O livro Apocalipse 08 A visão do livro e do cordeiro (5.1-14) JörgGarbers Ms.deTeologia
Introdução 5.1-14 Capítulo 5 faz parte da visão, que começou no cap.anterior. A visão do trono recebe dois novos enfoques: primeiro o livro e depois o cordeiro. O restante permanece igual. A visão do autor está de forma paulatina se transformando numa audição no final do capítulo. TudoestáacontecendodiantedotronodeDeusquefoi descritocom palavras que sublinharam a santidade, o poder e o ser luminoso de Deus. Tudo está submisso a ele, sem hesitação sem dúvida.o mundo celestial é o ideal e serve como exemplo para a criação que está no momento em estado oposto. Nada que está por vir pode assombrar ouescureceressemundodivinocheiodeluzepoder. Issoé, em conjuntocom cap. 5 ofundamentodavisãodosselos, que começaemcap. 6.
Estrutura 5.1-14 1 4 5 7 8 14 O Livro O Cordeiro O louvor
O Livro 1 Então vi na mão direita daquele que está assentado no trono um livro em forma de rolo, escrito de ambos os lados e selado com sete selos. A mão direitaéaquelaquesimbolizapodereação. O rolo: A descrição e a interpretação do livro não são unânimes na literatura. A palavra grega biblion pode designar tanto um rolo como um livro semelhante aos nossos. A interpretação dos selos depende da forma do livro: caso biblion descreve um rolo, então as coisas descritas na abertura dos selos não revelam ainda nada do conteúdo do livro. Caso a palavra biblion descreve um livro, então existe a possibilidade de compreender os sete selos como um agrupamento de sete capítulos selados que ao serem rompidos também fossem lidos. Ou seja aquilo que está descrito a partir do cap. 6 é o conteúdo do livro. Já que livros começaram ficar mais comunsapartirdo2ºséculoestouoptandopelorolo.
O Livro 1 Então vi na mão direita daquele que está assentado no trono um livro em forma de rolo, escrito de ambos os lados e selado com sete selos. Escrito de ambos os lados: a descrição em grego é um pouco diferente: foi escrito de dentro e de fora selado com... e pode ser compreendida de diversas formas: Escritopordentroeporforaemcasoderolo Escritodeambososladosemcasodelivro Escritopordentroeseladoporfora Os sete selos podem indicar o tipo do documento ou significam em primeiro lugar que o conteúdo é desconhecido por completo.
O Livro 1 Então vi na mão direita daquele que está assentado no trono um livro em forma de rolo, escrito de ambos os lados e selado com sete selos. Interpretações da imagem do Biblion: Os sete selos são conhecidos dos testamentos romanos que em caso da morte são quebrados. O conteúdo do livro então aponta paraaherançadoscristãos,apromessadedeusapartirdamorte de Cristo. Mas os selos e trombetas não descrevem essa herança. Comparando com Ez 2.1-3.4 o livro pode indicar o conteúdo que deve ser revelado. Mas aqui o rolo não é recebido pelo profeta e vidente João. O livropodesimbolizarafuturahistóriadahumanidadequeestá mas mãos de Deus. Mas aquilo que está sendo descrito depois nãoéumahistóriadomundoantigo.
O Livro 1 Então vi na mão direita daquele que está assentado no trono um livro em forma de rolo, escrito de ambos os lados e selado com sete selos. Interpretações da imagem do Biblion: O livro podia ser identificado com o livro da vida e revela os nomes dos redimidos. Mas o rompimento dos selos e os trombetas tragam pragas e não os nomes dos redimidos. O livro iria conter aquilo que está descrito em 7.1-22.21 e a descrição que o livro foi escrito por dentro e por fora significa a plenitude do pré-conhecimento de Deus.
O Livro 1 Então vi na mão direita daquele que está assentado no trono um livro em forma de rolo, escrito de ambos os lados e selado com sete selos. Interpretações da imagem do Biblion: As explicações do Pohl me parecem os mais convincentes e de acordo com os versículos anteriores e o conteúdo posterior: O rolo representa um documento oficial de instituição ao governo. O ato de abertura seria o ato de entrega do poder e a consignação. Os imperadores gostaram ser exculpados com um rolo na mão (Pohl não indica a fonte para essa informação) e em 2Rs 11.12 temos um ato comparável. Toda cena descrita pode ser compreendida como a entronização de um rei.
O Livro 2 Vi um anjopoderoso, proclamandoem altavoz: "Quem édignode romper os selos e de abrir o livro? 3 Mas não havia ninguém, nem no céu nem na terra nem debaixo daterra, que pudesse abrirolivro, ou sequer olhar para ele. O anjo poderoso: A palavra poderoso se refere a voz dele que alcança todos. A pergunta e a resposta demonstram que nenhuma criatura está digna de ser instituída com imperador. Os três andares da cosmovisão antiga (céu, terra, submundo) descrevem o universo todo. Nada indica no texto que o texto querse referir aos demônios ou a satanás. A afirmação simplesmente constata que não há ninguém que pode receber a tarefa do governo, do co-regente de Deus no sentido pleno.
O Livro 4 Eu chorava muito, porque não se encontrou ninguém que fosse dignodeabrirolivroedeolharparaele. O choro de João expressa tristeza e desespero no mesmo tempo. Porém não é fácil de interpretar o motivo do choro. Aqui os intérpretes estão viajando e as vezes indo contra a interpretação do significado do livro: João iria chorar porque não tem significado na história. Ele choro porque a história está sob a maldição do pecado. Em concordância com a interpretação do livro temos que entender quejoãochoroporqueninguém estádignodeexecutaravontadede Deus em forma de um governo justo. Ou seja o mundo não vai mudar, mas continuar do jeito como é.
O Cordeiro 5 Então um dos anciãos me disse: "Não chore! Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Ancião: a ação do ancião sublinha que ele faz parte do mundo divino e que os anciãos não representam a igreja. O consolo é dado. Existe alguém que pode abrir o livro e os selos. Aquele que pode abrir é descrito como: Leão de Judá: se refere ao texto de Gn 49.8-10, que foi interpretado no judaísmo como uma profecia messiânica e transformou se para um título do Messias, que representa força. Raiz de Davi: outro título messiânico que provem de textos proféticos (Is 4.2; 11.10; Jer 23.5; Zac 3.8. 6.12) e representa a esperança. Vencedor:indicaqueoMessiastinhaquebatalharelutar. SomenteoMessiasédignodeexecutaravontadedeDeus.
O Cordeiro 6 Depoisvi nocentrodotrono, cercadopelos quatroseresviventese pelos anciãos um Cordeiro, que parecia ter estado morto, em pé. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviadosatodaaterra. Depois do anuncio que o Messias é digno João viu o Cordeiro. Ele formaagoraocentrodetoda avisão. Ocupa praticamenteolugarde Deus, mas é diferenciado de Deus. A palavra grega arnion (cordeiro) era antigamente um diminutivo. O contraste não pode ser maior:oleãoeorenovosãoidentificadoscomocordeiro.amorte e ressurreição de Jesus, interpretado como sacrifício pascal do Messias formam o fundamento da compreensão de João. Na ressurreição já foi tudo ganho e vencido. Os chifres e olhos descrevem o poder e a sabedoria e os sete espíritosapresençadedeusemtodaaterra(mt28.20 ilustrado). O número sete sempre simboliza a totalidade(algo completo).
O Cordeiro 7 Ele se aproximou e recebeu o livro da mão direita daquele que estava assentado no trono. Deus atéessemomentonunca foi chamadode formadireta. Sempre se fala dele com distância e respeito. O Cordeiro está agora em íntima proximidade a Deus e recebe o livro. A dignidade do Cordeiro provem da obediência completa. O Cordeiro é descrito como o Messias esperado pelos judeus. Agora o governo e a execução da vontade de Deus está quase entregue. Falta instituição, a quebra do selos.
O Louvor 8 Ao recebê-lo, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Cada um deles tinha uma harpa e taçasdeourocheiasdeincenso,quesãoasoraçõesdossantos; O movimento no centro da cena é como uma pedra jogada na água. A força central resulta em forças centrifugais. Toda cena lembra da entronização de um imperador romano: prostrar-se, louvor, harpas incenso, etc. São imagens também do antigo templo que representava algo como um palácio de Deus Rei no meio do seu povo. As imagens e atributos de Deus e do Messias se mesclam e confundem. A imagem do incenso que simboliza as orações vai ser detalhada em 8.3-5. Mas aparece aqui de forma indireta a realidade dos redimidos, dos membros do corpo de Cristo, a igreja. Eles estão presentes já agora no palácio divino.
O Louvor 9 e eles cantavam um cântico novo: "Tu és digno de receber o livro e de abriros seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste paradeusgentedetodatribo,língua,povoenação. O cântico novo é quase uma expressão idiomática e aparece em vários textos bíblicos. A expressão não se refere em primeiro lugar a melodia, mas ao conteúdo. Simboliza que Deus age de forma nova e surpreendente. Nesse cântico entoado aqui se refere ao agir de Deus através do Messias. Tu és dignoéumaexpressãousadoparaosimperadoresromanos. A históriade Jesus estáresumido ecomparado ao antigo costume de comprar / libertar um escravo e colocar ele em liberdade. A comunidade de Deus não se restringe ao povo de Israel, mas é universal.
O Louvor 10 Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra. O cordeiro foi morto, comprou e agora constituiu algo novo. Os redimidos formam um reino e são sacerdotes. A palavra sacerdote está se referindo em primeiro lugar ao serviço por Deus do que a sua função intermediária. A intermediação é tarefa do Messias. Os manuscritos antigos trazem duas versões diferentes do verbo reinar. Uns manuscritos falam no presente: eles estão reinando. Outros manuscritos falam de forma futurista: reinarão. Dependente da decisão muda então a interpretação. O versículo se refere a igreja atual como parte do reino de Deus que já influencia o mundo ou se refereaofuturonoreinodedeusdepoisdavindadejesus?
O Louvor 10 Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra. Existe nesse versículo uma outra dificuldade textual. Uns manuscritos falam na primeira pessoa do plural: tu nos redimiste (9)... Constituíste (10). Em caso da primeira pessoa plural os anciãos são idênticos com os redimidos. No caso da terceira pessoa plural, como a tradução em cima, eles se diferem dos redimidos. A maioria dos autores hoje considera os manuscritos na versão da primeira pessoa plural como inferior. Mas ainda existem bíblias e comentaristas que se baseiam nesses manuscritos.
O Louvor 11 Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventeseosanciãos, 12 ecantavam emaltavoz: "DignoéoCordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor! 13 Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: "Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, ahonra, aglóriaeopoder, paratodoosempre! 14 Os quatro seres viventes disseram: "Amém", e os anciãos prostraram-se e o adoraram. Os versículos seguintes trazem poucas informações novas. O movimento no centro está em ondas se espalhando por todos os lados e cantos do universo. O reconhecimento do Cordeiro/Messias como sendo digno de ser instituído como imperador sobre o mundo e a história não passa despercebido, bem pelo contrário.
O Louvor 11 Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventeseosanciãos, 12 ecantavam emaltavoz: "DignoéoCordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor! 13 Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: "Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, ahonra, aglóriaeopoder, paratodoosempre! 14 Os quatro seres viventes disseram: "Amém", e os anciãos prostraram-se e o adoraram. Acenaestásendodescritacadavezmaisbreveemaiscomoaudição, poisfogedavistadovidente. Os atributos que o Cordeiro recebe são atributos divinos. O número sete deixa claro que nada falta. No mesmo tempo são atributos imperiais e isso coloca esse texto em oposição ao imperador romano.
O Louvor 11 Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventeseosanciãos, 12 ecantavam emaltavoz: "DignoéoCordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor! 13 Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: "Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, ahonra, aglóriaeopoder, paratodoosempre! 14 Os quatro seres viventes disseram: "Amém", e os anciãos prostraram-se e o adoraram. OAmémfinaltransformaavisãocompletaemoraçãoecredo.
Resumoelição A visão dos capítulos 4 e 5 descrevem uma cena no palácio divino celestial. Não há dúvida quem está no comando. A cena do livro e do cordeiro estão concorrendo ao imperialismo romano. Somente o Messias de Deus é digno de executar a vontade doreidomundo. Todotextoestáemfrancaoposiçãoaospodereseambiçõesdosseres humanos. A igreja faz parte dessecenário etodo universo está sendo envolvido nas consequências. Por enquanto porém só visto pelos olhos do videnteousejapelosolhosdafédacomunidade. Contextualizando: João está colocando toda a sua esperança para um mundo diferente, para um futuro diferente no Cordeiro. A vitoria sofredor desse Cordeiro norteia a esperança e a direção da ação?!
O Apocalipse