CRIAÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE UM CLUBE DE BUSINESS ANGELS RECURSOS TÉCNICOS PARA O EMPREENDEDORISMO DE BASE TECNOLÓGICO



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Transcrição:

ÍNDICE INTRODUÇÃO Sobre o guia Utilizadores Beneficiários CONCEITOS CHAVE NOTAS METODOLÓGICAS E PRÉ-REQUISITOS A importância da actividade de business angels em Portugal Caracterização do financiamento através de Business Angels Processo de financiamento de uma empresa de base tecnológica Viabilidade para a criação de um clube de Business Angels Perfil do Business Angel Divulgação da iniciativa Acesso ao capital de risco por mulheres empresárias PROCESSO METODOLÓGICO a. Criação de um clube de Business Angels i. Identificação de potenciais investidores ii. A primeira abordagem aos potenciais investidores iii. Identificação dos potenciais investidores interessados iv. Envolvimento e esclarecimento dos investidores informais 1. A primeira reunião de trabalho conjunta v. Constituição formal do clube de Business Angels vi. A prática CAIE b. Dinamização de um clube de Business Angels i. Acção junto dos empreendedores 1. Comunicação externa Captação de novos projectos para investimento 2. Análise de projectos para apresentação ao clube 3. Preparação do empreendedor ii. A oferta e a procura 1. Identificação de investidores com interesse no projecto 5 7 9 10 11 12 13 15 16 18 19 23 25 29 30 31 32 34 3

2. Mediação da apresentação de novos projectos aos investidores iii. Acção junto dos investidores 1. Comunicação externa Captação de novos investidores 2. Promoção do trabalho em rede 3. Formação/Desenvolvimento de competências dos investidores 4. Apoio ao investimento iv. A prática CAIE BENIFICIOS/RESULTADOS CUSTOS DE IMPLEMENTAÇÃO FACTORES CRÍTICOS DE SUCESSO FERRAMENTAS 35 36 37 38 39 40 41 45 47 49 59 4

introdução Sobre o guia O guia Criação de um clube de Business Angels constitui um instrumento de apoio a todas as entidades interessadas na criação e dinamização de um clube de Business Angels, enquanto instrumento financeiro para a dinamização empresarial, captação de investimentos e desenvolvimento regional. Neste guia, encontrará o processo, passo-a-passo, para a criação e dinamização de um novo clube de Business Angels, desde a identificação e captação de potenciais investidores até à definição de uma estrutura de funcionamento e de animação do clube constituído, incluindo acompanhamento a empreendedores e investidores. Utilizadores O guia Criação e dinamização de um clube de Business Angels é dirigido a todas as entidades que manifestem interesse e reúnam as condições para a promover a criação de uma entidade desta natureza. Entre as potenciais entidades utilizadoras deste guia encontram-se: Incubadoras; Associações empresariais; Entidades vocacionadas para o apoio à criação e desenvolvimento de empresas de base tecnológica. Beneficiários Os beneficiários finais da implementação de um clube de Business Angels são: Empreendedores, que aqui encontram um novo instrumento financeiro para o apoio aos seus projectos; Potenciais investidores, que, através do clube, encontram novas oportunidades para rentabilizar 5

os seus capitais próprios e aplicar as suas competências empreendedoras e experiência empresarial. 6

conceitos chave Business Angels Investidores informais, normalmente empresários ou quadros de empresas, que investem, a titulo particular, o seu capital, conhecimentos e experiências em projectos liderados por empreendedores que se encontram em início de actividade. O objectivo deste investimento é a sua valorização a médio prazo, na expectativa de que posteriormente se possa alienar o capital investido a outros interessados. Capital de Risco - Forma de financiamento da actividade empresarial, através de capitais próprios, com um horizonte de médio e longo prazo, mediante a entrada de um sócio, normalmente minoritário, mas empenhado no sucesso da empresa que por isso acompanhará de forma activa, vocacionada para o apoio a empresas sem acesso ao mercado de capitais, com relevo para as PME. Venture Capitalists - Sociedades de capital de risco são sociedades em que o seu objectivo é a tomada de participações no capital de outras empresas, numa perspectiva de investimento de médio e longo prazo, onde irão obter mais tarde mais-valias com a alienação da participação adquirida. Estas sociedades para além dos meios financeiros que resultam do seu capital social, gerem diversos tipos de fundos especializados. Corporate Venturing - São investidores (normalmente sob a forma de empresa) que realizam investimentos em empresas jovens, normalmente nas áreas tecnológicas, que se enquadrem nas suas estratégias e que acabarão mais tarde por pertencer aos respectivos conglomerados. Ex: Virgin Group, Olivetti, Microsoft, etc. EBT s - Empresas de Base Tecnológica Acordo Parassocial - É um conjunto de normas que disciplinam a actuação futura dos accionistas da sociedade em que o business angels irá participar e que estabelece regras para a transmissão da participação do investidor, assim como o exercício da opção de compra pelo promotor do projecto investido, para além das estabelecidas nos estatutos da sociedade constituída. 7

notas metodológicas e pré requisitos A importância da actividade de Business Angels em Portugal A actividade de Business Angels tem vindo a ganhar particular relevância nos últimos anos. Esta relevância tem sido alcançada graças à consciencialização geral de que a figura dos Business Angels se assume como um interveniente indispensável em todo o processo de financiamento de novas iniciativas empresarias e, em particular, dado o crescente interesse por parte das entidades governamentais em fomentá-lo no mercado. O próprio Plano Tecnológico do Governo prevê a criação de enquadramento jurídico e fiscal favorável à actividade dos Business Angels com o objectivo de aumentar a segurança dos investidores, assim como o Programa Quadro INOFIN que reconhece, na sua visão de desenvolvimento de empresas, os Business Angels como actores essenciais dentro do sector informal do Capital de Risco. O acréscimo significativo dos montantes investidos via capital de risco em Portugal, registados pela Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI), respeitantes a 2005, e em particular, o aumento dos investimentos nas fases Seed e Start-up, essencialmente via Sociedades de Capital de Risco compostas por capitais maioritariamente públicos, poderão indiciar uma mudança significativa nos meios de financiamento disponíveis para projectos empresariais de elevado risco. O efeito é não só visível do lado da oferta de capital, que dá um passo em frente ao entrar numa nova tipologia de investimento, como terá certamente consequências na procura graças ao efeito demonstração. Reconhecendo o facto de muitos dos actuais operadores não terem o seu negócio preparado para este tipo de investimento, mantém-se o problema da ausência de investidores adequados a estas fases de investimento. Esta lacuna do mercado pode - e deve - ser aproveitada por Business Angels, não só devido aos montantes geralmente envolvidos como também pela postura mais hands on dos investidores. 9

Caracterização do financiamento através de Business Angels Os Business Angels ou investidores informais são indivíduos que investem capital próprio em projectos empresariais com forte potencial de crescimento e rentabilidade. Ao investirem em novas empresas, estes investidores passam a ser sócios da mesma, detendo parte do capital. Mais do que um investidor, o business angel torna-se um parceiro de grande valor cujo principal interesse é o sucesso da empresa. Enquanto sócio da empresa participada, o seu investimento vai para além da entrada de capital na sociedade, traduzindo-se em: Investimento através de capitais próprios Investimento em tutoria: - Funcional Marketing, finanças, recursos humanos, etc.; - Sectorial Conhecimentos no sector onde a empresa vai actuar; Investimento em contactos: - Procura de novos clientes; - Credibilidade nas relações com a banca; - Procura de novos fornecedores; 10

- Procura de novos sócios e/ou parceiros - Abertura de mercados Proximidade do investidor informal o primeiro mercado da empresa é a sua área de actividade. O objectivo maior do business angel é transformar o novo projecto numa empresa de sucesso, valorizando assim a sua participação. No futuro, num prazo previamente acordado com o(s) investido(s), o business angel deverá vender a sua participação ganhando, para além do capital investido inicialmente, o valor correspondente à valorização da empresa. Processo de financiamento de uma EBT No início de vida de novas EBT s, o capital inicial surge, geralmente, por duas vias: capital próprio e 3 F s Family, Friends and Fools (família, amigos e loucos). Estas são as principais fontes de financiamento utilizadas na fase de criação da empresa. A tipologia de investidores que procede estas fontes de financiamento é o capital de risco, através das sociedades de capital de risco, que investem montantes mais elevados e que se vocacionam para a fase de desenvolvimento da empresa. Entre a criação e o desenvolvimento, existe uma fase da vida da empresa, fase start-up, onde o empreendedor irá necessitar de montantes de capital superiores à sua disponibilidade não detendo ainda dimensão para ser apelativo ao investimento pelas sociedades de capital de risco, faltando portanto nesta etapa uma fonte de financiamento que responda às suas necessidades. É nesta fase que surge o investimento pelos Business Angels. 11

Viabilidade para a criação de um clube de Business Angels Antes de avançar para a implementação de um processo de criação de um clube de Business Angels, é necessário fazer um diagnóstico que aponte ou não para a existência de factores favoráveis à implementação de uma entidade desta natureza. A análise da viabilidade de uma região, para a criação de um clube de business angels, pressupõe a resposta às seguintes questões: O tecido empresarial tem empresários com perfil de Business Angel? Existem mecanismos de captação de projectos para investimento? Existe dinâmica empreendedora? Existem entidades com competências para a dinamização de um clube de Business Angels? Dar resposta a estas questões passará por: Caracterizar o tecido empresarial e identificar um conjunto de indivíduos com perfil para se tornarem Business Angels; Questionar, directamente, os empresários sobre a sua disponibilidade para investir em jovens empresas com elevado potencial de crescimento; Fazer um levantamento das entidades que actuam na região, ao nível do apoio à criação de novas empresas; Identificar entidades e dinâmicas que potenciem a geração de novos empreendedores, como por exemplo, instituições de ensino superior. Perfil do Business Angel Considerando as especificidades da actividade de business angels, os investidores a envolver devem responder às seguintes características: Experiência na área empresarial; Empreendedores; Com meios de fortuna próprios; Predisposição para o risco; 12

Capacidade para lidar com a incerteza inerente a novos projectos, nomeadamente, projectos empresariais de base tecnológica; Predisposição para acompanhar os promotores de projectos, enquanto sócios; Visão de futuro; Disponibilidade para despender tempo no acompanhamento às iniciativas empresariais investidas. Divulgação da iniciativa Divulgar o conceito e a iniciativa torna-se uma prioridade para a angariação de Business Angels para um novo clube. Para fazer chegar a informação aos destinatários é imperioso identificar onde se encontram, quem são e como fazer chegar a informação. Para fazer circular esta informação podem ser implementadas as seguintes acções: Identificação de potenciais investidores e estabelecimento de contacto directo; Divulgação entre associados de associações empresariais; Organização de seminários e momentos de debate sobre a temática. Acesso ao Capital de Risco por mulheres empresárias De acordo com um estudo recente, realizado por Jeffrey Sohl, director do Center for Venture Research at the University of New Hampshire, publicado no Journal of Business Venturing com o titulo Do businesses have equal access to angel capital?, onde é debatida a questão do acesso igualitário ao capital de business angels, por mulheres empreendedoras, concluí-se que estas recebem menos capital pela via dos Business Angels que os empreendedores do sexo masculino. A explicação para este facto é procurada em dois factores principais: As mulheres têm tendência para procurar capital a uma taxa mais baixa; Há uma maior tendência para que os empreendedores procurem investidores do mesmo sexo. 13

Em resposta ao primeiro factor, o estudo indica que, ainda que procurem o acesso ao capital através de taxas mais baixas, as empreendedoras têm igual probabilidade de aceder e obter investimento pela via dos Business Angels. A resposta ao segundo factor relaciona o incentivo ao investimento por Business Angels em projectos de mulheres empreendedoras com o incentivo à participação nos clubes de Business Angels por mulheres investidoras. O aumento do número de Business Angels femininos propicia o aumento do fluxo de apresentação de projectos para investimento por mulheres, assim como o aumento da participação das mulheres em indústrias de elevado crescimento e rentabilidade, indústrias tipicamente financiadas por Business Angels. A principal razão apontada para o reduzido número de mulheres a participarem na actividade de Business Angels é a reduzida experiência e apetência das mulheres para este tipo de actividade. Por outro lado, o mesmo estudo indica que, ainda que Business Angels femininos encontrem barreiras à igual oportunidade de investimento, em comparação com Business Angels masculinos, estas poderão, ainda assim, participar no mercado do investimento informal, obtendo taxas de retorno substancialmente inferiores às alcançadas pelos homens. Estima-se ainda que a percentagem de participação das mulheres na actividade de business angels seja superior àquela apontada pelas estatísticas, considerando que estas participam na actividade de business angels mas fora das organizações de business angels. 14

processo metodológico a. Criação de um clube de Business Angels 15

i. Identificação de potenciais investidores A melhor forma de identificar potenciais investidores é o trabalho em cooperação com parceiros institucionais regionais ou sectoriais, que conhecem o território e os seus actores empresariais. O envolvimento de associações empresariais/sectoriais e outras entidades com actuação na Região são elementos fundamentais na identificação de potenciais investidores. Simultaneamente com as redes de contactos institucionais, a utilização de redes de contactos pessoais é outro dos meios, por excelência, para a identificação de potenciais investidores. Durante o processo de abordagem a potenciais investidores, outros contactos vão surgindo, num processo de identificação em cadeia. Os potenciais investidores contactados e envolvidos são, também eles, fonte de informação para a identificação de novos contactos, alimentando a rede de contactos pessoais. Assim, as ferramentas de excelência para a identificação de potenciais investidores são: Redes de contactos institucionais; Redes de contactos pessoais; Identificação em cadeia acesso a potenciais investidores a partir da rede de outros já contactados. ii. A primeira abordagem aos potenciais investidores Após a identificação dos potenciais investidores, deverão ser desenvolvidos contactos directos com os indivíduos identificados através de: Refeições de negócios, e/ou Reuniões pessoais, e/ou Reuniões conjuntas com potenciais investidores. 16

NOTA Antes dos encontros com cada potencial investidor, aquando do agendamento dos encontros, estes deverão ser informados do assunto e objectivos do mesmo. Estes encontros têm como principais objectivos: Esclarecer os potenciais investidores sobre os objectivos da criação do clube de Business Angels; Clarificar o conceito de Business Angels; Apresentar com maior detalhe o formato de funcionamento típico de um clube de Business Angels e processo de investimento; Auferir do real interesse de cada um dos potenciais investidores contactados. DICA Para o envolvimento de potenciais investidores devem ser tidas em consideração algumas acções e procedimentos que captem a sua atenção e a confiança nas entidades e no processo que se propõe desenvolver: Organização de sessões de apresentação, reunindo empreendedores e potenciais investidores - Refeições de trabalho, reuniões presenciais, debates; Envolvimento de entidades e agentes que os potenciais investidores identifiquem como entidades e agentes de confiança. Apresentação de informação sobre o estado da arte e documentação de suporte à informação apresentada. NOTA Nestes encontros é importante o esclarecimento de informação como: Enquadramento fiscal da actividade; Existência de fontes geradoras de projectos para investimento; Competências dos dinamizadores do clube de Business Angels; Processo de investimento, por Business Angels. 17

iii. Identificação dos potenciais investidores interessados Após a primeira abordagem aos potenciais investidores, a entidade dinamizadora está em condições identificar, de entre o grupo de investidores inicialmente encontrado, quais os indivíduos com real interesse em participar na criação do clube de Business Angels. A partir deste momento, mantendo as actividades de prospecção e captação de novos investidores, o grupo definido deverá será o grupo com o qual a entidade dinamizadora deverá avançar no processo de criação do clube. DICA Para identificar, de entre os indivíduos contactados, quais os que têm verdadeiro interesse em aderir ao clube de Business Angels proposto para constituição, dever-se-á tomar em atenção alguns comportamentos: Frequência de participação nos encontros agendados; Resposta aos contactos efectuados; Procura por mais informação acerca da matéria; Colocação de questões relativas à matéria, no decurso dos encontros presenciais (ou fora deles); Manifestação directa de interesse. O agendamento da primeira reunião de trabalho para o debate dos aspectos formais do futuro clube de Business Angels é o momento final de crivagem dos interessados. Para a identificação de cada potencial investidor deverá ser criada uma ficha de caracterização que permite às entidades dinamizadoras do clube identificar o perfil do investidor (identificação, área de actividade, idade, localização), tipologia de investidor (empreendedor, reformado da indústria, quadro de empresas, etc.), áreas de investimento preferenciais e montantes de investimento disponíveis. Para simplificação dos procedimentos, a tipologia do investidor deverá ser caracterizada pelas entidades dinamizadoras. NOTA A ficha de identificação dos investidores deverá ser enviada a cada um dos investidores interessados em fazer parte do clube de Business Angels, após a primeira reunião de trabalho, 18 CONTINUA

NOTA CONTINUAÇÃO caso o grupo que fará parte deste clube fique definido nesta reunião, ou no momento em que este seja identificado. A ficha poderá ser entregue em mão, em formato papel, ou enviada por e-mail, em formato digital. No capítulo Ferramentas poderá consultar o modelo da ficha do investidor, desenvolvida no âmbito do projecto CAIE. NOTA As principais motivações dos potenciais investidores para a adesão a um clube de Business Angels, passam por: Perspectiva de lucro num prazo de 3 a 6 anos, pelo investimento em novos projectos com elevado potencial de crescimento; Desafio do envolvimento na criação de novos negócios; Potenciar o desenvolvimento económico da região na qual o clube de Business Angels actua. iv. Envolvimento e esclarecimento dos investidores informais - Reuniões entre entidades dinamizadoras e potenciais investidores interessados Identificado o grupo de investidores informais interessados em constituir o clube de Business Angels, deverá iniciar-se um trabalho conjunto, entre entidades dinamizadoras da criação do clube e potenciais investidores identificados, com o objectivo de definir formas de organização do clube, dinâmicas de funcionamento e demais aspectos de relevo para o funcionamento do clube de business angels. 1. A primeira reunião de trabalho conjunta entre entidades dinamizadoras e investidores A primeira reunião conjunta é fundamental para o desenvolvimento da iniciativa. Os objectivos principais a atingir nesta reunião são: Apresentar informação detalhada e propostas de funcionamento do futuro clube de Business Angels; 19

Identificar os associados deste clube; Esclarecer dúvidas dos potenciais investidores; Iniciar um processo de debate de questões pertinentes para a constituição do clube. As entidades dinamizadoras deverão preparar um dossier, a enviar antecipadamente a cada um dos investidores identificados, com uma ou mais propostas e opções para a concretização do clube e sua dinamização. Deste dossier deverão constar: Proposta de esquema de funcionamento e organização da actividade do clube de Business Angels; Orçamento previsional para a dinamização do clube de Business Angels, de acordo com a proposta a apresentar; Código de conduta EBAN (European Business Angels Network); Proposta de Código de conduta do associado (de acordo com o código de conduta da EBAN); Proposta de Código de conduta do clube de Business Angels (de acordo com o código de conduta da EBAN); Check List de temas a discutir em plenário: - Enquadramento legal do clube; - Aplicação de um código de conduta e declarações de sigilo; - Local de funcionamento do clube de Business Angels; - Pagamento de quotas e co-financiamento; - Tipologia de investidores aceites como associados e escalões de associados; - Ficha de identificação do perfil dos investidores envolvidos; - Tipologia de projectos aceite para investimento; - Modelo de funcionamento a aplicar; - Proposta de actividades de captação de investidores e projectos; - Proposta de actividades de dinamização do clube; - Proposta de um modelo de comunicação interna; NOTA A proposta a apresentar deve ser devidamente preparada pelas entidades dinamizadoras, com enquadramento e justificação das opções propostas, mas deve ser sempre garantida a auscultação dos investidores e a definição do funcionamento do clube de Business Angels deve ser feita de acordo com as suas necessidades e decisões. 20

DICA O sucesso do envolvimento dos potenciais investidores angariados na constituição do clube de Business Angels proposto será tanto maior quanto maior for a confiança que estes depositem na actividade, isto é, quanto maior credibilidade tiver, quer a nível nacional quer a nível europeu e internacional, e melhores forem as perspectivas de crescimento e desenvolvimento, a nível nacional. Independentemente das competências e credibilidade que os potenciais investidores identifiquem na(s) entidade(s) dinamizadora(s), a participação de um perito externo, com larga experiência no mercado de investimentos por Business Angels (conhecimentos no sector e, preferencialmente, experiência enquanto Business Angel) contribuirá directamente para o esclarecimento de todas as dúvidas e, consequentemente, reforço da confiança na actividade. No capítulo Ferramentas poderá consultar o modelo de informação a disponibilizar no dossier, a apresentar aos potenciais investidores, desenvolvida no âmbito do projecto CAIE. As decisões a tomar quanto aos aspectos referidos serão tomadas ao longo de várias reuniões de trabalho conjunto. No entanto, evidencia-se, uma vez mais, a importância da primeira reunião de trabalho como forma de alcançar os seguintes objectivos: Reforço da confiança, dos potenciais investidores, no passo que vão tomar; Garantir um projecto sólido; Demonstrar competências e conhecimentos por parte das entidades dinamizadoras; Apresentação do enquadramento actual da actividade de Business Angels, perspectivas futuras e esclarecimento de dúvidas. DICA O agendamento de reuniões de trabalho com o grupo de investidores deverá ser discutido com o mesmo, de modo a encontrar um horário e dia da semana mais favorável à presença destes. A(s) entidade(s) dinamizadora(s) deverão demonstrar alguma flexibilidade para o agendamento de reuniões fora do horário de trabalho, para melhor servir as disponibilidades do grupo. No decurso das diversas reuniões de trabalho necessárias, é fundamental o debate de um conjunto de questões pertinentes à constituição e implementação de uma dinâmica do futuro 21

clube de Business Angels, como por exemplo: Anonimato dos investidores Os investidores deverão decidir acerca da divulgação dos seus nomes enquanto investidores do clube de Business Angels. Se, por um lado, a divulgação dos nomes dos investidores pode ser inevitável e de interesse para a captação de novos projectos para investimento, por outro lado, há uma tendência para a opção de manutenção do anonimato dos associados como forma de evitar contactos fora do âmbito do clube. No capítulo Factores Críticos de Implementação poderá consultar um conjunto de questões, com a evidência de opções e vantagens e desvantagens de cada uma, a debater com os potenciais investidores. ALERTA Deve haver o cuidado, por parte da(s) entidade(s) dinamizadora(s), em elaborarem actas ou relatórios das reuniões efectuadas e das decisões tomadas. No decurso das reuniões organizadas há o risco de se voltar ao debate sobre questões decididas em reuniões anteriores. Estes documentos servirão de suporte para evidenciar as decisões já tomadas e evitar o desgaste de tempo em novos debates das mesmas. Para evitar o constante debate de aspectos já decididos, para além do registo desta informação em documentos formais, as decisões devem ser tomadas e colocadas a votação. O resultado destas votações deve constar nos referidos documentos. DICA Identificado o grupo de potenciais investidores interessados em constituírem o clube de Business Angels, a(s) entidade(s) dinamizadora(s), deverão ir enviando, a cada um destes elementos, informação sobre as evoluções que se verifiquem quer ao nível dos instrumentos e propostas de actividades directamente relacionados com este clube quer ao nível de evoluções que se verifiquem no panorama nacional e internacional, relativamente às matérias do investimento informal, nomeadamente, alterações legislativas, novas práticas e instrumentos, eventos, novos clubes criados, entre outras. 22

RECOMENDAÇÃO No momento da passagem para a etapa de constituição formal do clube de Business Angels, ou no momento imediatamente após a constituição deste, cada investidor deverá enviar, à entidade coordenadora ou Direcção do clube, um exemplar do Código de Conduta aprovado, devidamente assinado, No capítulo Ferramentas poderá consultar o modelo de Código de Conduta do Associado, elaborado no âmbito do projecto CAIE: v. Constituição formal do Clube de Business Angels A constituição do clube de Business Angels sob o formato de uma associação pressupõe o preenchimento de alguns requisitos fundamentais, reflectidos nos Estatutos da Associação. Check List dos Estatutos: Denominação da entidade; Natureza e objecto; Categorias de Associados (caso se opte por uma diferenciação baseada na fase de entrada do associado, ou outra que se considere justa); Critérios e processo de admissão e rejeição de novos associados; Direitos e deveres dos associados; Forma de definição das fontes de financiamento; Critérios e processo para a perda de qualidade de associado; Critérios e processo para a aplicação de processos disciplinares; Sanções a aplicar e processo de aplicação; Definição e modo de exercício dos órgãos sociais: - Conselho de Administração; - Conselho Fiscal; - Direcção; Processo e competências para a convocação de reuniões e Assembleias-gerais; Definição de receitas e despesas; Processo para a dissolução e alteração de estatutos; Clarificação da legislação aplicável e processo para a resolução de litígios. 23

No capítulo Ferramentas, poderá consultar o modelo de estatutos de um clube de Business Angels, desenvolvido no âmbito do projecto CAIE. DICA No processo de definição da estrutura dos corpos sociais do clube, deverá ser contemplada a existência de uma figura dinamizadora que possa assumir as funções de organização de acções de dinamização do clube e interface entre o clube e seus associados e empreendedores. A existência desta figura, de acordo com as decisões tomadas pelos investidores, poderá ser assumida pela própria Direcção, por uma entidade subcontratada para o efeito, por um Secretariado Executivo composto pela(s) entidade(s) dinamizadora(s) da criação do clube ou outros membros do mesmo, ou outras opções que os associados considerem mais viáveis. No capítulo Factores Críticos de Implementação é detalhada, com maior pormenor, a função desta entidade. Seja qual for o modelo adoptado, é essencial a existência de uma figura que assuma as funções de interface entre o clube e os empreendedores. O passo final, na constituição do clube de Business Angels, é o registo notarial do clube. Este processo passa por: Passo 1 Elaboração de estatutos; Passo 2 Marcação de escritura, num cartório notarial; Passo 3 Confirmação da data de escritura, junto dos associados; Passo 4 Preparação de procurações, sempre que haja associados que não possam estar presentes no acto da escritura; Passo 5 Angariação da verba para o pagamento da escritura. 24

A prática CAIE A constituição de um clube de Business Angels, no âmbito do projecto CAIE, foi um processo potenciado por uma parceria rica em termos de rede de contactos mas que implicou tempo e dedicação para o alcance do objectivo proposto. A necessidade de dotar a região, face às dinâmicas empreendedoras verificadas e pretendidas para o território, de um novo instrumento financeiro que constituísse o suporte adequado às especificidades das empresas de base tecnológica, que constituem a aposta para o futuro desenvolvimento económico, foi o ponto de partida do processo. Aliado à necessidade, a existência de um contexto propicio à geração de dinâmicas empreendedoras e ao aparecimento de projectos com elevado potencial de rentabilidade, com a presença da Universidade da Beira Interior no território, entidades de apoio à promoção do empreendedorismo e criação de empresas de base tecnológica, como o Parkurbis, Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã, SA., assim como um tecido empresarial tradicionalmente empreendedor, foram indicadores da viabilidade para a criação de uma entidade com as características de um clube de Business Angels. Encontrar um conjunto de empresários e outros indivíduos, com meios de fortuna própria e com predisposição para o investimento em novos projectos empresariais, foi o primeiro passo dado pela parceria. Para além do perfil destes indivíduos, adoptou-se como estratégia de captação de investidores, a identificação com o território, quer fosse pela naturalidade quer fosse pela sede de actividade. Identificado o grupo, que abrangeu empresários e outros profissionais instalados na região e fora dela com ligação emocional (naturalidade, familiar e outras) a esta, estabeleceram-se os primeiros contactos. Via telefone ou contacto directo, foram agendadas reuniões, em alguns casos, individualmente, noutros casos, em grupo. Presencialmente, e numa primeira abordagem, foi feita uma exposição dos objectivos pretendidos com a criação do clube de Business Angels, o seu enquadramento com o território e as expectativas, baseadas na análise prévia, do impacto destes no desenvolvimento económico 25