Gabriel Rodrigues Marques

Documentos relacionados
SEPARAÇÃO POR GÊNEROS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

LUDICIDADE COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

O Valor da Educação. Ana Carolina Rocha Eliézer dos Santos Josiane Feitosa

ESTUDOS DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E NO ESPORTE: ALGUNS CONTRAPONTOS¹

A MEDIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1

Palavras-Chave: Educação Física, Educação Infantil, Desenvolvimento Motor. INTRODUÇÃO

EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL EM GOIÂNIA: UM OLHAR ANTROPOLÓGICO SOBRE A PEDAGOGIA DO CORPO

AVALIAÇÃO DA ESCALA DE DESENVOLVIMENTO MOTOR COM ADOLESCENTES ABRIGADOS DO PROJETO COPAME

Fase do movimento Fundamental e Especializado A base para a utilização motora

Educação Física Escolar: aula mista ou separada por sexo?

RELAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE A POSSIBILIDADE DA CRÍTICA NA ATUAÇÃO DO SEXÓLOGO. Psic. Esp. Giovanna Lucchesi CRP 06/92374

AVALIÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DOS ALUNOS DO 5º ANO DA ESCOLA MUNICIPAL FRANCISCA BIANCHI RESUMO

Maria da Soledade Solange Vitorino Pereira

PARTE I - IDENTIFICAÇÃO

BNCC e a Educação da Infância: caminhos possíveis para um currículo transformador. Profa. Maria Regina dos P. Pereira

IGUALDADE NÃO É (SÓ) QUESTÃO DE MULHERES

EDUCAÇÃO E (DES)IGUALDADE DE GÉNERO. 6 de junho de Maria Martins

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

EXPERIMENTANDO A PRÁTICA E A APLICAÇÃO DE JOGOS NO UNIVERSO INFANTIL NO MÊS DA CRIANÇA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

DESENVOLVENDO A IGUALDADE DE GENEROS E SEXUALIDADE COM O CONTEÚDO JOGOS E BRINCADEIRAS: um relato de experiências dos pibidianos no ensino infantil.

Congresso Nacional de História da Universidade Federal de Goiás Campus Jataí (1.:2010:Jataí,GO)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS-UEA PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PÓS-GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA RICARDO ALFREDO MAIA DA SILVA

ESTADO DE MATO GROSSO PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPOS DE JÚLIO SECRETARIA MUNCIPAL DE EDUCAÇÃO CRECHE MUNICIPAL PEQUENO PRÍNCIPE

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

O menor F.P., de 08 anos, foi submetido a avaliação psiquiátrica à pedido da psicopedagoga que o acompanha. Segundo a genitora, desde os 04 anos de

Projeto: Brincando Eu também Aprendo.

MATEMÁTICA ATRAENTE: A APLICAÇÃO DE JOGOS COMO INSTRUMENTO DO PIBID NA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA

OPapeldoesportenaescola; Porque somente os Esportes Coletivos são trabalhados na escola; Como trabalhar os esportes individuais na escola;

METODOLOGIA DA PARTICIPAÇAO/GLOBAL NO FUTSAL NA EMEF ALTINA TEIXEIRA

Colégio Santa Dorotéia

Ingrid Leão São Paulo, 03 de maior de 2016

Musicalização com crianças de 08 meses a 09 anos de idade. Pôster

GÊNERO E RENDIMENTO ESCOLAR: UM ESTUDO DE CASO DA UNIDADE MUNICIPAL DE ENSINO THEREZINHA DE JESUS SIQUEIRA PIMENTEL, SANTOS (SP)

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Para que serve a disciplina Crescimento e Desenvolvimento Humano?

CENTRO DE CONVIVÊNCIA ESCOLA BAIRRO

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DIVERSIDADE JUSTIFICATIVA DA OFERTA DO CURSO

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Conteúdos e Metodologia de Educação Física. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 7º

Você já ouviu falar sobre a IGUALDADE DE GÊNERO? Saiba do que se trata e entenda o problema para as crianças, jovens e adultos se essa igualdade não

O INCENTIVO A LEITURA: A IMPORTÂNCIA PARA OS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

TÍTULO: CONCEPÇÃO DE PRÉ-ADOLESCÊNCIA EM HENRI WALLON CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PSICOLOGIA

BRINCADEIRAS E JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ZONA DE INTERVENÇÃO EDUCATIVA PARA A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA

VI Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola /II Seminário Institucional do PIBID-UNIUBE TITULO O FOLCLORE BRASILEIRO DENTRO DA EDUCAÇÃO

A CONSTRUÇÃO DE GÊNEROS EM AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO HISTÓRICO, SOCIAL E PEDAGÓGICO

Contando e Recontando histórias na Educação Infantil...

CORPO E MOVIMENTO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

FACULDADE SETE DE SETEMBRO FASETE

A Questão de Gênero em Projetos Sociais

EDUCAÇÃO PARA A IGUALDADE NA PERSPECTIVA DE GÊNERO

Acadêmica do Curso de Educação Física, ULBRA SM. Bolsista do Pibid/ Capes. 2

RELAÇÕES DE GÊNERO E DE DESEMPENHO MOTOR FRENTE AO EUROFIT TEST

A ARTE DE BRINCAR COMO MODO E PRÁTICA DE EDUCAR

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NA SUPERAÇÃO DE DIFICULDADES ESCOLARES REFERENTES A LEITURA E ESCRITA.

MODELO DE PARECER DE UMA CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS. Autora : Simone Helen Drumond (92) /

André Oraboni Carvalho 1 Michael Ferreira 2

Monitor de Creche ou Assistente de Desenvolvimento Infantil?

PÓS-GRADUAÇÃO ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Atividades Extraclasse

Pró-Reitoria Nome de do Graduação Curso de Educação Física Projeto de Pesquisa TCC II INCLUSÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO INFANTIL

ANÁLISE SOBRE A VISÃO DE CORPO DOS PEDAGOGOS DE CAMBORIÚ Célia Cristina Carvalho Libanio 1 ; Leisi Fernanda Moya 2 RESUMO

O CURRÍCULO ESCOLAR EM FOCO: UM ESTUDO DE CASO

Conceito de Gênero e Sexualidade no ensino de sociologia: Relato de experiência no ambiente escolar

COLÉGIO NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO

A Prática Esportiva do Voleibol e suas Possíveis Mudanças de Comportamento em Alunos do Ensino Médio

PLANO DE ENSINO DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR

15/09/2014 SETE AOS ONZE ANOS TERCEIRA INFÂNCIA CARACTERÍSTICAS GERAIS CARACTERÍSTICAS GERAIS. Características Gerais. PROFº Gil Oliveira

O TREINADOR DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS DE BASE: ANÁLISE DA FORMAÇÃO E PERCEPÇÃO ACERCA DAS CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS AO PROCESSO DE ENSINO

Atividades extracurriculares - Colégio Santo Antônio 2014.

AVALIAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE EM EDUCANDOS ENTRE 8 E 10 ANOS ATRAVÉS DE FERRAMENTAS DIDÁTICAS DE FÁCIL ACESSO

- estabelecer um ambiente de relações interpessoais que possibilitem e potencializem

A influência da escola nos papeis de género. Susana Villas-Boas 6 de Junho de 2014

REVISÃO AVALIAÇÃO 04/12/2017

Educação Infantil. A importância do lúdico ligado às habilidades motoras. Entendendo o Princípio da aprendizagem por meio do lúdico.

PÓS-GRADUAÇÃO EM LUDOPEDAGOGIA

Palavras-Chave: Gênero; Monografias; Ensino de História, Livro Didático.

CARTOGRAFIA E ENSINO: PERSPECTIVAS DA REALIDADE

TRABALHOS COMPLETOS APROVADOS (16/06/2015)

PLANEJAMENTO ANUAL 2018

CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DOS JOVENS DO SEC. XXI

ESTADO DE MATO GROSSO PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPOS DE JÚLIO SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO CRECHE MUNICIPAL PEQUENO PRINCIPE

LER, COMPREENDER E ESCREVER: A CONSTRUÇÃO DO ALUNO LEITOR

Desenvolvimento pré-escolar (2-6 anos) E as questões de identidade de gênero dentro da pré-escola.

EDUCAÇÃO INFANTIL OBJETIVOS GERAIS. Linguagem Oral e Escrita. Matemática OBJETIVOS E CONTEÚDOS

Crescendo e Aprendendo no LAR

A contribuição do movimento humano para a ampliação das linguagens

PLANO DE APRENDIZAGEM. CH Teórica: 40h CH Prática: 20h CH Total: 60h Créditos: 03 Pré-requisito(s): --- Período: IV Ano:

ISSN: Mylena Carla Almeida Tenório Deise Juliana Francisco

Entenda o BNCC Base Nacional Comum Curricular

IBGE mostra que desigualdade de gênero e raça no Brasil perdura

DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO E PSICOSSOCIAL NA SEGUNDA INFÂNCIA

PERFIL DOS ALUNOS COM DEFICIENCIA INTELECTUAL DO PIBID/ UNICRUZ/ EDUCAÇÃO FÍSICA 1

MENINAS E FUTEBOL: UMA RELAÇÃO EM CONSTRUÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. Mariana Malta

EDUCAÇÃO INFANTIL OBJETIVOS GERAIS. Linguagem Oral e Escrita. Matemática OBJETIVOS E CONTEÚDOS

PARTICIPAÇÃO FAMILIAR NA GESTÃO ESCOLAR: ESTUDO DE CASO EM BALSAS MARANHÃO

A VISÃO DA ESCOLA SEGUNDO OS ALUNOS DO OITAVO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA VIVÊNCIA DO ESTÁGIO E PIBID

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Infância(s), criança(s), cultura(s), socialização e escola: perspectivas sociológicas e educacionais. Lisandra Ogg Gomes

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO 1

PIBID QUÍMICA: Proposta de interdisciplinaridade através do tema gerador a composição química da célula

Transcrição:

Gabriel Rodrigues Marques

2 Gabriel Rodrigues Marques Rafael de Souza Oliveira Orientador: MSC Odális Valerino Fernandez DESENVOLVIMENTO MOTOR E SOCIALIZAÇÃO ENTRE GÊNEROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR- REVISÃO DE LITERATURA Artigo apresentado ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciatura em Educação Física. Orientador: MSC Odalis Valerino Fernandez. BRASÍLIA 2014

3 SUMÁRIO 1. Introdução 4 2 - Objetivo Geral 5 3 - Materiais e Métodos 6 4 - Hipótese e Justificativa 7 5 - Revisão de Literatura 9 6- Conclusão 11 7- Referências Bibliográficas 15

4 DESENVOLVIMENTO MOTOR E SOCIALIZAÇÃO ENTRE GÊNEROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR - REVISÃO DE LITERATURA 1. Introdução Finco (2008) afirma que a importância em aprofundar cada vez mais os estudos de gênero é que o conhecimento aprofundado torna melhor o entendimento sobre a diferença de sexo: macho e fêmea, e gênero: homem e mulher. Em seu estudo, aborda a diferença entre gêneros na prática da atividade física no ambiente escolar com crianças de quatro a seis anos de idade. Mostrar que realmente há uma construção de gênero durante a infância, fazendo assim com que as pessoas cresçam com tipos de pensamentos específicos, e cada vez mais rotulem o desenvolvimento motor como formas de habilidades diferentes entre gêneros. Antigamente os próprios professores já discriminavam o gênero de várias formas, como por exemplo: não deixar meninas jogarem esportes rotulados masculinos e os meninos não participavam de esportes femininos, até mesmo porque os pais não aceitavam essa situação, e o que eu quero explicar através de revisão literária é que há várias formas de trabalhar coordenação motora grossa e fina, sem que sejam rotulados esportes femininos ou masculinos. A separação entre meninos e meninas na prática das atividades físicas no ambiente escolar reflete a pressão que a sociedade exerce na construção social do padrão estabelecido para os gêneros. Uma evidência de tal fato ocorre nas escolas, que já consideram as meninas como sendo frágeis, delicadas e afetivas, e por isso, submissas, e os meninos como fortes, vigorosos e intelectuais. Finco (2008) afirma que a forma como o professor discursa e o comportamento que ele tem frente a meninas e meninos já evidenciam que o mesmo espera comportamentos diferenciados entre eles nas situações propostas ao longo das aulas. Muitas vezes o professor espera que as meninas sejam espelhos para os meninos, na tentativa de que elas sirvam de bons exemplos para eles, o que faz com que meninos e meninas percebam de que forma devem se portar e se

comportar diante da sociedade, já que será essa mesma sociedade que irá cobrar o comportamento estabelecido como padrão de cada gênero. 5 2- Objetivo Geral O objetivo deste trabalho é mostrar os prejuízos de desenvolvimentos motor e de socialização entre sexos e gêneros causados pela separação de meninos e meninas na prática de atividades físicas desde os primeiros anos de escolaridade.

6 3 - Materiais e Métodos Será realizada uma revisão integrativa da literatura nacional sobre a Educação Física Escolar, desenvolvimento motor e socialização entre gêneros. Trata-se de um estudo que fará a revisão literária de artigos científicos, acessados em livros e revistas eletrônicos. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de levantamento bibliográfico a partir da temática do estudo e das palavras-chave: Educação Física Escolar e Gênero; Aulas Mistas; Socialização entre Gêneros; Desenvolvimento Motor. Parte dos artigos científicos selecionados para a revisão traz dados de pesquisa e resultados abordando a temática prática de atividades físicas e socialização entre gêneros, com crianças de ambos os sexos, entre quatro e seis anos, estudantes do 1º ao 4º ano do ensino infantil, bem como com os professores que ministravam aulas a estes discentes.

7 4 - Hipótese e Justificativa Finco (2008) O Gênero vem de uma construção social que a cultura estabelece sempre, para a formação de estereótipos responsáveis pela exclusão e diferenças que a cultura impõe desde a escola para a sociedade. Queremos mostrar que a cultura brasileira obriga a sociedade entender que homens não podem participar de brincadeiras femininas e as meninas só podem brincar com brincadeiras de mulheres, isso com o passar do tempo vai trazer algumas limitações de coordenação motora e raciocínio lógico. E os meninos apresentarão coordenação motora grossa mais desenvolvida, visto que eles serão mais incentivados do que as meninas para prática de atividade física. Também mostrar que o ser humano é visto pela classe social, etnia, raça, peso, altura, habilidades motoras e etc. São vários fatores que misturados criam uma sociedade com padrões específicos para cada pessoa e então são automaticamente jugadas como fora dos padrões se não seguirem o que a sociedade impõe. Segundo Finco (2008), muitos dos gestos, movimentos e sentidos produzidos no espaço escolar são incorporados por meninos e meninas, tornando-se uma parte do seu corpo, constituindo suas identidades. Muitas vezes, no incentivo à prática da atividade física e recreativa, a escola acaba por reproduzir estereótipos de gênero, repetindo assim padrões préestabelecidos pela sociedade de como o menino e a menina devem ser e se comportar, como, por exemplo, a menina deve brincar com a boneca, por ser mais delicada, frágil e comportada, ter gestos mais sutis, ou seja, deve estar mais inserida no ambiente privado, a casa, o lar; e o menino deve jogar futebol, por ser mais agressivo, mais vigoroso; a menina deve ser um bom exemplo na escola, e do menino, considerado mais desinteressado, mais desleixado, não é cobrado o mesmo comportamento, por exemplo, a menina é fortemente repreendida ao falar palavrão e o menino, quando fala, é menos repreendido, é um comportamento mais aceitável, justamente por se considerar que o menino está mais inserido no ambiente público, a rua.

8 Daolio (2003) afrima, o crescimento social de meninos e meninas são afetados sempre impedindo a serem seres completos, pois limita algumas iniciativas próprias. A forma sexista como a educação escolar de maneira geral e a educação física em especial são ministradas é, portanto, altamente prejudicial para a construção de seres completos, tanto em relação ao seu desenvolvimento motor como social.

9 5 - Revisão de Literatura De acordo com Finco (2008) a educação pela imposição da diferença de gênero na atividade física escolar tem relação com a construção de caráter, da socialização cultural, pessoal e profissional, e induz à desigualdade de gênero, no modelo de construção de gênero que a sociedade impõe e a escola perpetua. Essa construção da diferença de gênero faz com que as crianças de um sexo excluam as outras do outro sexo muitas vezes por pequenos detalhes fazendo com que algumas se tornem mais intimidadas com algumas situações de socialização com outras crianças, e dessa forma vai se construindo uma sociedade onde há discriminações por desigualdade de gênero; importante ressaltar que essas diferenças devem ser abolidas, e que o professor tem papel importantíssimo na construção de um novo modelo de educação que permita trabalhar a educação física de forma em que todas as crianças independentemente do gênero possam participar de todas as atividades sem que aconteçam exclusões, discriminações e outros tipos de desigualdade de gênero. Daolio (2003) afirma que a sociedade brasileira revela uma cultura específica, que estabelece que o menino deve jogar futebol ou brincar de carrinho e a menina deve brincar de ser mãe e gostar de brincar de casinha, determinando as diferenças entre homens e mulheres enquanto gêneros desde muito cedo, delimitando assim desde muito cedo também os espaços que cada um deve ocupar. Esse aspecto cultural brasileiro de incentivo a manutenção da menina no ambiente privado, no ambiente do lar e os meninos no ambiente público, a rua, se repete no ambiente escolar, e a escola acaba também por reforçar esse aspecto, cobrando das meninas que sejam maternais, delicadas, organizadas, e dos meninos a cobrança é para que sejam decididos, vigorosos e firmes. Esse aspecto se reflete também e ainda com mais força na prática da atividade física: para as meninas os esportes tidos como mais leves, menos violentos, mais delicados e sutis, e para os meninos aqueles tidos como mais agressivos, pesados. Tal determinação interfere no desenvolvimento da coordenação motora das crianças, uma vez que tais imposições sedimentam a diferença corporal biológica, ao invés de minimizá-la, o que leva a prática maior de

10 meninos nas atividades físicas no ambiente escolar e o desenvolvimento motor bem mais nítido e aprimorado do que nas meninas, e isso só tende piorar para as meninas dependendo do futuro de cada uma tanto profissionalmente como pessoalmente. Segundo Vaitsman, (1994) apud Pereira, (2005) há muitos anos atrás predominava nas escolas, a atividade física exclusiva para os meninos, e as meninas não poderiam participar da Educação Física escolar. Esse posicionamento era atribuído às questões biológicas, mas com o passar dos anos foi se percebendo que a questão cultural tinha força, os meninos desde novos brincavam com jogos ou brincadeiras que permitiam muito o uso da coordenação motora grossa, brincadeiras como sentar e levantar, usar os braços e pernas, correr; já as meninas não tinham a mesma liberdade para movimentos. E então com a privação dessas brincadeiras para as meninas, percebeu-se que foi se estabelecendo uma diferença de desenvolvimento motor no gênero, e as meninas ficaram conhecidas como bastante frágeis e os homens dominantes como até a pouco tempo atrás e ainda hoje algumas pessoas acreditam. Para Ribeiro (2007), a infância é a etapa mais importante a caminho da maturidade para a vida adulta, daí a necessidade de se garantir que esse período traga condições propícias e pertinentes a sua evolução e desenvolvimento motor. A coordenação motora é uma estrutura psicomotora básica, concretizada pela maturação motora e neurológica da criança e desenvolvida através da sua estimulação psicomotora. Portanto, podemos entender que a correta estimulação e encorajamento igualitário da prática da atividade física entre gêneros desde o início da idade escolar, (e isso pressupõe a não divisão entre sexos na Educação Física Escolar) é o caminho para que o desempenho motor de ambos os sexos não seja comprometido nem revele diferenças acentuadas ao longo dos anos. Sousa e Altmann (1999) não concordam com a separação da turma entre meninos e meninas, por entenderem que a divisão faz com que as exclusões se acentuem, não favorece o convívio, estimula a discriminação e compromete o desenvolvimento igualitário da coordenação motora; os alunos, na adolescência com certeza refletirão alguns efeitos colaterais dessa separação. No ambiente escolar são cobradas organização e disciplina, através de atividades e rotinas pré-estabelecidas, assim também como em outros ambientes da vida social. Essas atividades e rotinas, quando separam meninos e meninas têm a

11 função de disciplinar os corpos masculino e feminino, conforme as imposições sociais e culturais, e exercem um papel na criação e fortalecimento dos estereótipos de gênero e pode-se falar que isso se dá pela tradição tecnicista marcada historicamente também na prática da Educação Física Escolar. Os corpos masculinos e femininos se estabelecem como diferentes nos mais variados ambientes de socialização, mas o certo é que é na Educação Física Escolar que as diferenças ficam mais evidentes, hoje em dia tendo como base certa hierarquia das qualidades físicas aceitas pela sociedade, é automaticamente considerado que as meninas são mais frágeis do que os meninos, e é até mesmo justificada a necessidade de uma estrutura para que as meninas sejam protegidas das ações mais brutas dos meninos. Segundo Barreiros e Neto (2005) o processo de orientação comportamental tem lugar desde muito cedo e a regularidade de comportamento por sexo tende a permitir a constituição de regras, ou seja, o modo como os membros dos dois sexos se comportam na mesma situação fornece pistas sobre qual o papel a desempenhar por cada um dentro da estereotipia de gênero. Isso se reflete nas oportunidades de aprendizado que são diferenciadas entre os gêneros, por discriminação restritiva ou por encorajamento. Dito de outro modo, às meninas restringe-se a participação em esportes ditos masculinos, e aos meninos, incentiva-se a prática destes esportes. Esse estereótipo comportamental aplicado ao universo das atividades físicas, é também fortemente vinculado pela mídia, que colabora para a formação de conceitos relativos a atividades (esportes) sexualmente orientados. A percepção pela criança (menino e menina) desse estereótipo conduz a um empenho em atividades julgadas mais compatíveis com o seu sexo e um abandono progressivo daquelas atividades julgadas como não compatíveis. Em seus estudos, Barreiros e Neto (2005) perceberam que na maioria das representações quantitativas do desempenho motor em crianças, a diferenciação entre gêneros segue uma tendência geral que pode ser retratada como uma levíssima diferença até os quatro ou cinco anos de idade, acentuando-se as diferenças pontuais entre os seis e dez anos de idade e uma evolução significativa mais rápida nos meninos a partir daí, o que faz supor que este processo de diferenciação progressiva ajusta-se a um modelo em que a leve diferenciação biológica é potencializada com os efeitos sociais acumulados e tendenciosos da estereotipia de gênero.

12 Finco (2008) afirma que o gênero, por ser uma construção social que a cultura estabelece em relação a homens e mulheres, torna-se um conceito relevante e importante para as questões em educação na infância para identificar que o estabelecimento de estereótipos é responsável por causar exclusão de gênero. As diferenças entre homem e mulher, impostas pela cultura, e ratificadas pela escola colaboram para tal exclusão. Daòlio (2003) mostra que a cultura brasileira obriga a entender que os meninos só podem brincar com brincadeiras de homem e as meninas só podem brincar com brincadeiras de mulheres. Isso faz com que as crianças de ambos os sexos apresentem algumas limitações motoras ou de raciocínio lógico com o passar do tempo. Os meninos apresentarão sempre uma coordenação motora grossa mais desenvolvida, visto que são incentivados mais que as meninas para a prática da atividade física, para a prática dos esportes. Sousa e Altmann (1999) mostram que o ser humano não é apenas visto pela ótica do gênero e da cultura, mas também pela classe social, etnia, raça, peso, altura, habilidades motoras e etc. É um circulo com vários fatores que, combinados, mostram o que a sociedade impõe para cada pessoa. Se as pessoas não conseguem ser de acordo com os padrões que a sociedade impõe, são automaticamente julgadas como fora dos padrões e, portanto, discriminadas. Segundo Finco (2008), muitos dos gestos, movimentos e sentidos produzidos no espaço escolar são incorporados por meninos e meninas, tornando-se uma parte do seu corpo, constituindo suas identidades. Ainda segundo Finco (2008), muitas vezes, no incentivo à prática da atividade física e recreativa, a escola acaba por reproduzir estereótipos de gênero, repetindo assim padrões pré-estabelecidos pela sociedade de como o menino e a menina devem ser e se comportar, como, por exemplo, a menina deve brincar com a boneca, por ser mais delicada, frágil e comportada, ter gestos mais sutis, ou seja, deve estar mais inserida no ambiente privado, a casa, o lar; e o menino deve jogar futebol, por ser mais agressivo, mais vigoroso; a menina deve ser um bom exemplo na escola, e do menino, considerado mais desinteressado, mais desleixado, não é cobrado o mesmo comportamento, por exemplo, a menina é fortemente repreendida

13 ao falar palavrão e o menino, quando fala, é menos repreendido, é um comportamento mais aceitável, justamente por se considerar que o menino está mais inserido no ambiente público, a rua. De acordo com Faria e Nobre (2003) o sexismo afeta o crescimento social de meninas e meninos impedindo que se tornem seres completos, pois limita suas aspirações e iniciativas. A forma sexista como a educação escolar de maneira geral e a educação física em especial são ministradas é, portanto, altamente prejudicial para a construção de seres completos, tanto em relação ao seu desenvolvimento motor como social.

14 6- Conclusão Com a revisão realizada, chegamos à conclusão que as aulas separadas por sexo trazem falhas na aprendizagem motora para ambos os sexos, fazendo com que os meninos desenvolvam mais coordenação motora grossa e as meninas coordenação motora fina, futuramente trazendo muitos reflexos negativos em atividades físicas ou movimentos rotineiros. Em todos os artigos lidos percebe-se que é de suma importância as aulas e atividades físicas serem realizadas de maneira mista, demonstrando o beneficio do adequado e igualitário desenvolvimento motor para ambos os sexos, e, além disso, diminuindo o preconceito e as exclusões de gênero em atividades que o senso comum rotula, dizendo que um esporte especifico é masculino e outro esporte é feminino.

15 7- Referências Bibliográficas - DAOLIO, Jocimar. A construção cultural do corpo feminino, ou o risco de transformar meninas em antas. In: DAOLIO, Jocimar. Cultura: educação física e futebol- 2 Ed. ver. E ampliada- Campinas SP- Editora da UNICAMP, 2003. - FINCO, Daniela. Socialização de Gênero na Educação Infantil. Fazendo Gênero 8 Corpo, Violência e Poder, Florianópolis de 25 a 28 de Agosto de 2008. Pesquisa de Doutorado. Acesso em:10 Agosto, 2013 - PEREIRA, Sissi Aparecida Martins. Identificações de gênero: jogando e brincando em universos divididos. In: Motriz, Rio Claro, v.11 n.3, p.205-210, set/dez. 2005. - SOUSA, Eustáquia Salvadora de; ALTMANN, Helena. Meninos e Meninas: Expectativas corporais e implicações na educação física escolar; In: Cadernos Cedes, ano XIX, n 48, Agosto/99. - LIMA, Francis Madlener de; DINIS, Nilson Fernandes. Corpo e gênero nas práticas escolares de Educação Física. In: Currículo sem Fronteiras, v.7, n.1, pp.243-252, Jan/Jun 2007 - RIBEIRO, Elane Aparecida Xavier. A relação entre desenvolvimento motor e idade. Um estudo comparativo entre crianças da Fase Introdutória à Fase IV. Monografia de Especialização em Esporte Escolar. Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância 2007. - BARREIROS, João; Net, Carlos. O Desenvolvimento Motor e o Gênero. 2005. Faculdade de Motricidade Humana, Lisboa. Universidade Técnica de Lisboa. Disponível em http://www.fmh.utl/cmotricidade/dm/textosjb/texto_3.pdf.