Situação e perspectivas da soja no Bioma Pampa Arroz ou Soja: Eis a questão?

Documentos relacionados
1. Aspectos gerais da cultura

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos ARROZ JUNHO DE 2017

1. Aspectos gerais da cultura

Graças a sua adaptação, o arroz é atualmente cultivado em quase todos os países de todos os continentes, a exceção da Antártida.

Parceiros Comerciais do RS no período de

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos ARROZ NOVEMBRO DE 2016

PERFIL DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos SOJA DEZEMBRO DE 2016

Importações no período acumulado de janeiro até dezembro de 2015.

Parceiros Comerciais do RS no período de. Comparação do mês de dezembro de

Um olhar para o futuro do agronegócio. Igor Montenegro Celestino Otto

ANÁLISE DO MERCADO DE MILHO. Perspectivas para 2016 e Projeções para 2017

O Agronegócio e o Sucesso do Brasil no Mercado de Carnes Gedeão Silveira Pereira

Parceiros Comerciais do RS no período de

Importações no período acumulado de janeiro até novembro de 2015.

Total das exportações do Rio Grande do Sul. Exportações no período acumulado de janeiro a fevereiro de 2016.

No dia , o USDA divulgou seu relatório de oferta e demanda dos principais produtos agropecuários da safra 2010/11:

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio. Balança Comercial do Agronegócio Agosto/2017

A economia agrícola internacional e a questão da expansão agrícola brasileira ABAG. Alexandre Mendonça de Barros

Exportações no período acumulado de

5 maiores Problemas da Humanidade até 2050

Ocupação do Espaço Agropecuário no Cerrado Brasileiro

Trigo: Evolução dos preços recebidos pelos agricultores no PR e RS (jan/03 a abr/08) jan/07 mai/07. jan/06 set/06. set/05

Balanço 2016 Perspectivas Balança Comercial do Agro

ANÁLISE DO MERCADO DE MILHO. Análise para 2016 e Perspectivas para 2017

Florestais apresentou um crescimento de 54,2%, totalizando US$ 68 milhões.

Comparação do mês de dezembro de

MERCADO INTERNACIONAL DE CEREAIS E AÇÚCAR INFORMAÇÃO MENSAL

AGRONEGÓCIO Realidade e Perspectivas com foco no ARROZ BRANDALIZZE Agosto de 2011 Vlamir Brandalizze

Arroz. Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO CONAB

INFORMAÇÃO SOBRE O MERCADO INTERNACIONAL DE CEREAIS E AÇÚCAR. Perspectivas 2010

INFORMAÇÃO SOBRE O MERCADO INTERNACIONAL DE CEREAIS E AÇÚCAR

SEAB Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento DERAL - Departamento de Economia Rural. MILHO PARANENSE - SAFRA 2013/14 Novembro de 2013

com setembro de 2015.

DERAL - Departamento de Economia Rural

O AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO

AGRICULTURA. Janeiro de 2018 DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio. Balança Comercial do Agronegócio Agosto/2018

SOBRE COMERCIALIZAÇÃO DE ARROZ

Exportações no período acumulado de janeiro até maio de Total das exportações do Rio Grande do Sul.

MUNDO. Elaboração: EMBRAPA TRIGO/Socioeconomia JANEIRO, 2014

Mundo: Oferta e demanda global de grãos selecionado Em Milhões de toneladas. Estoques finais Produção Consumo

AGRICULTURA. Novembro de 2017 DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Preços dos principais cereais iniciaram o ano em queda

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JULHO DE 2015 VS JULHO 2016

RELATÓRIO DO MERCADO INTERNACIONAL. Preços do trigo e do milho registam aumento em Junho

Parceiros Comerciais do RS no período de

RELATÓRIO DO MERCADO INTERNACIONAL. Preços do milho e do trigo registam aumento pelo 2º mês consecutivo

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JUNHO DE 2015 VS JUNHO 2016

Exportações no período acumulado de janeiro a setembro de Total das exportações do Rio Grande do Sul.

Nos últimos 20 anos, a produção brasileira dos principais grãos de

(+0,5% sobre dez-12), 2ª maior média para meses de dezembro, anterior dez-11: US$ 1,006 bi; sobre nov-13, houve redução de 4,8%;

SUBSECRETARIA DO AGRONEGÓCIO

Parceiros Comerciais do RS no período de

Produtividade: Interação entre Adubação Fosfatada de Pastagens e Suplementação Mineral

Parceiros Comerciais do RS no período de. Comparação do mês de maio de 2017

CONJUNTURAL AGROPECUÁRIO SOJA - CHICAGO

CENÁRIO GLOBAL DE GRÃOS. Leonardo Sologuren Céleres Julho de 2009

Tabela 1. Dados comparativos da safra anterior em relação à atual.

AGRICULTURA. Abril de 2018 DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Ampla disponibilidade mantém o preço do arroz em baixa

O Sector da Produção de Milho Enquadramento. Pedro Serrano AGRO.GES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

Parceiros Comerciais do RS no período de

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos TRIGO NOVEMBRO DE 2016

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JANEIRO DE 2016 VS JANEIRO DE 2017

O ESPAÇO AGROPECUÁRIO BRASILEIRO

Cadeia Produtiva da Soja e Biodiesel

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio

Parceiros Comerciais do RS no período de. janeiro a abril de 2016.

RELATÓRIO SOBRE AS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO GAÚCHO

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos TRIGO JUNHO DE 2017

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

O MERCADO DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

RELATÓRIO DO MERCADO INTERNACIONAL. Produção mundial do arroz deverá atingir novo recorde em 2015/16

AGRICULTURA. Abril de 2019 DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

TRIGO Período de 27 a 30/07/2015

Agronegócio. Internacional. Soja Campeã. Boletim do. Recordistas de vendas no valor exportado total Jan-Mai 2014/2013. Edição 01 - Junho de 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

Exportações de carne suína brasileira crescem no primeiro semestre de 2019

Associação Brasileira dos Produtores de Soja

Agronegócio e o Plano Nacional de Exportações

Mercado Internacional

EXPECTATIVA MÉDIA ANUAL DO MERCADO PARA A ECONOMIA BRASILEIRA: PIB, JUROS, CÂMBIO E INFLAÇÃO

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio. Balança Comercial do Agronegócio Julho/2013

Boletim de Conjuntura Agropecuária da FACE N.4 / dez.2011

Soja Análise da Conjuntura Agropecuária MUNDO SAFRA 2014/15

Quadro I - Produção, Consumo, Comércio e Stock

Exportações no período acumulado de janeiro até julho de Total das exportações do Rio Grande do Sul.

Agronegócio Realidade e Perspectivas com foco no Arroz

E TRIGO. No dia , o USDA divulgou seu relatório de oferta e demanda norte

Resumo de Produção de Leite Mundial e dos Maiores Exportadores - (1.000 toneladas)

Geografia. O Comércio Exterior do Brasil. Professor Luciano Teixeira.

Agronegócio em Mato Grosso. Abril 2013

REFLEXOS DO CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL SOBRE O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Comparação do mês de março de 2018 com abril de 2018.

REGIÕES DE MAIOR CONCENTRAÇÃO NA PRODUÇÃO DE SOJA NO BRASIL

Transcrição:

Situação e perspectivas da soja no Bioma Pampa Arroz ou Soja: Eis a questão? O ARROZ E A SOJA NO URUGUAI Dr. Bruno A. Lanfranco O arroz tem uma história de mais de 8 anos de desenvolvimento sem interrupções no Uruguai. Área e produção cresceram quase exponencialmente até 1998/99, quando a cultura atingiu um pico histórico de quase 26 mil hectares. Uruguai tem a capacidade de semear uma vez por ano até um máximo de 23 mil hectares, sem recorrer a grandes investimentos em infra-estrutura. Os rendimentos têm continuado a crescer, chegando a 8. kg/ha nas últimas safras. Uma característica de destaque da indústria de arroz é a estreita colaboração de há muitos anos entre os produtores, a indústria e a pesquisa. Enquanto o sistema de preços acordados entre os produtores e a indústria tem agora mais de meio século de aplicação, a decolagem dos rendimentos de arroz conferida a partir do fim dos anos 6 e década de 197 está estreitamente relacionada com a criação da Estación Experimental del Este (hoje INIA-Treinta y Tres). A produtividade do arroz na lavoura uruguaia é, em termos da média nacional, entre as mais altas do mundo. Em paralelo, o arroz uruguaio goza de uma muito elevada reputação pela sua qualidade. 1,6 4, 1,4 3,5 Área Semeada (miles de ha) 1,2 1, 8 6 4 3, 2,5 2, 1,5 1, Produção (miles de ton) 2 5 98/99 99/ /1 1/2 2/3 3/4 4/5 5/6 6/7 7/8 8/9 9/1 1/11 11/12 12/13 13/14 14/15 Soja (produção) Arroz (produção) Soja (area) Arroz (área) Fonte: Em base a informação da Direção de Estatísticas Agropecuárias (DIEA-MGAP) e informantes privados. Gráfico 1. Área e produção de arroz e soja no Uruguai, nos últimos 15 anos A história da soja é um pouco mais recente e passou por diferentes estágios. Praticamente inexistente até meados dos 7 anos, nos primeiros anos dessa década iniciou-se um período de crescimento fortemente ligado à expectativa de demanda por parte de Taiwan. Em 1988/89, a 1

área plantada alcançou 55 mil hectares, caindo em seguida para pouco mais de nove mil durante a seguinte década. No início do novo século, a cultura voltou a emergir rapidamente, da mesma forma que outros produtos de origem agrícola, pela mão do forte crescimento nas economias dos países emergentes, como a Índia e a China. O Gráfico 1 mostra a história recente das culturas de arroz e soja no Uruguai, onde existe uma disparidade na evolução de ambas as culturas. O volume total da produção de arroz em casca atingiu 1,4 milhões de toneladas nas campanhas mais recentes, sobre a base de uma produtividade que tem continuado a crescer quase constantemente. Em contraste, tanto a área como a produção de soja tem-se multiplicado por mais de 1 vezes, com um desempenho de fazenda mostrando uma ligeira tendência de crescimento. Na última safra, a produção alcançou quase três milhões de toneladas de grãos por uma área estimada em 1,25 milhões de hectares. Até 29, o arroz continuava a ocupar o segundo lugar no ranking das exportações de mercadorias, superado apenas pela carne bovina. A soja já era o terceiro, mas passando a segunda em 21, relegando o arroz. Em 212, o valor de exportação da soja subiu finalmente ao primeiro lugar, ultrapassando também as exportações de carne bovina. A FORMAÇÃO DE PREÇOS AO PRODUCTOR Todos os anos, o Uruguai exporta mais de 9% de sua produção de arroz e soja. Isso faz com que a formação de preços é, em ambos os casos, muito dependente do mercado mundial. Os destinos principais do arroz uruguaio são o Oriente Médio (39%), Peru (14%) e o Brasil (1%). As exportações para a União Européia, África e o resto das Américas e o Caribe respondem cada um com 9%. Quanto à soja os destinos mais importantes são a China (4%), o Egito (5%) e a União Européia (3). A soja que sai pela zona franca de Nueva Palmira (44%) vai também a sua maioria para a China. O preço do produtor de soja no Uruguai "cópia" com grande fidelidade e quase instantaneamente o preço internacional. Os mercados de futuros e opções tornam-se relevantes no contexto dos mercados físicos. Eles expressam fluentemente e sem restrições as condições da oferta e da demanda. Também oferecem mecanismos de cobertura financeira em relação aos riscos de preço. Com o arroz, a situação é um pouco diferente. A partir de 1959, o preço do arroz para o produtor é fixada por acordo entre os produtores privados e moinhos, sem a intervenção do Estado. Para a fixação do preço, são considerados os custos de produção e o desempenho dos produtos vendidos no mercado internacional. Uruguai exporta seu arroz com vários níveis de processamento. O preço de uma tonelada processada surge para pesar os preços FOB de exportação de cada produto. A principal vantagem para os produtores é que eles podem se despreocupar com a venda e se concentrar nas atividades de produção. Além disso, implica a eliminação da variação do preço dentro de uma mesma safra. Por outro lado, os moinhos beneficiadores garantem um fornecimento confiável de matéria-prima a um preço que está intimamente relacionado com os custos de produção e o valor do produto exportado. O ARROZ E A SOJA NO MUNDO Os mercados para o arroz e a soja têm algumas semelhanças, mas também diferenças significativas. Em ambos os casos, seus produtos suportam múltiplos usos. O arroz é muito mais fortemente associado com alimentação humana. Ela é consumida principalmente sob a forma 2

direta, como grãos, sendo um componente essencial na dieta de mais de metade da população mundial. Este é um elemento chave para se entender como é que funciona o mercado. O arroz é a terceira cultura em termos de área colhida no planeta, somente atrás do trigo e milho, mas é o segundo na base de produção, superado apenas por este último. Em suas diferentes formas de processamento (grãos, óleo, lecitina), a soja tem um uso mais diversificado, tanto na área técnicas como comestível. Atualmente, grande parte da demanda mundial de soja está associada ao seu uso na alimentação animal. A área de colheita é significativamente menor do que a do arroz. Em 21, a área destinada à soja chegava a 5% da área ocupada pelo arroz. Uma década mais tarde, representa pouco mais de 6% do mesmo. A duas culturas aumentaram sua área e produção entre os anos de 21 e 212 (Gráfico 2). O rendimento médio de arroz aumentou 12 % no mundo, atingindo 4,4 ton/ha. Pelo seu lado, a soja teve um aumento de 9% na produtividade média, que atualmente esta na media de 2,5 ton/ha. 18 8 16 7 Área de Colheita (millões de ha) 14 12 1 8 6 4 6 5 4 3 2 Produção (millões de toneladas) 2 1 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 211 212 213 214 Arroz (produção) Soja (produção) Arroz (área) Soja (área) Fonte: Em base a informação de FAO. Gráfico 2. Colheita e produção mundial de arroz e soja (21-212) A produção de arroz está fortemente concentrada na Ásia, sendo o produto consumido principalmente em seu lugar de origem. Apenas entre 5% e 7% da produção mundial passa pelo mercado internacional. Trata-se de um alimento básico em muitos países de alta população e baixa renda. A escassez de arroz nos principais centros de distribuição pode ter conseqüências políticas e sociais muito graves. Além disso, há um sector produtor igualmente fraco, com um uso intenso de mão-de-obra e muito baixo de capital. Isso determina um equilíbrio difícil para os governos, que devem assegurar um preço baixo para o consumidor e, ao mesmo tempo, alto para o produtor. Isto e feito através de complexas políticas de subvenções com efeitos contrastantes. Como resultado, o mercado de arroz é altamente segmentado e protegido e a existência de variabilidade no preço é vista com grande desconfiança. O conceito de segurança alimentar tornou-se de grande importância e porem, a intervenção do Estado. O acúmulo de estoques públicos atende aos fins estratégicos, bem como o gerenciamento das informações da real 3

situação dos mercados. As previsões de curto e médio prazo, com o comportamento da oferta e da procura são difusas, bem como seus efeitos sobre os preços internacionais. Ao contrário, 85% da produção de soja é desenvolvida nas Américas, sendo que grande parte não é consumida no continente. Pelo menos do lado da oferta, o setor público não interfere ou apenas minimamente e as cotações refletem significativamente as condições e expectativas de oferta e demanda. O mercado para a soja apresenta uma elevada liquidez e volatilidade no curto prazo. Assim, as bolsas de mercadorias e futuros são uma forma muito eficaz de pesquisa e formação de preço. As exportações do arroz e da soja no mundo estão concentradas em poucos países. Nos últimos 1 anos (22-211), um pouco mais de 8% das exportações do cereal tem sido nas mãos de cinco países (Tailândia, Vietnã, Paquistão, Índia e Estados Unidos). No caso da soja, a proporção alcança 96 %, neste caso dos Estados Unidos, Brasil, Argentina, Paraguai e Canadá. SITUAÇÃO E PERSPECTIVAS DA SOJA NO BIOMA PAMPA Mais qual e realmente a perspectiva da soja na região, em termos da demanda pelo grão? O gráfico 3 mostra que o crescimento da produção mundial da soja entre 2/1 e 214/15 e explicada quase totalmente pelo crescimento na região do MERCOSUL e ainda, em boa medida, pelo crescimento da cultura no Brasil. Nesses quinze anos, a produção brasileira de soja passou de quase 4 a mais de 9 milhões de toneladas. No mundo, a produção cresceu de 175 milhões a pouco mais de 3 milhões no mesmo período. Isto é, o Brasil passou de representar 22% em 2/1 a 3% em 214/15. Milhões de toneladas 35 3 25 2 15 1 5 35 3 25 2 15 1 5 2 1 21 2 22 3 23 4 24 5 25 6 26 7 27 8 28 9 29 1 21 11 211 12 212 13 213 14 214 15 MERCOSUL Brazil Mundo Demanda chinesa Fonte: Em base a informação do USDA. Gráfico 3. Produção mundial, MERCOSUL, Brasil e demanda chinesa (2/1-214/15) Mais e interessante de ver o crescimento das importações de soja da China, que se multiplicou por mais de cinco vezes no mesmo período, de 13 a 73 milhões de toneladas. Se essa taxa de crescimento se manter, em menos de cinco anos a demanda chinesa por soja será equivalente a toda a produção brasileira. O problema e que, entrementes a demanda chinesa cresce a uma taxa 4

quase constante de 5 milhões de toneladas por ano, o suprimento da região de MERCOSUL mostra grandes oscilações entre anos, o que dificulta a estabilidade de um fluxo normal de exportações para o gigante asiático. 5 4 Milhões de toneladas 3 2 1 1 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 211 212 213 214 3 Diferencial demanda chinesa Diferencial fornecimento Mercosul Fuente: USDA Fonte: Em base a informação do USDA. Gráfico 4. Diferencial anual da produção do MERCOSUL e demanda chinesa (21-214) ALGUMAS REFLEXÕES No Uruguai, tanto a soja como o arroz tem um perfil exportador. Mais de 9% da produção de ambas as culturas e vendida nos mercados internacionais. No entanto, as duas se desenvolvem em mercados completamente diferentes. Por outro lado, os altos custos do arroz estão afetando a lucratividade do cultivo a pesar dos bons preços históricos. Isto tem incentivado a muitos produtores arrozeiros a substituir pelo menos uma parte da área arrozeira para a soja, que hoje já e o principal produto agrícola de exportação nesse país, em busca de uma lucratividade que o arroz não oferece. Mais não tudo e fácil para a soja, cuja expansão também começa a encontrar seus limites pelas altas rendas, a baixa produtividade e menores preços derivados das expectativas de boa colheita no hemisfério norte. Por outro lado, o novo Plano de Manejo de Solos aprovado pelo Ministério da Agricultura e da Pecuária do Uruguai (MGAP) exige um cuidadoso planejamento agrícola. Este planejamento inclui rotação de culturas para minimizar a degradação da estrutura dos solos, o que deixa fora a possibilidade de plantar soja (e mesmo arroz) em forma continua até nos melhores solos do país. Em geral, a soja apresenta maior risco de produção que o arroz. Aliais, tem problemas de drenagem nas zonas baixas tradicionalmente plantadas com arroz (mal chamada soja de várzea). Mais soja e arroz não têm por que ser concorrentes. A soja em rotação com arroz pode ser uma boa alternativa (controle plantas daninhas, redução custos). A demanda chinesa continua a crescer a um bom ritmo sem interrupções. Quanto à produção de soja no MERCOSUL cresce com muitas flutuações, o desafio é continuar desenvolvendo a cultura, aumentando a produção gradualmente e de uma forma sustentável. 5