APRESENTAÇÃO NESTA EDIÇÃO. Ano I - N 10 - Abril 2012 PREÇOS DA AGRICULTURA FAMILIAR COTAÇÕES INDUSTRIAIS. Matéria Especial: Biodiesel B10: A

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Transcrição:

Ano I N 10 Abril 2012 APRESENTAÇÃO NESTA EDIÇÃO PREÇOS DA AGRICULTURA FAMILIAR foto: Bioenergia Prezado Leitor, Nesta 10ª edição do Bioinformativo contamos com discussões pertinentes ao mercado de biodiesel produzido a partir de oleaginosas da agricultura familiar, que por sua vez é foco das análises. A primeira matéria aborda a análise dos preços da agricultura f a m i l i a r, t a n t o n o m e r c a d o convencional quanto no mercado com Selo. Em seguida geramos as análises das cotações das usinas e esmagadoras de oleaginosas, e em complemento a esta informação, disponibilizamos dados do mercado internacional de óleos das principais oleaginosas voltadas para a produção de biodiesel. A seção de matéria especial contempla o leitor com a entrevista realizada com o chefe geral da Embrapa Agroenergia, Dr. Manuel Teixeira de Souza Júnior, discutindo questões relevantes para o setor de biocombustíveis. A segunda matéria especial aborda os impactos e as possibilidades da implantação do Biocombustível B10 no Brasil. Fornecemos também a análise dos custos da mamona da safra 2011/2012 e um estudo de viabilidade da soja. Por fim, no Espaço MDA são apresentados os Pólos de Produção de Biodiesel do Sul e CentroOeste. COTAÇÕES INDUSTRIAIS Matéria Especial: Biodiesel B10: A Produção de Biodiesel no Brasil O Setor Agroenergético no Brasil Custo de Produção da Agricultura Familiar Estudo de Viabilidade Econômica Espaço MDA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 1

Ano I N 10 Abril 2012 Preços da Agricultura Familiar SOJA No mês de março o preço médio negociado pelas cooperativas pela soja variou favoravelmente aos agricultores familiares, tanto no mercado convencional quanto no com Selo. O estado com o maior preço médio no mercado convencional foi Santa Catarina, R$46,13, e o menor no estado de Minas Gerais, R$40,40/sc (Tabela 1). O estado do Mato Grosso obteve a maior variação no preço médio em relação a fevereiro, 11,05%, passando de R$36,95/sc para R$41,03/sc. O Paraná recuou em 0,43%, quando comparado a fevereiro, passando de R$43,10/sc para R$42,92/sc. O preço médio nacional no mercado convencional da soja aumentou em 3,71% em relação a fevereiro, de R$41,39/sc passou para R$42,74/sc. O preço médio com Selo também oscilou significativamente no mês de março. O maior preço médio negociado com bônus ocorreu em Santa Catarina, R$47,13/sc, representando um aumento de 5,9% em relação a fevereiro. Minas Gerais obteve o menor preço, R$42,10/sc, mas vale lembrar que, no mês de fevereiro o estado não apresentou cotação, o que impossibilitou a análise de variação no preço médio. A maior variação no preço médio com Selo se deu no Mato Grosso, com um aumento de 10% em relação a fevereiro, variando de R$38,15/sc para R$42,23/sc em março. A menor variação ocorreu no Paraná, 0,20%, onde o preço médio recuou de R$44,17/sc para R$44,08/sc. O preço médio nacional com Selo variou 3,57% em relação a fevereiro, passando de R$42,98/sc para R$44,51/sc. As cooperativas de Goiás pagaram o maior valor do bônus, R$3,41/sc, e Santa Catarina o menor, de R$1,00/sc. Neste estado houve uma variação negativa de 33% em relação ao mês de fevereiro, quando o bônus era de R$1,50/sc. A média nacional do bônus aumentou em 0,55%, passando de R$1,58/sc para R$1,59/sc de fevereiro para março. Tabela 1 Preços médios da soja negociados pelas cooperativas, com Selo e com Bônus, em março de 2012. Estado Mercado Selo Bônus GO 42,38 45,78 3,41 MG 40,40 42,10 1,70 MT 41,03 42,23 1,20 PR 42,92 44,08 1,17 RS 44,70 45,76 1,06 SC 46,13 47,13 1,00 Brasil 42,93 44,51 1,59 Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. Gráfico 1 Médias mensais dos preços da soja no mercado convencional e com selo, em R$/sc. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. No Gráfico 1 observase que os preços médios no mercado convencional e com Selo oscilaram. O preço médio nacional no mercado convencional em março aumentou em 10,8%, comparado a junho de 2011, mês em que se iniciou o registro dos dados. A soja variou no período de R$38,76/sc para R$42,93/sc, representando um aumento de R$4,17/sc por soja comercializada. No mercado do Selo Social esta variação foi semelhante ao mercado convencional. No período de junho de 2011 a março de 2012 o aumento do preço da soja foi de R$4,15/sc, p a s s a n d o d e R $ 4 0, 3 6 p a r a R$44,51/sc, variando positivamente em 10,3%. 2

Ano I N 10 Abril 2012 Preços da Agricultura Familiar Algodão Na Tabela 2 obtêmse as cotações do caroço de algodão, do amendoim, da mamona e do milho para o mês de março de 2012. Os dados foram coletados junto às cooperativas de agricultores familiares dos estados da Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Tabela 2 Preço médio do caroço de algodão, amendoim, mamona e milho em março de 2012, em R$. Produto Algodão * Amendoim ** Mamona ** Milho Unidade de Medida Tonelada Saca de 25 kg Saca de 60 kg Saca de 60 kg Estado BA MG MT PR RS SC SP 500 330,00 37,75 102,53 23,90 23,18 25,13 24,80 Fonte: Dados coletados nas cooperativas de agricultura familiar. *caroço. ** produto com casca para a produção de óleo (impróprio para consumo in natura). *** sem casca. O preço médio do caroço de algodão comercializado em Minas Gerais não sofreu alteração. Isto se deve ao fato das cooperativas trabalharem sob contratos com as esmagadoras que mantiveram os preços em R$500,00/tonelada. No Mato Grosso a tonelada do caroço de algodão recuou em 0,50%, passando d e R $ 3 3 1, 7 0 / t o n e l a d a p a r a R$330,00/tonelada, como mostra o Gráfico 2. Gráfico 2 Médias mensais dos preços do caroço de algodão nos estados do Mato Grosso e Minas Gerais, em R$ /ton. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. 3

Ano I N 10 Abril 2012 Preços da Agricultura Familiar Amendoim O preço médio da saca de amendoim com casca no estado de São Paulo caiu 1,10% em relação a fevereiro, recuando de R$38,17/sc para R$37,75/sc (Gráfico 3). Ressaltase que São Paulo, maior produtor de amendoim do país, inicia o plantio da segunda safra no período de fevereiro/março. Gráfico 3 Médias mensais dos preços do amendoim no estado de São Paulo, em R$ /sc. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. Mamona No mês de março os preços médios da mamona no estado da Bahia aumentaram em 7,36%, em comparação ao mês de fevereiro, quando a mamona foi cotada a R$95,50/sc (Gráfico 4). Para o mês de março, os produtores receberam de suas cooperativas R$7,03/sc a mais pela saca da mamona, um total de R$102,53/sc. Gráfico 4 Médias mensais dos preços da mamona no estado da Bahia, em R$/sc. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. Milho As variações no preço médio do milho nos principais estados produtores não foram significativas no mês de março de 2012 (Gráfico 5). Em Mato Grosso o preço médio da saca de milho obteve um aumento de 3,15% em relação ao mês de fevereiro, passando de R$23,17/sc para R$23,90/sc, sendo este o único estado com variação positiva em março, em relação a fevereiro. No Paraná o preço médio foi de R$23,18/sc, cotado a 2,71% a menos que em fevereiro, R$23,83/sc. No Rio Grande do Sul o preço médio também recuou, passando de R$25,42/sc para R$25,13/sc, uma variação negativa de 1,16%, em relação ao mês anterior. Em Santa Catarina o recuo no preço médio foi de 0,80%, passando de R$25,10/sc para R$24,80/sc. Gráfico 5 Médias mensais dos preços de milho nos estados do Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, em R$/sc. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. 4

Ano I N 10 Abril 2012 Cotações Industriais Cotações dos produtos industrializados de oleaginosas foto: COASA Soja O preço médio dos produtos da soja (óleo e farelo) para o mês de março obteve oscilações distintas nos diversos estados. Para o óleo de soja, a maior variação no preço médio em relação ao mês de fevereiro foi no estado do Mato Grosso do Sul, onde o preço foi de R$1.833,33/tonelada e em março passou a R$2.129,58 / tonelada, um aumento de 13,08%. No Rio Grande do Sul, o preço médio do óleo de soja subiu 7,40%, passando de R$2.076,20/tonelada para R$2.225,58 / tonelada. Os estados de São Paulo e Goiás obtiveram um recuo no preço de 10,58% e 15,70%, respectivamente. Em São Paulo custou R$2.348,01 /tonelada no mês de fevereiro, recuando para R$2.099,69 / tonelada em março. Em Goiás o preço médio recuou de R$2.469,00 para R$2.081,25 / tonelada. Os estados da Bahia, Piauí, Mato Grosso e Paraná não apresen taram cotações no mês de fevereiro, motivo pelo qual não foram feitas as análises de variação do preço médio. Nacionalmente, o valor médio do óleo recuou 0,94%, passando de R$2.194,14/tonelada para R$2.214,76/tonelada. O farelo de soja no mês de março custou em média R$696,12/tonelada, representando um aumento de 5,69% em relação ao mês de fevereiro, R$658,67/tonelada. A maior variação no preço médio do farelo ocorreu no Paraná, passando de R$660,00/tonelada para R$750,00/tonelada, representando um aumento de 13,64% em relação ao preço médio de fevereiro. A menor variação se deu no estado de Goiás, onde o preço médio recuou 1,47% em relação a fevereiro, caindo de R$680,00/tonelada para R$670,00/tonelada. Na Tabela 3 é possível verificar a porcentagem da relação entre os preços do óleo e do farelo de soja. O estado que apresentou maior relação percentual em março foi o estado do Rio Grande do Sul, 327%, cujo percentual em fevereiro foi de 332%, o que mostra uma redução de 1,5% na relação entre o preço do óleo e do farelo de soja. A menor relação percentual para março ocorreu no Mato Grosso do Sul, 304%, no entanto, considerando o mês de fevereiro, o estado obteve um aumento de 7,05% na relação dos dois produtos. A média nacional da relação entre os dois produtos obteve um recuo de 4,5% no mês de março, passando de 333% para 318%. 5

Cotações Industriais Cotações dos produtos industrializados de oleaginosas Ano I N 10 Abril 2012 Tabela 3 Preços médios de óleo e farelo de soja em R$/tonelada negociados pelas esmagadoras em março de 2012. Estado Óleo de Soja Farelo de Soja Relação do preço do óleo e farelo de soja SP GO RS BA MS PI MT PR Brasil 2099,69 2081,25 2225,58 2295,50 2129,58 2295,50 2295,50 2295,50 2214,76 680,58 670,00 680,00 700,00 750,00 696,12 Fonte: Dados coletados nas esmagadoras de oleaginosas. 308% 310% 327% 304% 306% 318% Mamona O preço médio dos produtos da mamona no mês de março foi analisado no estado de São Paulo. O preço médio do óleo no mês de março Algodão O preço médio do óleo de algodão em Goiás no mês de março aumentou 2,97% em relação ao mês d e f e v e r e i r o, p a s s a n d o d e R$1.750,00/tonelada para R$1.802,00 aumentou 6,34%, passando de R $ 6. 0 4 2, 0 0 / t o n e l a d a p a r a R$6.425,00/tonelada. O preço médio da torta diminuiu 10,91% em relação /tonelada. No Mato Grosso a variação no preço médio do óleo negociado pelas usinas foi maior em relação a Goiás para o mês março. Em fevereiro o preço médio do óleo de algodão foi a fevereiro, recuando de R$558,40 / tonelada para R$497,50 / tonelada. de R$2.381,04/tonelada e em março 3,7% maior que no mês anterior, cotado a R$2471,50/tonelada. 6

Ano I N 10 Abril 2012 Cotações Internacionais Mercado Internacional de óleos De modo geral, os preços internacionais de óleos das principais oleaginosas no mês de março não apresentaram grandes variações (Gráfico 6). O produto com maior variação, em comparação ao mês de fevereiro, foi o óleo de palma, cotado a US$1.105,70/tonelada, representando um aumento de 5,54% em relação ao mês anterior. A menor variação do preço médio mensal ocorreu com o óleo de canola, um recuou de 0,65% em comparação ao mês de fevereiro, cotado a US$1.288,80/tonelada. O óleo de soja obteve um aumento de 2,33%, passando de U S $ 1. 1 7 0, 2 1 / t o n e l a d a p a r a US$1.197,50/tonelada. O mercado de óleo de girassol mantevese estável, cotado a US$1.441,00/tonelada. Gráfico 6 Preços médios dos óleos de palma, soja, girassol e canola, em US$/tonelada, de dez/2011 a mar/2012. Fonte: International Monetary FundIMF. No Gráfico 7 estão dispostos os preços médios para o primeiro trimestre do ano de 2012 e de dezembro de 2011. O preço médio do primeiro trimestre do ano de 2012 do mercado internacional de óleo de palma, em comparação ao primeiro trimestre de 2011, obteve uma queda de 12%, aproximadamente, recuando de US$1.209,78 para US$1.057,98 / tonelada. Para o óleo de soja a variação foi menor, um recuo de 7,20%, caindo de US$1.256,97 para US$1.166,52 / tonelada. O preço médio do óleo de girassol no trimestre sofreu alteração negativa de 5,58%, passando de US$ 1.565,68 para US$1.478,47 / tonelada. Para o óleo de canola o preço médio no trimestre recuou em 10%, aproximadamente, passando de US$1.423,45 para US$1.279,71 / tonelada. Gráfico 7 Preços médios dos óleos de palma, soja, girassol e canola no primeiro trimestre de 2011 e 2012, em US$/tonelada. Fonte: International Monetary FundIMF. A produção de biodiesel a partir de colza tem apresentado tendência de aumento, visto que, os preços para o biodiesel da oleaginosa se mostram favorável no mercado internacional. Vale ressaltar que a maior produção e consumo de biodiesel de colza fica concentrada na Europa. Outra oleaginosa que mostra tendência de aumento na produção de biodiesel é a soja. A Argentina, principal exportador mundial do biodiesel de soja, passará a demandar maior quantidade de biodiesel, 900 mil toneladas, fruto do aumento da percentagem obrigatória de adição de biodiesel ao diesel, previsto para os próximos anos. Outro fator relevante é que a produção de biodiesel na Argentina aponta um crescimento de 20% para o ano de 2012, chegando a 3 milhões de toneladas. 7

Matéria Especial 8 Ano I N 10 Abril 2012 Biodiesel B10: A produção de biodiesel no Brasil A p ó s u m c r e s c i m e n t o acelerado da adoção do biodiesel no Brasil, parece que o Programa entrou na fase de estabilização. A quantidade de biodiesel produzido no ano 2011 foi de 2,16 milhões de toneladas, enquanto em 2010 foram 2,13 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 1,4%, reflexo da manutenção do B5. Atualmente existe uma manutenção da política para biodiesel. As legislações e estruturas de suporte à implantação do programa estão consolidadas. No entanto, ainda existem muitas cobranças por parte dos agricultores familiares e das indústrias de biodiesel. Os agricultores estão em busca de uma maior participação e lucro na produção das oleaginosas e as indústrias, por seu turno, tentam ampliar o teor de biodiesel no diesel, a fim de reduzir as capacidades ociosas e aumentar a segurança dos seus negócios. Assim, quando o assunto é aumentar o teor de mistura de biodiesel e a adoção de uma mistura de, por exemplo, B10, surgem dúvidas como: o Brasil possui condições de produzir o biodiesel necessário para satisfazer a esta demanda? Dispomos de matériasprimas suficientes ou teremos que importar? A agricultura familiar dispõe de produção de matériaprima suficiente para atender ao Selo Combustível Social? A capacidade atual instalada das esmagadoras de oleaginosas é suficiente para atender à demanda de óleo ou teremos que importar óleo? Com o intuito de responder a estas questões, a presente matéria traz uma análise da cadeia produtiva do biodiesel. Segundo a ANP, a quantidade de óleo diesel disponibilizado para o ano de 2011 foi da ordem de 51 bilhões de litros, sendo que 42 bilhões foram produzidos no Brasil e nove bilhões foram importados. O biodiesel (B5) produzido foi de 2,37 milhões de toneladas. Para atender uma demanda de B10 nos patamares de consumo de diesel de 2011, seria necessária uma produção de 4,44 milhões de toneladas de biodiesel. Disponibilidade de Óleo A produção nacional de óleo de soja em 2011 (dezembro de 2010 a novembro de 2011, segundo a Abiove) foi de 5,28 milhões de toneladas. Destas, 1,47 milhões foram exportados, permanecendo no mercado interno 3,93 milhões de toneladas. Considerandose que 80% das matériasprimas utilizadas para produção de biodiesel é constituído pelo óleo de soja (ANP, dados de 2010), temse que em 2011 o mercado de biodiesel consumiu 1,77 milhões de toneladas de óleo vegetal, quantidade maior do que fora exportado de óleo de soja no mesmo ano. Porém, em 2011 (safra 2010/2011) foram produzidas quase 51 milhões de toneladas de grão de soja, das quais 29 milhões de toneladas foram processadas e 22 milhões de toneladas foram exportadas (ABIOVE). Se toda a soja produzida em 2011 fosse processada no mercado interno, haveria uma disponibilidade adicional de 3,89 milhões de toneladas de óleo. Somado ao volume já destinado ao mercado interno (alimentos e biodiesel) a disponibilização seria de 7,56 milhões de toneladas (não se contabilizou o óleo exportado). A produção de B10 demandaria um volume de óleo de soja da ordem de 3,65 milhões de toneladas. Logo, a soja produzida no país pode atender, com boa margem de segurança, o mercado de B10, o mercado alimentício e ainda manter os volumes de exportação de óleo de soja. Para tanto, há que se verificar a disponibilidade do parque de esmagamento e também o impacto do novo e grande volume de farelo no mercado. Capacidade de produção da indústria A capacidade instalada da indústria de extração de óleo para o ano de 2010 foi de 177 mil toneladas d e s o j a p o r d i a ( A b i o v e ). Considerandose uma média de 330 dias, a capacidade instalada é de 58 mil toneladas de soja por ano (uma ociosidade de 50%, pois o esmagamento foi de cerca de 30 mil/t). Entretanto, não existem informações seguras sobre as condições deste parque ocioso: quais unidades estão fechadas, quais possuem ou não condições de voltar com as operações ou de aumentar o volume de esmagamento. Apesar disso, as unidades instaladas teriam, em princípio, condições de ampliar a produção de óleo vegetal dos atuais 5 para 10 milhões de toneladas. Este volume seria suficiente para atender o aumento da demanda para B10. Porém, devese verificar os impactos positivos e negativos do aumento expressivo do farelo de soja para 12,97 milhões, tanto sobre o preço da soja quanto sobre o preço das rações e da carne suína, de aves e bovina, bem como estimar as possibilidades de ampliação das exportações.

Ano I N 10 Abril 2012 Matéria Especial Biodiesel B10: A produção de biodiesel no Brasil Capacidade de produção de biodiesel B10 Outra questão que precisa ser respondida para a consolidação do B10, é se as unidades de biodiesel teriam capacidade já instalada para suprir este aumento de demanda. Segundo informações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as 65 empresas autorizadas para produzir biodiesel no Brasil, no ano 2011, possuíam capacidade instalada de 5,33 milhões de toneladas por ano, suficientes para atender o mercado de B10. Além disto, há dez novas plantas de biodiesel autorizadas para construção e oito plantas autorizadas para aumento de capacidade. Concluise que a capacidade de produção de biodiesel definitivamente não é um entrave para a consolidação do B10. Capacidade de cumprir as normas do Selo Combustível Social Onde está o gargalo para o aumento da mistura de Biodiesel no diesel? Existe uma área ou regra que impede a ampliação da produção de biodiesel? A resposta a esta pergunta é sim, o Selo Combustível Social e a produção de soja por parte da agricultura familiar. O fato é que existe muita dificuldade das empresas, atualmente, em atenderem as regras do Selo Combustível Social quanto ao volume de compra da agricultura familiar para a produção do B5. A mistura de 10% de biodiesel ao diesel exigiria o dobro de volume de soja da agricultura familiar, ou seja, os atuais 1,59 milhões de toneladas de soja proveniente da agricultura familiar passariam para 3,18 milhões de toneladas de soja. Não se sabe precisar o quanto a agricultura familiar poderia suprir deste aumento, mas se sabe que a quantidade disponível é bem inferior ao demandado. Portanto, será preciso não somente ampliar a produção de soja da a g r i c u l t u r a f a m i l i a r, m a s principalmente ampliar a produção de novas oleaginosas e a inserção de novos produtores. Caso contrário, o que pode se esperar é que o programa atinja B7 e pare neste patamar. Cenários preocupantes Várias situações colocam em perigo a implementação do B10. Uma delas referese às dificuldades relativas à política tributária nacional. A chamada Lei Kandir, como se sabe, isenta de ICMS os produtos de exportação, incluso as matériasprimas não transformadas. Tal fato pesa negativamente para a ampliação do volume de esmagamento de soja no país, essencial para se almejar o aumento do mercado de biodiesel para B10 ou mais. Alem disto, cumpre destacar que as diferenças de ICMS, entre e intra estados da federação, encarecem em muito a produção de biodiesel em estados sem produção e/ou esmagamento de soja. Ou seja, as questões tributárias citadas, incluindo a guerra fiscal dos estados, são fatores absolutamente limitantes à ampliação do mercado do biodiesel e ao desenvolvimento da produção regionalizada, tal como o PNPB se propõe. O segundo cenário preocupante é a possibilidade de aumento da quantidade mínima de compras da agricultura familiar, proposta pelo MDA. O ministério propõe manter em 30% o Nordeste, aumentar para 20% nas regiões Norte e Centro Oeste e 40% nas regiões Sul e Sudeste. Pelo contrário, os empresários propõem reduzir para 20% no Nordeste, manter 30% no Sul e no Sudeste e 15% no Norte e no Centro Oeste. No caso particular da região Sul, donde advém a maior parte das compras da agricultura familiar, passar de 30% para 40% implicaria em um impacto de R$0,01/L a R$0,03/L no custo da agricultura familiar sobre o biodiesel produzido (supondose B5), devido ao maior custo da soja da agricultura familiar. Logo, o aumento da quantidade mínima comprada da agricultura f a m i l i a r t e r i a u m i m p a c t o considerável sobre o preço final do biodiesel. U m t e r c e i r o c e n á r i o aconteceria numa eventual queda na safra. Os setores de alimentação e biocombustíveis competiriam pela soja disponível, inflacionando o preço desta matériaprima e obrigando a importar óleo, seja para seu uso em biodiesel ou para consumo humano. Uma possível solução poderia estar na diminuição ou eliminação do ICMS e do estimulo no setor agroindustrial, deslocando uma boa parte das exportações para processamento dentro do país. 9

Ano I N 10 Abril 2012 Matéria Especial O setor Agroenergético no Brasil foto: Embrapa Agroenergia foto: André Lima O setor Agroenergético no e contribui para que o país se torne um desmatamento de áreas nativas para a referencial na difusão de tecnologias na produção de carvão; por fim, a Brasil produção de energias limpas. A 10ª Edição do Bioinformativo apresenta a entrevista realizada com o Dr. Manoel Teixeira Souza Júnior, chefe geral da Embrapa Agroenergia, importante instituição de suporte de componente de Pesquisa e Desenvolvimento P&D para as políticas públicas do Governo no setor de agroenergia no Brasil. A Embrapa Agroenergia tem como finalidade a coordenação da plataforma de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em agroenergia, gerando e transferindo conhecimentos e tecnologias que contribuam para a sustentabilidade, competitividade e maior equidade entre os agentes das cadeias de agroenergia em conformidade com os anseios da sociedade. A empresa também objetiva atender às demandas dos clientes e das políticas públicas das áreas energéticas, social, ambiental, agropecuária e de abastecimento (Fonte: Embrapa Agroenergia). A E m b r a p a p r o m o v e o desenvolvimento sustentável do setor 10 A empresa passou a destinar esforços para o setor de agroenergia com o advento do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel PNPB, mas não se limitou ao desenvolvimento tecnológico para este biocombustível. A empresa se estruturou em torno de quatro plataformas para o setor de agroenergia: a plataforma do Etanol, que prioriza pesquisas para ganhos incrementais na cadeia produtiva atual, que já é muito desenvolvida e enfoca também o etanol de segunda geração; a plataforma do Biodiesel que alinhada com as diretrizes do Programa Nacional para Uso e Produção de Biodiesel PNPB enfoca pesquisas em novas oleaginosas com alto teor de óleo e no desenvolvimento de tecnologias de industrialização dessas oleaginosas; a plataforma de Florestas Energéticas que tem como foco apresentar soluções para problemas organizacionais, tecnológicos e estruturais que diminuirão a demanda por fibra / celulose e energia de biomassa, além de buscar soluções para a redução de impactos ambientais decorrentes do plataforma de Coprodutos e Resíduos que visa ao desenvolvimento de pesquisas para o aproveitamento de resíduos resultantes da produção de biodiesel, de etanol e das demais agroindústrias para a produção de bioenergia. O Dr. Manoel Teixeira Souza Júnior foi questionado sobre o papel da instituição no que tange às políticas públicas do setor. Segundo o entrevistado, uma das atribuições da empresa é justamente dar suporte ao poder público na formulação de políticas para o setor agroenergético. Por isso, sempre que solicitados contribuem, principalmente no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento tecnológico, mas também nas questões envolvendo aspectos econômicos e sociais, as quais debatem em estudos transversais. Nesse sentido, a empresa atua em grupos que tomam decisões estratégicas para o país, quais sejam: a Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; o Conselho de Ener

Ano I N 10 Abril 2012 Matéria Especial O setor Agroenergético no Brasil gias Renováveis do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no contexto do Plano Brasil Maior; e o Grupo Gestor do Biodiesel da Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel, coordenada pela Casa Civil. Segundo Manoel Teixeira, o papel da Embrapa Agroenergia para o setor agroenergético é contribuir na formulação de políticas para o setor e para a consolidação da agroenergia na matriz energética brasileira, uma vez que, à medida que a empresa ganha espaço está contribuindo para consolidar a participação das fontes renováveis na matriz energética brasileira. Ressaltando que: O c e n t ro d a s n o s s a s atividades consiste em gerar conhecimento e tecnologia para tornar a cadeia produtiva da agroenergia cada vez mais forte e competitiva. (...) É n e s s e s e n t i d o q u e trabalhamos não só com as matériasprimas e processos de produção de agroenergia, mas também com os coprodutos e resíduos e isso não só de matériasprimas energéticas. Podemos transformar diversos resíduos em fonte renovável de energia. A palha do arroz, por exemplo, pode ser convertida em lenha ecológica também conhecida como briquete. O setor de agroenergia demanda diversas frentes de trabalho, visto que as matériasprimas utilizadas na produção de energia renovável são cada vez mais u t i l i z a d a s. P a r a a E m b r a p a Agroenergia, as linhas de trabalho consideradas mais promissoras foram ressaltadas no grifo do entrevistado a seguir: Nós atuamos em várias frentes. Estamos investindo fortemente no desenvolvimento de tecnologias que garantam produção de biomassa para servir de matériaprima para a produção de energia, não só na forma de biocombustíveis líquidos, mas também sólidos e gasosos briquetes e biogás, por exemplo. Temos esse grande foco em biomassa pela experiência e liderança da Embrapa em agricultura tropical. Mas também estamos trabalhando com processos para viabilizar o uso de nossas plantas na produção de biodiesel e bioprodutos, no contexto de produção integrada em biorrefinarias. Nossas usinas de etanol e biodiesel já praticam essa produção integrada, utilizando uma matériaprima para gerar alimentos, biocombustíveis, rações, energia elétrica etc. Mas podemos aumentar essa gama de produtos, com itens de maior valor agregado. Focamos também na consolidação de uma cadeia produtiva sustentável, buscando tecnologias que emitam menos e capturem mais gases de efeito estufa. A descoberta e validação de genes e características importantes para aumentar a produtividade e qualidade das culturas energéticas é um exemplo mais específico das nossas pesquisas. Outro é a caracterização e uso de microrganismos da nossa biodiversidade para uso na produção de biocombustíveis de primeira e segunda geração. Desde a criação da Embrapa Agroenergia, o foco tem sido a produção de bioenergia a partir das mais diferentes fontes biomassa (madeira), canadeaçúcar e óleos vegetais. Também questionamos quais são as linhas de trabalho da Embrapa A g r o e n e r g i a e q u a l o s e u posicionamento quanto à diversificação das matériasprimas para a produção de biodiesel. Manoel Teixeira: Nós investimos em pesquisa e desenvolvimento de culturas com potencial energético pela necessidade de diversificação das matériasprimas para produção de biodiesel. Por exemplo, temos um grande esforço de pesquisa com pinhãomanso para garantir sementes de qualidade genética para o agricultor. No que diz respeito ao processo industrial do biodiesel, vamos estudar formas de controle pleno de processos d e g r a d a t i v o s q u í m i c o s e microbianos. Além disso, já estamos pesquisando alternativas para aproveitamento da glicerina, principal resíduo da produção do biodiesel (Manoel Teixeira Souza Júnior, Embrapa Agroenergia). A plataforma de biodiesel dentro da Embrapa tem como objetivo desenvolver pesquisas de matériasprimas voltadas para a agricultura familiar para a produção de biodiesel. Questionamos como os agricultores familiares são atendidos pelas ações da Embrapa Agroenergia e quais são os resultados pretendidos com estas ações. De acordo com o chefe geral da Embrapa, a preocupação em diversificar as matériasprimas está relacionada à necessidade de incluir no Programa Brasileiro de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) agricultores familiares de diferentes regiões do país, já que, algumas delas não são favoráveis à produção de soja. A transferência de tecnologias está no centro das atividades da empresa. Os primeiros resultados das pesquisas com pinhãomanso, por exemplo, já são repassados aos agricultores nos circuitos nacionais promovidos pela Associação Brasileira de Produtores de PinhãoManso. 11

Custos de Produção da Agricultura Familiar Comparativo custo de produção Mamona BA x MG O custo de produção da mamona nos estados da Bahia e de Minas Gerais, referentes à safra 2011/2012 e fornecidos pelas próprias cooperativas, foram comparados e analisados. Dois sistemas de mamona foram considerados: mamona em sequeiro e mamona irrigada, com os dois cultivos recebendo adubação em seu ciclo. Os resultados do levantamento são apresentados na Tabela 4. Ano I N 10 Abril 2012 As variedades consideradas nos custos de produção não são as mesmas para os dois estados, uma vez que, uma é de ciclo anual e a outra de ciclo bianual. Assim sendo, será considerada uma análise apenas para o primeiro ano de produção, a fim de minimizar a diferença dos ciclos. Vale ressaltar que aqui são expressas as produtividades potenciais esperadas para as regiões, variando de acordo com o nível tecnológico empregado em cada sistema adotado pelo produtor de mamona. Tabela 4 Custo de produção médio para mamona por hectare, ano de implantação. Operações Mecânicas Defensivos Sementes Fertilizante MDO (R$/ha.) Beneficiamento Sacaria Outros (Energia Elétrica) Produtividade esperada (kg/ha) Custo de produção Ano de Implantação ANO 1 SIBA * R$ 190,00 R$ 160,00 R$ 32,00 R$ 480,00 R$ 525,00 R$ 100,00 R$ 35,00 R$ 406,42 3000 R$ 1.928,00 SIMG * SSBA * SSMG * R$ 193,00 R$ 190,00 R$ 172,00 R$49,00 R$ 427,20 R$ 40,00 R$ 32,00 R$ 480,00 R$ 35,00 R$ 427,20 R$ 264,00 R$ 36,00 R$ 240,00 2600 R$ 1.209,20 R$ 525,00 R$ 100,00 R$ 17,50 1500 R$ 1.384,50 R$ 264,00 R$ 36,00 1430 R$ 934,20 *SIBA Sistema Irrigado na Bahia; SIMG Sistema Irrigado em Minas Gerais; SSBA Sistema Sequeiro na Bahia; SSMG Sistema Sequeiro em Minas Gerais. Fonte: Elaborado pelos autores. Para o estado de Minas Gerais não são feitos os tratos culturais com herbicidas e inseticidas. A sacaria é fornecida por empresas terceiras, além de no gasto com beneficiamento constar apenas o ensacamento. O s c u l t i v o s b a i a n o s apresentam maior gasto com fertilizantes, mãodeobra e energia elétrica. O custo visto com mãodeobra devese ao fato da cooperativa fazer análise de solo antes de iniciar seu plantio, fato não mencionado pela outra cooperativa. Outro fator relevante é a cooperativa apresentar oneração com poda no final do ciclo do primeiro ano devido ao tipo de variedade cultivada (bianual), além dos gastos com aplicação de defensivos, diferindoo do estado mineiro. O maior gasto com energia elétrica para o estado da Bahia no cultivo irrigado está relacionado ao sistema de irrigação empregado pela cooperativa, na qual se utiliza do sistema de gotejamento, enquanto a outra utiliza o sistema por aspersão. Outros fatores como a taxa tarifária de energia elétrica e água do estado fazem com que esse custo se eleve. O G r á f i c o 8 m o s t r a a participação de cada componente dos custos de produção. Este gráfico complementa as informações contidas na Tabela 4, possibilitando uma melhor compreensão dos dados. 12

Ano I N 10 Abril 2012 Custos de Produção da Agricultura Familiar Comparativo custo de produção Mamona BA x MG Gráfico 8 Custo de produção médio para mamona por hectare, Ano 1. Sistema Irrigado Bahia Sistema Irrigado MG Sistema Sequeiro Bahia Sistema Sequeiro MG A rentabilidade da mamona pode ser aferida na Tabela 5, onde os preços pagos pela matériaprima foram fornecidos pelas cooperativas. Fonte: Elaborado pelos autores. Nesta análise, considerase o preço pago pelo grão limpo, que atualmente é cotado a R$ 1,91/kg e R$1,35/kg, na Bahia e em Minas Gerais respectivamente. Para a Bahia, o preço da mamona deve sofrer variação no período de análise, po dendo atingir R$ 140/sc, segundo especialistas da área. Tabela 5 Indicadores financeiros para mamona, ano de implantação. Ano de Implantação ANO 1 SIBA * SIMG * SSBA * SSMG * Produtividade (kg/ha) ** 3000 2600 1500 1430 Produtividade (Sacas/ha) ** 50 43,33 25 23,83 Preço da Saca R$/sc (em grão) R$ 114,60 R$ 81,00 R$ 114,60 R$ 81,00 Receita R$ 5.730,00 R$ 3.510,00 R$ 2.865,00 R$ 1930,50 Custo de produção R$ 1.928,00 R$ 1.209,20 R$ 1.384,50 R$ 934,20 Custo por saca R$ 38,56 R$ 27,90 R$ 55,38 R$ 39,20 Lucro R$ 3.802,00 R$ 2.300,80 R$ 1.480,50 R$ 996,30 Lucro por saca R$ 76,04 R$ 53,10 R$ 59,22 R$ 41,80 *SIBA Sistema Irrigado na Bahia; SIMG Sistema Irrigado em Minas Gerais; SSBA Sistema Sequeiro na Bahia; SSMG Sistema Sequeiro em Minas Gerais. **Foi considerada a produtividades em grão, pois alguns custos trazem esta produção em bola, na qual é considerada a mamona sem fazer a debulha. Fonte: Elaborado pelos autores. 13

Ano I N 10 Abril 2012 Custos de Produção da Agricultura Familiar Comparativo custo de produção Mamona BA x MG foto: Ronaldo Perez Os dois tipos de sistemas para o estado da Bahia, irrigado e sequeiro, apresentam em relação ao estado de Minas Gerais um aumento na receita, com percentuais de 63% e 48% respectivamente. Este incremento nos ganhos é devido à sua maior produtividade e ao melhor preço pago pela matériaprima no estado. O custo de produção no estado de Minas Gerais, cultivo irrigado, se apresenta menor que na Bahia com uma diferença de R$718,80, o equivalente a diminuição nos custos de aproximadamente 37%. Já para o sistema de sequeiro, essa diminuição t a m b é m é c o n s t a t a d a, correspondendo a 32%. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de não ocorrerem gastos com aplicação e uso de defensivos, sacaria e análise de solo. O estado da Bahia apresenta um custo por saca mais elevado para os diferentes tipos de cultivos, justificado pelo maior gasto com operações e insumos. Para o sistema irrigado essa diferença é de R$10,66, o que correspondente a uma elevação de 38%. Para o sequeiro, este aumento é maior, com percentuais próximos de 42%. Tanto o lucro total quanto o lucro por saca desfavorecem o estado de Minas Gerais quando comparado ao estado da Bahia para o sistema irrigado, sendo estes correspondentes a uma diminuição de 39% e 30%, r e s p e c t i v a m e n t e. O m e s m o comportamento se observa para o cultivo em sequeiro, onde o estado mineiro apresenta uma diminuição no lucro total de R$ 484,20 e no lucro por saca de R$ 17,42, em relação ao estado baiano. O sistema irrigado proporciona à cultura da mamona uma maior elevação de produtividade quando comparado ao sistema de sequeiro, o que implicará em um melhor retorno econômicofinanceiro ao produtor. Porém, esse tipo de cultivo não é o mais usual entre os agricultores, uma vez que, mesmo que apresente algumas vantagens, o sistema de sequeiro é o mais corriqueiro. 15 14

Ano I N 10 Abril 2012 Estudo de Viabilidade Econômico Soja Este texto apresentará a atualização do estudo de viabilidade de usinas de biodiesel obtido a partir de óleo de soja, com base nas cotações da oleaginosa durante o primeiro trimestre de 2012. Foram utilizados dados primários do preço médio da soja, obtidos diretamente de cooperativas e esmagadoras nos estados de Goiás (Jataí) e Rio Grande do Sul (Santa Rosa), com compras mínimas da agricultura familiar de 15 e 30%, respectivamente, e máxima de 100% (Tabela 6). Tabela 6 Evolução do preço da soja. Estado Compras da Agricultura Familiar Soja (R$/Kg) 1 TRIMESTRE 2012 4 TRIMESTRE 2011 GO RS GO RS 15% 100% 30% 100% 15% 100% 30% 100% 0,71 0,76 0,72 0,73 0,68 0,72 0,68 0,69 A soja, para a compra mínima em Goiás, obteve um preço médio de R$ 0,71/Kg, e no Rio Grande do Sul R$ 0,72/Kg (Tabela 6). Já para a agricultura familiar, a soja obteve um preço médio de R$ 0,76/Kg em Goiás e R$ 0,73/Kg no Rio Grande do Sul. O preço soja apresentou um aumento percentual em relação ao trimestre anterior de +4,4% em Goiás, enquanto no estado do Rio Grande do Sul o aumento foi de +5,88%. Tabela 7 Evolução preço farelo e biodiesel Estado FARELO (R$/Kg) BIODIESEL*(R$/L) * Preço (por região, sem FAL) O farelo e o biodiesel sinalizaram aumentos: em Goiás, o farelo passou de R$ 0,63/Kg para R$ 0,66/Kg (+4,76%) e no Rio Grande do 1 TRIMESTRE 2012 4 TRIMESTRE 2011 GO Sul, de R$ 0,62/Kg para R$ 0,65/Kg (+4,84%). O biodiesel em Goiás passou de R$ 2,34/L para R$ 2,42/L (+3,42%), e no Rio Grande do Sul RS GO RS 0,66 0,65 0,63 0,62 2,42 2,41 2,34 2,31 de R$ 2,31/L para R$ 2,41/L (+4,33%). As maiores variações dos preços do grão, do farelo e do biodiesel ocorrerão no Rio Grande do Sul (Tabela 7). 15

Ano I N 10 Abril 2012 Estudo de Viabilidade Econômico Soja Tabela 8 Dados obtidos no estudo de viabilidade. Indicador Custo de Produção TIR TRC VPL 12% a.a. Unidade R$ / Litro % anos 3 119m /dia 15% 100% GOIÁS 3 396m /dia 15% 100% RIO GRANDE DO SUL 3 119m /dia 3 396m /dia 30% 100% 30% 100% 2,13 2,21 2,10 2,18 2,17 2,18 2,13 2,14 17,78 11,91 23,91 16,42 14,71 13,82 19,83 18,86 5,6 7,6 4,5 6,2 6,5 6,8 5,2 5,5 R$/Milhões 25,62 0,40 164,78 62,47 11,81 7,96 106,60 93,79 A compra da quantidade m á x i m a e m í n i m a d o g r ã o proveniente da agricultura familiar continua apresentando as mesmas diferenças de resultados nos estados analisados. Em Goiás, ainda não compensa adquirir 100% da matériaprima de agricultores familiares, pois os melhores resultados financeiros são relativos às usinas que adquirem apenas 15% dessa soja. Isso demonstra que, a desoneração do PIS/COFINS proporcional às compras de 100% da agricultura em todos os casos foi insuficiente para cobrir os custos adicionais do Selo Social. No Rio Grande do Sul, a operação da usina de biodiesel utilizando 100% de soja de agricultores familiares não mostra diferença significativa para com a usina que utiliza apenas 30%, sendo ambas viáveis. Todas as usinas alcançaram viabilidade econômica na compra mínima de matériaprima da agricultura familiar. Em Goiás a TIR foi de 17,78% e 23,91%, e no Rio Grande do Sul 14,71% e 19,83% para unidades de 119 m 3/dia e 396 m 3/dia, respectivamente. Para compra de 100% de soja de agricultura familiar, a TIR foi de 11,91% e 16,42% para usinas de 119 m 3 / d i a e 3 9 6 m 33 / d i a, respectivamente, no estado de Goiás, enquanto no Rio Grande do Sul os valores foram 13,82 % e 18,86% para 1 1 9 m 3 / d i a e 3 9 6 m 3 / d i a, respectivamente. O único projeto que demonstra inviabilidade na sua rentabilidade é da unidade produtora de biodiesel de 119 m 3 /dia em Jataí GO. Os indicadores de rentabilidade do negócio são menores que os apresentados para o quarto trimestre de 2011, com uma queda de 100% junto ao Valor Presente Líquido (VPL). Apesar do aumento do preço do grão de soja, farelo e biodiesel, os resultados demonstram a viabilidade da maior parte dos projetos de implantação de usinas de biodiesel. 16

Ano I N 10 Abril 2012 Espaço MDA Polos de produção de biodiesel na Região Sul A Região Sul também tem uma grande quantidade de polos de produção de oleaginosas. Ajudado pelas características históricas de força e solidez da agricultura familiar, especialmente no Rio Grande do Sul, é registrado um grande número de agricultores familiares alcançados pelo Projeto Polos nessa região. Entretanto, a metodologia implantada no Sul é um pouco diferente, já que, tradicionalmente, os agricultores familiares se encontram nucleados na lógica de suas cooperativas. Polos de produção de biodiesel na Região Centro Oeste O intercâmbio constante da equipe nacional do Projeto Polos, incentivado e promovido pelo MDA, proporcionou agregar experiências e ideias do cooperativismo do Sul às regiões onde o cooperativismo ainda não está difundido, caso do Nordeste, Semiárido e o Centro Oeste. A Região Centro Oeste é a maior produtora de biodiesel e possui um número razoável de polos organizados. Seus estados, caracterizados pela tradição de força da agricultura patronal e voltada à exportação, naturalmente apresentam menores potenciais comparativos de organização da agricultura familiar. Fonte: SAF/MDA (2010) Porém, é uma região de destaque em novas iniciativas cooperativistas e em iniciativas de fomento à diversificação, como por exemplo, a produção de gergelim nos estados de Goiás e do Mato Grosso, assim como a produção de canola no estado do Mato Grosso do Sul. Fonte: SAF/MDA (2010) 17

Ano I N 10 Abril 2012 O Bioinformativo é uma publicação mensal do Centro de Referêcia da Cadeia de Produção de Biocombustíveis para a Agrigultura Familiar da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Endereço: Centro de Referência da Cadeia de Produção de Biocombustíveis para Agricultura Familiar, Vila Gianetti 25. Campus Universitário Viçosa, MG. Cep: 36570000 Telefone: 31 3891 0203 email: crefbio@ufv.br Visite nosso site: www.biomercado.com.br Coordenador do Centro de Referência Prof. Ronaldo Perez Prof. Carlos A. M. Leite Colaborador Prof. Aziz Galvão da Silva Júnior Equipe técnica Edna de Cássia Carmélio (Engenheira de Alimentos) Érica Custódia de Freitas (Bacharel em Agronegócio) Fernanda Cardoso de Melo Auxiliar adminsitrativo Javier Ignácio Bravo Correño (Engenheiro de Alimentos) Joélcio Cosme Carvalho Ervilha (Técnico em Agroindústria) Estagiários Jonas Roberto Barrél Pedro Sartori Neto Revisão textual Juliana Nedina Souza Projeto Gráfico Samuel Araújo Figueiredo Diagramação: Valério R. de Castro Colaboração: Ascom/MDA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 18