Teoria da Comunicação Unisalesiano. Aula 8: A Teoria da Comunicação na era digital

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Transcrição:

Teoria da Comunicação Unisalesiano Aula 8: A Teoria da Comunicação na era digital

O espaço público em escala planetária A multiplicação das comunicações promovidas por ONGs e associações da sociedade civil na internet estimulam o engajamento e fundamentam um debate sobre a possibilidade de um espaço público em escala planetária (MATTELARD), com a livre circulação mundial de informações, em um ambiente onde existe uma tensão entre a pluralidade de culturas e as forças centrífugas do cosmopolitismo comercial. Pierre Lévy conceitua a inteligência coletiva como uma democracia em tempo real e a participação mais intensa da humanidade não mais como consumidores de mídia mas como coautores. Uma nova ecologia das mídias se organiza no ciberespaço, onde cada conexão acrescenta heterogeneidade, novas fontes de informação, a tal ponto que o sentido global encontra-se cada vez menos perceptível. O mundo da comunicação explode em uma multiplicidade de racionalidades, etnias, religiões buscando novas chances de ser humano na

Inteligência coletiva é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. A base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuos das pessoas (LEVY, 2003)

Ciberespaço e cibercultura O ciberespaço (internet) é o meio de comunicação que surge com a interconexão mundial dos computadores, não representa só a infraestrutura, agrega as informações que difunde e a infinidade de pessoas que navegam nas suas páginas e que também o alimentam com múltiplos conteúdos e recursos colaborativos. A cibercultura é o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem no ciberespaço (LÉVY, 1999). O meio digital caracteriza-se pela convergência e hibridização das mensagens, provocada pela mistura com outros meios. Santaella (2003) conceitua historicamente a era da cultura oral, cultura escrita, cultura impressa, cultura de massas, cultura das mídias e cultura digital. De acordo com a autora, são as mensagens, linguagens que circulam nas novas mídias e os processos de comunicação criados cumulativamente que moldam as experiências dos usuários, em novos ambientes socioculturais.

O meio é a mensagem (MCLUHAN)

Cibercultura: cultura do acesso a conteúdos e a tecnologias mais baratas (SANTAELLA, 2003)

Nesta ambiência há novas formas de produção de conteúdo pelos próprios consumidores e usuários, de consumo (on demand, on-line com conveniência) e de relações comerciais (vendas diretas on-line, aplicativos, empresas tecnológicas, novas mídias). Novas interações e modelos de negócio A popularização das redes sociais faz as antigas categorias funcionalistas de comunicação de massa perderem seus significados originais que eram derivados de formas unilaterais, verticalizadas e comerciais de difusão de mensagens (MAGNONI). O padrão autoritário e mercantil de comunicação pública surgido com a imprensa e que foi incorporado pelo rádio e televisão, é questionado na nova comunicação multilateral que gera dificuldades para os antigos modelos de negócios organizados pelos potentes veículos de comunicação de massa, em novas interações.

Web 2.0 ou internet colaborativa é um termo criado por Tim O Reilly que descreve a tendência no uso da World Wide Web (www), com tecnologias e aplicações projetadas para estimular a criatividade, a propagação de informação compartilhada, e, sobretudo, a colaboração entre os usuários.

Novos públicos, novas audiências A cauda longa, descrita por Chris Anderson, é um fenômeno da internet que dá origem a um universo de consumo de filmes livros e música, no qual a receita total de produtos de nicho com baixo volume de vendas é igual à receita total de poucos produtos de grande sucesso. É um estímulo aos negócios e novas formas de consumo fragmentado na internet.

Riscos O crítico Baudrillard vê o avanço da fantasia de comunicação, que é uma compulsão de existir em todas as telas o no interior de todos os programas. Sou um homem, sou uma máquina? Não há mais resposta para essa questão antropológica (BAUDRILLARD, 1990). O confinamento doméstico excessivo, e o desejo exagerado de instantaneidade podem resultar na perda da noção de duração, afetando o movimento do corpo e a vida social (não há mais tempo em comum). Para Baudrillard, a comunicação é vítima de um excesso de comunicação que resulta na perda de sentido, é apenas ritmo sem reflexão.

A efemeridade como regra total na internet capaz de unir-se a um profundo egotismo tecnológico que, por sua vez, responderia a um amplo controle tecno-social e que pode causa até a impotência do sujeito exprimir-se (In: ROCHA; CASTRO, 2010) gerando um indivíduo em dívida, em débito, submetido a processos incessantes e intermináveis de avaliação. O self ciberespacial pode dar margem a uma identidade errática (sem definição, desorganizada). O frenesi de imagens e a disseminação de conteúdo na rede conduz ao questionamento sobre a expressão da subjetividade e da expressão da identidade construída a partir de uma rede social (ROCHA, CASTRO, 2010) em dinâmicas de visibilidade incessante e com restritas demarcações de limites simbólicos (como a privacidade por exemplo).

Novas significações midiáticas Na recepção de mensagens, a audiência resiste aos significados e mensagens dominantes, pode criar sua própria leitura e seu próprio modo de apropriar-se dos produtos midiáticos (In: ROCHA, CASTRO, 2010). Detergente Prill na Alemanha (Operação Prill). Sugestão de novo design votado na internet foi alvo de trolls que criaram operação com memes. O fabricante fez um edição limitada de produtos com o rótulo rage guy (raiva), vencedor (personagem de quadrinhos).

Arte e comunicação A comunicação e a arte na cibercultura possibilitam inúmeras experimentações de novas linguagens em blogs, sites, games e vídeos indiferentes aos grandes canais de TV, jornais e portais em tempos da fragmentação da audiência e de desmassificação da mídia. A mídia digital é caracterizada por conteúdos produzidos com mais autonomia para um público específico. Artistas têm lançado álbuns independentes na internet, alcançando grandes audiências. Movimentos artísticos são cada vez mais midiáticos e transmídia, numa integração da arte e tecnologia.

Produção brasileira de US$ 2 milhões concorre no Oscar com Divertida Mente da Disney Pixar que custou US$ 170 milhões