Na União Europeia e países europeus (I):
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- Marisa Marreiro Deluca
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2 O princípio da CPD diz-nos que as políticas nos vários setores devem contribuir ativamente para os objetivos de luta contra a pobreza e de promoção do desenvolvimento ou, pelo menos, não prejudicarem esses objetivos. Isto é aplicável aos vários níveis de governação, nomeadamente: - Ao nível global - Ao nível das relações entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento - Ao nível local/nacional Ao exigir a conciliação de interesses, muitas vezes divergentes ou em competição entre si, a Coerência normalmente implica soluções de compromisso e é uma questão de natureza política, que não avança se não existir uma vontade e liderança fortes, no sentido de direcionar as políticas e ações para que sejam coerentes com o processo de Desenvolvimento. Instrumento útil para a mudança: CONHECER MONITORIZAR AGIR
3 Na União Europeia e países europeus (I): Ao nível da União Europeia, a CPD é um compromisso político e uma obrigação legal Na prática são evidentes os desafios e dificuldades em ultrapassar os conflitos de interesses entre as diferentes políticas da União, as contradições destas com as políticas bilaterais dos Estados Membros, e ainda em conciliar essas políticas com as necessidades de desenvolvimento. O estudo demonstrou algumas evoluções positivas ao nível concetual/político, boas práticas e incoerências, para 4 setores selecionados (com relevância para Cabo Verde): agricultura e segurança alimentar; comércio; migrações; pescas.
4 Na União Europeia e países europeus (II): Boas praticas na apropriação deste instrumento nos países europeus (exemplos): 1. Declarações e compromissos políticos: medidas legislativas ou conceção de estratégias de desenvolvimento que promovem ativamente a CPD 2. Mecanismos de coordenação: criação de grupos interministeriais e fóruns técnico-políticos; de mecanismos de financiamento que agregam várias áreas setoriais; constituição de uma rede de pontos focais para a CPD nos vários setores 3. Sistemas de acompanhamento, análise e comunicação da informação: existência de relatórios anuais dos Parlamentos nacionais sobre CPD; elaboração de indicadores e ferramentas de avaliação das ações; parceria com instituições académicas e da sociedade civil para a procura de dados e evidências e para a realização de estudos de impacto.
5 A CPD no plano nacional Contexto político I. Declarações e Compromissos Políticos Pressões e advocacia dos atores não-estatais II. Mecanismos Institucionais para: Reforçar as coerências, abordagens integradas e multisetoriais Prevenir e responder às incoerências Governação multi-níveis III. Conhecimento, evidências, informações, avaliações Conhecimento das comunidades Fonte: Adaptado de Concord Denmark, 2012
6 CPD em Cabo Verde (I) A procura de maior eficácia e coerência é especialmente relevante no contexto atual do país: Conjuntura única e importante para o seu processo de desenvolvimento: necessidade de encontrar novas soluções de financiamento e inovação, procurar de forma mais sistemática novos parceiros e instrumentos e, por outro lado, apostar na eficácia, no impacto e na coerência das políticas Oportunidade: Aplicação de uma nova agenda de desenvolvimento universal (pós-2015, ODS) e quadro temporal de revisão/conceção de novas estratégias em diversos setores Parceiros externos: esforço para transitar de quadros estritos de ajuda ao desenvolvimento, para enquadramentos mais estratégicos, que agreguem vários instrumentos e setores. O setor das energias renováveis é um exemplo com grandes potencialidades para implementação de uma lógica de CPD, entre os parceiros externos e os atores cabo-verdianos
7 CPD em Cabo Verde (II) Melhorias na coordenação institucional e a monitorização de politicas: matrizes DECRP III, SIGOF e reformas nos processos de planeamento, orçamentação e gestão. MAS: avaliação sa gestão financeira e outputs e ainda escassa a avaliação do impacto e dos resultados alargados - outcomes. Existem alguns mecanismos institucionais, comités multissetoriais e multi-atores, mas em certos casos não são utilizados ou dinamizados, devendo ser melhor aproveitados (ex.: Pescas). Parlamento: mobilização e organização dos deputados em torno de temáticas específicas como as redes sobre Género e Ambiente são exemplos importantes a replicar e aproveitar. Problema a ser equacionado: poder central, local e soc.civil frequentemente concorrentes relativamente aos fundos da cooperação internacional.
8 CPD em Cabo Verde (III) Organizações da Sociedade Civil: As OSC são usualmente consultadas na formulação de estratégias nacionais ou planos setoriais, para socialização e validação dos documentos, e algumas ONG com trabalho reconhecido em setores específicos (p.ex. ambiente) funcionam como uma ponte entre os organismos governamentais e as associações comunitárias. No entanto, a sensação geral é de que esse diálogo é desigual e que as contribuições e opiniões não são devidamente tidas em consideração e integradas nessas políticas. Oportunidades de participação da soc.civil: Grupo de Apoio Orçamental + Parceria UE-Cabo Verde + Roteiro UE para um Compromisso com a Sociedade Civil ( ).
9 Exemplo CPD: Visão Integrada e multissetorial da construção de barragens Infraestrutura: BARRAGENS MELHORIA NA DISPONIBILIDADE E ABASTECIMENTO DE ÁGUA Respeito pelo meio ambiente Incentivos à fixação das populações Agricultura Capacitação e formação Inovação Crescimento do turismo Comércio Transportes Certificação e Qualidade
10 RECOMENDAÇÕES (seleção) Parceiros externos/doadores: Equilibrar as modalidades e instrumentos para apoiar os vários atores Fazer um uso estratégico dos fundos de desenvolvimento; a ajuda ao desenvolvimento tem sido utilizada para catalisar e apoiar objetivos noutras áreas setoriais, que contribuem para o desenvolvimento Associar a população e as entidades cabo-verdianas à discussão sobre CPD e apostar no aumento do conhecimento local sobre interação entre políticas Melhorar as estratégias de comunicação e informação Envolver efetivamente a sociedade civil nos processos e mecanismos já existentes (GAO e Parceria)
11 RECOMENDAÇÕES (seleção) Entidades governamentais e decisores políticos Reconhecer a importância da CPD através de compromissos públicos ao mais alto nível, interligados com os objetivos nacionais de redução da pobreza e com os compromissos internacionais da Agenda pós Definir uma agenda e objetivos claros. Estabelecer mecanismos de consulta interministerial, formais ou informais. Alinhar todas as políticas setoriais com os objetivos em termos de desenvolvimento e o DECRP, com monitorização sistemática das metas e divulgação ampla dos resultados. Estabelecer mecanismos para avaliar de forma sistemática de que forma as opções e medidas tomadas impactam no desenvolvimento do país, a médio e longo-prazo. Ex: plataforma de ponderação e avaliação dos investimentos públicos. Melhorar o conhecimento sobre as incoerências, para que as políticas sejam cada vez mais baseadas em factos a análises concretas, em dados atualizados e pertinentes. Realizar análises de impacto no desenvolvimento (como já existem para o Ambiente). Passar de uma postura de consulta ad-hoc das organizações da sociedade civil para um trabalho de continuidade ao nível do seguimento da sua implementação e avaliação (parcerias efetivas)
12 RECOMENDAÇÕES (seleção) Organizações da Sociedade Civil: Produzir conhecimento e evidências, de forma mais sistemática, estruturada e organizada, que permita identificar incoerências e propor soluções, através da criação de um Observatório da CPD. Em termos setoriais, apostar na criação de redes da sociedade civil sobre temas específicos, nomeadamente promovidas pela Plataforma das ONG, que permitam a várias organizações ter uma intervenção mais ativa e permanente no debate nacional sobre certos temas (à semelhança da rede da sociedade civil para a segurança alimentar e nutricional). Apostar numa maior transparência e credibilidade das OSC, melhorando a sua comunicação e informação com os decisores políticos e a população em geral. Pressionar as entidades públicas para a aprovação do pacote legislativo que está há vários anos no prelo, e que inclui o Estatuto das OSC; o registo das organizações e prestação de contas; a criação e um fundo de apoio às OSC.
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