BIO CURSOS FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO JAQUELINE DE SALES ALMEIDA PROTOCOLOS DE TREINAMENTO DE FORÇA APLICADOS EM HIPERTENSOS Manaus 2016
JAQUELINE DE SALES ALMEIDA PROTOCOLOS DE TREINAMENTO DE FORÇA APLICADOS EM HIPERTENSOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Pós Graduação em fisiologia do exercício, Faculdade FASSERRA, como pré requisito, sob a Orientação do Professor (a): Dayana Priscila Maia Mejia. Manaus 2016
2 Protocolos de treinamento de força aplicados em hipertensos Jaqueline de Sales Almeida 1 jaquelinedesales@gmail.com Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Fisiologia do Exercício Faculdade Fasserra Resumo A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma das maiores responsáveis por morbidade cardiovascular no Brasil. Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da HAS está o sedentarismo, tornando-se relevante a prática de exercícios físicos, pois estes são responsáveis por uma série de respostas fisiológicas no sistema cardiovascular. Entre os exercícios físicos está o treinamento de força, eficiente para aumentar força, hipertrofia, potência muscular e resistência muscular localizadas, porém, são poucos os estudos realizados com exercícios de força em humanos hipertensos. O objetivo deste trabalho é conhecer artigos originais de 2000 a 2016 e seus protocolos a fim de verificar quais são os mais eficientes para o controle da pressão arterial. Para isso, foi realizada a pesquisa qualitativa bibliográfica em base de dados na internet (Scielo e Lilacs) através da qual foram selecionados 6 artigos em português que utilizaram protocolos de treinamento de força em suas pesquisas. Neles foi constatado que, independente do número de séries, repetições ou exercícios, o treinamento de força reduz os valores de PAS e PAD em populações hipertensas, sendo um mecanismo eficaz na prevenção, controle e tratamento da doença, carecendo de mais estudos envolvendo populações mais jovens. Palavras-chave: Treinamento de força, hipertensão, protocolos. 1. Introdução Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA) e, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, ela é associada a alterações funcionais e/estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas 1 representando uma das maiores causas de morbidade cardiovascular no Brasil. 1 Pós-graduanda em Fisiologia do Exercício 2 Fisioterapeuta; Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Mestre em Bioética e Direito em Saúde.
3 A HAS popularmente conhecida como pressão alta é diagnosticada quando a pressão arterial é igual ou maior que 140 por 90 mmhg. Em Manaus-AM, 14% dos adultos são hipertensos segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2014 (VIGITEL) 2. Entre os fatores de risco para a HAS está o sedentarismo, logo o exercício físico se torna importante no controle dela. O exercício físico provoca uma série de respostas fisiológicas nos sistemas corporais e, em especial, no sistema cardiovascular 3, em razão disso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda a prática de exercícios isotônicos de intensidade leve (até 70% da Frequência Cardíaca FC) nos casos iniciais, moderada (70% a 80% da FC) e vigorosas (acima de 80% da FC) e também a prática de exercícios de força ou resistidos entre duas e três vezes por semana, realizando de uma a três séries de 8 a 15 repetições até a fadiga moderada. Os exercícios de força, também conhecidos como exercícios resistidos são eficientes para aumentar força, hipertrofia, potência muscular e resistência muscular localizadas 4. Segundo Medina et al 5 durante algum tempo, o exercício resistido era contraindicado para indivíduos com problemas cardiovasculares, o estudo de seus efeitos sobre a pressão arterial foi negligenciado por muito tempo limitando os estudos com seres humanos. Esta revisão tem como problema quais os protocolos de treinamento de força mais utilizados pelos pesquisadores em artigos originais e quais os efeitos que eles tem sobre indivíduos hipertensos. Diante disso, o objetivo deste trabalho é conhecer artigos originais publicados no Brasil de 2000 a 2016 e seus protocolos a fim de verificar quais são os mais eficientes para o controle da pressão arterial. A hipertensão é um dos problemas de saúde pública atual, acometendo principalmente pessoas com idade acima de 50 anos, o que revela a escassez de estudos que atestem métodos que amenizem a manifestação desta patologia. Portanto, esta revisão justifica-se pelo exercício físico ter um papel importante para evitar a dependência de medicamentos anti-hipertensivos, no entanto, não se tem uma resposta sobre qual o treinamento mais eficaz para a redução de complicações cardíacas em hipertensos. 2. Fundamentação Teórica
4 Estudos epidemiológicos e clínicos têm demonstrado efeitos benéficos da prática de atividade física sobre a pressão arterial em indivíduos de todas as idades 6. Segundo Medina 5, entende-se por atividade física qualquer movimento corporal que eleve o gasto calórico acima do basal e exercícios físicos são atividades físicas estruturadas com objetivo especifico de melhorar a saúde e a aptidão física. Dentre os tipos de exercício físicos, o exercício de força ou resistido, por muito tempo foi considerado contraindicado para indivíduos com problemas cardiovasculares, o que justifica o pouco número de estudos sobre este tipo de treinamento. Atualmente, segundo Polito 7,entidades de pesquisas internacionais e nacionais relacionadas com a saúde indicam o treinamento com pesos como parte integrante de um programa de exercícios físicos para auxiliar no controle da pressão arterial. Matsudo et al 8 apontam alguns benefícios do exercício de força tais como: aumento da força dinâmica, do pico da capacidade de exercício, da endurance submáxima, diminuição dos valores de percepção subjetiva de esforço durante exercício intenso e relatos de melhora da função nas atividades vigorosas da vida diária. Estudos mostram que reduções na Pressão Arterial Diastólica (PAD) foram encontradas com um maior número de exercícios resistidos, apesar desses exercícios também terem levado a uma pequena diminuição na Pressão Arterial Sistólica (PAS) 9. A redução da PAS após a realização de exercícios de força tem sido bastante observada sendo esta redução na primeira hora após a realização da atividade, segundo Anunciação e Polito 10 independe do protocolo utilizado. As alterações da pressão arterial promovidas por atividade física têm sido amplamente estudadas; entretanto, são ainda pouco exploradas em populações de países em desenvolvimento como o Brasil 11. 3. Metodologia Trata-se de uma pesquisa bibliográfica qualitativa a partir de artigos publicados nas bases de dados: SciElo (Scientific Electronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) na qual se reuniu as publicações dos anos de 2000 a 2016 sobre treinamento de força e hipertensão. O período do estudo foi de setembro a novembro de 2016 no qual se buscou artigos originais que envolvem seres humanos e artigos de revisão através das palavraschave: hipertensão, hipertensos, treinamento de força, treinamento resistido, exercício
5 isométrico. Foram selecionados para este trabalho somente artigos em português, entre eles, 6 artigos originais, nos quais identificamos os protocolos de treinamento realizados voltados para populações hipertensas a fim de atingir os objetivos propostos. 4. Resultados e Discussão Os resultados encontrados estão dispostos no quadro 1. Autor (es) Amostra Protocolo de treinamento de força/resistido Resultados Grupos Volume Intervalo Costa et al 12 15 mulheres (66 ± 4 anos) 6 (GT exercício com pesos) e 9 (GNT alongamento) 7 exercícios (supino vertical, remada convergente, rosca scott, tríceps no pulley, mesa extensora, mesa flexora e cadeira adutora); 2 séries; 10 a 15 repetições; 3 vezes por semana. 1 minuto entre as séries; 2 minutos entre os exercícios. PAS no 30º minuto após exercício da SE, SC sem alterações significativas (GT); PAS e PAM nos minutos 15, 30, 45 e 60 pós-exercício da SE; PAS e PAM nos minutos 0, 15, 45 e 60 da SC (GNT). Jannig et al13 8 idosos (62,1 ± 3,1 anos) 6 exercícios (leg press 90º, extensão de joelho, flexão de joelho, supino sentado na máquina, puxada alta anterior e remada alta); 3 séries; 12 RM 2 a 3 minutos entre cada série e exercício. PAD nos minutos 20, 30 e 60 e HPE no P3. Mediano et al 14 20 idosos (61 ± 12 anos) 4 exercícios (supino reto, legpress, remada em pé no puxador baixo e rosca tríceps no puxador alto); 1 a 3 séries; 10 repetições 2 minutos entre as séries e os exercícios. PAS no minuto 40 após SER1; PAS até 60 minutos e PAD no minuto 30 e 50 após o SER3.
6 Polito et al 15 9 homens (20 ± 1 anos) e 7 mulheres (21 ± 5 anos) 6 exercícios (Supino horizontal, leg-press inclinado, puxada no pulley, mesa flexora, desenvolvimento na máquina e rosca bíceps.); Dia 1: teste de RM Dia 2: 3 séries de 6 RM; Dia 3: 3 séries com 12 RM 2 minutos. PAS em todas as medidas (SEQ6); PAS não superior a 50 minutos (SEQ12); PAD significativa em menos de 20 minutos pós-exercício (SEQ12); PAS sem alterações significativas (SEQ6). Simão; Salles e Polito 16 Terra et al 17 Fonte: Elaborado pela autora 48 homens Grupo controle GC (n=20; 45 ± 5 anos). Grupo treinamento GT (n=28; 46 ± 4 anos). 52 idosas hipertensas (65,9 ± 4,5 anos) GTR (n=28) GC (n=29) 25 minutos de treinamento aeróbio (50 a 70% da FCreserva); 8 exercícios (legpress, cadeira extensora ou flexora, supino reto, puxada no pulley, desenvolvimento, rosca bíceps, rosca tríceps e abdominal); 2 séries de 8-12 repetições. 10 exercícios (puxada costas, extensão de joelhos, supino vertical na máquina, cadeira abdutora, flexão de joelhos, abdução de ombros com halter, panturrilha livre em pé, abdominal, extensão de tronco e leg press 45º); 3 séries de 12, 10 e 8 repetições; 40-60 segundos entre as séries 60 segundos nas primeiras oito semanas e de 90 segundos nas últimas quatro. PAS de 5,8% PAD de 2,2% PAS repouso PAM repouso DP (duplo produto) Figura 1 Protocolos de treinamentos de força utilizados em hipertensos 4.1 Resultados Costa et al 12, realizaram estudo com 15 mulheres hipertensas que já participavam de um treinamento com pesos e de um programa de alongamentos havia 20 semanas. Ao grupo treinadas (GT) foram selecionadas 6 mulheres e ao grupo não treinadas (GNT) 9 mulheres. Os autores conduziram o estudo em duas sessões aleatórias, sendo uma experimental (SE) e outra controle (SC) para ambos os grupos com intervalo de pelo menos 48 horas entre si. Na SE as mulheres ficaram sentadas
7 durante 10 minutos para aferição da pressão arterial pré-exercício e então iniciavam a sessão de mais ou menos 40 minutos de exercício com pesos no caso do GT e alongamentos no caso do GNT. Após o término da sessão as mulheres eram conduzidas a uma sala silenciosa para aferição da pressão arterial pós-exercício, nos minutos 0, 15, 30, 45 e 60 minutos. Na SC, foi aferida a pressão em repouso após 10 minutos e elas permaneceram sentadas por 40 minutos sem realizar qualquer exercício físico. Após esse tempo foram coletadas durante uma hora as medidas de pressão arterial nos minutos 0, 15, 30, 45 e 60 minutos. Não houve homogeneidade quanto ao controle farmacológico. Quanto aos resultados, os autores encontraram dados significativos para o valor da PAS que reduziu no 30º minuto pós-exercício do GT na SE em comparação às medidas do repouso e não foram encontradas diferenças significativas na SC. Quanto ao GNT houve decréscimos na PAS durante a SE nos minutos 15, 45 e 60 pós-exercício. A hipotensão pós-exercício (HPE) foi verificada na PAD nos minutos 15 e 30 pós-esforço. Durante a SC imediatamente após o término da sessão e nos minutos 15, 45 e 60 após o exercício. Este estudo indica que uma sessão de exercícios com pesos realizada por mulheres idosas e hipertensas em intensidade de 10-15 repetições máximas, pode reduzir a PA pósesforço em relação aos valores pré-exercício, sendo essas reduções mais consistentemente observadas em idosas não treinadas 12. Janning et al 13 por sua vez, em estudo com 8 idosos (4 homens e 4 mulheres) investigaram a influência da ordem dos exercícios resistidos na HPE em hipertensos controlados. Após o teste de 12 repetições máximas (12 RM), os pesquisadores utilizaram três protocolos: no protocolo 1 (P1) os exercícios foram organizados de forma a serem realizados primeiramente os 3 exercícios de membros inferiores seguido dos 3 de membros inferiores; no protocolo 2 (P2) os exercícios para membros superiores foram realizados primeiro e após os exercícios para membros inferiores; já o protocolo 3 (P3) foi organizado para que se intercalassem os 6 exercícios, sendo uma para membro superior, um para inferior e assim sucessivamente. Destes exercícios foram realizadas 3 séries de 12 RM com intervalo de 2 a 3 minutos entre cada série e exercício e, no final do protocolo a PA era verificada em intervalos de 10 minutos até 60 pós-exercício. Destes protocolos, observou-se que as maiores diferenças no HPE ocorreram após a sessão do P3, assim como a redução da PAD nos minutos 20, 30 e 60.
8 Mediano et al 14 também acompanhou idosos hipertensos sendo 16 homens e 4 mulheres que já praticavam exercícios físicos, mas sem experiência em treinamento de força. Não houve homogeneidade do controle do fármaco. Foram submetidos a anamnese e a um teste de 10 RM. Ao chegaram ao local, após 10 minutos era aferida a PA pré-exercício para então realizarem de forma aleatória uma (SER1) ou três (SER3) séries de, no máximo, 10 repetições. Foram mais elevados os valores de PAS e PAD pós-exercício. No entanto a SER1 apresentou redução nos valores de PAS no minuto 40, já na SER3 teve queda dos níveis de PAS nos 60 minutos, havendo redução de PAD no minuto 30 e 50 pós-exercício. Outro estudo que identificamos foi de Polito et al 15 onde os autores estudaram 16 voluntários entre homens e mulheres com pelo menos seis meses de treinamento contra-resistência. O estudo deu-se em três visitas não consecutivas ao local do estudo: no primeiro dia foi realizado o teste de seis repetições máximas (6RM) em 6 exercícios, no segundo dia, os exercícios foram realizados em 3 séries de 6RM (6SEQ) e no terceiro dia manteve-se o volume de treino com alteração da carga ajustada para 12RM correspondendo a 50% de 6RM. A PA foi aferida 10 minutos após a chegada ao local e ao término de cada sequência em ciclos de 1 minuto em repouso durante 60 minutos. Não foram encontradas diferenças significativas nos valores de PAS e PAD pós-exercício quando comparadas as sequências, mas percebeu-se que houve redução na PAS em todas as medidas quando realizada a SEQ6, enquanto na SEQ12 a redução não ultrapassou os 50 minutos. Quanto a PAD, a SEQ12 reduziu significativamente em menos de 20 minutos pós-exercício enquanto a SEQ6 não induziu alterações. Os autores concluem que a intensidade do treinamento de força pode influenciar a duração do efeito hipotensivo após o término da atividade, mas não a magnitude da redução 15 sugerindo que sessões mais intensas poderiam promover por maior período a redução da PAS e sessões menos intensas reduziriam a PAD por um período mais curto o que não aconteceria num treinamento mais intenso. Simão, Salles e Polito 16 investigaram 28 indivíduos homens hipertensos que não faziam uso de medicamentos anti-hipertensivos e que estavam sedentários há pelo menos um ano. Eles foram divididos em dois grupos: Controle (GC) e Treinamento (GT). O GT realizou três sessões semanais em dias alternados (48 sessões) com duração média diária de 60 minutos fracionados em treinamento aeróbio (25 minutos; 50-70% da FC), de força (8 exercícios) e flexibilidade (alongamento estático). Com este protocolo, no GT foi verificada a redução de 5,8% na PAS e de 2,2% na PAD, o
9 que mostrou que o treinamento de força e aeróbio quando combinados podem provocar modificações importantes na PAS de repouso de hipertensos não medicamentados. Terra et al 17 estudaram 52 idosas hipertensas controladas com medicação que foram instruídas a não alterar sua medicação ao longo do estudo. Elas foram divididas em dois grupos: Grupo de treinamento resistido (GTR) e Grupo controle (GC). A PA foi aferida 48 horas depois da última sessão de exercício resistido, em repouso, antes e após 12 semanas de TR, com intervalo de 5, 15 e 20 minutos após os exercícios. Após o teste de 1RM, iniciou-se o treinamento com frequência semanal de três vezes em dias alternados. Nas quatro semanas iniciais a intensidade foi de 60% de 1RM, nas outras quatro semanas de 70% e nas últimas quatro semanas de 80% de 1RM. O método de treinamento adotado foi o alternado por segmento com os exercícios feitos de forma aleatória 17 sendo o leg press o último exercício realizado. Constatouse que o TR reduziu significativamente os valores de repouso da PAS, da PAM e do DP que pode diminuir o reisco de infarto agudo do miocárdio e doenças coronarianas. Dos seis estudos apresentados, podemos perceber que cinco deles foram aplicados em populações de idosos hipertensos e somente um em população com indivíduos mais novos, porém, não hipertensos. Todos provocaram alterações na PA principalmente redução na PAS independente do volume de treinamento. 4.2 Discussão Muitas pesquisas têm sugerido que o exercício resistido, quando prescrito e supervisionado de forma apropriada, apresenta efeitos favoráveis em diferentes aspectos da saúde (força muscular, capacidade funcional, bem-estar psicossocial, além de impacto positivo sobre fatores de risco cardiovasculares) 18. Com isso, o treinamento de força, segundo Vieira e Queiroz 19, vem sendo recomendado como um importante componente nos programas de condicionamento para idosos, sobretudo devido às perdas musculares que ocorrem com o avanço da idade por seus benefícios, como aumento da força e potência muscular, redução da sarcopenia e melhora das capacidades funcionais no idoso. Segundo Guttierres e Marins 20 é recomendado pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte que o treinamento de força deve ser executado com baixa resistência e alto número de repetições, evitando-se a manobra de Valsalva. Percebeu-se nos
10 estudos analisados que os protocolos de treinamento de força obedecem a essa recomendação prevalecendo em todos de 6 a 15RM repetições, ocasionando diminuição significativa nos valores da PAS e PAD. Segundo Polito e Farinatti 21 os estudos sobre o efeito hipotensivo do exercício e exercícios de força são escassos e devido a isso não se pode afirmar qual a intensidade e o volume exatos de exercícios são capazes de otimizar a redução da PA principalmente após a atividade. Estes autores afirmam que em relação à intensidade, ela não é uma variável que interfira tanto nesta redução mas sim o volume do treinamento parece afetar mais a redução da PA após o exercício principalmente se realizadas várias séries como nos artigo analisados nestes estudo nos quais eram realizadas de 2 a 3 séries de exercícios sendo reduzidos os valores da PAS e PAD pós-exercício 12,14-17. Contudo, o efeito do treinamento de força sobre os mecanismos reguladores da pressão arterial ainda são muito controversos e precisam ser investigados com atenção no futuro 22. Para que essa população realmente se beneficie dos efeitos do treinamento físico é necessário que haja aderência aos programas 23. 5. Conclusão Conclui-se que o treinamento de força mostra-se eficaz na redução dos valores de PAS e PAD quando realizadas de 2 a 3 séries de 6 a 15 repetições de exercícios alternados por seguimento, isto é, exercícios para membros superiores e inferiores, tendo um tempo mínimo de descanso entre as séries de 1 a 3 minutos. No entanto, não encontrou-se estudos voltados à ordem dos exercícios voltados a populações hipertensas. Através destes estudos ficam evidentes os benefícios do exercício físico através do treinamento de força na prevenção, controle e tratamento da hipertensão, carecendo de mais estudos principalmente envolvendo populações hipertensas jovens, haja vista que a cada dia aumenta o número de jovens hipertensos no Brasil e no mundo. 6. Referências 1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Rev Bras Hipertensão, v. 17, n. 1, 2010.
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