A Reforma da Política Comercial Brasileira: motivações, desafios e efeitos sobre a produtividade

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Transcrição:

A Reforma da Política Comercial Brasileira: motivações, desafios e efeitos sobre a produtividade INSPER Sandra P. Rios São Paulo 26 de julho de 2017

Estrutura 1. Evolução da política comercial brasileira 2. Abertura comercial e produtividade: uma resenha da literatura 3. Propostas

Evolução da política comercial unilateral Estabilidade da política comercial inspirada na substituição de importações. episódio de liberalização unilateral há 25 anos foi o último movimento de abertura comercial no Brasil. abertura de 1990 manteve a escalada tarifária, conferindo altos níveis de proteção efetiva aos mesmos setores mais protegidos no período préliberalização. economia política da política comercial seguiu amplamente dominada pelos interesses dos setores que competem com importações. Nos últimos anos, aumento dos níveis de proteção, sobretudo através de ações antidumping e de medidas de política industrial (conteúdo local).

Evolução da política comercial negociada Prioridade para as negociações multilaterais, acentuada nos anos 2000 Hegemonia de posições defensivas nas negociações preferenciais com países desenvolvidos e em desenvolvimento (exceção América do Sul) Resistência à negociação de regras e disciplinas Quadro atual: liberalização quase completa de tarifas na AS, mas escassos avanços em outras áreas acordos bilaterais irrelevantes com países do Oriente Médio (Egito, Israel e AP) acordos pouco ambiciosos com parceiros potencialmente relevantes (Índia e SACU)

Tarifas de importação no Brasil: evolução dos principais parâmetros

Evolução da proteção efetiva no Brasil Fontes: 1990 e 1995 = Kume, Piani e Souza (2003); 2000 e 2005: Castilho e outros (2011). Elaborado por Castilho (2014).

Países membros da OMC: tarifa média da indústria e renda per capita - 2015 Elaborado por Kume, H. (2017): mimeo TI = 27,39 1,06Log(rpc2), R2 = 0,39. TI representa a tarifa da indústria e rpc a renda per capita ppp. (0,11)

Tarifas de Nação Mais Favorecida - Média simples 2006-2014 Brasil não acompanhou movimentos de redução tarifária de outros países em desenvolvimento.

Perfil tarifário dos países selecionados 2014 80 70 60 50 40 30 Brasil Índia Indonésia México África do Sul 20 10 0 0--5 5--10 10--15 15--25 >25 Fonte: OMC - World Tariff Profile 2016

Tarifa aduaneira média de bens de capital e bens intermediários margem de proteção para produtos intermediários nitidamente maior que em outros países de nível de desenvolvimento semelhante Bens de capital Bens intermediários 2000 2005 2010 2000 2005 2010 Brasil 16,9 13,2 13 13,9 10,7 11,7 China 14,4 8,1 7,7 14,4 7,9 7,4 Coreia 7,2 5,9 6 8 11,2 11,1 Filipinas 4,2 2,8 2,9 5,9 5 4,9 Índia 26,7 14,1 8,4 32,7 17,4 10 Indonésia 4,4 3,8 5,5 7,3 6,1 6 Malásia 5,1 4,2 3,6 7,1 6,8 6,6 México 13,1 9,5 3,2 14,8 11,8 6,1 Tailândia 10,5 6,4 5,5 14 6 4,4 Fonte: Baumann e Kume (2013)

Setores por tarifa efetiva - 1995: Brasil e grupos de países (Kume,H.) Tarifa (%) Grupo de países: setor e tarifa (%) Renda alta Renda média Renda baixa Brasil Alta (> 15,1) Média alta (10,1 15) Alimentos, bebida e fumo (12,3) Têxteis, vestuário, calçados (10,1) Média baixa (5,1 10) Veículos (7,4) Borracha (7,3) Madeira (6,4) Aparelhos elétricos (6,3) Diversos (6,2) Produtos metal (6,0) Celulose e papel (5,2) Veículos (32,5) Alimentos, bebida e fumo (25,1) Borracha (21,3) Diversos (22,1) Produtos metal (16,1) Madeira (15,7) Minerais não metálicos (15,2) Aparelhos elétricos (12,6) Celulose e papel (12,1) Agricultura (10,3) Computadores e eletrônicos (9,1) Química (7,6) Metais básicos (7,3) Refino petróleo (5,2) Veículos (60,2) Diversos (42,9) Têxteis, vestuário, calçados (37,0) Alimentos, bebida e fumo (34,5) Madeira (27,8) Produtos metal (26,6) Borracha (26,0) Minerais não metálicos (20,6) Aparelhos elétricos (17,8) Celulose e papel (16,3) Agricultura (15,2) Computadores e eletrônicos (12,4) Refino petróleo (8,7) Máquinas e equipamentos (7,9) Mineração (7,8) Metais básicos (6,9) Química (6,4) Outros equips. transporte (5,7) Diversos (22,4) Refino (21,3) Máquinas e equipamentos (21,0) Veículos (21,0) Têxteis, vestuário, calçados (20,5) Aparelhos elétricos (19,4) Produtos metal (18,9) Computadores e eletrônicos (18,5) Borracha (18,3) Outros equips. transporte (13,8) Celulose e papel (13,5) Alimentos, bebida e fumo (12,3) Minerais não metálicos (10,9) Metais básicos (10,6) Madeira (9,4) Química (7,7) Agricultura (6,5) Baixa (0 5) Negativa (< 0) Minerais não metálicos (5,0) Computadores e eletrônicos (4,0) Máquinas e equipamentos (3,8) Metais básicos (3,5) Química (2,5) Agricultura (2,3) Outros equips. transporte (2,3) Refino petróleo (1,5) Mineração (- 0,1) Máquinas e equipamentos (4,0) Mineração (3,9) Outros equips. transporte (3,7) Mineração (2,7)

Setores por tarifa efetiva - 2011: Brasil e grupos de países (Kume,H.) Tarifa (%) Grupo de países: setor e tarifa (%) Alta (> 15,1) Renda alta Renda média Renda baixa Brasil Alimentos, bebida e fumo (22,6) Veículos (22,5) Média alta (10,1 15) Diversos (14,5) Agricultura (12,8) Têxteis, vestuário, calçados (12,1) Alimentos, bebida e fumo (20,2) Veículos (17,6) Diversos (14,5) Produtos metal (12,6) Têxteis, vestuário, calçados (10,9) Borracha (10,8) Veículos (39,7) Têxteis, vestuário, calçados (31,0) Diversos (22,2) Produtos metal (18,3) Borracha (17,9) Aparelhos elétricos (17,7) Computadores e eletrônicos (14,9) Máquinas e equipamentos (13,7) Celulose e papel (13,0) Metais básicos (12,0) Minerais não metálicos (11,2) Média baixa (5,1 10) Alimentos, bebida e fumo (9,1) Têxteis, vestuário, calçados (6,8) Diversos (5,2) Baixa (0 5) Borracha (4,5) Veículos (4,4) Produtos metal (3,6) Aparelhos elétricos (3,3) Madeira (3) Minerais não metálicos (2,6) Agricultura (1,5) Refino petróleo (1,0) Máquinas e equipamentos (0,9) Química (0,9) Celulose e papel (0,9) Computadores e eletrônicos (0,8) Outros equips. transporte (0,8) Metais básicos (0,3) Produtos metal (9,4) Minerais não metálicos (8,7) Borracha (6,6) Madeira (6,3) Aparelhos elétricos (5,1) Celulose e papel (4,3) Refino petróleo (2,6) Computadores e eletrônicos (2,2) Química (2,1) Metais básicos (1,3) Outros equips. transporte (0,7) Máquinas e equipamentos (0,6) Mineração (0,1) Minerais não metálicos (9,2) Agricultura (7,9) Aparelhos elétricos (7,6) Madeira (7,3) Celulose e papel (6,7) Computadores e eletrônicos (4,6) Química (4,6) Refino petróleo (4,3) Outros equips. transporte (4,1) Mineração (3,8) Máquinas e equipamentos (3,6) Metais básicos (3,5) Alimentos, bebida e fumo (9,7) Madeira (9,4) Outros equips. transporte (8,5) Agricultura (8,1) Química (6,5) Mineração (2,9) Negativa (< 0) Mineração (- 0,1) Refino petróleo (- 9,8)

Diagnóstico da situação atual Política comercial no Brasil é orientada pelo objetivo de substituição de importações, mas seus resultados têm sido congelar a estrutura industrial e reduzir seu tamanho relativo na economia Custos do protecionismo recaem inclusive sobre suposta beneficiária da política: a indústria Incompatibilidade entre integração ao comércio mundial e manutenção das políticas voltadas para preencher matriz insumoproduto com produção nacional

Participação da Indústria de Transformação no PIB(%) Fonte: IPEADATA Obs: Os três grandes planos implementados nesse período foram: a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE - 2004), a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP - 2008), e o Plano Brasil Maior (PBM - 2011).

2. abertura comercial e produtividade: uma resenha da literatura

Liberalização comercial e produtividade: a experiência internacional Efeito sobre a economia Principais mecanismos Principais referências Aumento de produtividade via Mais inovação e maior eficiência Amiti e Konings (2007) abertura unilateral produtiva, induzidas por menores barreiras sobre importação de bens de capital e de bens intermediários Rahardja e Varela (2014) Estevadeordal e Taylor (2013) Acesso a mais e melhores insumos Racionalização do escopo de produtos Realocação do trabalho para firmas mais produtivas e eficientes Absorção de recursos produtivos de firmas pouco produtivas pelas firmas mais produtivas da economia Goldberg et al. (2010) Kasahara e Lapham (2013); Bloom et al. (2011) Ornelas (2015) Fernandes (2007) ; Khandelwal e Topalova (2011); Muendler (2004); Pavcnik (2002); Trefler (2004) Aumento de produtividade via acordos comerciais Complementaridade entre exportação e adoção de novas tecnologias Redução de incertezas sobre política comercial futura Bustos (2011); Lileeva e Trefler (2010); Jang e Kim (2013) Handley (2014); Handley e Limao (2015); Tang e Wei (2009); Ornelas (2012)

Liberalização comercial e produtividade: a experiência brasileira Efeitos sobre a economia Principais mecanismos Principais referências Aumento de produtividade Maior concorrência no mercado doméstico Acesso a mais e melhores insumos Hay (1997) Rossi e Ferreira (1999) Lisboa, Menezes Filho e Schor (2010) Crescimento das exportações Comércio com países tecnologicamente mais desenvolvidos Redução dos custos dos intermediários Firpo e Pieri (2013) Hidalgo e Mata (2009) Johansson et al. (2014)

3. Propostas

Uma proposta para a integração comercial do Brasil ao mundo Redução de custos e melhoria do ambiente institucional Facilitação de comércio Reforma da política tarifária A política comercial via acordos comerciais Remoção de políticas industriais com efeitos protecionistas

Redução de custos e melhoria do ambiente institucional I. Adesão à OCDE: credibilidade e contribuição ao desenho das reformas horizontais II. III. IV. Desenvolvimento da logística e desburocratização das aduanas e dos portos: reduzir tempo e custos das operações de comércio exterior Redução da carga tributária sobre as exportações: Simplificar os regimes tributários, reduzir os custos acessórios no cumprimento das exigências tributárias e eliminar os resíduos tributários incidentes sobre as exportações Reforço de instituições de regulação técnica e certificação de produtos (ex: INPI e INMETRO). Reduzir prazos para obtenção de patentes e desenvolver capacidade para participar de definição de normas e regulamentos internacionais que afetam as exportações brasileiras V. Redução dos custos dos serviços: abrir o setor de serviços às importações, eliminar o viés protecionista do regime tributário que rege a importação de serviços e incluir o setor nos acordos comerciais

Abertura unilateral versus (?) negociada Preferência nítida nos debates pela negociação preferencial: obter reciprocidade em troca das concessões de abertura. Mas há problemas com essa posição: Ambiente internacional refratário a acordos de liberalização; e Acordos preferenciais ambiciosos do Brasil sempre serão assimétricos, pois a economia brasileira é muito mais fechada comercialmente do que a dos seus (pequenos e grandes) parceiros. Acordos preferenciais têm longos cronogramas de liberalização e seus impactos econômicos tardam a se manifestar. Do ponto de vista dos impactos sobre a produtividade, o que importa na decisão unilateral e na negociação preferencial são os efeitos da abertura.

Reforma tarifária Objetivos e diretrizes: Parâmetros: Esquema: - conferir racionalidade à estrutura de proteção - dar previsibilidade de longo prazo à estrutura de proteção - anunciar com antecedência e implementar a reforma em 4 anos - oferecer proposta aos parceiros do Mercosul - reduzir fortemente a escalada tarifária: estrutura mais homogênea - reduzir custo das importações de intermediários e bens de capital - simplificar a estrutura tarifária: 4 níveis 0%, 5%, 10% e 15% Tarifa atual (intervalos) Tarifa final 20% a 35% 15% 15% a 20% 10% 5% a 15% 5% Abaixo de 5% 0

A política comercial negociada (acordos comerciais) Duas devem ser as prioridades de curto prazo: I.Concluir as negociações em curso: México e União Europeia II.Avançar nas negociações com as Américas : Promover em conjunto com outras lideranças regionais uma abrangente área de livre-comércio na A. L., com temas regulatórios e infraestrututura Lançar as bases para um acordo preferencial com os Estados Unidos Apoiar a adoção na OMC de uma agenda pós-doha que integre novos temas e aprofunde temas tradicionais, além de acordos plurilaterais Aderir à negociação de acordos plurilaterais como o TiSA e o ITA Em uma segunda etapa, incluir acordos preferenciais com África do Sul e Índia e reavaliar estratégia em função da evolução do TPP e do TTIP

Remoção de políticas industriais com efeitos protecionistas Remover: I.Programas de incentivo ao investimento e à produção baseados em exigências de conteúdo local que encarecem o processo produtivo, levam à perda de competitividade e dificultam a inserção nas CGV II.Políticas voltadas para a criação de campeões nacionais à custa de financiamento subsidiado e/ou participação acionária do BNDES III.Políticas industriais setoriais com subsídios que distorcem a alocação de recursos e promovem indústrias ineficientes