DETERMINAÇÃO DA MATURAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR CULTIVADA NO MUNICÍPIO DE JOÃO PINHEIRO AMANDA SILVA OLIVEIRA (1) ; BRUNA LANE MALKUT (2) ; FÁBIO GRAMANI SALIBA JUNIOR (3) ; DAYENE DO CARMO CARVALHO (4). 1. Graduanda em Engenharia Química do Centro Universitário de Patos de Minas UNIPAM. asoinfo10@gmail.com. 2. Graduanda em Engenharia Química do Centro Universitário de Patos de Minas UNIPAM. malkutbruna@gmail.com. 3. Graduando em Engenharia Química do Centro Universitário de Patos de Minas UNIPAM. fabiogsj@yahoo.com.br. 4. Professora Mestre em Química do Centro Universitário de Patos de Minas UNIPAM. dayenecc@unipam.edu.br. 1. INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar é cultivada desde o período colonial e se transformou em uma das principais culturas da economia brasileira. O Brasil não é apenas o maior produtor de cana, mas também é o primeiro do mundo na produção de açúcar e etanol e ainda cresce gradativamente no mercado externo com o uso do biocombustível (Ministério da Agricultura). Conhecida por se adaptar plenamente a climas tropicais, quentes e úmidos, com temperaturas entre 19 a 32 C e índices pluviométricos de aproximadamente 1.000 mm anuais bem distribuídos, a cana-de açúcar possui dois períodos distintos: o de crescimento vegetativo e o de maturação. O período caracterizado pelo crescimento vegetativo é favorecido pelo clima úmido e quente. O período de maturação é estimulado pelas condições de clima frio e seco (MARQUES, 2001). Segundo HORII (2004) há diferentes comportamentos de maturação, por isso as cultivares de cana-de-açúcar são agrupadas em precoces (quando apresentam um teor de Pol acima de 13% no início de maio), médias (quando atingem a maturação em julho) e tardias (pico de maturação em agosto/setembro). A importância da maturação da cana com relação ao teor de açúcar total para fins de rendimento industrial, também é relevante para alguns elementos envolvidos no desempenho do processo. Assim, à medida que a cana vai atingindo a maturação, reduz os teores de amido,
nitrogênio e de açúcares redutores e aumenta o de compostos fenólicos (ALBUQUERQUE, 2011). A maturação da cana-de-açúcar pode ser determinada pelos parâmetros tecnológicos (Brix, Pol, Pureza e Açúcares Redutores), I.M. (índice de maturação) e tabelas de pontos (Delgado & César 1977; Paranhos 1987; Lopes &Parazzi1992). A refratometria, na escala Brix, baseia-se em um sistema de graduação de aparelhos especialmente para ser utilizado na indústria açucareira, mais precisamente na análise de açúcares em geral que estejam em solução e se constitui em um método físico para medir a quantidade de sólidos solúveis presentes em uma amostra. A Pol, que é a sacarose aparente é a metodologia utilizada para determinação da maturação, pagamento e balanço agrícola e industrial (Spencer & Meade, 1945). A alta pureza da cana é garantia de facilidade na fabricação, de melhor qualidade do açúcar e altos rendimentos, por isso é considerado um dos principais parâmetros na fabricação do açúcar, em outras palavras, quanto maior a pureza, melhor a qualidade da matéria-prima para recuperação de açúcar. O presente estudo teve como objetivo analisar alguns parâmetros tecnológicos de maturação tais como: sólidos solúveis (Brix), sacarose (Pol) e pureza aparente da cana-de-açúcar cultivada no distrito de João Pinheiro. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. COLETA E PREPARO DAS AMOSTRAS Para a execução desse estudo foram utilizados três cultivares de cana-de-açúcar (CTC - 20, RB 96-6928 e IAC 95-5000), fornecidas pela Destilaria WD Agroindustrial LTDA, situada na BR-365 Km 336, Fazenda Flor de Minas Zona Rural no Munícipio de João Pinheiro MG. Em abril de 2015 foram colhidas amostras da cana-de-açúcar, cujo plantio foi realizado em março de 2014. A colheita foi feita manualmente de forma aleatória no meio do canavial, com a etiquetação das mesmas, para a determinação de alguns parâmetros tecnológicos tais como: %Brix, %Pol e %Pureza. Antes de serem levadas ao laboratório, utilizou-se uma moenda (modelo 730 nº 434164) para extração do caldo da cana, na cidade de Patos de Minas. Para ser feito o ambiente, passou-se uma pequena parte da cana e descartou-se o primeiro caldo. Após esse processo, foram
retiradas as amostras para análises; estas foram armazenadas em frascos plásticos e devidamente etiquetadas, tomando cuidado para que não houvesse a incidência de luz. 2.2. ANÁLISES As análises de Brix foram realizadas em triplicata, no laboratório de Engenharia Química (LEQ) do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM). Cada análise seguiu as seguintes determinações: a) Brix (%): determinado por refratometria (refratômetro Abbe, tipo WYA) a 24 C. b) Pol (%): foi calculada através da seguinte expressão: * Este valor é utilizado para Brix encontrados abaixo de 18,0% (AMORIM, et al, 1996). c) Pureza aparente da cana (%): o coeficiente de pureza aparente da cana, segundo Amorim (1996), foi calculado pela relação: * 2.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA Todos os dados foram submetidos à análise de variância (ANAVA, p < 0,05) e ao teste de comparação de médias Tukey (p < 0,05), utilizando o sistema Sisvar versão 5.4. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos na refratometria não apresentaram diferenças estatísticas entre as cultivares CTC-20 e RB 96-6928 avaliadas para teor de sacarose, sólidos solúveis e pureza, estando somente a IACSP 95-5000 com diferença estatística. Na tabela 1 estão apresentados os resultados encontrados em laboratório do UNIPAM. Tabela 1 Dados encontrados em laboratório Amostra Brix * Pol * Pureza * IAC 95-5000 12,33 ± 0,00 a 10,11 ± 0,00 a 82 CTC-20 16,66 ± 0,57 b 13,66 ± 0,47 b 82 RB96-6928 17,33 ± 0,00 b 14,21 ± 0,00 b 82 *p < 0,05, CV = 2.16% Letras iguais não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%
Na análise estatística, a variável Brix, não apresenta diferença entre as variedades CTC-20 e RB 96-6928, no entanto como citado por Castro & Andrade (2007) estas são classificadas como precoce e média, respectivamente, uma vez que eles afirmam estar em ótimo estado de maturação, canas com Brix na ordem de 18. De acordo com os mesmos podemos inferir que a IAC 95-5000 está em estado tardio. Sendo assim, segundo SILVA (1989) a CTC-20 e a RB 96-6928 estão dentro dos valores indicados para industrialização, pois se encontram com valores de sacarose acima de 13% e a IACSP 95-5000 está em decréscimo de sacarose, não estando boa para o mercado. Para Fernandes (1985) a cana-de-açúcar é considerada madura quando tem valores de pureza encontrados entre 80% e 85%, portanto constata-se que as três cultivares são caracterizadas como maduras, por não haverem diferenças estatísticas. 4. CONCLUSÃO (i) A maturação se apresenta como um fator essencial, tanto para determinar o momento do (ii) corte da cana-de-açúcar, quanto para a sua industrialização. A variedade CTC-20 foi classificada como precoce, a RB 96-6828 classificada como média e a IAC 95-5000 como tardia. (iii) A determinação da maturação por meio dos métodos usados pode ser classificada como eficientes em cultivares de cana-de-açúcar. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, F. M. Processo de fabricação do açúcar. 3ª ed. rev. ampl. Recife - PE: Ed. Universitária da UFPE, 2011. ALMEIDA, J. R. Princípios gerais da fabricação de açúcar de cana. Piracicaba - SP:Centro Acadêmico Luiz de Queiroz, 1944. CASTRO, S. B., ANDRADE, S. A. C. Tecnologia do açúcar. Recife PE: Ed. Ed. Universitária da UFPE, 2007. DELGADO, A.A.; CÉSAR, M.A.A. Elementos de tecnologia e engenharia do açúcar de cana.sertãozinho: Zanini, 1977. 1041p FERNANDES, A. C. Autorização da colheita da cana-de-açúcar. In: SEMANA DE FERMENTAÇÃO ALCOOLICA JAIME ROCHA DE ALMEIDA,4., 1985, Piracicaba. Anais... Piracicaba - SP: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP, 1985. FILHO, G. Z., PICCIRILLI, J. P. O processo de fabricação do açúcar e do álcool: desde a lavoura da cana até o produto acabado. 1ª ed. Santa Cruz do Rio Pardo - SP: Ed. Viena, 2012.
GALDIANO, L. C. Qualidade da cana-de-açúcar (saccharumspp) submetida à aplicação de maturadores químicos em final de safra. 2008. 53 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias Unesp, São Paulo, 2008. HORII, J. A qualidade da matéria-prima, na visão agrícola. Visão Agrícola, v.1, n.1, 2004, p.91-93. LOPES, C.; PARAZZI, C. Introdução à tecnologia de produção de açúcar. São Carlos:UFSCar, 1992. 151p. MARQUES, M. O., MARQUES, T. A., JUNIOR, L. C. T. Tecnologia do açúcar: Produção e industrialização da cana-de-açúcar. Jaboticabal - SP: Funep, 2001. MINISTERIO DA AGRICULTUA. Cana-de-açúcar. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/cana-de-acucar>. Acesso em: 18/05/2015. PARANHOS, S. Cana-de-açúcar cultivo e utilização. Campinas: Fundação Cargill, 1987.356p. VIAN, C. E. F. Árvore do conhecimento: Cana-de-açúcar. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/contag01_138_22122006154842.html Acesso em: 25/05/2015.