Enf. Cândido Vilarinho. Congresso Internacional de Enfermagem de Reabilitação

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Transcrição:

Enf. Cândido Vilarinho

A causa mais comum da Afasia é o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Em Portugal estima-se que cerca de 50% dos sobreviventes de um AVC apresentem dificuldades de comunicação. O AVC é a principal causa de morte em Portugal (e de incapacidade crónica). Tem um grande impacto sobre a saúde populacional, além dos impactos social, económico e psicológico. A Afasia gera dificuldades na noção de identidade, na auto-estima e nas relações interpessoais e sociais, gerando depressão, limitação física e isolamento.

A Linguagem é a função cerebral que utiliza elementos verbais, orais e gráficos para a comunicação humana. O estudo do cérebro e sua relação com a linguagem teve início com o neurologista francês Pierre Paul Broca em 1861 e posteriormente em 1873, com o neurologista alemão Carl Wernicke.

A existência de duas áreas cerebrais responsáveis pela linguagem: I - A área de Broca, situada no giro frontal inferior, à frente do córtex motor, pólo expressivo, relacionada à dificuldade em expressar-se. A fala é não fluente II - A área de Wernicke, situada no terço posterior do giro temporal superior, pólo receptivo, relacionada à dificuldade em compreender a linguagem. A fala é fluente

O hemisfério cerebral esquerdo é dominante para a linguagem nos destros. São poucos os casos de Afasia por lesão no hemisfério direito em destros. Em canhotos, a dominância hemisférica para a linguagem situa-se à esquerda em 70% das pessoas, nas demais, a lateralização é menos definida ou à direita (Rasmussen, Milner, 1977). O hemisfério direito, actua nas aspetos paralinguísticos, complementa o papel linguístico do hemisfério esquerdo, propiciando a verdadeira comunicação verbal. A linguagem depende do acoplamento de áreas de regiões anteriores e posteriores.

A dicotomia mais usada ao longo de anos para classificar a afasia é a divisão entre distúrbios expressivos e receptivos, que são as duas manifestações clínicas mais óbvias (Benson, Ardila,1996). Segundo os autores, Ortiz, Osborn, Chiari em 1993, a classificação baseia-se nas variáveis: linguagem espontânea, compreensão, repetição e nomeação.

A afasia é um distúrbio que afeta a linguagem, mas não um distúrbio de linguagem. O distúrbio é causado por alterações em múltiplos níveis cognitivos e não apenas por défices específicos de linguagem, uma vez que estes são específicos de uma modalidade McNeil, Doyle,2000

Classificar as afasias: Emissivas Afasia de Broca, é a afasia de expressão, do tipo não fluente. O doente pode apresentar supressão de fala e de escrita. A compreensão da linguagem está preservada. Afasia de condução, do tipo fluente com hesitações e autocorreções. Afasia Transcortical Motora, do tipo não fluente com a redução de fala. Na escrita pode-se observar a falta de iniciativa e a leitura está normal.

Receptivas Afasia de Wernicke, é a afasia de compreensão, geralmente os doentes não conseguem compreender nem as palavras. A expressão é marcada por discurso fluente e abundante fala logorréica. As tarefas de denominação e repetição encontram-se prejudicadas. A associação com a anosognosia é bastante frequente. Afasia Transcortical sensorial, do tipo fluente, apresenta leitura normal, sem no entanto compreender o que leu. Afasia Anómica, do tipo fluente, na escrita podem aparecer falhas, a leitura está preservada.

Mistas Afasia global, é a afasia mais grave, caracterizada por comprometimento severo da emissão e da compreensão oral e gráfica. Afasia transcortical Mista, caracterizada pela repetição preservada. Afasia mista, é uma afasia que apresenta características de vários dos quadros descritos.

Afasias expressivas, emissivas ou de Broca, nas quais a habilidade de usar a linguagem oral e escrita é perturbada. São as chamadas afasias motoras. Afasias receptivas, de compreensão ou de Wernicke, nas quais a habilidade de entender a linguagem escrita ou falada é perturbada. São as afasias sensoriais.

Os autores Luccia & Ortiz (2002) apresentam uma proposta de estimulação da compreensão para afásicos globais, considerando um programa de reabilitação escalonado. O doente, de acordo com a sua evolução positiva, trabalharia desde as habilidades auditivas/compreensivas mais simples até às mais complexas. Sabe-se ainda que alguns doentes com distúrbios subtis de linguagem, estes podem persistir ao longo de anos (Reilly et al, 1998).

Reabilitação precoce Afasia no Doente com AVC A reabilitação deve iniciar-se o mais cedo possível, uma vez que pode reduzir o número de doentes que ficam dependentes após o AVC. A intensidade do programa de reabilitação na Afasia depende do estado do doente e do grau de incapacidade. O autor De Bono (1995), relata o jogo das possibilidades, na qual o Profissional de saúde, escolhe uma figura, sem que o doente tenha conhecimento e este relata ou associa a algumas das suas características.

O Papel do Enfermeiro de Reabilitação no Doente Afásico: Falar de frente para o doente, sendo este um factor importante para a manutenção da atenção e da compreensão, uma vez que existe um favorecimento por meio das pistas de expressão e orofaciais; O uso intensivo de estimulação auditiva para estimular a linguagem; Manter o contacto visual; Usar a repetição e redundância, principalmente no caso de lesão no hemisfério esquerdo. Elas podem ser um fator facilitador para a compreensão; Frases curtas, claras, directas e gradativamente ir aumentando a sua extensão;

Reduzir a velocidade da fala - os doentes podem ser mais lentos no processamento da informação auditiva; Reduzir o ruído de fundo e a presença de estímulos competitivos; Usar sinais de alerta, no sentido de direccionar a sua atenção; Enquadramento de objectos (relógio e sua roupa); Recurso a fotografias recentes de familiares; Actividades neuro-estimuladoras, contacto visual (álbuns), terapia da fala...

Resultados

Estudo descritivo com o objetivo de avaliar todos os doentes internados no ano de 2015 na Unidade de AVC da ULSNE, calcular a prevalência da Afasia, caracterizar os doentes nas diversas variáveis (tipo de afasia, comprometimento cognitivo e funcionalidade).

A Afasia foi avaliada tendo em conta os procedimentos habituais do serviço. A independência funcional foi avaliada pelo Índice de Barthel. A força muscular foi avaliada através da Escala de Council. Foi critério de inclusão os doentes apresentarem Afasia. Num total de 173 doentes internados com AVC em 2015, a prevalência de Afasia foi de 27%.

Com Afasia, foram encontrados 46 doentes, dos quais 19 (41%) são do género masculino e 27 (59%) do género feminino. Predomina o escalão etário dos 70-79 anos, com média de idades de 78 anos. Género 41% 59% Masculino Feminino

Fatores de risco pesquisados 40 35 30 25 20 15 10 5 0 37 21 14 10 9 10 5 HTA DM FA EAM IC AVC Dislip. Resumo dos fatores de risco para o AVC presentes na amostra em estudo (n= 46). Apresentamos os fatores de risco mais destacados pela literatura temática, e os doentes distribuídos por esses fatores. Concluímos ser a HTA o fator de risco mais observado (n=37), seguido da diabetes mellitus (n=21), AVC prévio (n=14) e fibrilhação auricular (n=10).

46 doentes avaliados com Afasia, conclui-se que 15 doentes (33%) apresentavam Afasia de Broca, 8 doentes (17%) com Afasia Wernicke e 23 doentes (50%) com Afasia de Global. Tipo de Afasias 15; 33% 23; 50% 8; 17% Broca Wernicke Global

23 doentes (50%) apresentavam Afasia global tendo como diagnostico o Enfarte Total da Circulação Anterior, Enfarte Parcial da Circulação Anterior, Enfarte da Circulação Posterior e Hemorragia intracerebral, o que revela a gravidade destas entidades nosológicas. Afasia global vs Patologias 15 14 10 5 0 5 0 2 2 N.º de doentes

nº de doentes Afasia no Doente com AVC 60 Relação do Índice de Barthel da Admissão e Alta no doente com Afasia 50 40 30 20 Alta Admissão 10 0 100 pontos > 60 pontos > 40 e 60 pontos 20 e 40 pontos < 20 pontos Verifica-se que na admissão a maioria dos doentes apresentavam uma dependência grave e total. Foi notória a recuperação funcional de grande parte dos doentes na avaliação pré-alta.

Dos 46 participantes na investigação, 4 faleceram durante o internamento. Obtivemos uma mortalidade de 9%. Mortalidade 4; 9% 42; 91% Sim Não

Dos 42 doentes que tiveram alta clínica da Unidade, 5 doentes (12%) tiveram como destino o Lar de 3ª Idade, 12 doentes (29%) o domicílio e 25 doentes (59%) ingressaram na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (Média e longa duração). Alta Domicílio 12 Lar de 3ª Idade 5 nº de doentes Cuidados Continuados Integrados 25 0 10 20 30

Conclusão A abordagem ao doente que sofreu uma lesão cerebral deve começar com uma completa avaliação da fala e linguagem. Um bom tratamento exige uma clara definição da performance do doente em todas as modalidades de linguagem e de quaisquer défices perceptuais ou motores presentes. Dos 46 doentes avaliados com Afasia, conclui-se que 15 doentes (33%) apresentavam Afasia de Broca, 8 doentes (17%) com Afasia de Wernicke e 23 doentes (50%) com Afasia Global. A Afasia surge frequentemente após AVC, com impacto na qualidade de vida. Foi notória a recuperação cognitiva e funcional dos doentes com Afasia. A Reabilitação de doentes afásicos é um processo longo e complexo. A intervenção consiste na avaliação da Afasia para melhor planear um plano de Reabilitação.

Os homens deveriam saber que de nenhum outro lugar senão do cérebro, vêm as alegrias, delícias, risos e divertimentos, tristezas, afeições, desespero e lamentações. E através dele, de maneira especial, adquirimos sabedoria e conhecimento, vemos e ouvimos. Sabemos o que está certo ou errado, o que é bom ou mau, o que é doce ou o que é insípido. Hipócrates

Bibliografia Benson DF, Ardila A. (1996). Aphasia A Clinical Perspective. Oxford: Oxford University Press. DE BONO E. (1995). D.K. Publishing Inc. Mind Power Discover the secrets of creative thinking. New York: De Luccia GP, Ortiz KZ. (2002). Proposal of comprehension stimulation for rehabilitating global aphasic patients. Neurorehabilitation & Neural Repair; 16 (1): 32 Emerick L, Hatten J. (1974). Diagnosis and evaluation in speech pathology. New Jersey: Englewood Cliffs, Prentice Hall Inc. McNeil MR, Doyle PJ. (2000). Reconsidering the homogeny of linguistic explanations in aphasia: the challenge for the beginning of the millennium. Brain and Language; 71: 154-6. Ortiz KZ, Osborn E, Chiari B. (1993). O teste M1 Alpha como instrumento de avaliação da afasia. Pró Fono;5: 23-9.

Bibliografia (cont.) Reilly JS, Bates EA, Marchman VA. (1998). Narrative discourse in children with early focal brain injury. Brain and Language; 61: 335-75. Ortiz KZ. (2005). Distúrbios Neurológicos Adquiridos: Linguagem e Cognição. Barueri, SP. Manole; 1ª, ISBN 85-204-1901-1. Rasmussen T, Milner B. (1977). The role of early left-brain injury in determining lateralization of cerebral speech functions. Ann N.Y. Acad Sci ; 299: 355-69.