Indicadores sociais, gênero e TIC s.

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3. VISÃO DE FUTURO E ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DE LONGO PRAZO

Transcrição:

XXVII Cngres de la Asciación Latinamericana de Scilgía. VIII Jrnadas de Scilgía de la Universidad de Buens Aires. Asciación Latinamericana de Scilgía, Buens Aires, 2009. Indicadres sciais, gêner e TIC s. Zuleica Lpes Cavalcanti de Oliveira y Jã Raps Belchir. Cita: Zuleica Lpes Cavalcanti de Oliveira y Jã Raps Belchir (2009). Indicadres sciais, gêner e TIC s. XXVII Cngres de la Asciación Latinamericana de Scilgía. VIII Jrnadas de Scilgía de la Universidad de Buens Aires. Asciación Latinamericana de Scilgía, Buens Aires. Dirección estable: http://www.aacademica.rg/000-062/80 Acta Académica es un pryect académic sin fines de lucr enmarcad en la iniciativa de acces abiert. Acta Académica fue cread para facilitar a investigadres de td el mund el cmpartir su prducción académica. Para crear un perfil gratuitamente acceder a trs trabajs visite: http://www.aacademica.rg.

Indicadres sciais, gêner e TIC s Zuleica Lpes Cavalcanti de Oliveira UFRJ zuliveira@penlink.cm.br Jã Raps Belchir IBGE rapsbelchir@htmail.cm OBJETIVO O bjetiv d presente trabalh é de examinar impact de gêner sbre a dinâmica d empreg em algumas categrias cupacinais d ram de infrmática n Brasil em períd recente. A pçã de basear estud n ram da infrmática resultu d fat de que ele é um setr típic das atividades em TIC s. As transfrmações levadas a efeit na ecnmia mundial a partir da segunda metade d sécul XX se riginaram, em grande medida, das invações crridas nas indústrias frnecedras de prduts e serviçs de infrmaçã. Neste tip de indústria as características d empreg e d pessal cupad se distinguem das chamadas indústrias tradicinais. Elas apresentam níveis elevads de tecnlgia, demandand a existência de uma mã de bra mais qualificada. - 1 -

PENSANDO A RELAÇÃO ENTRE GÊNERO E TIC s Uma das lacunas ds estuds de gêner diz respeit a impact das nvas tecnlgias de cmunicaçã e infrmaçã sbre trabalh da mulher. A literatura diverge quant a efeit das TIC s sbre empreg, em geral e sbre empreg feminin, em particular. Uma das perspectivas de análise se fundamenta na idéia de que as TICs impulsinam aument da prdutividade, da cmpetitividade e da invaçã. Elas estimulam também a mbilidade cupacinal, a criaçã de empreg e a qualificaçã ds psts de trabalh. As nvas tecnlgias sã cnsideradas cm difusras d trabalh inteligente, valrizand a cperaçã, impulsinand aument d trabalh independente e a substituiçã d trabalh assalariad pel aut-empreg. A perspectiva analítica d mit d mercad e da flexibilidade está refletida nesse tip de visã, cnsiderand a irreversibilidade das mudanças prcessadas n mund d trabalh. As nvas tecnlgias sã tidas, ainda, cm instruments prpiciadres da emancipaçã da mulher (Bnder, 2001). O mit d mercad e da flexibilidade acredita na ptencialidade das TICs para a superaçã das desigualdades de gêner. A utra visã ressalta s efeits negativs das TICs para empreg, em geral e para empreg feminin, em particular. Esses efeits dizem respeit a pira das cndições de trabalh, a desqualificaçã d trabalh, a reduçã ds níveis de empreg, a precarizaçã e a crescente plarizaçã entre núcle dur da nva ecnmia e a massa expressiva de trabalhadres. A garantia d empreg é assegurada smente para s integrantes d núcle dur da nva ecnmia. De acrd cm essa visã as TICs cntribuem para a criaçã, recriaçã u aument das desigualdades sciais e ecnômicas, entre as quais, as existentes entre hmens e mulheres. (Sassen, 2002; Olint, 2004; Oliveira, 2007). Trabalhs diverss apntam para aument da precariedade d trabalh feminin n setr de TICs. As diferenças encntradas entre hmens e mulheres n setr de TIC s refletem s maires bstáculs enfrentads pela mulher, principalmente de rdem cultural, para us da tecnlgia (Hirata, 2000; Abram,1990; Abreu,1990). Os hmens estã mais preparads d que as mulheres para ingressar n mund das TICs devid a sua mair familiaridade cm a tecnlgia. A assciaçã entre tecnlgia e masculinidade cntribui para iss, expressand a existência de um prcess de cnstruçã scial que faz cm que as mulheres sejam, pr definiçã, excluídas d camp tecnlógic. A escla refrça esse fat a participar d prcess de cnstruçã da incmpetência técnica das mulheres (Rapkiewcz,1998). Esse prcess explica a falta de mtivaçã que as meninas em idade - 2 -

esclar apresentam, muitas vezes, para empreenderem trajetórias educacinais que cntemplem mund da infrmática. O puc interesse manifestad pelas meninas pr essa área de estuds irá psterirmente cndicinar a trajetória prfissinal feminina, afastand um númer significativ de mulheres d ram de infrmática. METODOLOGIA O material empíric utilizad refere-se as micr-dads da Pesquisa Nacinal pr Amstra Dmiciliar (PNAD) de 2002 e de 2006 para Brasil. Cumpre esclarecer, que nã puderam ser examinadas as atividades de cmérci desenvlvidas n ram de infrmática e as atividades de aluguel de material de infrmática e periférics, que sã sugeridas pela classificaçã da Organizaçã de Cperaçã e Desenvlviment Ecnômic (OCDE), e da EUROTAST. A classificaçã de atividade ecnômica das pesquisas dmiciliares d IBGE nã cnsidera ainda essas categrias separadamente. Elas estã reunidas em um grup frmad pr atividades bastante hetergêneas que cmpreendem utrs rams de atividade ecnômica. Diante da impssibilidade de recuperar a classificaçã da OECD e da EUROTAST, partiu-se para a cnstruçã de um agrupament de atividades que cntemplu as seguintes categrias: prfissinais de nível superir em infrmática, técnics de nível médi em infrmática, trabalhadres na fabricaçã de máquinas de escritóri e de equipament de escritóri, trabalhadres na manutençã e reparaçã de cmputadres e utras cupações na área de infrmática. Apesar d agrupament prpst nã permitir exame d ram de infrmática em sua ttalidade, a sua utilizaçã se cnstitui em uma tentativa de frnecer uma primeira aprximaçã a tema d empreg em infrmática, em algumas categrias cupacinais, tmand cm base as estatísticas públicas dispníveis até mment. A utilizaçã d agrupament prpst permitirá analisar a dinâmica de gêner em cupações de perfil prfissinal e técnic, cupações de natureza industrial e de serviçs. As dimensões que fram bjet da análise dizem respeit a vlume e distribuiçã de hmens e de mulheres, as médias de ans de estud, de hras trabalhadas e de remuneraçã. RESULTADOS O ram de infrmática cmpreende um cnjunt de invações que se cnstitui na infra-estrutura básica para desenvlviment da frma atual de capitalism flexível e dinâmic. Rapkiewicz (1998) distingue três fases distintas de trabalh n ram de infrmática. A primeira delas denminada de artesanal perduru até meads ds ans 60, quand teve lugar desenvlviment ds - 3 -

cmputadres de primeira e de segunda geraçã. Uma característica marcante dessa fase é a de que a prgramaçã era feita tmand cm referência sistema binári. O cnheciment mais prfund sbre funcinament da máquina também se cnstituí em uma característica específica da fase artesanal de trabalh n ram da infrmática. Havia uma estreita ligaçã entre hardware, sftware e aplicativ. O us d cmputadr estava restrit as espaçs militar e acadêmic e nã havia distinçã entre usuári e prfissinal de infrmática. Psterirmente us d cmputadr se estendeu para fra ds limites da academia alcançand as grandes crprações civis. (Rapkiewicz,1998) A fase sistêmica que crre entre s ans 60 e 70 em países cm s USA e durante s ans 80 n Brasil é marcada pel surgiment ds chamads equipaments de grande prte (mainframes). A grande característica dessa fase reside na criaçã ds Centrs de Prcessament de Dads que passaram a centralizar a atividade de cmputaçã. Nesta fase as principais transfrmações crridas fram a padrnizaçã d trabalh desenvlvid de frma rtineira e a separaçã entre as atividades de desenvlviment e de prduçã. Surgem as categrias cupacinais d ram da infrmática cnstituídas pels analistas de sistemas e suprte, s prgramadres, peradres e digitadres. Os traçs característics da fase sistêmica, cm a rigidez, burcratizaçã e a hierarquizaçã d trabalh de infrmática refletem, em grande medida, s princípis d mdel frdista. A terceira fase, flexível crrespnde a revluçã da micreletrônica e a desenvlviment das redes de cmputadr que tem na Internet seu principal destaque. A disseminaçã da infrmática se prcessu para tdas as áreas da vida scial, dand rigem as analistas de Centr de Infrmaçã u de micrinfrmática. É na fase flexível que crre a descentralizaçã da infrmática e a criaçã de empresas rede (Castells,1999). A tecnlgia da infrmaçã fi implantada em tds s setres das empresas, requerend frmas de trabalh integradas e uma mair ligaçã cm usuári, tant nas etapas de desenvlviment cm de prduçã das atividades de infrmática. As barreiras de temp e de espaç fram superadas fazend cm que trabalh adquirisse mbilidade e pudesse ser desenvlvid à distância. Sã criadas nvas categrias cupacinais cm s webmasters, webdesigners, a mesm temp em que desaparecem cupações, cm pr exempl, ds digitadres. Essas transfrmações estã assciadas principalmente as mdificações que crreram n cnteúd d trabalh ds - 4 -

prfissinais de infrmática, refletind, em última instância, a existência de um limiar mais reduzid entre as categrias prfissinais que se dedicam a ram da infrmática. Antes de entrar prpriamente na parte da análise ds dads, cabe destacar algumas infrmações estatísticas que permitem avaliar pes d ram de infrmática n ttal das empresas brasileiras. O Cadastr Central de Empresas d IBGE revelu a existência de 3,7 milhões de empresas n Brasil em 1996. Estas empresas absrviam em trn de 27 milhões de trabalhadres. N cnjunt das empresas brasileiras 37 mil destinavam-se as atividades de infrmática e cnexas, incrprand 191 mil trabalhadres ( ). Em 2000, as infrmações estatísticas indicaram um cresciment significativ d númer de empresas e d empreg n ram de infrmática. Além d cresciment, bservu-se, ainda, um aument médi anual ds saláris nesse tip de atividade, da rdem de 7,0 %, bastante superir a alcançad para as demais atividades ecnômicas (2,2 %). As tendências identificadas pr intermédi d Cadastr Central de Empresas permitem cncluir sbre dinamism d ram de infrmática n rl das empresas d país, sbretud em terms de geraçã de empreg. As infrmações divulgadas pel Cadastr Central de Empresas nã pssibilitam, cntud, exame d pessal cupad segund recrte pr sex, que seria de grande valia para s prpósits desse estud. De um md geral, as pesquisas de natureza ecnômica d IBGE se baseiam em inquérits administrativs ns quais a variável sex nã é levantada u nã é divulgada. A análise sbre empreg em algumas cupações d ram de infrmática revelu que apenas 790.790 da ppulaçã cupada era absrvida pelas categrias cupacinais examinadas n Brasil em 2006. O númer de mulheres (196.521) era bastante reduzid entre pessal cupad (tabela 1). Cabe, cntud, assinalar, que crreu um aument, em terms absluts, d pessal cupad n períd cmpreendid entre 2002 e 2006. A cupaçã que registru cresciment mais significativ fi a de manutençã e reparaçã de cmputadres que apresenta um perfil masculin bastante marcad. Em seguida, se destacaram, embra cm menr intensidade, as categrias cupacinais ds prfissinais de infrmática e de técnics de nível médi em infrmática. - 5 -

TABELA I Ppulaçã cupada em algumas categrias cupacinais d ram da infrmática pr sex Brasil 2002/2006 Ressalte-se, que as atividades de serviçs n ram de infrmática tiveram um aument mais prnunciad d que as de natureza industrial n períd de 2002 a 2006. Outra tendência digna de nta fi a diminuiçã verificada na categria cupacinal de peradres de máquinas de escritóri, dentand, em grande medida, desapareciment da cupaçã de digitadr na fase flexível d trabalh n ram da infrmática, cnfrme destacu Rapkiewicz (1998). Mas cm a dinâmica d empreg nessas categrias cupacinais está afetand hmens e mulheres? O exame da tabela 1 frnece algumas indicações. A primeira delas mstra que para s hmens mair aument refere-se as atividades de manutençã e de reparaçã de cmputadres e, em seguida, a grup de prfissinais de infrmática. Chama atençã a reduçã bservada na categria de peradres de máquinas de escritóri, já mencinada acima para ttal da ppulaçã, e aument mens significativ nas atividades indústrias n ram da infrmática. N entant, é precis ressaltar que a participaçã masculina aumentu na mair parte das categrias, em terms absluts e relativs, sbretud entre s prfissinais de infrmática. O indicadr scial calculad para essa categria assumiu valr de 72,9 % em 2002 e de 80,0% em 2006. Além d cresciment abslut e relativ crrid na categria ds prfissinais de infrmática, cabe também apntar aument, abslut e relativ experimentad pela ppulaçã masculina cupada na categria de fabricaçã de máquinas e de equipaments de escritóri (60,1% em 2202 e 68,0% em 2006). As exceções estã referidas a duas cupações. Ou seja, trata-se da categria de manutençã e de reparaçã de cmputadres, que apresentu um decréscim relativ a lng d períd, muit embra tenha tid um expressiv cresciment abslut, e da categria de peradres de máquinas de escritóri que diminui tant em terms absluts cm relativs. - 6 -

A segunda indicaçã diz respeit a cnfiguraçã d empreg feminin. Em primeir lugar fica evidenciad que ram da infrmática é demarcad cm um espaç essencialmente masculin. A menr presença feminina é encntrada em tdas as cupações, em particular naquela destinada a manutençã e reparaçã de cmputadres. Essa cupaçã mais d que utras reflete estereótip de gêner, em um setr de atividade, de serviçs, n qual a participaçã das mulheres cstuma ser mais representativa. O desempenh da cupaçã de manutençã e de reparaçã de cmputadres demanda uma cmpetência técnica que é, muitas vezes, estranha a univers feminin. As mulheres, preferencialmente aquelas de gerações mais velhas nã sã capacitadas para entrar em cntat cm a tecnlgia. A puca representaçã feminina na categria de manutençã e de reparaçã de cmputadres expressa, em grande medida, prcess de cnstruçã da incmpetência técnica das mulheres que cntinua send refrçad pelas representações sciais. Já há, prém evidencias que apntam mudanças na relaçã entre tecnlgia e gêner para a geraçã mais jvem de mulheres. O fat que merece destaque é a reduçã da participaçã feminina n cnjunt das cupações examinadas durante s ans de 2002 e 2006. Esta reduçã incidiu, em terms absluts, de md particular, sbre a categria de peradres de máquinas de escritóri, prfissinais de infrmática e na categria de fabricaçã de máquinas e de equipaments de escritóri, tant em terms absluts cm relativs. A menr presença feminina na categria, prfissinais de infrmática, em 2006 pde estar assciada cm as mudanças crridas n cnteúd d trabalh dessa categria cupacinal em períd recente. Ressalte-se, que as tendências descritas acima expressam decréscim da atividade feminina em cupações vltadas para as atividades de serviçs e da indústria n ram da infrmática. Surpreende, prém, aument verificad entre as mulheres, tant em terms abslut quant relativ, na categria de manutençã e de reparaçã de cmputadres durante s ans de 2002 a 2006. O reduzid cresciment relativ da participaçã feminina n cnjunt de cupações de infrmática durante esse períd resultu da entrada de mulheres na cupaçã de manutençã e reparaçã de máquinas e de equipaments de infrmática, redut claramente masculin. Seria interessante bservar se a tendência de aument da participaçã feminina nessa cupaçã é mantida para s próxims ans. A manutençã dessa tendência pderá sugerir a crrência de transfrmações significativas na relaçã entre gêner e tecnlgia. - 7 -

Em cntrapartida, empreg feminin diminui em tdas as utras categrias, cm exceçã da de peradres de máquinas de escritóri, em terms relativs. A reduçã crrida na categria prfissinais de infrmática e na de fabricaçã de máquinas e de equipaments, em trn de aprximadamente 7,0 %, indicam as maires dificuldades que as mulheres cntinuam encntrand para exercíci de atividades de natureza industrial e de perfil técnic d ram de infrmática. Assim, a dinâmica d empreg masculin e feminin se prcessa de frma diferenciada em cupações d ram de infrmática. Em geral, s bstáculs sã maires para as mulheres se inserirem em atividades que exigem níveis mais elevads de qualificaçã e de esclaridade em um espaç dminad pels hmens. O empreg feminin restringe-se, assim, em grande medida, a categria de peradres de máquinas de escritóri, prtant, em funções de api, cm a de digitadres (Rapkiewicz (1998). Os indicadres sbre as médias de ans de estud, remuneraçã e hras trabalhadas permitem melhr qualificar a dinâmica d empreg pr gêner nas categrias cupacinais examinadas. A média de ans de estud apnta para a inexistência de diferenças significativas entre hmens e mulheres. Dis aspects cabem, entretant, ser ressaltads. O primeir trata ds níveis mais elevads de esclaridade apresentads pels hmens na categria de fabricaçã de máquina e de equipaments de infrmática, ns ans de 2002 e de 2006. Já, segund, esta relacinad cm a pequena diferença de esclaridade, favrável as mulheres, na categria de peradres de máquinas de escritóri em 2006. A média de ans de estud ds hmens nã apresentu mudanças significativas a lng d períd de 2002 a 2006. Apenas na categria de técnics de nível médi crreu uma elevaçã n nível de esclaridade da ppulaçã masculina. Entre as mulheres, aument na média de ans de estud cntemplu as categrias de técnics de nível médi, fabricaçã de máquinas e de equipaments de escritóri e a de peradres de máquinas de escritóri, que permite supr que para a ppulaçã feminina ingress em cupações d ram de infrmática se trnu mais difícil entre s ans examinads. As diferenças de gêner fram mais acentuadas quand se tratu da média de remuneraçã. Cm esperad as médias salariais ds hmens fram invariavelmente mais altas d que as da ppulaçã feminina. A igualdade de remuneraçã só teve lugar na categria de peradres de máquina de escritóri, na qual a média de remuneraçã se situu em trn de R$ 630,00 para ambs s sexs. As mulheres seguind padrã encntrad em geral n mercad de trabalh - 8 -

permanecem ganhand mens d que a ppulaçã masculina, a despeit d seu tip de inserçã interna n ram de infrmática. O últim indicadr analisad referiu-se a jrnada de trabalh. A média de hras trabalhadas das mulheres fi sempre inferir a masculina. Cumpre, tdavia, mencinar aument crrid na média de hras trabalhadas das mulheres inseridas na categria de fabricaçã de máquinas e de equipaments de escritóri, e em menr grau na categria de peradres de máquinas de escritóri, durante s ans de 2002 a 2006. O aument da jrnada de trabalh das mulheres nessas categrias cupacinais pde ser mais uma indicaçã da pira das cndições d empreg feminin n ram da infrmática CONCLUSÕES Esse estud apntu para situações de empreg bastante diferenciadas n ram de infrmática para hmens e mulheres. As prtunidades de empreg feminin fram mais reduzidas n ram de infrmática, bem cm a alcaçã interna da ppulaçã cupada revelu uma situaçã mais desfavrável para as mulheres. Quant mais técnica a atividade, quant mais intensiva em tecnlgia mair a presença masculina. Além d mais, as tendências que fram identificadas durante s ans de 2002 e 2006 mstraram a intensificaçã da situaçã mais desfavrável das mulheres, sbretud n que diz respeit a declíni da participaçã feminina na categria de prfissinais de infrmática e, entre s trabalhadres na fabricaçã de máquinas e de equipaments de escritóri. - 9 -

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