Relatório dos Resultados: 9º CONCURSO DE SILAGEM DE MILHO DA FUNDAÇÃO ABC

Documentos relacionados
Relatório dos Resultados: 8º CONCURSO DE SILAGEM DE MILHO DA FUNDAÇÃO ABC

ESCOLHA DO HÍBRIDO DE MILHO PARA SILAGEM. Prof. Dr. Renzo Garcia Von Pinho Departamento de Agricultura UFLA

Importância das Pastagens na Produção de Leite dos Campos Gerais

Produção de silagem de milho no planejamento alimentar do rebanho

Webinar O Nutricionista

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2014/2015

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2013/2014

Silagem: conceitos e parâmetros para análise de qualidade

Confira o que preparamos para você neste mês e leia até o final, temos certeza que são assuntos essenciais no campo como a Nogueira.

Ponto de Corte do Milho para Silagem

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE SORGO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2014/2015

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2017/2018. Campinas 21 de junho de 2018

COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA E DIGESTIBILIDADE IN VITRO

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO E SORGO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2015/2016

Passo a passo para fazer uma silagem com máxima qualidade e o mínimo de perdas

Composição Bromatológica de Partes da Planta de Cultivares de Milho para Silagem

Uma das maneiras de reduzir os efeitos da

Importância da qualidade de fibra na dieta de bovinos de leite e novos conceitos de fibra em detergente neutro - FDN

Qualidade da silagem e custo de formulação de ração para vacas leiteiras de médio e alto potencial

Airon Aparecido Silva de Melo

Número de animais nas propriedades Região Média N Castro Minas Gerais Goiás Toledo Santa Catarina RMC Média

Produção e Composição Bromatológica de Cultivares de Milho para Silagem

USO DA MACAÚBA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

PALMA NA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS Airon Aparecido Silva de Melo. Zootecnista, D.Sc. Professor UFRPE - UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS

Uso de amilase exógena na nutrição de vacas em lactação: melhorando a utilização de nutrientes e desempenho animal. Marcos Neves Pereira

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO E SORGO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2016/2017

SILAGEM DE GRÃOS ÚMIDOS GIOVANI RODRIGUES CHAGAS ZOOTECNISTA

Avaliação de cultivares de milho para silagem: resultados do ano agrícola 2001/2002

TECNOLOGIA DE PROCESSAMENTO

I N O V A Ç Õ E S T E C N O L Ó G I C A S N A C O N S E R V A Ç Ã O D E F O R R A G E N S E A L I M E N T O S V O L U M O S O S

Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ; Aluna voluntária do Projeto de Extensão; 3

Curso Online: Índices Zootécnicos: como calcular, interpretar, agir

MILHO PARA SILAGEM E SEU EFEITO SOBRE O MANEJO DO SOLO. Dr. Rodrigo Pizzani

MOMENTO SILAGEM. #3 Interpretação de Análise Bromatológica

Defesa de Estágio Extracurricular em Nutrição de Bovinos Leiteiros

CUSTOS INVISÍVEIS O que deveria entrar na conta mas não é computado!

AVALIAÇÃO DO TEMPO DE FERMENTAÇÃO DA SILAGEM DE MILHO SOBRE A QUALIDADE BROMATOLOGICA

Manual de Silagem. Guia para uma silagem bem sucedida

SILAGEM DE GIRASSOL. Ariomar Rodrigues dos Santos

VII Congresso Nacional do Milho A perspectiva da produção do leite na economia futura do milho em Portugal OR

MAIOR PRODUTIVIDADE PARA SUA LAVOURA, SEMENTES DE MILHO E SORGO PARA GRÃOS E SILAGEM.

Silagem de milho e sorgo Cláudio Prates Zago Consultor da Sementes Biomatrix

Coprodutos e subprodutos agroindustriais na alimentação de bovinos

PRODUÇÃO DE SILAGEM. Ensilagem. Silagem 27/06/2017. Conceitos básicos. Um pouco da história... Conceitos básicos

Coprodutos e subprodutos agroindustriais na alimentação de bovinos

Cana-de-açúcar na alimentação de vacas leiteiras. Lucas Teixeira Costa Doutor em Zootecnia

EmpresaBrasileiradePesquisaAgropecuária EmbTapa Pecuária Sudeste. CEP: São Car/os, SP

Batata doce na alimentação de ruminantes

SUPLEMENTAÇÃO ECONÔMICA DE CONCENTRADOS EM PASTAGEM DE CAPIM- ELEFANTE MANEJADO EM PASTEJO ROTATIVO

Metabolismo energético e digestão de amido em gado de leite: o que se sabe e que ferramentas podem melhorar o desempenho

Plano de aula. ZOOTECNIA I (Suínos) 01/04/2016. Resíduos de origem animal. Produção Animal vs Impacto Ambiental. Dejetos. Problemas.

Incremento da qualidade da forragem

PRODUÇÃO DE SILAGEM. Ensilagem. Silagem 06/10/2016. Conceitos básicos. Um pouco da história... Conceitos básicos

ESTUDO DO PDPL RV CONSEGUE MELHORAR A SILAGEM DE CANA E REDUZIR OS CUSTOS COM ALIMENTAÇÃO

PRODUÇÃO DE PRÉ-SECADO E SILAGEM TBIO ENERGIA I

Processo de Ensilagem em tempos de escassez de forragem. D.M.V. Rafael Andrade Filho, M.Sc. M.B.A Silostop - Americas

Correção da acidez subsuperficial no plantio direto pela aplicação de calcário na superfície e uso de plantas de cobertura e adubação verde

Cultivares de milho para silagem: resultados das safras 2003/2004, 2004/2005 e 2005/2006 na Região Brasil-Central

Experimentação na fazenda com ferramentas de AP. Eng. Agrônomo Dr. Fabricio Povh

Plantas para ensilagem

PRODUÇÃO DE SILAGEM. Ensilagem. Silagem 30/10/2017. Conceitos básicos. Um pouco da história... Conceitos básicos

Ensilagem de Soja (Glycine max) Submetido a Vários Níveis de Inclusão de Melaço em Pó

Universidade Federal do Paraná Departamento de Zootecnia Centro de Pesquisa em Forragicultura (CPFOR)

ALTERNATIVAS ALIMENTARES PARA CAPRINOS E OVINOS NO SEMIÁRIDO. Márcio José Alves Peixoto Agrônomo D.Sc. Coordenador de Pecuária / SDA

Volumosos. Volumosos. Volumosos. Volumosos. Alimentos utilizados na alimentação Animal. Marinaldo Divino Ribeiro

QUALIDADE DA SILAGEM DE MILHO: REFLEXO DE PRÁTICAS ADOTADAS DURANTE A ENSILAGEM EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS

65 dias de 3rlab, o que as VACAS estão nos dizendo. Marcelo Hentz Ramos PhD Diretor 3rlab, consultor Rehagro

Cultivares de milho para silagem: resultados das safras 2003/2004, 2004/2005 e 2005/2006 na Região Sudeste do Brasil

Manejo de pastagens Consumo de forragem

Partícula de. & Silagem. Tamanho tem importância e influi no desempenho animal

CUSTO DE PRODUÇÃO DE TOURINHOS NELORE ALIMENTADOS COM DIETAS À BASE DE FUBÁ OU MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO (MDPS) Introdução

Gestão de Negócios e Custos Tubos de Dreno Acompanhamento da Colheita Concurso de Silagem Segregação de soja Encarte

CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DA SILAGEM DO HÍBRIDO DE MILHO 2B587PW SUBMETIDO A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO EM ADUBAÇÃO DE COBERTURA

Análise do Custo de produção por hectare de Milho Safra 2016/17

BIO ENRIQUECIMETO DA PALMA FORRAGEIRA GIOVANI RODRIGUES CHAGAS RENAN SARAIVA MARTINS ZOOTECNISTAS

Resultados da Avaliação de Cultivares de Milho Safrinha em IAC/APTA/CATI/Empresas

Cultivares de Milho para Silagem

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA PRODUÇÃO DE LEITE EM SISTEMAS PASTORIS

Otimizando o uso da cana de açúcar fresca em fazendas leiteiras de pequeno porte. Thiago Bernardes

CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DE PASTAGENS PERENES DE VERÃO CULTIVADAS NO MUNICÍPIO DE PALMITINHO - RS

A IMPORTÂNCIA DA SOJA E MILHO NA REGIÃO DA ALTA MOGIANA

Avaliação de cultivares de milho para produção de silagem em Patos de Minas

Resumo Expandido. Título da Pesquisa: UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA FRIGORÍFICA NA FERTILIZAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS DO GÊNERO BRACHIÁRIA

SNAPLAGE FONTE EXCLUSIVA DE AMIDO E FIBRA OBTIDA PELA ENSILAGEM OTIMIZADA DA ESPIGA DE MILHO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

TIPOS DE SILO SILO SUPERFÍCIE SILO TRINCHEIRA SILO SUPERFÍCIE SILO TRINCHEIRA SILO CINCHO SILO BAG OU SILO TUBO

Avaliação de cultivares de milho para silagem: resultados do ano agrícola 2006/2007

¹ Bacharelando em Agronomia DCA/IFMG/Bambuí ² Prof. DSc. Forrragicultura e Pastagens Orientador DCA/IFMG/ Bambuí

20 PRODUTIVIDADE DE HÍBRIDOS DE MILHO EM

Forragens Conservadas

Tudo pela vaca! A qualidade do leite começa na colheita da forragem. SHREDLAGE. claas.com

7,1% SISTEMAS DE ENGORDA LOCALIZAÇÃO DOS MAIORES CONFINAMENTOS DO BRASIL UTILIZAÇÃO DO CONFINAMENTO NA BOVINOCULTURA DE CORTE

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

USO DE CO-PRODUTOS DA INDUSTRIALIZAÇÃO E DA LAVOURA DE MANDIOCA NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES. Jair de Araújo Marques CCAAB UFRB.

CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DA SILAGEM DE SORGO EM FUNÇÃO DE DUAS DATAS DE SEMEADURA COM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS NO SUL DE MINAS GERAIS

VALOR NUTRICIONAL DE SILAGENS DE TEOSINTO COM ADIÇÃO DE FARELO DE TRIGO

DEKALB pode recomendar-lhe a densidade adequada e a necessidade de água em cada metro quadrado da sua quinta. Milho Silagem

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

Planejamento Alimentar na Bovinocultura Leiteira

Transcrição:

1 FUNDAÇÃO ABC SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA O AGRONEGÓCIO SETOR DE FORRAGICULTURA Relatório dos Resultados: 9º CONCURSO DE SILAGEM DE MILHO DA FUNDAÇÃO ABC Coordenação: Eng. Agr. Dr. Igor Quirrenbach de Carvalho Zootec. Ma. Maryon Strack Dalle Carbonare Castro 18/08/2017

2 1. INTRODUÇÃO Na safra de verão 2016/2017, os produtores do Grupo ABC cultivaram uma área de 19.796 ha de milho para silagem (Fundação ABC, 2016). Considerando uma produtividade média de 55 t ha -1 de massa verde, estima-se uma produção de 1.100.000 toneladas de silagem, que pode alimentar em torno de 110.000 vacas/ano (25 kg/vaca/dia) e suportar uma produção de 825 milhões de litros de leite ao ano (25 L/vaca/dia x 300 dias). A Fundação ABC realiza anualmente ensaios de competição de híbridos de milho para silagem em quatro locais (Castro, Ponta Grossa, Arapoti e Itaberá). São ensaios em parcelas de 6,4 m 2, com 4 repetições e análise estatística dos resultados. A partir da média dos anos em cada local, os híbridos superiores em produção de leite estimada por tonelada de silagem e por hectare são indicados aos produtores. Contudo, resultados de campo são importantes para checar se os melhores híbridos nos ensaios também se destacam nas propriedades da região. Além disso, o Concurso de Silagem obtém informações sobre as tecnologias mais empregadas pelos produtores e permite saber como está a qualidade da silagem em relação aos anos anteriores. Devido à grande importância da silagem na alimentação do rebanho local, foi criado o Concurso de Silagem de Milho da Fundação ABC, com o objetivo de valorizar a cadeia de produção de silagem de milho e premiar os responsáveis pelas melhores silagens.

3 2. MATERIAL E MÉTODOS Os produtores se inscreveram através do departamento de pecuária das cooperativas e da Fundação ABC de 04 de julho de 2016 a 30 de junho de 2017. Ao todo foram 426 inscrições de 293 produtores das cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal. A divulgação do concurso foi realizada por e-mail, redes sociais, panfletos, circulares nas cooperativas, dias de campo, palestras e no programa de rádio Ponto de Encontro Castrolanda. As amostras em silos abertos foram coletadas pelos técnicos da pecuária das cooperativas, que passaram por uma orientação prévia para padronização das coletas. Foram retiradas cinco subamostras do painel de cada silo, sendo homogeneizadas em uma amostra composta. As coletas em silos fechados foram realizadas por técnicos do laboratório da Fundação ABC. Foram retiradas três subamostras por silo, com calador específico para silagem. As amostras foram enviadas ao Laboratório de Bromatologia da Fundação ABC para realização das análises. Os nutrientes foram analisados pela técnica da espectrofotometria de refletância no infravermelho proximal (NIRS), com equipamento da marca FOSS e calibração do laboratório holandês BLGG. A distribuição e o tamanho de partículas foram determinados através das peneiras Penn State. A avaliação do grau de processamento dos grãos foi realizada através da metodologia KPS - Kernel Process Score (Ferreira & Mertens, 2005), que representa a porcentagem de amido que passa na peneira de 4,75 mm. As variáveis utilizadas para pontuação foram: teor de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), nutrientes digestíveis totais (NDT), valor relativo nutricional (VRN), amido, potencial hidrogeniônico (ph), digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO), digestibilidade in vitro da fibra em detergente neutro (DIVFDN), produção de leite estimada (kg T -1 MS) através da planilha Milk 2006 da Universidade de Wisconsin, porcentagem de partículas nas peneiras 1 e 3 (Penn State) e KPS. Sendo assim, foram 14 os itens utilizados para pontuação, com notas de 0 a 10 para cada item, conforme a tabela abaixo. A nota foi calculada pela média dos 14 itens e multiplicado por 10.

4 Itens Avaliação Alvo para Nota Máxima Mínimo para Pontuação Nota Máxima MS 30-35 >20 e <45 10 PB >8 >0 10 FDA <20 <40 10 FDN <35 <55 10 NDT >74 >64 10 VRN >195 >95 10 Amido >40 >20 10 ph <3,6 <4,6 10 Peneira 1 3-8 >0 e <28 10 Peneira 3 20-30 >0 e <50 10 DIVMO >74 >54 10 DIVFDN >60 >30 10 KPS >70 >30 10 Leite Estimado >1650 >1250 10 Nota Final (média das notas x 10) 100

5 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Características das silagens O número de inscrições tem aumentado consideravelmente ao longo dos anos, com o recorde de 426 inscrições nesta edição do concurso, contra 278 do último concurso. A maior parte das silagens inscritas foram de produtores da Cooperativa Frísia (42%), seguido da Castrolanda (37%) e Capal (21%). Houveram inscrições de trinta e um municípios, localizados nos estados de São Paulo e Paraná, sendo que Castro teve o maior número de participantes (34%).

6 A colheita das silagens foi predominantemente terceirizada (75%). Este valor tem se mantido estável desde a primeira edição do concurso em 2009, com variações entre 64 e 78%. Foram 14 marcas diferentes de ensiladeiras, as mais utilizadas foram JF, New Holland e John Deere. Quanto ao tipo de máquina, 68% eram automotrizes. Apenas 10% das silagens tiveram uso de inoculante, e sua utilização vem diminuindo a cada ano. Por outro lado, a utilização de fungicidas nas lavouras de milho tem aumentado, este ano chegou a 64%, 10% a mais em relação ao ano anterior. Houveram um total de 45 híbridos inscritos de 13 empresas. Os quatro híbridos mais inscritos foram Feroz Viptera, P 32R22H, Fórmula Viptera e AS 1666PRO3 juntos tiveram 49% das inscrições. As empresas com maior número de inscrições foram Pioneer (28%), Syngenta (26%), Dekalb (17%) e Agroeste (15%).

7 3.2 Características dos silos Os tipos de silos eram na maioria trincheira de terra (47%), seguido por trincheira de concreto (29%) e de superfície (24%). A cobertura mais utilizada por cima da lona foi terra (70%). 17% dos produtores utilizaram a película de barreira de oxigênio e 4% a manta de proteção em cima da lona.

8 As lonas mais utilizadas foram em sua grande maioria dupla face brancapreta (96%). A maior parte dos silos não tiveram presença de efluente (70%) e apenas 1% tinha muito efluente. O tipo de silo, cobertura sobre a lona e presença de efluente tem se mantido estável ao longo dos anos. O uso de lona dupla face branca-preta tem aumentado a cada ano desde o início do concurso, quase a totalidade dos produtores já utilizam este tipo de lona. A retirada de silagem manual com garfo e com desensiladeira foram ambas (37%). Nos últimos anos a retirada com garfo vem diminuindo e o uso de desensiladeira aumentando. A maior parte dos silos não tinham perdas superficiais por camada deteriorada.

9 3.3 Teor de matéria seca e qualidade da silagem Quanto ao teor de matéria seca (MS), quase metade das silagens avaliadas (48%) estavam na faixa adequada (30 a 35%), 22% das silagens estavam abaixo do indicado (<30%) e 30% acima (>35%). Apesar de apenas 48% das silagens estarem na faixa recomendada de MS que é de 30 a 35%, a porcentagem de silagens dentro dessa faixa tem aumentado desde o primeiro concurso em 2009. Isso indica que técnicos e produtores tem avaliado melhor o ponto de corte. A porcentagem de silagens úmidas tem reduzido e de silagens mais secas tem aumentado, o que é favorável em termos de ganho de amido e consequentemente energia na silagem. Contudo, as silagens com matéria seca acima de 35% necessitam cuidados especiais na confecção da silagem. Parar avaliar a relação entre o teor de matéria seca (MS) e a qualidade, as silagens foram agrupadas em três grupos de MS, úmidas (<30%), adequadas (30-35%) e secas (>35%). O teor de FDN decresceu com o aumento do teor de MS e a digestibilidade da fibra (DIVFDN) permaneceu constante. Os teores de amido, digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO), produção estimada de leite bem como as notas, aumentaram com o aumento da MS, mesmo para silagens acima de 35% de MS. Uma possível explicação para isso foi a menor severidade de doenças e maior stay green observado este ano, que permitiu a colheita com maior maturidade dos grãos e a planta ainda verde.

10

11 3.4 Tamanho de partículas da silagem Na média, as partículas retidas na peneira 1, que são as fibras longas (>19 mm), ficaram adequadas ao indicado pela Penn State, tanto nas silagens Top 10 (5%) como na média geral de todas as silagens (7%). Na peneira 3 (partículas entre 4,0 e 8,0 mm), a porcentagem de partículas nas Top 10 ficou no limite mínimo do recomendado (20%), mas na média geral ficou abaixo do recomendado (16%). Peneiras P1 (>19 mm) P2 (8-19 mm) P3* (4-8 mm) P4 (<4 mm) Ideal 3 a 8% 45 a 65% 20 a 30% < 10 % Top 10 5 60 20 15 Média Geral 7 66 16 11 *Primeira edição do concurso que foi utilizada a peneira de 4,0 mm no lugar da 1,18 mm. Apesar da média geral e média Top 10 estarem próximas ao adequado, a maior parte das silagens estavam mal picadas (70%), com excesso de partículas grandes (acima de 8% na peneira 1 e/ou abaixo de 20% na peneira 3). 15% das silagens estavam muito picadas (abaixo de 3% na peneira 1 e/ou acima de 30% na peneira 3) e apenas 15% das silagens estavam com o tamanho de partículas adequado em todas as peneiras. A proporção de silagens bem picadas aumentou de 9% para 15% neste ano em relação ao ano anterior.

12 3.5 KPS (Kernel Process Score Escore de Processamento de Grãos) De acordo com a literatura, o KPS pode ter correlação negativa com o teor de amido fecal (Ferguson, 2003; Ferrareto & Shaver, 2012; Braman & Kurtz, 2015), ou seja, quanto menor o KPS maior é o risco de perda de amido nas fezes. A presença de grãos no esterco denota baixo aproveitamento do amido e menor eficiência na produção leiteira das propriedades (Braman e Kurtz, 2015). Além disso há necessidade de aumento do teor de amido na dieta que eleva o custo com a alimentação. A maioria das silagens participantes desta edição do concurso (69%) estavam com processamento de grãos considerado ruim, abaixo de 50% de KPS e apenas 1% estavam com nível ótimo, acima de >70% de KPS. O KPS variou de 18 a 73%, com média geral de 46%, 2% a mais em relação ano passado.

13 3.6 Qualidade ao longo dos anos Com o objetivo de visualizar a evolução da qualidade das silagens participantes do concurso, foi realizado um comparativo entre os anos para as variáveis analisadas. Os teores de MS, NDT e amido tem se mantido relativamente estáveis, enquanto os teores de FDN tem reduzido nos últimos anos. O gráfico da DIVFDN não está apresentado, pois houve uma mudança no método de análise a partir de 2016. Na comparação deste ano com o ano passado (mesmo método), houve aumento de 3% na DIVFDN (48 x 51%).

14 4. CONCLUSÕES A maior parte das silagens do concurso eram de híbridos simples, de alto investimento, com colheita terceirizada e sem utilização de inoculante; A maior parte dos silos foi do tipo trincheira, vedados com lona dupla face branca-preta e cobertos com terra; Assim como nas outras oito edições, todas as silagens Top 10 eram de híbridos recomendados para silagem pela Fundação ABC; O ponto de corte, o tamanho de partículas e o processamento dos grãos ainda necessitam ser melhorados na maioria das silagens; A qualidade das silagens tem apresentado pequena melhora nos últimos anos.

15 5. AGRADECIMENTOS