VIABILIDADE ECONÔMICA DE MICRODESTILARIA Carol Soares da Silva 1, Marcelo Scantamburlo Denadai 2, José Benedito Leandro 3 1 Aluna do curso de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Botucatu 2 Prof. Me. do curso de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Botucatu, SP, e-mail: mdenadai@fatecbt.edu.br 3 Prof. Me. da Faculdade de Tecnologia de Botucatu, SP e FSP de Avaré, SP, e-mail: jleandro@fatecbt.edu.br 1 INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar é uma planta gramínea que pertence ao gênero Saccharum ssp. Por suas características peculiares: uma planta fina de formato cilíndrico, folhas grandes e pode alcançar até seis metros de altura. Com seu alto teor de açúcar gera dois produtos essenciais para a economia mundial: o açúcar, parte indispensável da alimentação humana, e o álcool, utilizado nas bebidas alcoólicas como a cachaça, o vinho e a cerveja, ou como combustível para abastecer os carros, também conhecido como etanol (UNICA, 2014). Com a necessidade de energia mais limpa e sustentável pesquisadores pesquisaram uma fonte que rendes bastante para abastecer o pais, e com isso tem-se a cana de açúcar com seu alto de teor de resíduos e utilidades, sendo a mais interessante e barata. As usinas de cana de açúcar geram cerca de 201 milhões de toneladas de resíduos bem como bagaço da cana, palha, torta de filtro vinhaça entre outras, o que também é muito interessante (SEABRA,2008). Agro Cana Ltda. é uma usina que visa a sustentabilidade de seus produtos e serviços aproveitando o máximo seus resíduos com produção máxima de 50 litros dia com uma aérea de 50 hectares. O artigo tem como objetivo a viabilidade econômica e comparativa de valores encontrados em 2007 do micro destilaria Angatuba de John F. Storfer. 2 MATERIAL E MÉTODOS A metodologia empregada é um estudo de caso da micro destilaria situada em Angatuba/SP, em 2007 para comparação de viabilidade econômica com os dados atualizados para 2016. Para esta análise utilizou-se o software SEBRAE 3.0 junto com as tabelas do Microsoft Office e os preços citados em sites especializados em cotações e máquinas. Os
preços adotados são os valores atuais de 2016, sem deflacionamento, onde foi avaliado se ainda é viável investir na microdestilaria. O software analisa se o negócio é viável economicamente a partir dos indicadores propostos na metodologia SEBRAE. 3.1 Infraestrutura 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para a abertura de uma micro destilaria é preciso que a infraestrutura esteja de acordo com as normas e boas práticas de fabricação, e para isso, adotou-se a micro destilaria implantada no interior de São Paulo em Angatuba pelo engenheiro mecânico John F. Storfer em 2007. Utilizou-se de um galpão com 30 m de comprimento para a instalação dos equipamentos existentes no local. No recinto também contou-se com instalações elétricas e hidráulicas, como também postes de energia, no padrão trifásico, com caixa para manter a micro destilaria sempre em funcionamento. Na Tabela 1 seguem os dados da infraestrutura em questão: Tabela 1 - Infraestrutura da micro destilaria e preços de 2007 e 2016 INFRAESTRUTURA 2007 2016 GALPÃO R$3.011,65 R$21.654,90 POSTES INSTALAÇÃO ELÉTRICA R$ 1.200,00 R$ 2.000,00 INSTALAÇAO HIDRÁULICA R$ 900,00 R$ 4.300,00 MATERIAL MANUTENÇÃO R$ 533,34 R$ 1.000,00 TOTAL R$6.344,99 R$ 29.789,47 3.2 Estrutura e maquinários Uma das partes para que funcione uma micro destilaria é a estrutura que ela vai usar bem como os maquinários para cada etapa para fabricação de produtos oriundos da cana de açúcar. Considerou-se para cada etapa uma moenda de capacidade, 0,1 m 3 por dia ou 100 litros por dia, um tanque para diluição ou um misturador com capacidade de 1 m 3 por dia ou 1000 litros. Um misturador tipo dorna de 1,2 m 3 por dia ou 1200 litros, coluna de destilação de 0,04 m 3 ou 40 litros por dia e alambique de 1,5 m 3 ou 1500 litros por dia.
A Tabela 2 a seguir mostra os maquinários necessários para as etapas: Tabela 2 - Equipamentos necessários para a microdestilaria. EQUIPAMENTOS 2007 2016 MOENDAS R$ 30.000,00 R$ 50.000,00 TANQUES DILUIÇAO R$ 5.800,00 R$ 10.416,75 DORNAS FERMENTAÇÃO R$ 6.000,00 R$ 10.500,00 CALDEIRA R$ 200,00 R$ 1.000,00 COLUNA DESTILAÇÃO R$ 4.000,00 R$ 12.000,00 ALAMBIQUE R$3.000,00 R$ 12.000,00 TAMBORES ARMAZENAMENTO R$ 2.000,00 R$ 2.500,00 TOTAL R$ 51.803,28 R$ 98.416,75 Mas para que tudo isso ocorra corretamente, é preciso pagar os insumos devidos bem como taxas de abertura e são impostos e taxas que giram em torno de R$1.642,46 reais. 3.3 Despesas anuais da indústria As despesas encontradas na empresa são ligadas diretamente a infraestrutura, equipamentos, insumos e serviços contendo suas depreciações, juros e conservações. As despesas anuais necessárias estão apresentadas na Tabela 3: Tabela 3 - Despesas anuais DESPESAS ANUAIS 2007 2016 INFRAESTRUTURA R$325,30 R$1.000,00 EQUIPAMENTOS R$2.841,72 R$ 5.000,00 SERVIÇOS R$28.224,00 R$45.000,00 INSUMOS R$16.919,40 R$1.642,46 DEPRECIAÇAO EM ANOS DE EDIFICAÇAO R$250,00 DEPRECIAÇAO DE EQUIPAMENTOS R$ 9.841,68 JUROS ANO R$ 3.577,75 CONSERVAÇAO EM RISCO ANO R$1.968,34 TOTAL R$48.310,42 R$ 68.280,22 Os produtos encontrados na micro destilaria são todos oriundos da cana de açúcar, produzidos por ela, como combustível renovável, etanol ou etanol etílico, 20 unidades de melaço, rapadura e 20 kg de açúcar mascado com seus devidos preços na Tabela 4 a seguir:
Tabela 4 - Produtos da micro destilaria PRODUTOS 2007 2016 ETANOL 1,52 L R$ 9.030,00 R$ 9.120,00 MELAÇO 9,90-20 UNIDADES R$ 74,88 R$ 198,00 RAPADURA 1,20-20 UNIDADES R$37,44 R$ 98,00 AÇÚCAR MASCAVO 3,50-20 KG R$ 70,00 TOTAL R$ 9.142,32 R$ 9.486,00 CUSTO R$ 48.310,42 R$68.280,22 Para a análise de viabilidade econômica, utilizou-se os cálculos de COE (Custo Operacional Efetivo), que mostra os custos com mão de obra, máquinas e implementos e insumos em R$/hectare, e a seguir a Tabela 5 mostra os cálculos dos custos de produção: COE Tabela 5 - Custo operacional efetivo (COE) MÃO DE OBRA R$ 182,58 MÁQUINAS E IMPLEMENTOS R$ 51.803,28 INSUMO R$ 1.642,46 TOTAL R$ 53.628,32 Os custos em R$, por hectare, foi de aproximadamente R$ 53.628,32 reais por hectare. Para a viabilidade utilizou-se também o COT (Custo Operacional Total ) que mostra em R$ por hectare o quanto representam os engargos de funcionários, mão de obra, despesas com assistência técnica e contribuição especial de seguridade social, no custo de produção. Esses custos são indiretos e podem ser monetários ou não monetários. A seguir a Tabela 6 mostra os custos operacionais totais. Tabela 6 - Custo operacional total COT COE R$53.628,32 MAO DE OBRA R$ 60,25 CESSR R$ 459,98 ENGARGOS FINANCEIROS R$147,37 DESPESAS ASSISTENCIA TECNICA R$ 67,37 TOTAL R$54.363,29
Para cálculos do custo de total de produção, leva-se em conta o custo operacional total bem como despesas relacionadas aos maquinários, como depreciação. A Tabela 7 mostra os cálculos mencionados: Tabela 7 - Custo total de produção direto Para o cálculo de depreciaçao, conservação, custos, COE, COT, e CTP direto, utilizou-se a teoria de fórmulas de Matsunaga (1976). Abordou-se todos os custos necessários para microdestilaria, e a seguir apresenta-se a receita bruta da empresa, com a margem bruta dela. A receita bruta da empresa é o valor vendido do etanol, multiplicado pela quantidade de litros, o que representa uma receita de R$ 68.280,22. Custo total de produção direto COT R$ 54.363,29 JUROS R$3.577,75 DEPRECIAÇAO R$ 9.841,68 CONSERVAÇAO R$ 1.968,34 TOTAL R$ 69.751,05 Para o cálculo da margem bruta utilizou-se essa receita bruta de R$ 68.280,22 e os respectivos custos como o COE, COT E CTPDIRETO. Os valores respectivos que correspondem a cada margem é 27,3%, 25,6% e -2,1%. Para ver se o negócio teve lucratividade ou não, utilizou-se o índice de lucratividade e o lucro da empresa gira em torno de R$13.916,93. 4 CONCLUSÕES A microdestilaria Agrocana Ltda teve um lucro aceitável mas em comparação ao ano de 2007 a economia sofreu sérios problemas econômicos, como a alta da inflação, ecom isso tudo ficou mais caro. Em 2007 a inflação era de 4,15 % e na mesma epoca já neste ano, a inflação é de 7,3%. Para os próximos anos a inflação está prevista em declínio, e com isso o mercado melhora o seu cenário. Visando aumentar a margem, sugere-se que o produtor aumente a quantidade produzida anualmente.
5 REFERÊNCIAS HOPPE, S.; SHIKIDA, P. F. A.; DA SILVA, J. R. Análise Econômico-Financeira da Implantação de uma Destilaria para Produção de Álcool Carburante a partir da Mandioca. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 1, n. 2, p. 245-257, 2009. Disponível em: <www2.pucpr.br/reol/index.php/urbe?dd99=pdf&dd1=3415>. Acesso em: 10 set. 2016. ORTEGA, E.; WATANABE, M.; CAVALETT, O. A produção de etanol em micro e minidestilarias. Biomassa para Energia. Organizadores: Cortez LA, Lora, E., Gomez, E. Editora da Unicamp, Campinas, SP. Páginas, p. 475-492, 2008. Disponível em: <www.unicamp.br/fea/ortega/marcellomello/mini-usina-ortega.pdf>. Acesso em: 08 set. 2016. SEABRA, J. E. A. et al. Avaliação técnico-econômica de opções para o aproveitamento integral da biomassa de cana no Brasil. 2008. Disponível em: <http://unicamp.sibi.usp.br/handle/sburi/16182>. Acesso em: 08 set. 2016. SZWARC, A. et al. Produção e uso do etanol combustível no Brasil. São Paulo: Unica, 2007. Disponível em: <www.ambiente.sp.gov.br/wp.../etanol/producao_etanol_unica.pdf>. Acesso em: 08 set. 2016.