Palavras-chave: Desafios da escola. Educação em Direitos Humanos. Respeito à diferença. Diversidade sociocultural. Pesquisa em sala de aula.

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Transcrição:

DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE SOCIOCULTURAL NA EDUCAÇÃO: AS DIFERENÇAS (IN)VISÍVEIS NA ESCOLA Altiana Angélica Pinto Bobrowicz 1 Catia Luciane da Luz Carneiro 2 Irene Cristina BialeskiPorn 3 Nilda Stecanela Orientadora 4 Lisandra Pacheco da Silva Co-orientadora 5 Resumo O presente artigo é resultado de pesquisa realizada para o curso Escola e Pesquisa: um encontro possível, desenvolvido no âmbito do projeto Nossa Escola Pesquisa sua Opinião (Nepso), no Pólo Paraná, o qual visa desenvolver a prática de pesquisa como princípio educativo. Ao delimitar o tema Direitos humanos e diversidade sociocultural na escola objetivou-se verificar quais conhecimentos sobre o assunto estão mais desenvolvidos no interior das escolas, esclarecer o quais são os direitos humanos mais lembrados pelos professores, o que significa diversidade sociocultural. Além disso, procurou observar de que forma os temas são tratados no interior da escola buscando elucidar algumas questões como: quais são os motivos que geram as desigualdades no ambiente escolar, se a diversidade sociocultural interfere no processo de ensino e de aprendizagem, bem como se os direitos humanos e o respeito à diversidade estão sendo garantidos e efetivados no cotidiano escolar ou se existem diferenças que ainda são (in)visíveis aos olhos dos educadores e da comunidade escolar.no decorrer deste texto, busca-se situar o leitor em relação ao contexto em que a pesquisa foi realizada e discorrer sobre os direitos humanos, a atuação docente, o direito à educação e a diversidade sociocultural. Para fundamentar teoricamente as reflexões buscamos subsídios nos aspectos históricos, reflexões a luz de produções de autores como: Stecanela e Castilhos (2014), Alves (2004) entre outros. Os resultados obtidos através da participação de 13 professores atuantes do Ensino Fundamental II, ao responderem um questionário contendo perguntas abertas e fechadas, apontam para a necessidade de que haja maior conhecimento por parte dos envolvidos e que a falta de conceitos prévios dificulta a ação do professor contribuindo para que a escola se torne um espaço democrático, de respeito aos direitos e de construção da cidadania. Palavras-chave: Desafios da escola. Educação em Direitos Humanos. Respeito à diferença. Diversidade sociocultural. Pesquisa em sala de aula. INTRODUÇÃO Ao delimitar o tema Direitos humanos e diversidade sociocultural na escola objetivou-se verificar quais conhecimentos sobre o assunto estão mais desenvolvidos no interior das escolas, esclarecer o quais são os direitos humanos 1 Licenciada em Ciências, Habilitação Plena em Matemática, Especialização em Administração, Supervisão e Orientação Escolar, Especialização em Pré-escola e Séries iniciais pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras FAFI PR. Professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental na Rede Municipal de União da Vitória. Coordenadora Pedagógica da Secretaria Municipal da Educação de União da Vitória/PR. 2 Pedagoga com pós-graduação em Educação Infantil e Séries Iniciais pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras FAFI PR. Professora de Educação Infantil e Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação do Município de União da Vitória. 3 Pedagoga com Especialização em Psicologia da Educação pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras FAFI PR. Professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental na Rede Municipal de União da Vitória PR.Pedagoga na Rede Estadual de Ensino do PR. Coordenadora Pedagógica da Secretaria Municipal da Educação de União da Vitória PR. 4 Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Docente no Centro de Ciências Humanas e da Educação e no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Caxias do Sul. Professora da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul. 5 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especialista em Formação para Educação a Distância, Licenciada em Pedagogia e professora de extensão da Universidade de Caxias do Sul.

2 mais lembrados pelos professores, o que significa diversidade sociocultural. Além disso, procurou observar de que forma os temas são tratados no interior da escola buscando elucidar algumas questões como: quais são os motivos que geram as desigualdades no ambiente escolar, se a diversidade sociocultural interfere no processo de ensino e de aprendizagem, bem como se os direitos humanos e o respeito à diversidade estão sendo garantidos e efetivados no cotidiano escolar ou se existem diferenças que ainda são (in)visíveis aos olhos dos educadores e da comunidade escolar. Inicialmente propomos uma reflexão sobre o que e quais os direitos humanos. Direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos: direitos civis e políticos (exemplos: direito a vida, a propriedade, liberdade de pensamento, de expressão, de crença, igualdade); direitos econômicos, sociais e culturais (direito a educação, a saúde, ao trabalho entre outros; direitos difusos e coletivos (direito à paz, ao progresso, a inclusão digital, entre outros). Em relação à diversidade sociocultural esta parece tratar de aspectos ligados a cultura como a história e cultura africana e indígena. No contexto específico da escola, Gomes (1999) observa que a escola é um espaço sociocultural em que as diferentes presenças se encontram. Devendo proporcionar respeito à diversidade através de práticas democráticas que levem em consideração as condições socioculturais do educando. O tema de que trata este artigo resultou dos questionamentos e reflexões propostas no âmbito do curso de extensão Escola e Pesquisa: Um Encontro Possível Edição Especial NEPSO Polo Paraná, o qual realizou- se no período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015. A pesquisa fundamenta-se em leituras referentes a legislação, textos disponibilizados na Biblioteca Virtual do AVA (Ambiente Virtual), pesquisas na internet, na interação dos participantes através do fórum de discussões e nos encontros presenciais. O trabalho de campo desenvolve-se a partir da aplicação de um questionário, contendo questões abertas e fechadas, o qual foi aplicado a um grupo de treze professores, os quais atuam nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Com os resultados obtidos pode-se constatar que existe a necessidade deste tema ser abordado nas reuniões pedagógicas, formação continuada, reunião de pais e também na formação inicial dos professores.

3 Por se tratar de um tema que não é restrito ao ambiente escolar, os resultados da pesquisa devem ser divulgados à sociedade em geral, pesquisadores, pais de alunos, professores, diretores, coordenadores, alunos, comunidade externa à escola. Podendo contribuir para que se estabeleça um ponto de partida para o aprofundamento das discussões e de possíveis caminhos que levem à melhoria do ambiente educativo e do reconhecimento do papel que cabe a cada sujeito e para que se estabeleçam relações sinceras, produtivas e transformadoras da sociedade. 1 Identificação dos entrevistados Nos gráficos que seguem apresenta-se a sociografia dos entrevistados como forma de contextualizar os caminhos e os resultados da pesquisa realizada. SEXO 20 10 0 feminino; 11 masculino; 1 não idenf; 1 P 2 SEXO IDADE P 3 IDADE não respondeu mais de 50 entre 41 e 50 entre 35 e 40 1 2 5 3 1 1

4 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 FORMAÇÃO NO ENSINO MÉDIO P4 formação na educação básica ensino médio regular 100% 80% 60% 40% 20% 0% TEMPO DE ATUAÇÃO NO MAGISTÉRIO P6 tempo de atuação no magistério entre 2 e 5 anos entrte 11 e 15 anos entre 6 e 10 anos entre 16 e 20 anos EM QUE ANO ATUA 6º ANO 7º ANO 8º ANO 10 2 0 0 P 7 ATUAÇÃO 1

5 10 MOTIVO PARA A ESCOLHA DO MAGISTÉRIO COMO PROFISSÃO 8 6 4 2 FINANCEIRO INFLUÊNCIA DO MEIO 0 P8 MOTIVOS DA ESCOLHA PROFISSIONAL 2 Direitos humanos e atuação docente Os processos educacionais são fundamentais para que se efetive a cultura dos direitos humanos e se respeite a diversidade sociocultural no espaço escolar e na nossa sociedade. Na nossa pesquisa através da análise dos dados obtidos com a aplicação do questionário pode-se diagnosticar como estas questões estão presentes na escola: P24. De que forma a questão dos Direitos Humanos tem aparecido em sua escola? E1- Não é tratado E2- NR E3- NR E4- Quando, por parte dos alunos, surge falta de respeito em relação aos direitos, intolerância. E5- NR E6- Na inclusão E7- Ainda não apareceu oficialmente, só superficialmente. E8-NR E9- NR E10-NR E11-NR E12- Inclusão de alunos, projetos de prevenção do uo de drogas, filmes e debates contra preconceitos. E13- Em forma de aulas teóricas e práticas e retomadas o ano inteiro.

6 Entende-se com os dados observados acima que o assunto é pouco explorado no interior das escolas. O motivo para que isto ocorra provavelmente tem origem na formação inicial dos professores. Pois entre os entrevistados constatamos que: P17. O tema transversal Direitos Humanos foi contemplado em sua licenciatura e/ou curso de magistério? Frequência Absoluta Frequência Relativa 1. Sim, esta 3 23% temática é bem desenvolvida no curso. 2. Não, esta 10 77% temática é pouco desenvolvida no curso. A partir desse primeiro contato é possível pensar nas formas de atuação a partir da realidade que se apresenta. Assim sendo, concordamos com Stecanela e Castilhos (2014, p.493), quando afirmam que a escola: (...) escola atual traz consigo as demandas de um mundo contemporâneo que produz, junto a ela, os alunos contemporâneos e cidadãos da sociedade. Desta forma, mais do que atender a isto, há a necessidade de repensar a educação deste aluno (criança, adolescente, jovem) devido às mudanças e às dinâmicas sociais. São necessárias novas práticas que proponham pontes possíveis entre o interesse dos alunos e as propostas da escola. Apenas reproduzir um modelo pressupõe estagnar a escola em crise (ou mutação) e possibilitar a desconstrução de conceitos instituídos para que se possa ressignificar e reconstruir os processos educativos, com alicerces que suportem as demandas da contemporaneidade, mas que, economicamente, façam o movimento de questioná-las. Atualmente o professor se depara com diversos desafios tais como: ensinar os alunos desmotivados, disciplina do aluno, o interesse dos alunos, as transformações na sociedade, distorção de valores; a inclusão dos alunos especiais, trabalhar com a diversidade na sala de aula, tornar a aula um lugar desejado pelos alunos e ter autonomia em sala de aula. Mas quando questionados se o Direito à Educação afeta a sua prática pedagógica, nove entre os 13 professores participantes da pesquisa responderam que não, dois parcialmente e dois afirmaram que sim. Isto comprova a hipótese levantada anteriormente de que a maioria dos professores não têm conhecimento sobre as Direitos Humanos e de como a

7 diversidade sociocultural está presente no ambiente educativo e por isso não são desenvolvidas ações que levem a superação dessas desigualdades. Fica evidente que este despreparo tem origem na formação inicial do professor conforme podemos constatar no quadro abaixo: P17. O tema transversal Direitos Humanos foi contemplado em sua licenciatura e/ou curso de magistério? Frequência Absoluta Frequência Relativa 1. Sim, esta temática é bem 3 23% desenvolvida no curso. 2. Não, esta temática é pouco desenvolvida no curso. 10 77% Dentre os entrevistados, dez professores afirmam não ter feito curso de formação continuada sobre Direitos Humanos e apenas três relatam que sim. As respostas à questão seguinte são reveladoras do foco da formação continuada realizada pelas mantenedoras e no interior das escolas onde atuam os entrevistados: P27. Numere por ordem de frequência, qual dos itens abaixo está mais presente nas discussões no interior das escolas: Respostas categorizadas Frequência Absoluta 1.Cultura afrobrasileira e indígena 06 2.Inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais 03 3.Gênero e diversidade sexual 00 4.Religiosidade 00 5. Condição sociocultural 03 Não respondeu 01 Observa-se que o item que aparece com maior frequência é a cultura afrobrasileira e indígena, seguido da inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais e das condições socioculturais. Consideramos que um dos principais motivos desses resultados é que a Lei 10.639/08 propõe novas diretrizes curriculares para os estudos da história e cultura afro-brasileira e africana. Por exemplo, os professores devem ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos. Em consequência dessa lei as escolas passaram a observar com maior frequência estas questões. No que se refere à inclusão a Declaração de Salamanca dispõe sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais, originando grande avanço na maneira de ver, pensar, aceitar e trabalhar com os

8 alunos que apresentam necessidades educativas especiais. Porém esta aceitação ocorre mais por força de lei do que pelo real entendimento deste direito. O que nos chama a atenção é que nenhum dos entrevistados assinalou as questões de gênero, diversidade sexual e religiosidade, o que nos leva a questionar: será que estes sujeitos tornam-se invisíveis nas relações que se estabelecem no interior da escola? 3 Direito à educação e diversidade sociocultural O artigo 205 da Constituição Federal de 1988 afirma que a Educação é direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Nesta parte do texto buscamos identificar qual o entendimento que os educadores têm sobre diversidade sociocultural e as relações que estabelecem com os direitos humanos, em especial com o direito a educação. Os professores entrevistados definem como diversidade sociocultural: diferentes alunos que estão em vários níveis da sociedade (E 1); diferenças na situação familiar, convívio social (E 4); que estamos cercados de diferenças que devem ser conhecidas e respeitadas (E 11); as diferenças sociais e culturais entre as pessoas (E 12); é o conjunto de variedades linguísticas, culturais (lugares), bagagens que a pessoa carrega consigo e que devem ser respeitadas (E 13). A dificuldade encontrada pelos entrevistados para estabelecer relações entre a Educação Inclusiva e a diversidade sociocultural torna-se visível no quadro abaixo: P31. Que relações você estabelece entre a Educação Inclusiva e a Diversidade sociocultural? Não respondeu 8 61,5% Responderam 5 38,5% Esses números podem indicar o porquê quando questionados sobre que relações estabelecem entre a Educação Inclusiva e a diversidade sociocultural apenas 38,5% responderam a questão. Entre os que responderam, observa-se que houve dificuldade para estabelecer de forma coerente esta relação utilizando termos

9 como a escola não está amparada e preparada para isso ainda e muitas vezes as pessoas com diversidade sociocultural são excluídas é preciso trabalhar com elas. Em contrapartida encontramos respostas fundamentadas tais como: Que devem ser respeitadas e trabalhadas em conjunto, pois a diversidade sociocultural não deixa de ser uma forma de inclusão. A educação inclusiva lida com as diferenças físicas e intelectuais entre os indivíduos, enquanto a outra lida com diferenças sociais e culturais. No que diz respeito ao Projeto Político Pedagógico da escola, dez professores consideram que a diversidade sociocultural dos alunos está contemplada através de feiras, jogos, trabalhos com a cultura afro e indígena, por exemplo e três não responderam a questão proposta. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao concluirmos o presente artigo queremos relatar sobre a importância da realização de pesquisas por parte dos educadores pois os dados que elas revelam podem contribuir de forma efetiva para a elucidação das diversas questões que geram inquietações tanto para os professores, quanto para os pais e sociedade em geral. Tratando-se especificamente do assunto a que nos referimos podemos constatar que as hipóteses foram confirmadas mas, que torna-se necessário dar continuidade a esta pesquisa procurando abranger um universo maior de entrevistados para que possamos fazer novas análises e observar se existe diferenças no modo em que os profissionais que atuam nos diversos níveis e modalidades de ensino (educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental, ensino médio e Educação de Jovens e Adultos) compreender a questão dos direitos humanos e da diversidade cultural na escola. REFERÊNCIAS ALVES, Januária. Nossa escola pesquisa sua opinião: diário de pesquisa.são Paulo: Global, 2004.

10 STECANELA, Nilda. Direção: documentário Fazer Coleção é Bom. Disponível em: http://www.ipm.org.br/ipmb_pagina.php?mpg=3.98.00.00.00&c_id_audvid=44&acesso=banda&ver=po r.acesso em: 25 jul. 2008. STECANELA, Nilda; CASTILHOS, Maria Selbach. Escola como objeto de problematização e ser entendimento dinâmico. Revista Contrapontos. Itajaí, SC, vol. 14, n. 3, p.479 494. 2014 Sites Consultados: HTTP://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoindigina.pdf. Acesso em 29 nov. 2014. www.educador.brasileiro.com/lei10639 ensino e cultura afro-brasileira_africana. Acesso em 31 jan. 2015. www.portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em 31 jan. 2015 www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição. Acesso em 31 jan. 2015.