O Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial SISCOOP constitui-se como



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SISTEMA DE DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO DAS OPORTUNIDADES DE COOPERAÇÃO EM REDE Nota: documento elaborado pela INTELI Inteligência em Inovação, no âmbito da consultadoria prestada à Equipa Técnica IAPMEI durante a execução do Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial (SISCOOP) ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 2. O DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO DE OPORTUNIDADES DE COOPERAÇÃO EM REDE 2.1. O MODELO DE AVALIAÇÃO E DIMENSÕES DE ANÁLISE 2.2. DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO DE OPORTUNIDADES DE COOPERAÇÃO EM REDE 3. CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA 1. INTRODUÇÃO O Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial SISCOOP constitui-se como uma iniciativa pública que permite induzir a dinamização da cooperação entre empresas, enquanto instrumento de competitividade resultante da convergência da definição de estratégias de mercado. Promovendo o desenvolvimento de cadeias de valor relacionadas entre si centradas no ajustamento de sinergias sectoriais e inter sectoriais, o Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial SISCOOP deverá actuar desde a detecção, à indução passando pelo apoio ao desenvolvimento de redes de cooperação. Enquadrado no âmbito da Medida 6 - Apoiar as Parcerias Empresariais do PRIME reflecte como objectivo central promover a dinamização e a progressiva consolidação de um efectivo sistema nacional de cooperação empresarial. Tal como já aqui foi referido, a estrutura do programa integra um conjunto de actividades distintas, existindo hoje, como resultado um conjunto de oportunidades de cooperação em rede identificadas e em fase de avaliação do seu potencial de desenvolvimento.

Tendo em consideração os factos acima referidos e presente a necessidade de uma adequada afectação dos recursos do Estado, a avaliação do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede já identificadas torna-se imprescindível para a execução de uma política de desenvolvimento eficaz e eficiente. Assim, o presente documento visa apresentar um contributo para a definição de um instrumento de diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento de oportunidades de cooperação em rede identificadas no âmbito do Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial, integrando, por um lado, os critérios essenciais para a validação das oportunidades de cooperação em rede e por outro um conjunto de indicadores que constituirão um instrumento, embora que meramente qualitativo, de avaliação do seu potencial de desenvolvimento. Assim, será apresentado em primeiro lugar as dimensões de análise subjacente ao modelo de avaliação do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede identificadas, para depois passarmos a apresentar o sistema de avaliação em si. Neste âmbito, serão sistematizados todos os critérios básicos e suplementares de avaliação, assim como os indicadores que consideramos meramente auxiliares para a tomada da decisão acerca da validação das oportunidades de cooperação em rede no âmbito do Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial. 2. O DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO DAS OPORTUNIDADES DE COOPERAÇÃO EM REDE 2.1. O MODELO CONCEPTUAL E AS DIMENSÕES DE ANÁLISE O diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede é suportado pelo conceito dinâmica de rede e o qual se materializa na integração de um conjunto de dimensões de análise distintas Actividades, Intervenientes, Recursos e Envolvente. Pretende-se, assim, que o modelo conceptual que teve subjacente ao Programa de Dinamização para a Cooperação Inter Empresarial e ao Programa de Reforço da Cooperação Empresarial, tal como o próprio conceito de cooperação em rede presida como suporte ao diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede. Neste contexto, o modelo de avaliação enquadrará as dimensões consideradas importantes para o desenvolvimento de processos de cooperação em rede. Assim, temos:

FIGURA Nº 1 - MODELO DE AVALIAÇÃO Critérios Básicos Critérios Critérios Critérios Básicos Entenda-se que as actividades desenvolvidas pelos diversos intervenientes não ocorrem isoladamente, até porque muitas das vezes estas são vistas como elos de ligação em longas cadeias de valor. Contudo, quando se fala em actividades existe a necessidade de estabelecer à partida a distinção entre actividade global em cooperação e actividade específica, na medida em que se tratam de actividades de natureza distinta. A actividade global da rede, abarca as actividades desenvolvidas por um conjunto de intervenientes que prosseguem objectivos comuns e para os quais todos contribuem, podendo estes situar-se no âmbito de projectos da mais variada natureza (comerciais, produção, qualidade, etc...) visando a prossecução de objectivos de cada um deles. A actividade específica, integra as actividades que cada um dos intervenientes desenvolve internamente e que contribuem para a actividade global em cooperação, e às quais estão associados os recursos disponibilizados. Estas actividades específicas podem ser complementares ou comuns. No primeiro caso, existe uma situação de baixo nível de concorrência entre os cooperantes, com o intuito de atingir objectivos complementares; a segunda situação é caracterizada pela existência de actividades com elevado nível de concorrência entre os cooperantes, visando estas o alcance de objectivos comuns ou divergentes. Relativamente ao tipo de actividades que são desenvolvidas globalmente, estas podem ou não ser formalizadas. Como tal, formalmente estas poderão assumir variadíssimas formas: protocolos, consórcios, contratos ou sociedades com personalidade jurídica, assim como sociedade por quotas, anónima, agrupamento complementar de empresas ou outras, enquanto que informalmente as actividades podem assumir o carácter de meros acordos verbais e cuja distinção se encontra directamente relacionada com a necessidade e o grau de formalização da gestão dos recursos envolvidos em todo o processo de cooperação.

Neste contexto, compreende-se pela dimensão actividades, o âmbito e a extensão das actividades desenvolvidas no seio das oportunidades de cooperação em rede identificadas. Assim, as actividades desenvolvidas através da implementação destas oportunidades de cooperação em rede corresponderão à materialização das competências e capacidades subjacentes aos diversos intervenientes integrados no processo de cooperação em rede. A percepção sobre os benefícios que o desenvolvimento da actividade em cooperação proporciona a cada um dos intervenientes do processo de cooperação em rede assume assim, um carácter fundamental, devendo a mesma ser expressa não só em função da utilidade e dos resultados que o processo proporciona, mas também em função dos recursos que cada um disponibilizou ao sistema. No que concerne à dimensão intervenientes podemos considerar que são todos os elementos do grupo de agentes económicos envolvidos empresas, associações empresariais e instituições que participam na rede de cooperação. Dado a cooperação ser um instrumento complexo, as razões que levam os intervenientes a integrar processos destra natureza são muito variados, nomeadamente: Ameaças ou Oportunidades de Carácter Horizontal ou de Natureza Estrutural, assume-se a título de exemplo como a obtenção de novas oportunidades de negócio, promoção de barreiras á entrada de possíveis concorrentes ou da estabilidade dos preços, etc... Ameaças ou Oportunidades Específicas, traduzem-se na maximização de capacidades instaladas, na obtenção de economias de escala ou na especialização do produto, etc... Ameaças ou Oportunidades Pontuais, resultam da necessidade de capital, da obtenção de incentivo financeiro, etc... Assim, sabemos que os intervenientes nos processos de cooperação desenvolvem determinadas actividades específicas e controlam certos recursos, o que implica a existência de determinadas conexões entre estes. Teoricamente todos os intervenientes têm à sua disposição oportunidades de cooperação. Contudo, somente algumas são identificadas, sendo mesmo poucas aquelas que são ponderadas e uma pequena fracção as que não são na realidade experimentadas. Como tal consideram-se intervenientes todas as empresas de carácter industrial que facilitam ou potenciam a materialização de um conjunto de capacidades e competências, quer de carácter técnico, instrumental e social conducentes ao desenvolvimento de actividades em cooperação. Isto significa que os intervenientes estão directamente relacionados com as capacidades que a rede deve deter para desenvolver as suas actividades e alcançar o sucesso no futuro. A existência ou ausência de determinadas competências e capacidades por parte dos intervenientes constitui um factor determinante para a identificação do potencial de desenvolvimento da oportunidade de cooperação em rede. Relativamente à dimensão recursos. No desenvolvimento das actividades em cooperação são necessários recursos bens e serviços os quais podem ser disponibilizados pelo interveniente na rede de cooperação ou podem ser obtidos como resultado do investimento feito pela rede no seu

conjunto. A sua importância é tão elevada que o mais simples recurso, como é o caso de um recurso humano ou de um simples equipamento específico poderá ter um impacto considerável no design da rede. No caso de uma empresa podem ser identificados vários tipos de recursos, os quais estão directa ou indirectamente relacionados com a envolvente: recursos humanos, recursos financeiros, recursos tecnológicos, etc... Estes recursos podem assumir uma natureza comum ou complementar. A primeira encontra-se relacionada coma tipologia de abordagem e exploração dos recursos onde se destacam objectivos comuns por parte de todos os intervenientes e um alto nível de concorrência para a exploração dos recursos, dado que a actividade desenvolvida em comum depende da exploração conjunta de um determinado recurso específico. Por sua vez os recursos assumem uma natureza complementar quando o desenvolvimento da actividade global exige um baixo nível de concorrência ao nível da exploração dos recursos, dado que a mesma é feita por parte dos intervenientes de uma forma complementar. Desta forma entende-se que a dimensão recursos constituem tudo aquilo que permita potenciar o desenvolvimento das actividades em cooperação e cuja monitorização é resultante de contínuos processos de aprendizagem e acumulação de conhecimentos por parte dos intervenientes. Significa isto, que os recursos potenciam a materialização das actividades e, logo encontram-se subjacentes a cada um dos intervenientes no processo de cooperação em rede. Trata-se de um ciclo virtuoso onde o grau de dependência e integração de cada uma das dimensões de análise é absolutamente essencial e imprescindível para a existência de um processo de cooperação em rede. Por fim, entenda-se que qualquer actividade empresarial uma vez que se constitui como um sistema aberto, está condicionada por um conjunto de factores externos, sobre os quais poderá ter alguma capacidade de controlo ou não. No entanto, no desenvolvimento normal da sua actividade as empresas, têm a necessidade de prever e antecipar alterações no mercado, de forma a poderem adaptar as suas actuações a novas tendências. Tratando-se do desenvolvimento de actividades em cooperação, a envolvente é uma dimensão de grande relevância em todo o processo não só pela influência directa, mas também indirecta que esta possa ter sobre estas actividades. Por outras palavras, não só pela influência da envolvente na rede, como também pelo comportamento activo da rede à envolvente, a qual pode condicionar a actuação dos restantes agentes económicos existentes no mercado. Tendo em consideração que uma rede de cooperação é constituída por diversos intervenientes que não vivem isoladamente e que actuam num determinado contexto, sugere-se que a análise de uma rede de cooperação e a construção de todo o modelo conceptual subjacente à mesma comporte a dimensão envolvente. Assim, a envolvente traduz-se naquilo que influencia ou pode influenciar o comportamento dos intervenientes inseridos em contextos de dinâmica de rede, nomeadamente o próprio mercado para o qual as actividades desenvolvidas em cooperação são direccionadas. Significará, isto que as características, as competências e as capacidades que se encontrarão

associadas aos intervenientes dos processos de cooperação em rede deverão ser dimensionadas em função das necessidades e oportunidades proporcionadas pelo mercado. 2.2. DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO DAS OPORTUNIDADES DE COOPERAÇÃO EM REDE Considerando os aspectos anteriormente referidos, destacaremos de seguida os critérios metodológicos chave para o diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede. Antes, porém, abordaremos de forma global alguns procedimentos e formalizações processuais inerentes ao diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede. Na globalidade, os intervenientes devem reunir à partida um conjunto de requisitos para poderem integrar uma rede de cooperação apoiada no âmbito do Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial (SISCOOP), nomeadamente: Situação económica-financeira equilibrada, com um rácio de autonomia financeira superior a 25% (Modelo 22 do último exercício); Situação regularizada face à Administração Fiscal, à Segurança Social e ao IAPMEI - Instituto de Apoio a Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento. Por outro lado, é imprescindível que a formalização da identificação da oportunidade de cooperação em rede seja realizada por uma entidade facilitadora ao IAPMEI/UC PME G através do preenchimento de formulário próprio para o efeito e anexando as seguintes informações adicionais: Relativamente ao Cooperante Líder": "Oportunidade de Cooperação - Formulário da Cooperante Líder"; Declaração de situação regularizada face à Segurança Social; Declaração de situação regularizada face à Administração Fiscal; Declaração de regularização de "Legalização de Estabelecimento" ; Declaração de Rendimentos "Modelo 22" para o exercício de 2002; Declaração do Cooperante em como aceita ser Cooperante Líder; Cartão de Pessoa Colectiva; Estatutos da Empresa; DR (Diário da República que formaliza a constituição da empresa). No que concerne a cada interveniente da oportunidade da rede de cooperação:

"Oportunidade de Cooperação - Formulário da Cooperante Líder"; Declaração de situação regularizada face à Segurança Social; Declaração de situação regularizada face à Administração Fiscal; Declaração de regularização de "Legalização de Estabelecimento"; Declaração de Rendimentos "Modelo 22" para o exercício de 2002; Declaração da Cooperante em como aceita ser Cooperante Líder; Cartão de Pessoa Colectiva; Estatutos da Empresa; DR (Diário da República que formaliza a constituição da empresa). Para além dos aspectos acima referidos, a formalização da identificação da oportunidade de cooperação em rede deverá vir igualmente acompanhada por uma caracterização da consultoria especializada necessária, destacando-se os seguintes aspectos: Objectivo; Intervenção; Metodologia; Calendário de execução; Validade da proposta; Curricula do Consultor/Conselheiro; Proposta do montante global da comparticipação: Custos com honorários de consultoria (custo/hora e total de horas) discriminados; Custo com estudo(s); Declaração de aceitação do Consultor (Anexo do Contrato de Comparticipação Financeira). As conclusões sobre o potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede resultam da definição de um conjunto de factores críticos imprescindíveis para a realização de actividades em cooperação. Para identificar se as oportunidades de cooperação em rede são detentoras desses factores críticos essencialmente associados às capacidades dos seus intervenientes, foi delineado um conjunto de indicadores de performance. O potencial de desenvolvimento de uma oportunidade de cooperação em rede é, desta forma, encontrado através da

sua colocação relativamente aos três níveis de indicadores de performance num modelo que se pode analisar sinteticamente na figura seguinte: FIGURA Nº 3 - MODELO DE DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO Por outro lado, os indicadores de performance das oportunidades de cooperação em rede e seus factores críticos estão associados a cada uma das dimensões de análise já aqui apresentadas neste documento. Não querendo no entanto, deixar a análise apenas ao critério dos indicadores, cada dimensão é complementada com uma análise global qualitativa por parte da equipa de especialistas em diagnóstico e avaliação das oportunidades de cooperação em rede que levarão em consideração as variáveis de caracterização e factores intangíveis que não estão expressos nos indicadores chave de desempenho ou nos factores críticos de sucesso. Em resultado deste enquadramento, podemos começar por identificar que um dos critérios para a definição do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede é a existência de um conjunto de indicadores de performance determinantes, que constituem aqueles que são condição necessária para a validação da oportunidade de cooperação em rede identificada. Assim, os indicadores de performance determinantes para a avaliação do potencial de desenvolvimento encontram-se directamente associados ao conceito de dinâmica de rede e às diferentes dimensões de análise já aqui identificadas.

Neste contexto, entenda-se dinâmica de rede como o ajustamento sistémico entre as competências e os recursos subjacentes aos intervenientes e as actividades desenvolvidas através do processo de cooperação em rede. Significa isto, que as dimensões de análise conduzir-nos-ão a um conjunto de informação sobre os recursos utilizados e disponibilizados por cada interveniente no processo de cooperação em rede. Paralelamente, refere as actividades a desenvolver em cooperação, assim como os intervenientes que contribuem para o seu desenvolvimento. Por fim, proporcionam informação sobre o enquadramento do projecto no contexto actual assim como, a importância que assume, quer em termos sectoriais, regionais, ou até mesmo nacionais. Destaca-se contudo, que a percepção sobre os resultados produzidos e associados ao desempenho de cada um dos intervenientes é essencial. A indicação sobre a forma como a gestão de recursos será realizada e a importância que os mesmos envolvem no âmbito do processo de cooperação assume também ele um critério básico para a validação da oportunidade de cooperação em rede. É ainda importante realçar que os potenciais resultados advenientes das oportunidades de cooperação em rede identificadas devem ser observados não só no seu impacto directo sobre a envolvente em que se inserem, mas principalmente no impacto directo que produzem para cada um dos intervenientes do processo. De facto, a relação estabelecida entre os resultados e os recursos utilizados, assim como, as competências e capacidades dos intervenientes que contribuem para o desenvolvimento das actividades em cooperação permite concluir acerca da potencial eficiência do sistema. Tendo presente que o conceito de dinâmica de rede está associado à produção de sinergias e consecutivamente ao desempenho do sistema em si, a constatação do grau de interacção das diferentes dimensões e a percepção dos recursos com que cada um contribuiu e participa no processo, associado aos benefícios que os mesmos proporcionam, quer como sistema, quer individualmente de e para cada um dos intervenientes constituiu o critério determinante e fundamental à validação de qualquer oportunidade de cooperação em rede identificada. Em relação aos indicadores complementares e auxiliares para diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede, destacamos que estes constituem, tal como o nome indica, indicadores meramente complementares e auxiliares para a tomada de decisão, embora representem o segundo critério para definição do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede identificadas. De notar, que estes indicadores assumem na maioria das vezes um carácter qualitativo. Assim, seguidamente apresentamos, a título de exemplo, alguns indicadores que permitem fazer um acompanhamento do processo de avaliação das oportunidades de cooperação em rede, a saber: Grau de adequação dos intervenientes face à actividade a desenvolver em cooperação Diversidade das competências e capacidades em função da actividade em cooperação Grau de adequação da actividade em cooperação às necessidades e oportunidades do mercado

Grau de adequação dos recursos face à actividade a desenvolver em cooperação Grau de relação dos recursos/resultados/intervenientes Tipologia de intervenientes Estas recentes constatações em relação ao modelo de diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento vem tornar ainda mais clara a relação que se estabelece entre os indicadores de performance das oportunidades de cooperação em rede, os seus factores críticos e cada uma das dimensões de análise conforme se pode corroborar pela análise do quadro abaixo: QUADRO 1 VARIÁVEIS DE DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO DAS OPORTUNIDADES DE COOPERAÇÃO EM REDE INTERVENIENTES FACTORES CRÍTICOS Capacidade para potenciar os objectivos da oportunidade de cooperação em rede e de proporcionar um envolvimento de equidade entre os intervenientes INDICADORES DE PERFORMANCE DETERMINANTES COMPLEMENTARES AUXILIARES Relevância dos Potencial de objectivos e da crescimento da própria relevância dos actividade em objectivos da cooperação para oportunidade de cada um dos cooperação face intervenientes do ao posicionamento processo do interveniente no mercado

Capacidade de percepção e selecção das competências e capacidades fundamentais à materialização da actividade em cooperação e adequadas face aos objectivos definidos Tipologia de intervenientes Grau de adequação dos intervenientes face à actividade a desenvolver em cooperação: competências e capacidades ACTIVIDADES Capacidade de gestão e maximização da actividade a desenvolver em cooperação Relação entre a capacidade dos intervenientes dada a tecnologia disponível a sua relevância para o desenvolvimento da actividade e oportunidade de desenvolvimento Potencial grau de apropriabilidade dos resultados face aos recursos e intervenientes envolvidos no processo de cooperação Tipologia de actividade em cooperação Relevância da actividade em cooperação para cada um dos intervenientes Capacidade para potenciar projectos susceptíveis de serem integrados em negócios de compensação tendo em conta os diferentes tipo de características dos mesmos Potencial grau de dinamização da indústria local Identificação de potenciais intervenientes do sistema de inovação susceptíveis de integrar redes de cooperação que participem em processos de contrapartidas Análise da causalidade e valor acrescentado Cooperação vs Competitividade Análise da cadeia de valor e do valor acrescentado Relação entre mercado e remuneração dos factores produtivos

RECURSOS Capacidade para gerir, potenciar e partilhar os recursos afectos à actividade em cooperação Partilha e cedência de recursos Grau de adequação dos recursos face aos objectivos e a actividade a desenvolver em cooperação ENVOLVENTE Capacidade para delinear uma estratégia para a oportunidade de cooperação em rede em função dos objectivos e as condicionantes locacionais e nacionais ao desenvolvimento da actividade Grau de adequação das estratégias apresentadas face aos objectivos definidos Grau de adequação das estratégias apresentadas face ás oportunidades e necessidades do mercado Ao longo deste capítulo apresentamos as linhas gerais do instrumento de diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento de oportunidades de cooperação em rede. Do ponto de vista puramente técnico, facilmente se constata que o sistema assenta no modelo conceptual subjacente ao Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial e ao conceito de cooperação em rede. Neste contexto, as dimensões de análise, assim como os indicadores de performance para avaliação constituem um conjunto de etapas metodológicas, as quais se encontram sujeitas à respectiva reformulação e aperfeiçoamento em função da actividade e do processo de cooperação em análise. Este contributo para a definição do sistema de diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede constituiu um instrumento de suporte e acompanhamento do processo de validação das oportunidades de cooperação já identificadas no âmbito do Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial. Obviamente, que sempre que possível e necessário recorrer-se-á ao desenvolvimento de estudos de benchmarking relativamente a outras redes de cooperação já em funcionamento de forma a poder identificar as melhores práticas e a suportar a decisão de validação com a máxima garantia técnica de que a mesma será conducente ao aparecimento de um processo de cooperação que garanta vantagem competitiva. 3. CONCLUSÃO Ao longo do documento apresentamos um primeiro contributo para a definição de um instrumento de diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento de oportunidades de cooperação em rede. O sistema assenta no modelo conceptual subjacente ao Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial e ao conceito de cooperação em rede. Neste contexto, as dimensões de análise, assim como os critérios básicos e suplementares de avaliação constituem um conjunto de etapas metodológicas, as quais se encontram sujeitas à respectiva reformulação e aperfeiçoamento em função da actividade e do processo de cooperação em análise.

Este contributo para a definição de um instrumento de diagnóstico e avaliação do potencial de desenvolvimento das oportunidades de cooperação em rede constituiu um instrumento de suporte e acompanhamento do processo de validação das oportunidades de cooperação já identificadas no âmbito do Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial. Obviamente, que sempre que possível e necessário recorrer-se-á ao desenvolvimento de estudos de benchmarking relativamente a outras redes de cooperação já em funcionamento de forma a poder identificar as melhores práticas e a suportar a decisão de validação com a máxima garantia técnica de que a mesma será conducente ao aparecimento de um processo de cooperação de sucesso. BIBLIOGRAFIA ITEC (1998); Diagnóstico e Avaliação das Redes de Cooperação Apoiadas no âmbito do PEDIP I ; Rolo, T. (2001); Contributo para a Análise dos Factores Críticos de Sucesso para a Dinamização da Cooperação Inter Empresarial ; Dissertação para a Obtenção de Grau de Mestre em Engenharia e Gestão de Tecnologia (IST UTL)