O propósito deste seminário

Documentos relacionados
Física Moderna. Aula 1 Introdução. Curso - Licenciatura em Física EAD. Prof a. Dra. Ana Paula Andrade Universidade Estadual de Santa Cruz

A Teoria da Relatividade

Uma Introdução à Relatividade Especial

FIS Cosmologia e Relatividade Thaisa Storchi Bergmann

Mecânica e Ondas LEIC-TP

CONCEITOS DE RELATIVIDADE RESTRITA

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE ESPECIAL

FÍSICA. Física Moderna. Relatividade. Prof. Luciano Fontes

Cap Relatividade

As origens das teorias da relatividade. Marcos Santos Bonaldi Nº USP

Não é fácil falar sobre como cheguei á idéia da teoria da Relatividade. Albert Einstein

Conceitos pré-relativísticos. Transformações de Galileu. Princípio da Relatividade de Galileu. Problema com a dinâmica newtoniana

Aula 2: Relatividade Restrita

Relatividade Geral: o que é, para que serve

Tópicos da História da Física Clássica

Relatividade Restrita. Adaptação do curso de Sandro Fonseca de Souza para o curso de Física Geral

Partículas: a dança da matéria e dos campos

Aula 10 Relatividade. Física 4 Ref. Halliday Volume4. Profa. Keli F. Seidel

Física IV Relatividade. Prof. Helena Malbouisson Sala 3018A

Notas de aula - Espaço Tempo

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE

Aula 10 Relatividade. Física 4 Ref. Halliday Volume4. Profa. Keli F. Seidel

Conteúdos de 1 à 4. As leis da Mecânica são as mesmas independentes dos referenciais.

Instituto de Fıśica UFRJ Mestrado em Ensino profissional

Relatividade Especial & Geral

Graça Ventura Adaptado por Marília Peres por Marília Peres

O surgimento da teoria da relatividade restrita

Lista 3 - FIS Relatividade Geral Curvatura, campos de Killing, fluidos, eletromagnetismo.

A gravitação universal de Newton nos diz que dois corpos se atraem se suas massas são positivas e se repelem se elas são negativas.

Capítulo IV Transformações de Lorentz

Nosso senso comum falha para descrever fenômenos: que envolvem dimensões reduzidas (átomos, moléculas, partículas...) =>> MECÂNICA QUÂNTICA que

Ondas eletromagnéticas

Conceitos de espaço tempo

Aula 18. Teoria da Relatividade Restrita (1905) Física Geral IV - FIS503. Parte I

Thiago Pereira XVI Semana da Física Universidade Estadual de Londrina. Introdução à Relatividade

II ENBOGRET 24 de julho de 2010 Planetário da Gávea

INTRODUÇÃO À ASTROFÍSICA LIÇÃO 12: A RELATIVIDADE RESTRITA

FÍSICA GREGO PHYSIS QUE SIGNIFICA NATUREZA. É A CIÊNCIA QUE ESTUDA

Física IV Relatividade. Prof. Helena Malbouisson Sala 3018A

Física IV. Décima segunda lista de exercícios

Instituto de Física USP. Física V - Aula 02. Professora: Mazé Bechara

Título ONDULATÓRIA Extensivo Aula 28. Professor Edson Osni Ramos (Cebola) Disciplina. Física B

Introdução. Por mais de 200 anos... Até que em 1905 Einstein... m = m 0

FÍSICA IV PROF. PIERRE VILAR DANTAS AULA 7-30/09/2017 TURMA: A HORÁRIO: 7M PIERREDANTASBLOG.WORDPRESS.COM

Prof. Thiago Miranda de Oliveira

Espectro da radiação electromagnética

Relatividade conteúdos de 5 a 6

Curso Física 1. Aula - 6. Leis de Newton Parte 1

Aula 10 Relatividade. Física 4 Ref. Halliday Volume4. Profa. Keli F. Seidel

Relatividade. Prof. Paulo Sérgio Moscon Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil. Maio 23, Resumo

Noções de espaço e tempo

Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Cadeira de Mecânica e Ondas

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso Física. Ênfase. Disciplina A - Física IV. Docente(s) Jose Humberto Dias da Silva

REVISÃO E AVALIAÇÃO DA UNIDADE IV

Aula 5: Gravitação e geometria

Prova 05/06/2012. Halliday Vol 3-6ª edição Cap 29, 30, 31,32. Halliday Vol 3-8ª edição Cap 28, 29, 30, 32. Aulas 9-15

Apostila de Física 46 Relatividade Especial

PLANO DE ATIVIDADE ACADÊMICA NOME

MATRIZ DA PROVA DE EXAME A NÍVEL DE ESCOLA AO ABRIGO DO DECRETO-LEI N.º 357/2007, DE 29 DE OUTUBRO

Neste capítulo veremos uma breve introdução

Eletromagnetismo II. Preparo: Diego Oliveira. Aula 12

Nome: Jeremias Christian Honorato Costa Disciplina: Materiais para Engenharia

Física VIII. Aula 1 Sandro Fonseca de Souza

PLANO DE ENSINO. Disciplina: Física Eletricidade Ótica Carga Horária: 80h Período: 3º. Ementa

Capítulo I Introdução


NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA

Emissão de Radiação de uma partícula carregada em um campo gravitacional

Física Aplicada à Engenharia I

O espaço-tempo curvo na teoria da relatividade geral. Felipe Tovar Falciano

CURSO FÍSICA PARA VESTIBULARES 2018

RELATIVIDADE Fundamentos de Física Moderna ( ) - Capítulo 01

O Paradoxo do Celeiro e do Poste

Sobre a Teoria da Relatividade Total como teoria de medida para observáveis em n dimensões e um significado da 5ª Dimensão para o Meio Material

Formulação Covariante do Eletromagnetismo

FÍSICA IV PROF. PIERRE VILAR DANTAS AULA 11-04/11/2017 TURMA: A HORÁRIO: 7M PIERREDANTASBLOG.WORDPRESS.COM

Eletricidade e Magnetismo I

As leis de movimento newtonianas

Equação de Maxwell Maxwell's Equation

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS ESCOLA DE ENGENHARIA DE PERNAMBUCO

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE RESTRITA DIÂNGELO C. GONÇALVES

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA CAPÍTULO 1. Prof. Carlos R. A. Lima INTRODUÇÃO AO CURSO E TEORIA DA RELATIVIDADE ESPECIAL

Adição Simples x = x vt y = y z = z t = t

FÍSICA - TIPO C. v(m/s) t(s) Dados:

FÍSICA - TIPO A. Dados:

Isaac Newton ( )

Programa. - Propagação da Luz(1) - Interferômetro de Faby-Perot(1)

Gravidade: Clássica e Quântica. Panoramas da Física

Partículas: a dança da matéria e dos campos

PLANO DE ENSINO. Prática: Experimentos, desenvolvimentos, demonstrações, discussão de problemas e seminários em Física Geral e Experimental.

ADEUS AO BOM SENSO: EINSTEIN. Prof. Gustavo Castro

RESOLUÇÕES DA PROVA DE FÍSICA UFC PROFESSOR Célio Normando

Matriz de referência DE FÍSICA - SAERJINHO ANO ENSINO MÉDIO

Fundamentos de Mecânica

Capítulo 38 Fótons e Ondas de Matéria Questões Múltipla escolha cap. 38 Fundamentos de Física Halliday Resnick Walker

Força direção magnitude magnitude

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 2 p. 1

Eletricidade e Magnetismo

O ÉTER PRÉ-RELATIVÍSTICO, AS ORIGENS DA TEORIA DA RELATIVIDADE E A COSMOLOGIA MODERNA

Transcrição:

O propósito deste seminário O principal objetivo deste seminário é dar uma idéia do contexto em que nasce a teoria da relatividade restrita (TRR) oferecendo um contraponto às visões da teoria introduzidas nos livros-texto, a saber: Albert Einstein é o único e genial descobridor da TRR. Os experimentos relacionados com o éter em especial o experimento de Michelson-Morley levam imediatamente à TRR. Após uma profunda análise dos conceitos fundamentais, desconhecendo os resultados do experimento de Michelson-Morley, Albert Einstein deduz a TRR. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 1 / 39

Nem tudo é relativo! Uma introdução à relatividade restrita A C Tort 1 1 Departmento de Física Teórica Instituto Física Universidade Federal do Rio de Janeiro 16 de Outubro de 2008 Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 2 / 39

Roteiro 1 A mecânica de Newton Espaço e tempo newtonianos As leis de Newton 2 A natureza da luz: onda ou corpúsculo? 3 O eletromagnetismo de Maxwell As equações de Maxwell Ondas eletromagnéticas Hertz e as ondas eletromagnéticas 4 A relatividade galileana Transformações de Galileu, mecânica e eletromagnetismo 5 O éter e a propagação da luz 6 O princípio da relatividade 7 paradoxos 8 O novo éter: o vácuo quântico, o efeito Casimir e o efeito Scharnhorst Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 3 / 39

A mecânica de Newton Isaac Newton (1642-1727) e os Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (1687) Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 4 / 39

Espaço e tempo newtonianos Para Newton, o espaço e o tempo são absolutos, i.e.: não dependem da presença da matéria. O tempo matemático, absoluto, verdadeiro, por si mesmo, e por sua própria natureza flui uniformemente sem relação com qualquer coisa externa, e também é conhecido por duração; o tempo comum, relativo, aparente é alguma medida precisa ou desigual da duração por meio do movimento... O espaço absoluto, por sua própria natureza, permanece sempre igual e imóvel, sem relação com qualquer coisa externa. O espaço relativo é alguma dimensão móvel ou medida do espaço absoluto... Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 5 / 39

As leis de Newton 1 Todo corpo persevera em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta a menos que seja obrigado a mudar esse estado por forças impressas nele. 2 A alteração do movimento é sempre proporcional à força motiva impressa; e é feita na direção da linha reta sobre a qual essa força é impressa. 3 Para toda ação há sempre uma reação igual; ou as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas para partes contrárias. Obs: força motiva impressa significa impulso. A segunda lei na forma F = m a foi introduzida mais tarde por Leonard Euler (1707-1783). Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 6 / 39

A natureza da luz: onda ou corpúsculo? Newton e Descartes, por exemplo, acreditavam na natureza corpuscular da luz. Mas outros personagens não... Thomas Young (1773-1829) e o fenômeno da interferência: Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 7 / 39

O princípio de Huygens Christiaan Huygens (1773-1829) e a construção geométrica da frente de onda: Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 8 / 39

O eletromagnetismo de Maxwell James Clerk Maxwell (1831-1879) e seu Tratado sobre Eletricidade e Magnetismo (1873). Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 9 / 39

O eletromagnetismo de Maxwell nos tempos de Maxwell Na forma completa e concisa escrita por Oliver Heaviside e Heinrich Hertz, as equações fundamentais do eletromagnetismo são: D = ρ, B = 0, E = D B D t, H = J + D D D t, onde J é a densidade de corrente de condução e D/D t é a derivada convectiva definida por: D D t = t (v ) + v ( ). Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 10 / 39

Os vetores E, D, H e B, descrevem um estado macroscópico de um meio contínuo. Em um meio linear, D = ɛ, E e B = µ H. Na expressão da derivada convectiva: D D t = (v... ) + v (... ), t a velocidade v é a velocidade local do meio= matéria + éter em relação ao éter livre. Esta velocidade pode variar de ponto a ponto. No éter, v = 0 em todos os pontos e as equações de Maxwell coincidem com a forma moderna, embora a sua interpretação seja diferente Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 11 / 39

O eletromagnetismo de Maxwell: forma moderna Em notação moderna (introduzida por Oliver Heaviside) e unidades SI: E = ρ ɛ 0, B = 0, E = B t, B = µ 0 J + µ 0 ɛ 0 E t. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 12 / 39

O eletromagnetismo de Maxwell: ondas eletromagnéticas A partir das equações de Maxwell no éter livre, v = 0, ρ = 0, J = 0, podemos obter equações para o campo elétrico e magnético que têm como solução campos E(x, y, z, t) e B(x, y, z, t) que se propagam no éter à medida que o tempo passa. 2 E x 2 2 B x 2 + 2 E y 2 + 2 B y 2 + 2 E z 2 + 2 B z 2 1 c 2 2 E t 2 = 0, 1 c 2 2 B t 2 = 0, A constante c tem dimensões de velocidade e é a velocidade de propagação da onda eletromagnética no éter. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 13 / 39

Hertz e as ondas eletromagnéticas As ondas eletromagnéticas previstas por Maxwell foram detectadas experimentalmente em 1888 por Heinrich Hertz (1857-1894): Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 14 / 39

A teoria de Maxwell incorpra a óptica ao eletromagnetismo, i.e.: LUZ = ONDA ELETROMAGNÉTICA Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 15 / 39

A relatividade galileana Transformações de Galileu para o espaço e para o tempo: x = x + u t, t = t. Transformações de Galileu para a velocidade: v = v + u, Transformações de Galileu para a aceleração: a = a. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 16 / 39

As transformações de Galileu e a mecânica As leis de força devem ser da forma: F = F (x 2 x 1, v 2 v 1, t t 0 ), como por exemplo, a lei da gravitação universal: ou a lei de Coulomb: F = G m 1 m 2 x 2 x 1 2, F = 1 4πɛ 0 q 1 q 2 x 2 x 1 2, ou ainda, uma força uniforme como o peso de um corpo nas proximidades da superfície da Terra. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 17 / 39

Como a massa inercial (e a carga elétrica!) não mudam de valor quando passamos de um referencial inercial para outro, podemos afirmar que: F = ma é válida para todos os referenciais inerciais. Formalmente dizemos que: AS LEIS DA MECÂNICA SÃO INVARIANTES FRENTE ÀS TRANSFORMAÇÕES DE GALILEU. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 18 / 39

Transformações de Galileu e as ondas eletromagnéticas E o eletromagnetismo maxwelliano? As transformações de Galileu modificam a as equações da onda. Se no referencial inercial K a equação de onda tem a forma: 2 Ψ x 2 + 2 Ψ y 2 + 2 Ψ z 2 1 c 2 2 Ψ t 2 = 0, em um referencial K que se move com velocidade v na direção x em relação K, a equação assume a forma: 2 Ψ x 2 + 2 Ψ y 2 + 2 Ψ z 2 1 2 Ψ c 2 t 2 v 2 2 Ψ c 2 x 2 + 2v c 2 2 Ψ x 2 t 2 = 0. Isto significa que os referenciais inerciais podem ser diferenciados um do outro pela forma da onda eletromagnética! Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 19 / 39

Por exemplo, uma onda esférica em relação ao éter: assume uma forma ovalada em um refrencial que se move com velocidade v em relação éter! Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 20 / 39

Vários teóricos procuraram descobrir que transformações deixam a teoria de Maxwell invariante em relação à mudança de referencial inercial, entre eles: Hendrik Lorentz : e Henri Poincaré: Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 21 / 39

O éter: a velocidade da luz A constante c que aparece nas equações de onda do eletromagnetismo de Maxwell tem dimensões de velocidade e vale: c = 1 µ0 ɛ 0 3 10 8 m/s. A pergunta que os teóricos da época faziam a si próprios era: em relação a que referencial a velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas era c? Para esta pergunta a resposta era: em relação ao éter! Esta resposta levou a outra pergunta: é possível medir a velocidade do luz em relação a um referencial que se move com velocidade v em relação ao éter? Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 22 / 39

Fresnel e o éter Jean Augustin Fresnel,(1788-1827) mostra que as propriedades do éter são modificadas pela presença da matéria. De acordo com Fresnel, a velocidade da luz em um meio que se move com velocidade v em relação éter é dada por: c = c + v (1 1n 2 ), onde c é a velocidade da luz no éter livre e n, o índice de refração do meio Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 23 / 39

O experimento de Fizeau Entre 1851 e 1925 várias experiências foram feitas para medir o coeficiente de arrastre de Fresnel, o fator: (1 1n 2 ). Entre elas a de Hyppolite Fizeau: cujo resultado é compatível com a teoria de Fresnel! Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 24 / 39

O experimento de Michelson-Morley I A experiência de resultado nulo mais famosa da hisitória de física. Albert Michelson (1852-1931) Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 25 / 39

O experimento de Michelson-Morley II Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 26 / 39

versão moderna da experiência de Michelson-Morley Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 27 / 39

Relatividade Restrita Em 1905, ignorando a hipótese do éter por considerála insustentável, Albert Einstein (1879-1955) publica o trabalho sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento em que teoria da relatividade restrita é apresentada pela primeira vez. A teoria repousa sobre dois postulados fundamentais: As leis da física são as mesmas para todos os observadores inerciais. A velocidade da luz é uma constante e independe do estado de movimento da fonte emissora. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 28 / 39

As transformações de Lorentz de acordo com Einstein Com os postulados da TRR, Einstein redescobre as transformações que deixam a física igual para todos os observadores iniciais: onde: x = γ ( x + v t ), ( t = γ t + x ) v c 2, γ = 1. 1 v 2 c 2 Estas transformações são chamadas transformações de Lorentz. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 29 / 39

Breve cronologia das transformações s de Lorentz Por quê as transformações são ditas de Lorentz se foram deduzidas por Einstein? Muitos teóricos, por exemplo, Joseph Larmor (1857-1942) e Hendrik Lorentz (1853-1928), partidários do éter, buscavam transformações que deixavam a teoria de Maxwell inalterada com a passagem do referencial do éter para um referencial que se movia em relação ao éter. Descobertas por Joseph Larmor em 1897. Primeira versão (aproximada) publicada por Hendrik Lorentz em 1895. Versões finais publicadas por Lorentz em 1899 e 1904. Henri Poincaré as identifica como exemplo do que os matemáticos chamam grupo e cunha o nome transformações de Lorentz. São deduzidas novamente por Albert Einstein com os postulados da relatividade restrita (1905). Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 30 / 39

Espaçotempo! A teoria da relatividade restrita substitui o espaço e o tempo usual, por um novo conceito: o espaçotempo, cuja estrutura geométrica foi estudada por Hermann Minkowski. O espaçotempo tem quatro dimensões e a distância entre dois pontos (eventos!) é dada por: ( s) 2 = c 2 ( t) 2 ( x) 2 ( y) 2 ( z) 2. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 31 / 39

Conseqüências I: a simultaneidade é relativa No espaçotempo, a simultaneidade de dois eventos é relativa. Duas explosões que são simultâneas em um referencial deixam de sê-lo em outro que se move com velocidade v em relação ao primeiro. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 32 / 39

Conseqüências II: a dilatação do tempo t = γ t. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 33 / 39

Conseqüências III: a contração de Lorentz-FitzGerald L(v) = L 0 γ < L 0 Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 34 / 39

O paradoxo da estação espacial Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 35 / 39

Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 36 / 39

O paradoxo dos gêmeos Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 37 / 39

O novo éter: o vácuo quântico e o efeito Casimir No decorrer do tempo, o éter foi substituído pelo vácuo clássico, total ausência de matéria e campos. O vácuo clássico foi por sua vez substituído pelo vácuo quântico, cuja estrutura (como o éter de Fresnel) pode ser modificada pela simples presença da matéria. Este é o efeito Casimir no qual duas placas condutoras paralelas, neutras, atraem-se mutuamente. Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 38 / 39

A presença da matéria, no caso, as duas placas condutoras paralelas, altera a estrutura do vácuo quântico e conseqüentemente, pode ser provado, a velocidade de propagação da luz entre as placas! Este é o efeito Scharnhorst. No caso de placas condutoras, a velocidade da luz aumenta, no entanto, se uma das placas condutoras for substituída por uma placa magneticamente permeável, a velocidade da luz entre as placas diminui! [ M V Cougo-Pinto (UFRJ), C Farina (UFRJ), F C Santos (UFRJ) & A C Tort (UFRJ): The speed of light in confined QED vacuum: faster or slower than c?. Physics Letters B446 (1999), 170-174.] SERÁ O RETORNO DA ÉTER? Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 39 / 39