ESTADO NUTRICIONAL DO PACIENTE EM TERAPIA NUTRICIONAL Emilene Prata de Queiroga Nutricionista 1 Especialista em Nutrição Clínica
Definição de TNE (ESPEN, 2006). Terapia Nutricional (TNE): um conjunto de procedimentos terapêuticos empregados para manutenção ou recuperação do estado nutricional por meio de nutrição enteral.
Indicação da TNE (Waitzberg, 2009) Situações: 1. Quando houver risco de desnutrição, ou seja, quando a ingestão oral for inadequada para prover de 2/3 a 3/4 das necessidades nutricionais diárias; 2. Quando o trato digestivo estiver total ou parcialmente funcionante.
Indicação da TNE (Waitzberg, 2009) Pacientes não podem se alimentar: - Inconsciência; - Anorexia nervosa; - Lesões orais; - Acidentes vasculares cerebrais; - Neoplasias; - Doenças desmielinizantes.
Indicação da TNE (Waitzberg, 2009) Pacientes com ingestão oral insuficiente: - Trauma; - Sepse; - Alcoolismo crônico; - Depressão grave; - Queimaduras.
Indicação da TNE (Waitzberg, 2009) Pacientes nos quais a alimentação comum produz dor e/ou desconforto: - Doença de Crohn; - Colite ulcerativa; - Carcinoma de trato gastrintestinal; - Pancreatite; - Quimioterapia; - Radioterapia.
Indicação da TNE (Waitzberg, 2009) Pacientes com disfunção do trato gastrointestinal: - Síndrome de má-absorção; - Fístula; - Síndrome do intestino curto.
Estado Nutricional dos Pacientes em TNE Isidro & Lima (2012): - Estudo prospectivo realizado com pacientes cirúrgicos que receberam TNE de março a outubro de 2011; - Pacientes avaliados pela ASG e pela antropometria; - Amostra de 32 pacientes com idade de 55,8 ± 14,9 anos;
- Resultados: 40,6 a 71,9% apresentaram desnutrição dependendo da ferramenta utilizada; - Desnutrição problema estatísticamente apreciável em pacientes cirúrgicos (22 a 58% dos casos); - Aumentam custos hospitalares, tempo de internação, complicações pós operatórias, incidência de infecções e de mortalidade; - O estado nutricional influi diretamente na evolução perioperatória do paciente.
Leandro-Merhi, Morete e Oliveira (2009): - Estudo transversal com 100 pacientes adultos internados com indicação de TNE entre agosto de dezembro de 2006; - Pacientes avaliados pela estatura e peso estimados, peso desejado, IMC, CB, PCT, CMB, exames laboratoriais (Glicemia, Ur, Cr, Hb, Ht e Albumina); - Pacientes apresentavam diagnósticos variados (Doença do SNC, doença cardiovascular, doença pulmonar, desnutrição, nefropatia, neoplasia, sepse, TCE, outros);
- Resultados: 29% classificados como desnutridos pelo IMC e 80% apresentaram albumina baixo da referência; - Albumina é um indicador sérico do estado nutricional, cujos déficits se manifestam comumente no estresse catabólico associado ao consumo deficiente de proteínas e energia; - Albumina sérica diminuída em pacientes hospitalizados por longo período pode refletir melhor condições metabólicas ou inflamatórias que propriamente o estado nutricional;
- A albumina sérica como marcador isolado de estado nutricional é difícil de se utilizar devido sua relação direta com a inflamação; - Como modelo diagnóstico para a utilização em pacientes de risco nutricional, apontando as características que melhor se correlacionam com as complicações relacionadas à desnutrição, foram o baixo consumo energético, as baixas concentrações de albumina e hemoglobina e a baixa contagem de linfócitos;
- Não houve diferença na distribuição das causas de base da internação entre os grupos classificados quanto ao estado nutricional pelo IMC, prevalecendo as doenças cardiovasculares e pulmonares como principais causas.
Stefanello & Poll (2014): - Estudo observacional descritivo retrospectivo e quantitativo de julho a setembro de 2011; - Amostra de 36 pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva em uso de TNE com idade média de 54,39 ± 19,62 anos, sendo 72,2% do sexo feminino; - Foram utilizados estatura recumbente, peso corporal através de camas balanças e IMC; - Resultados:16,7% apresentavam magreza, 44,44% eutrofia e 38,9% excesso de peso.
Detregiachi, Quesada e Marques (2011): - Estudo retrospectivo do protocolo de evolução de TNE de um hospital geral da cidade de Marília-SP de fevereiro a maio de 2009; - Amostra de 59 pacientes, sendo 17% internados em Unidade de Terapia Intensiva e os demais em enfermarias, em uso de TNE com idade média de 69,3 ± 15,58 anos e patologias variadas (neoplasias, doença cardiovascular, doença pulmonar, AVC etc);
- Foram utilizados peso, altura, IMC, DCT e CMB; - Resultados: 54,2% com baixo peso, 32,2% eutróficos e 13,6% com excesso de peso.
Salgado (2012): - Estudo prospectivo observacional realizado da UTI do HU/UFMS no período de 14 de março a 12 de maio de 2011; - Amostra de 14 pacientes em uso de TNE com idade média de 67,29 ± 16,78 anos e patologias variadas (insuficiência respiratória, PNM, coma metabólico, embolia pulmonar gordurosa, AVC e sepse); - Foram utilizados peso, altura, IMC, ASG, Triagem de Risco Nutricional (NRS 2002);
- Resultados: IMC (37,7% com sobrepeso, 14,3% obesos, 28,6% eutróficos e 21,43% baixo peso); ASG (57,1% moderadamente desnutridos ou suspeitos de estarem desnutridos, 7,1% desnutridos e 35,75% bem nutridos); NRS 2002 (64,3% pacientes com maior risco nutricional e 35,7% sem risco nutricional).
Fujino & Nogueira (2007): - Pacientes graves apresentam potenciais condições para desnutrição que podem ocorrer de forma mais agressiva e acelerada devido a sua própria condição clínica; - Isso pode ocorrer também devido à grandes cirurgias, pela necessidade de suporte ventilatório prolongado com IOT, HD, associadas ao não início da TNE precoce;
- Alterações do estado nutricional podem ocorrer devido ao inadequado aporte de nutrientes ou como resultado de uma alteração metabólica (sepse); - Pacientes graves são hipermetabólicos, hipercatabólicos e apresentam maior gasto protéico.
CONCLUSÕES O estado nutricional do paciente em uso de terapia nutricional enteral vai depender de: - Doença de base; -Tolerância à dieta; - Idade; - Estado nutricional prévio;
CONCLUSÕES O estado nutricional do paciente em uso de terapia nutricional enteral vai depender de: - Prescrição suficiente; - Aceitação da dieta.
REFERÊNCIAS - HOWARD, P. et al. Managing the patient journey through enteral nutritional care (ESPEN). Clin. Nutr. v. 25, n. 2, p. 187-195, 2006. - Isidro MF, Lima DSC. Adequação calórico-protéica da terapia nutricional enteral em pacientes cirúrgicos. Rev. Assoc. Med. Bras. 2012; 58(5):580-586. - Leandro-Merhi VA, Morete JL, Oliveira MRM. Avaliação do estado nutricional precedente ao uso de nutrição enteral. Arq. Gastroenterologia. v. 46 no.3 jul./set. 2009. - Stefanello MD, Poll FA. Estado nutricional e dieta enteral prescrita e recebida por pacientes de uma Unidade de Terapia Intensiva. ABCS Health Sci. 2014; 39(2):71-76.
REFERÊNCIAS - Detregiachi CRP, Quesada KR, Marques DE. Comparação entre as necessidades energéticas prescritas e administradas a pacientes em terapia nutricional enteral. Medicina (Ribeirão Preto) 2011;44(2): 177-8. - Salgado JCM. Avaliação da adequação do suporte nutricional enteral ao paciente crítico. (Dissertação), Mestrado em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro Oeste da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2012. 113p. -Fujino V, Nogueira LABNS. Terapia nutricional em pacientes graves: revisão de literatura. Arq. Ciências da Saúde 2007 out-dez;14(4):220-6. - WAITZBERG, DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.
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