Comparação e Avaliação da Concordância entre Pressão Arterial Periférica (Casual e Ambulatorial) em Idosas Fisicamente Ativas

Transcrição

1 Comparação e Avaliação da Concordância entre Pressão Arterial Periférica (Casual e Ambulatorial) em Idosas Fisicamente Ativas Andressa Moura Costa 1 (IC)*, Christoffer Novais de Farias Silva 2 (IC), Camilla Melo de Jesus(IC) 3, Regianny Rodrigues(IC) 4, Luan de Sousa Galvão 5 (IC), Alqueliton Gonçalves Silva Guimarães 6 (IC), Igor N. S. Luz(IC) 7, Raphael Martins da Cunha 8 (PQ), Fabrício Galdino Magalhães 9 (PQ), Jairo Teixeira Júnior 10 (PQ), Thaís Inacio Rolim Póvoa 11 (PQ), Lílian Fernanda Pacheco Moreira de Souza 12 (PQ) andressamouracosta@hotmail.com Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia de Goiás ESEFFEGO, Goiânia-GO Resumo: As doenças cardiovasculares são um grave problema de saúde pública no mundo, no qual a hipertensão arterial é caracterizada como seu principal fator de risco independente. O objetivo do trabalho foi avaliar e comparar a concordância entre as medidas da pressão arterial periférica (casual e ambulatorial) em idosas fisicamente ativas. A pesquisa foi realizada com 24 idosas hipertensas e destas foram avaliadas o nível de atividade física através do International Psysical Activity Questionaire (IPAQ) versão curta e foram feitas as medidas casual e ambulatorial. A média da medida casual foi semelhante à média geral da MAPA, apresentando correlação e concordância com a PAS. Já na PAD, o valor médio da medida casual foi maior que o da MAPA geral, não apresentando correlação e concordância entre os valores. Palavras-chave: Pressão Arterial. Hipertensão. Avaliação. Idosas. Introdução As doenças cardiovasculares (DCV) são um grave problema de saúde pública no mundo, no qual a hipertensão arterial (HA) é caracterizada como seu principal fator de risco independente. Entendendo a gravidade dessa doença, a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SBC, SBH, SBN, 2010) indica que a prática de exercícios físicos é eficiente tanto no tratamento quanto na prevenção dessas patologias. Muitas pesquisas usam a medida casual, mas, outra alternativa de medida considerada padrão-ouro, é a utilização de medidas como a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) que apresenta maior precisão aos resultados (SBC, SBH, SBN, 2010). Neste sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar

2 e comparar a concordância entre as medidas da pressão arterial (PA) periférica (casual e ambulatorial) em idosas fisicamente ativas. Material e Métodos A pesquisa foi realizada com 24 idosas hipertensas da UNATI na Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia de Goiás (ESEFFEGO) na Universidade Estadual de Goiás (UEG). Como critérios de inclusão foram selecionados sujeitos do sexo feminino com idade superior a 60 anos, matriculados na UNATI/ESEFFEGO/UEG, que tivessem hipertensão arterial autorreferida ou constatada via uso de medicamentos anti-hipertensivos, atestado médico dos últimos 06 meses emitido por cardiologista e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A avaliação do nível de atividade física foi avaliada através do International Psysical Activity Questionaire (IPAQ) versão curta. Para a medida periférica casual da pressão arterial foram utilizados os aparelhos semiautomáticos da marca OHMRON, modelo HEM-705CP. Foram realizadas duas medidas, com intervalo de três minutos, após cinco minutos em descanso. Para a medida periférica por monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) foi utilizado o equipamento SPACELABS, O aparelho foi programado para realizar uma medida a cada 15 minutos no período diurno e uma medida a cada 20 minutos no período noturno. Resultados e Discussão Estava prevista a avaliação da PA pelo equipamento Sphygmoccor, entretanto, entretanto, a UEG não realizou a compra do equipamento devido a cortes de verbas estaduais realizados no início de Não foi possível o empréstimo do aparelho com a Universidade Federal de Goiás em função de sua ampla demanda na Instituição. Deste modo, para a presente pesquisa foram utilizados aparelhos de avaliação da pressão arterial periférica casual e ambulatorial (MAPA), presentes no LAFEX/ESEFFEGO/UEG.

3 A amostra foi comporta por 24 idosas hipertensas, com idade, massa corporal, estatura e IMC apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Caracterização da amostra (n=24). Média Desvio-padrão Mínimo Máximo Idade (anos) 70,0 ±3, Massa corporal (kg) 68,9 ±10, ,8 Estatura (cm) 152,3 ±7,3 135,0 164,0 IMC (kg/m 2 ) 29,8 ±4,1 22,9 36,4 IMC-Índice de massa corporal. Comparação e correlação entre as medidas da PA Na comparação e correlação entre as medidas da pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) foi verificado que a média geral da PAS foi semelhante nas medidas casual e da MAPA e houve correlação moderada. A medida casual apresentou média geral da PAD mais elevada quando comparada à média geral da MAPA, não havendo correlação entre os valores (Tabela 2). Tabela 2. Comparação e correlação entre medida ambulatorial e casual da PA (n=24). MAPA-geral Casual Valor de p* r (valor de p) PAS 123,3±11,6 123,9±13,0 0,815 0,5 (0,014) PAD 66,6±7,3 72,3±8,3 0,003 0,5 (0,050) Valores expressos em média ± desvio padrão. PAS-pressão arterial sistólica (mmhg). PADpressão arterial diastólica (mmhg). r- coeficiente de correlação de Pearson. *Teste t pareado. Concordância entre as medidas da PA Pela análise dos gráficos de Bland Altman, foi observada concordância entre os valores da PAS e não concordância na PAS entre os dois métodos de medida da PA avaliados, já que a diferença das médias foi de 0,6 mmhg na PAS e 5,7 mmhg na PAD (Figura 1 e 2).

4 Figura 1. Análise de Bland-Altman da concordância entre os valores de pressão arterial (mmhg) sistólica (PAS) determinados pelas medidas Casual e MAPA geral. Figura 2. Análise de Bland-Altman da concordância entre os valores de pressão arterial (mmhg) sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) determinados pelas medidas Casual e MAPA geral. Foi identificado resultado de concordância entre as médias da medida casual e MAPA para a pressão arterial sistólica (PAS), não havendo valores de concordância para a pressão arterial diastólica (PAD). A PAS apresentou correlação entre os valores para medida casual e MAPA, porém, não houve correlação para PAD, pois comparando as médias entre ambas medidas, a média geral da medida casual foi significativamente mais elevada que a verificada na MAPA. A análise de dados considerou a média geral da MAPA, que inclui os valores durante o sono, que quando comparados ao período diurno são relativamente baixos. Acredita-se nesse sentido que a PAD foi mais elevada na medida casual por ter sido aferida durante o dia, pois no período diurno a PA é mais elevada que durante o sono. Porém, a PAS apresentou concordância entre a medida casual e a MAPA, assim, a medida casual pode ser utilizada como método de verificação da PAS em idosos hipertensos fisicamente ativos, sendo um método simples e economicamente viável quando comparado à MAPA

5 Considerações Finais Em suma, a média da medida casual foi semelhante à média geral da MAPA, apresentando correlação e concordância com a PAS. Já na PAD, o valor médio da medida casual foi maior que o da MAPA geral, não apresentando correlação e concordância entre os valores. A medida casual é mais utilizada pela aplicabilidade e o baixo custo, porém tem um baixo número de aferições realizadas, não verificando a variabilidade que a MAPA pode avaliar pelos diferentes estímulos fisiológicos e ambientais do período de 24 horas. Agradecimentos Faço meus agradecimentos pela oportunidade que as professoras Dras. Thaís Inacio Rolim Póvoa e Lílian Fernanda Pacheco Moreira de Souza, com muita dedicação, paciência e competência profissional me orientaram para a realização e bom andamento do trabalho. Agradeço aos colegas que colaboraram com o desenvolvimento desta pesquisa e à UEG por proporcionar o local para as coletas de dados, possibilitando ainda o trabalho com foco na pesquisa acadêmica através do Programa de Bolsas de Iniciação Tecnológica (PBIT). Referências LURBE E, SOROF JM, DANIELS SR. J. Clinical and research aspects of ambulatory blood pressure monitoring in children. J Pediatr. 2004;144:7-16. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, Revista Brasileira de Hipertensão Arterial, v.17,p:1-63, 2010.