VIVÊNCIAS DOCENTES NO PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO: A OFICINA DE LETRAMENTO COMO LUGAR DE FORMAÇÃO

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Transcrição:

VIVÊNCIAS DOCENTES NO PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO: A OFICINA DE LETRAMENTO COMO LUGAR DE FORMAÇÃO Thais Pulgatti Trindade 1, UFSM Marilia Salles Bastos 2, UFSM Giovana Fracari Hautrive 3, UFSM Hellen de Prá da Rosa 4, UFSM INTRODUÇÃO: Este estudo é um desdobramento das atividades decorrentes do Projeto de Pesquisa Cultura Escrita: saberes e fazeres docentes em construção, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Práticas Educativas e Formação de Professores 5 GPFOPE/ UFSM/RS. Este projeto de pesquisa conta com a participação de professores do Centro de Educação e do Sistema Público de Ensino da cidade de Santa Maria/RS, acadêmicos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e Educação Especial, do curso de Especialização em Gestão Educacional, Mestrado e do Doutorado em Educação da Universidade Federal de Santa Maria-UFSM. A proposta deste projeto é compreender o processo de construção da leitura e da escrita de estudantes no período da alfabetização e refletir sobre a construção da lectoescrita a partir de concepções docentes. Almejando 1 Acadêmica do Curso de Educação Especial da UFSM; Acadêmica do Curso de Especialização em Gestão Educacional da UFSM, Pedagoga e Integrante do Grupo de Pesquisa GPFOPE. 2 Acadêmica do Curso de Educação Especial da UFSM; Pedagoga e Integrante do Grupo de Pesquisa GPFOPE. 3 Educadora Especial; Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria; Estudante do Programa de Pós Graduação em Educação, no âmbito de Doutorado-UFSM. 4 Acadêmica do Curso de Pedagogia da UFSM e Integrante do Grupo de Pesquisa GPFOPE. 5 Este Grupo de Pesquisa tem como líder a professora Dr. Doris Pires Vargas Bolzan; Coordenadora substituta do PPG em Educação do CE/UFSM; Professora colaboradora do Departamento de Metodologia do Ensino/CE/UFSM; É professora associado da UFSM; Pesquisadora Produtividade do CNPq (Pq2); atua na linha de Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional, tendo como foco de Pesquisa a formação docente na educação básica e superior. É Membro do Comitê Institucional Permanente da UFSM e membro da Comissão de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação da UFSM.

tais objetivos, nosso desdobramento deste projeto buscou desenvolver atividades na oficina de Letramento do Programa Mais Educação em uma escola do Sistema Municipal de Ensino na cidade de Santa Maria/RS, no decorrer do ano de 2013. Este trabalho está sustentado metodologicamente pela proposta de pesquisa sociocultural, a partir das narrativas das monitoras responsáveis pelas atividades desenvolvidas na oficina de Letramento. METODOLOGIA: A proposta deste estudo foi desenvolvida a partir de encontros pedagógicos com o objetivo de reunir as 08 monitoras participantes da oficina de Letramento para a reflexão sobre a proposta pedagógica efetivada com as crianças que faziam parte daquela oficina do Programa Mais Educação de uma escola do Sistema Municipal de Educação da cidade de Santa Maria/RS, no decorrer do ano de 2013. Estes encontros pedagógicos possibilitaram discussões relacionadas à organização do trabalho pedagógico em classes de alfabetização, com ênfase nas atividades diversificadas de leitura e de escrita, a fim de expandir estudos sobre a leitura e a escrita almejando uma melhor compreensão dos modos de organização das ações pedagógicas para a efetivação das atividades com os estudantes participantes. A proposta de trabalho parte da dinâmica de circuitos de alfabetização, que Bolzan et al (2013) nos descreve como: O circuito de atividades diversificadas de leitura e escrita consiste no desenvolvimento de um conjunto de atividades pedagógicas que tem como finalidade explorar as concepções e hipóteses que os aprendizes exploram a partir de seus conhecimentos prévios. Nessa dinâmica, as atividades são realizadas concomitantemente pelos grupos de estudantes, tendo como eixo articulador uma determinada temática. No momento da proposição das atividades são realizadas explicações pertinentes ao seu desenvolvimento, conferindo ao grupo a autonomia para criar ou recriar regras de acordo com seus interesses e vivências. Para a dinâmica de circuito desenvolver-se, de forma organizada, é definido um tempo para a realização das atividades nos grupos. A definição deste tempo requer um planejamento cuidadoso das estratégias a serem desenvolvidas, uma vez que o andamento das atividades deve possibilitar a sincronia entre os estudantes, de modo que cada grupo não se disperse. Ao término ou durante o próprio desenvolvimento das atividades, cada grupo recebe uma proposta de registro, que deve ser flexível aos níveis e/ou hipóteses de construção da leitura e da escrita apresentadas pelos

estudantes. Esses registros visam à promoção de confrontos de hipóteses e pontos de vista acerca da lectoescrita, a partir da interação entre pares ou sujeitos mais capazes. O circuito de atividades diversificadas caracteriza-se como um processo potencializador das aprendizagens por meio de atividades colaborativas (BOLZAN et al, 2013, p. 109). Neste sentido, acreditamos que a dinâmica de circuitos de alfabetização é uma prática alfabetizadora que possibilita o compartilhamento de diferentes saberes entre as crianças que vivenciam as experiências no período da alfabetização, permeadas por distintas hipóteses relacionadas à leitura e à escrita. Assim, as monitoras 6 responsáveis pela oficina de Letramento organizaram-se em duplas para a efetivação da proposta, sendo que, o planejamento era realizado colaborativamente nos encontros pedagógicos que se efetivaram no GPFOPE. Consideramos relevante valorizar os quatro eixos de alfabetização como guias norteadores para a criação dos jogos, estes eixos são propostos pelo GPFOPE 7 como subsídios que garantem as dimensões que envolvem a alfabetização das crianças, sendo eles: consciência fonológica, produção textual, escrita espontânea e usos e funções da leitura e da escrita. Cada um destes eixos é problematizado com atividades que colocam as crianças em situações de desafio objetivando a superação de suas hipóteses sobre a leitura e a escrita. Os circuitos foram realizados duas vezes na semana no turno da manhã pelas acadêmicas do curso de Pedagogia, Educação Especial, Especialização em Gestão Educacional e Mestrado em Educação, as quais se organizaram em duplas para os planejamentos semanais e o trabalho com as crianças na escola. A oficina foi realizada com crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, as quais eram divididas em dois 6 Neste trabalho as monitoras são identificadas por pseudônimos: Aline, Dani, Marta, Rafaela, Ana, Casia, Amanda. 7 BOLZAN, D. P.V. O aluno professor do Curso de Pedagogia e a Alfabetização: construções pedagógicas e epistemológicas na formação profissional. Projeto de Pesquisa Interinstitucional e Integrado. GAP nº. 020117 FAPERGS - PPGE/CE/UFSM. 2002-2005.. Atividades Diversificadas em sala de aula: compartilhando e reconstruindo saberes e fazeres sobre a leitura e a escrita. Projeto de pesquisa interinstitucional e integrado. Registro no GAP nº 13964, CE/UFSM, 2003-2007.. Cultura Escrita: inovações metodológicas na escola. Projeto de pesquisa e extensão, registrado no GAP, PROLICEN, CE/UFSM 2009-2011.. Cultura Escrita: Saberes e Fazeres em Construção. Projeto de pesquisa e extensão, registrado no GAP, PROLICEN, CE/UFSM 2012-2014.

grupos, sendo que um era formado por crianças de 1º, 2º e 3º ano, e o outro por crianças de 4º e 5º ano. A abordagem metodológica, na qual nos apoiamos é de cunho qualitativo e sociocultural. Assim, a partir desta abordagem é preciso considerar o contexto sociocultural dos sujeitos participantes valorizando o contexto histórico que estão inseridos. Neste sentido os estudos de Freitas (2002) colaboram quando nos dizem que Trabalhar com a pesquisa qualitativa numa abordagem sócio-histórica consiste, pois, numa preocupação de compreender os eventos investigados, descrevendo-os e procurando as suas possíveis relações, integrando o individual com o social (p.28). Assim, procuramos conhecer o contexto social em que as crianças estão inseridas para que, a partir deste saber, pudéssemos pensar em estratégias pedagógicas que contemplassem as situações nas dimensões históricas e sociais vivenciadas pelas crianças. Assim, as acadêmicas mobilizaram diferentes formas de aprender a docência. RESULTADOS: As monitoras da oficina de Letramento organizaram as turmas de forma que pudessem contemplar os diferentes níveis de alfabetização objetivando as interações entre os pares como elemento que favorece a conquista de novos patamares de aprendizagens. A organização das turmas se deu conforme as orientações do Programa Mais Educação 8, unindo diferentes níveis e idades, possibilitando o desenvolvimento exitoso do trabalho e o alcance de nossos objetivos, favorecendo o compartilhamento de experiências, a ajuda mútua e o diálogo entre os estudantes na efetivação da proposta de circuitos de alfabetização. Assim expressam as monitoras responsáveis pelo desenvolvimento dos circuitos: 8 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO, PASSO A PASSO. Disponível: http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/documentos/mais_educacao/passoapasso_maiseducacao.pdf> Acesso: 24/05/2014, às 14:22.

Durante a realização dos circuitos, algo significativo foi o fato das crianças se auxiliarem na realização das atividades, os maiores ajudavam os menores nas atividades de escritas, ditavam letras, davam algumas dicas, etc. Isso para nós foi muito importante para a aprendizagem das crianças e também no desenvolvimento da autonomia, pois tendo um colega que auxilie, eles não dependem tanto do auxilio do professor, sem contar que ambas as crianças estão aprendendo nesse exercício. (Marta e Rafaela) As monitoras responsáveis pela organização dos circuitos consideraram a dinâmica de grupos como elemento fundante para o processo de aprendizagem das crianças, pois o encontro de diferentes saberes para a realização de uma mesma atividade provocou a ajuda mútua entre as crianças deslocando a figura do professor como único informante potencial na sala de aula. Assim, observamos que a proposta de circuitos de alfabetização desafiou tanto as crianças que estavam vivenciando os circuitos como também as acadêmicas que precisaram assumir o desafio de pensar e efetivar as atividades para aquele espaço educacional, considerando a centralidade nas crianças e o desejo em despertar a magia e o encanto pela escrita. Com base nos relatos das monitoras do Programa Mais Educação foi possível perceber que planejar para um grupo tão heterogêneo é um desafio constante, pois, criavam-se expectativas que, muitas vezes, não foram alcançadas. Neste movimento entre o esperado e o ocorrido, na busca por planejar algo que superasse as expectativas das turmas, as monitoras relatam que, no decorrer das atividades desenvolvidas na oficina de letramento as relações sociais estabeleceram-se e o grupo tornou-se aliado a aceitar e assumir os desafios lançados pelas atividades nos grupos, desta forma, as monitoras foram conhecendo as crianças e sinalizando as suas preferencias, as suas dificuldades e assim, conhecer o contexto tornou-se um desafio para o olhar pedagógico das monitoras, como podemos observar na narrativa que segue: Pudemos perceber que os jogos que envolviam rapidez na escolha, demandavam capacidade de imaginação, observação, exploravam enigmas, eram os preferidos. Observamos também que a maioria tinha dificuldade quando lhes era proposta uma atividade de produção textual, porém, ao mesmo tempo, a partir do momento que debatiam sobre o assunto proposto e eram incentivados a escrever, sentiam-se mais seguros. A motivação aos poucos ressurgia, mas este era um exercício que, por vezes, parecia penoso

para eles. O difícil mesmo era começar. Muitas vezes nos emocionávamos, pois aquele aluno que nem esperávamos um grande envolvimento, acabava nos surpreendendo (Aline e Dani). Constatamos que diferentes exigências são lançadas para as monitoras efetivarem a prática docente na oficina de Letramento, a reflexão sobre o processo de aprender das crianças e as atividades que surtiam efeito no processo de evolução das hipóteses exigiram a constante reflexão e o diálogo entre elas. Nestes momentos de aprendizagem as acadêmicas expressavam e compartilhavam suas dúvidas, angústias, inseguranças, alegrias e descobertas. Os momentos de compartilhamento entre as monitoras que desenvolviam os circuitos ocorriam em situações de planejamento conjunto, de discussão no grupo de estudos e de trabalho compartilhado no desenvolvimento dos circuitos semanais. Os desafios relatados foram permeados pela superação e crescimento profissional e pessoal. Nos encontros na escola, tivemos muitos desafios como pedagogas, desafios que nos levaram a buscar estratégias para a solução de problemas e das dificuldades encontradas. Mas esses desafios nos proporcionaram uma reflexão acerca da nossa prática docente. (Ana e Casia) [...] acredito que todo esse processo de crescimento, particular e coletivo, foi essencial para agregar ainda mais valor a minha prática docente, permitindo que eu expurgasse alguns medos, como por exemplo, o de me impor perante a turma, coisa que durante o meu estágio eu senti bastante dificuldade, permitindo que trabalhássemos com um grupo tão distinto, heterogêneo, tentando criar vínculos, afinidades e ao mesmo tempo trabalhar limites, tendo que pensar no processo de aprendizagem dos estudantes de um modo diferenciado, mais dinâmico, distinto daquilo que costumavam vivenciar em suas aulas no período da tarde. (Amanda) Evidenciamos que as proposições efetivadas ao longo daquele ano, com as turmas da oficina de Letramento do Programa Mais Educação, constituiu-se como um processo de aprendizagem diferenciado para as participantes do grupo de pesquisa, pois tiveram a oportunidade de trabalhar com grupos de estudantes organizados de forma distinta daquela que encontramos nas classes regulares. Essa organização constitui-se como um dos principais desafios enfrentados, bem como uma oportunidade de aprendizagem sobre o processo de construção da leitura e da escrita.

Destacamos as discussões acerca da proposta de interação grupal por meio de atividades diversificadas de leitura e de escrita, constituindo-se como uma oportunidade de consolidar conhecimentos acerca da alfabetização qualificando a profissionalização docente das monitoras. CONCLUSÃO: As atividades desenvolvidas na oficina de Letramento vinculada ao Programa Mais Educação com responsabilidade das acadêmicas que participam do GPFOPE ocorreram durante o ano de 2013 e proporcionaram a construção de um trabalho compartilhado a partir das vivências individuais e coletivas em contextos de alfabetização. À medida que buscávamos estratégias para pensar os processos de leitura e de escrita com base na definição de estudos temáticos e na elaboração de circuitos de atividades diversificadas, íamos construindo uma trama de sentidos e significados atribuídos às leituras e às práticas desenvolvidas. Com relação à realização dos circuitos de atividades de leitura e de escrita na oficina de Letramento do Programa Mais Educação, compreendemos que esse trabalho foi uma experiência singular de aprendizagem para as participantes do grupo que se envolveram nesse desafio, uma vez que a elaboração dos circuitos precisava levar em conta a organização dos grupos, que era distinta de uma classe de alfabetização regular. Já o fato de trabalhar, em um mesmo momento, com grupos de alunos em níveis de aprendizagem distintos gerou muitas incertezas quanto à definição de atividades que pudessem contemplar a heterogeneidade despertando o interesse pela leitura e escrita. Evidenciamos que as atividades do circuito de alfabetização favoreceram não só o compartilhamento de conhecimentos entre as crianças, a partir da mediação das monitoras durante os circuitos, como também o aprendizado da docência destas monitoras, que se empenharam em elaborar estratégias diversificadas de trabalho com a leitura e a escrita. REFERENCIAS:

BOLZAN, Doris Pires Vargas. O aluno professor do Curso de Pedagogia e a Alfabetização: construções pedagógicas e epistemológicas na formação profissional. Projeto de Pesquisa Interinstitucional e Integrado. GAP nº. 020117 FAPERGS - PPGE/CE/UFSM. 2002-2005.. Aprendizagem docente e processos formativos: novas perspectivas para educação básica e superior. Projeto de pesquisa Interinstitucional e Integrado CNPq/PPGE/CE/UFSM, 2007/2009. Professores: compartilhando e reconstruindo conhecimentos. Porto Alegre: Mediação, 2002.. Atividades Diversificadas em sala de aula: compartilhando e reconstruindo saberes e fazeres sobre a leitura e a escrita. PROJETO DE PESQUISA INTERINSTITUCIONAL E INTEGRADO. Registro no GAP nº 13964, CE/UFSM, 2003-2007.. Cultura Escrita: inovações metodológicas na escola. PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO, registrado no GAP, PROLICEN, CE/UFSM 2009-2011.. Cultura Escrita: Saberes e Fazeres em Construção. PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO, registrado no GAP, PROLICEN, CE/UFSM 2012-2014. BOLZAN, Doris Pires Vargas; SANTOS, Eliane Aparecida Galvão dos; POWACZUK, Ana Carla Hollweg. Cultura escrita: aprender a ler e escrever na escola. Revista Educação. Santa Maria, v. 38, n. 1, p. 97-110, jan./abr. 2013. FREITAS, Maria Teresa de Assunção. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. Cadernos de Pesquisa, n. 116, julho/ 2002 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Programa Mais Educação, Passo a Passo. Disponível em <http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/documentos/mais_educacao/passoapasso_m aiseducacao.pdf > Acesso: 24/05/2014, às 14:22.