído a 23% e o café o preço de 1, com IVA incluído a 13%, num total de 12,00 Euros, o preço deste tal menu de 10,00 Euros, será repartido pelas diferentes taxas de IVA aplicáveis, através da relação proporcional entre o preço do total do menu e o preço que corresponde a cada serviço na tabela de preços. Assim, no exemplo, o prato e café representam 83,3% do preço do menu ( 9 + 1 ) / 12, enquanto o serviço à taxa normal (refrigerante) representa 16,7% 2 / 12, pelo que, aplicando as percentagens obtidas ao preço do menu ( 10), teremos que 10 x 83,3%= 8,33 (valor com IVA incluído a 13%) e 10 x 16,7 % = 1,67 (valor com IVA incluído a 23%) Tendo por base que também aqui os valores em causa contêm ou devem conter IVA incluído, a determinação da base tributável é efetuada, também nos termos do artigo 49.º do CIVA, dividindo-se o valor de 8,33 por 113 e o de 1,67 por 123, multiplicando-se os quocientes por 100 e arredondando os resultados, por defeito ou excesso, para a unidade mais próxima. Assim, neste exemplo, o valor do IVA a entregar ao Estado pelo serviço "menu" seria de 1,27, correspondendo 0,96 à parcela do serviço tributado à taxa intermédia e 0,31 à parcela tributada à taxa normal do imposto. 2ª Exista um preço em determinado menu, o qual não detêm a informação desagregada dos seus produtos componentes, com indicação dos respetivos preços individuais de cada um e respetivas taxas individuais de IVA aplicáveis, ou seja, seja apenas um preço global. Quando, num menu de preço único e global, não seja efetuada a repartição das taxas de IVA ou a desagregação dos produtos componentes do respetivo menu que possam ajudar a identificar as diferentes taxas de IVA aplicáveis, aplica-se a taxa mais elevada do imposto a todo o valor tributável, o que no caso destes menus acima referidos, o IVA a entregar ao Estado seria de 1,87 (Menu de 10,00 Euros) ou de 2,24 Euros (Menu de 12,00 Euros). Página 5 de 7

3ª Exista um preço em determinado menu, o qual detêm a informação desagregada dos seus componentes, com indicação dos respetivos preços individuais de cada produto e taxas de IVA aplicáveis a cada um dos referidos, mas que o estabelecimento, não disponha de tabela de preços individuais, que possa confirmar ou não se os mesmos produtos fossem vendidos em separado teriam o mesmo preço. Nestes casos da falta de "tabela de preços" no estabelecimento e, havendo repartição do valor tributável pelas diferentes taxas, esta deve ter por base o valor normal dos serviços que compõem a operação, determinado nos termos do n.º 4 do artigo 16.º do CIVA. Esta situação da falta de tabela de preços, que possa vir a confirmar os valores unitários dos bens que compõem o menu, se vendidos de forma individual, pode vir a ser potenciadora de litígios com a AT, dai que se aconselha à sua existência. Notas Adicionais: De referir ainda que a expressão outras substâncias constante do fim do 1.º parágrafo da verba 3.1 da Lista II, parece-nos que apenas se aplica a quaisquer outras substâncias, para além do gás carbónico, que sejam adicionadas à água e que as águas gaseificadas, desde que fazendo parte do serviço de alimentação e bebidas, serão tributadas á taxa normal. No entanto, não fazendo parte de um serviço de alimentação e bebidas, a transmissão das águas gaseificadas, serão tributadas à taxa intermédia, por se enquadrarem na verba 1.11 da Lista II; Verba 2.17 da lista I Serviços de alojamento A verba 2.17 da Lista I determina a aplicação da taxa reduzida ao alojamento em estabelecimentos do tipo hoteleiro. Estabelece, ainda, que a taxa reduzida se aplica somente ao preço do alojamento, incluindo o pequenoalmoço, se não for objeto de faturação separada, sendo equivalente a metade do preço da pensão completa e a três quartos do preço da meia pensão. Assim, de forma resumida e articulando o disposto nesta verba com a verba 3.1 da Lista II, deve observar-se o seguinte: i) - Alojamento com pequeno-almoço incluído: - aplica-se a taxa reduzida do imposto, por força da verba 2.17 da Lista I; ii) - Regime de pensão completa (alojamento com pequeno-almoço + almoço + jantar): - 50% do preço é tributado à taxa reduzida de IVA por força da verba 2.17 da Lista I e a restante metade é tributada de acordo com o disposto na verba 3.1 da Lista II; iii) Regime de meia pensão (alojamento com pequeno-almoço+ uma refeição principal): - 75% do preço é passível de IVA à taxa reduzida por aplicação da verba 2.17 da Lista I e 25% do preço é tributado de acordo com o previsto na verba 3.1 da Lista II. Página 6 de 7

No entanto, quando estes serviços forem objeto de faturação separada, a taxa reduzida apenas é aplicável ao serviço de alojamento, sendo as operações efetuadas no âmbito do serviço de alimentação e de bebidas tributadas em conformidade com a verba 3.1 da Lista II. Aos serviços de restauração e bebidas efetuadas no âmbito da atividade de hotelaria e similares aplica-se o disposto no segundo parágrafo da verba 3.1 da Lista II relativo à fixação de um preço global, tendo ainda por base o acima indicado. Nota mais uma vez para o facto de, quando não seja efetuada a repartição do valor tributável por cada uma das taxas aplicáveis, se distintas, aplica-se a taxa de imposto mais elevada. Os demais serviços ou bens fornecidos no âmbito do serviço de hotelaria são tributados de acordo com a taxa que lhes corresponder (aluguer de salas, serviços de lavandaria, mini-bar, etc.). REGIME DE FATURAÇÃO A alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA determina a obrigação de emissão de fatura para todas as transmissões de bens ou prestações de serviços, incluindo os pagamentos antecipados, independentemente da qualidade do adquirente ou do destinatário dos mesmos, ainda que estes não a solicitem. As faturas devem ser datadas, numeradas sequencialmente e conter os elementos previstos no n.º 5 do artigo 36. º ou n.º 2 do artigo 40.º, ambos do CIVA, consoante se trate de fatura ou fatura simplificada. No caso de a operação à qual se reporta a fatura compreender bens ou serviços sujeitos a taxas diferentes de imposto, os seguintes elementos devem ser indicados separadamente, segundo a taxa aplicável: - quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou dos serviços prestados, - preço líquido de imposto, - taxas aplicáveis e o montante de imposto devido ou, - preço com inclusão do imposto e as taxas aplicáveis. Página 7 de 7