CADERNOS DE SEGUROS RURAIS NO BRASIL (1) a. Histórico



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Transcrição:

GERENSEGGERENSEGGERENSEG ADMINISTRAÇÃO E GERENCIAMENTO DE SEGUROS LTDA. Av. São Gabriel, 149 -cj. 502 - CEP 01435-001 - SÃO PAULO - SP Tel.: (011) 3165-6152 Fax.: (011) 3165-6102 CADERNOS DE SEGUROS RURAIS NO BRASIL (1) a. Histórico Tradicionalmente, os seguros de riscos rurais no Brasil vêm sendo realizados há muitas décadas apenas por algumas Seguradoras estaduais, dentro de seus limites geográficos e priorizando não poucas vêzes interêsses sociais e políticos em detrimento das legítimas necessidades de proteção dos produtores agrícolas. Após a fracassada tentativa de operacionalização da Companhia Nacional de Seguro Agrícola, dissolvida através do Decreto-Lei Nº 73 em 1966, pouco ou quase nada se fez no sentido de se dotar nossa Agricultura de um seguro efetivamente adequado à sua realidade. Como apoio às operações de Seguro Rural, foi instituído em 1966 o FESR/Fundo de Estabilidade do Seguro Rural, pelo mesmo Decreto-Lei Nº 73 que criou o Sistema Nacional de Seguros Privados. Seu objetivo era garantir a estabilidade dessas operações e atender à cobertura suplementar dos riscos de catástrofes, ficando sua administração a cargo do IRB. O componente principal dos recursos destinados ao FESR, popularmente conhecido no mercado segurador como Fundão, eram as comissões de corretagem admitidas pelo CNSP para os seguros dos bens, direitos, créditos e serviços dos órgãos do Poder Púiblico Federal, que eram então contratados diretamente com as Seguradoras através de regime de sorteio. A fim de dinamizar os seguros agrícolas e pecuários, o Conselho Nacional de Seguros Privados começou a aprovar, em 1970, condições e normas tarifárias para implantação do Seguro Rural a título experimental, inicialmente no Estado de São Paulo (Resolução CNSP Nº 05, de 14/07/70) e posteriormente em outros Estados (Rio de Janeiro, Resolução Nº 15/76) e Rio Grande do Sul (Resolução CNSP 10/78). Todas essas operações seriam de responsabilidade das Seguradoras pertencentes aos respectivos Governos Estaduais (COSESP, BANERJ e UNIÃO DE SEGUROS, respectivamente), como foram em épocas posteriores as operações feitas pela BEMGE no Estado de Minas Gerais e BANESTES no Espírito Santo. A única exceção nessa linha eram os seguros, principalmente de maçãs, realizados em Santa Catarina e que, por falta de uma Seguradora Estadual, eram colocados primeiramente na PÁTRIA e em uma segunda fase na SDB Seguradora. Para amparar as atividades de Seguros Rurais no Estado, o Governo de São Paulo criou o Fundo Rural (Fundinho), cujos recursos provinham das comissões de corretagem de determinadas operações de seguros efetuadas pela COSESP, principalmente aquelas dos órgãos vinculados ao Poder Público Estadual e aos financiamentos concedidos pelo BANESPA. Nestas, as Corretoras de Seguro recebiam um percentual pela administração dos seguros, sendo a comissão de corretagem legal recolhida ao Fundo Rural. Aliás, à COSESP cabe uma menção especial no tocante aos seguros rurais no Brasil, já que desde sua origem - no Fundo do Algodão, mais tarde transformado na IPESP Cia. de Seguros - tem sido o verdadeiro sustentáculo dessa atividade no mercado e sua área técnica não deve nada àquelas dos mais desenvolvidos mercados de seguros rurais em todo o mundo. 1

As Seguradoras privadas, contudo, procuravam não se envolver no ramo até pelo desconhecimento de suas peculiaridades operacionais. E os bancos por sua vez, como grandes aplicadores e financiadores do crédito rural, se acomodavam com o conforto do Proagro e os seguros de Penhor Rural que aparentemente protegiam seus exposures contra perdas decorrentes de riscos da natureza Se os seguros agrícolas não prosperavam, podemos também dizer que o mesmo se dava com os seguros pecuários. Nesta modalidade específica, a distorção é ainda maior, já que existe uma nítida anti-seleção de riscos fàcilmente atestada pela decomposição de sua carteira: 85% da mesma é composta por equinos, em sua maioria garanhões de raça com elevado valor unitário, e apenas 15% de bovinos, também com as características acima. Não existe massa segurada que permita obtenção de taxas mais favoráveis, dentro de um conceito de riscos agregados, já que os grandes produtores com criações extensivas não fazem seguro e os custos de administração de apólices individuais seria proibitivo. Com a modernização da economia brasileira e sua globalização em consequência da abertura que se iniciou a partir do início da década de 90, o cenário de nossa agricultura atravessou um processo de acompanhamento dessas tendências através da utilização de novos instrumentos de financiamento criados a partir de experiências internacionais. Já em 1992, o Ministério da Fazenda criou, sob a coordenação do atual Diretor de Crédito Rural do Banco do Brasil S/A., Ricardo Conceição, uma Comissão de Monetização de Papéis Representativos de Estoques, da qual faziam parte representantes de todas as áreas envolvidas no processo, desde o Banco Central (na qualidade de gestor do Proagro) até o mercado Segurador. Dentre os instrumentos surgidos nêsse período e seus efeitos para o setor agrícola, podemos enumerar a negociação crescente de títulos representativos de negociações com commodities agrícolas nas bolsas mercantís; o surgimento de papeis específicos para o segmento do agribusiness, como a CPR/Cédula do Produtor Rural; os Certificados de Mercadoria Garantidos (CMG); e os Commodity- Linked Bonds (CLB), lançados em fins de 1994 e que, talvez por falta de um desenho mais adequado aos interêsses dos aplicadores no mercado financeiro, não obteve o sucesso esperado por seus idealizadores, apesar de seu profundo conhecimento do setor. A redução dos recursos do governo destinados ao financiamento das safras agrícolas talvez tenha sido o mais importante indutor dessa tendência: enquanto até 1989 as dotações oficiais para o crédito rural eram da ordem de US$ 20.0 bilhões por ano, em 1995 êsse volume estava reduzido a pouco mais de US$ 5.5 bilhões, sendo uma parcela substancial destinada à liquidação de dívidas antigas do Proagro. Com isso, os grandes operadores do mercado - Trading companies, esmagadores e processadores principalmente no setor de grãos - tiveram de suprir essa deficiência através do incremento dos contratos de compra e venda com pagamento à vista e entrega futura. Êsses contratos, comumente conhecidos por contratos de soja verde, nada mais são do que pré-financiamentos concedidos aos seus produtores, e sua aplicação hoje em dia não mais se restringe apenas a grãos, tendo se estendido, com pequenas alterações em sua sistemática operacional, à maioria das demais culturas brasileiras de exportação, como cana de açúcar, cítricos, fumo, cacau, café e frutas em geral. Embora os dados exatos do volume dessas operações não sejam conhecidos, estima-se que o total de pré-financiamentos concedidos a produtores rurais no Brasil esteja na casa dos US$ 10.0 bilhões anuais. Acompanhando as tendências do mercado, e visando proporcionar aos novos financiadores da produção agrícola uma proteção de seguro para sua carteira de pré-financiamentos, tivemos a partir de 1990/91 as primeiras tentativas no sentido de se desenvolver um seguro rural privado e comercial, sem subsídio e ingerência do governo em sua operacionalização, sem utilizar recursos 2

do Fundão e nem retrocessão de excedentes ao mercado interno. Êsse fato específico revestese de importância extraordinária já que, também em consequência das reformas economicas e administrativas do País; do programa de privatizações em que o Governo Federal está empenhado; e da extinção do regime de sorteio para a contratação dos seguros de órgãos do Poder Público Federal, a arrecadação de recursos para o FESR ficou na dependência da concessão de crédito especial da União, o que está claramente disposto na Circular PRESI- 041/95 do IRB, datada de 09/10/95. Devido à inexistência do conceito de riscos agregados de natureza catastrófica que procuramos introduzir no seguro rural brasileiro, tivemos inicialmente dificuldades de implantar essas operações junto às grandes emprêsas operadoras do ramo. O conceito introduzido difere substancialmente do até então oferecido aos produtores rurais no seguinte: Trata-se de um seguro contratado pelo financiador (Segurado) para proteger sua carteira de fornecedores (Tomadores), enquanto o seguro tradicional é contratado diretamente pelo produtor, seja a nível obrigatório, seja facultativo. Em assim sendo, a indenização é sempre paga ao Segurado, e não ao Tomador. Em caso de sinistro, o Tomador poderá repactuar sua entrega junto ao Segurado para safras futuras, o que teòricamente representaria para o mesmo uma dupla indenização, já que seria indenizado pela sua Apólice e receberia o produto em anos seguintes. Por se fazer os cálculos de taxas sôbre uma base geogràficamente muito espalhada - em muitos casos, por 4 a até 9 Estados - se obtém uma dispersão de riscos que permite se chegar a um custo final que pode representar até mesmo a apenas 15% da taxa dos Seguros Rurais tradicionais, ou do Proagro, em alguns casos. O custo de administração dêsses riscos agregados também se reduz imensamente em comparação com o dos riscos individuais, pois as inspeções prévias e o monitoramento das culturas são feitos por amostragem, acionando-se os inspetores de campo apenas para os casos de sinistros avisados ou de problemas detectados através de informações de terceiros, imprensa, rádio, televisão, etc.. No 1º Forum Nacional do Agribusiness, realizado em Brasília no mês de Dezembro de 1995, no Auditório Petronio Portella do Senado Federal, apresentamos a configuração dêsse novo conceito de seguro de Agribusiness, cujo desenvolvimento foi em parte financiado pelo Denacoop, do Ministério da Agricultura, através de convênio firmado com a Associação Brasileira do Agribusiness/ABAG para essa finalidade. Desde então, numerosas tem sido as consultas de todas as partes do Brasil, por Cooperativas, produtores, etc. interessados em saber detalhes do seguro, o que pode nos dar uma idéia bastante clara da necessidade de uma cobertura adequada para proteger suas atividades a nível de campo. O que caracteriza êsse produto que desenvolvemos é oferecer um seguro que, em última análise, permite às emprêsas operarem dentro do conceito de risco zero. A apólice contratada dessa forma oferece as seguintes coberturas: Seguro de Catástrofes de natureza climatológica Cobre para o segurado - no caso, as tradings, agroindustriais, etc. - as falhas de entrega da produção pré-financiada, em decorrência de riscos da natureza (incêndio, seca, chuvas excessivas, granizo, geada, ventos fortes, calor excessivo; bem como pragas e doenças fora de controle). A indenização será sempre paga ao segurado, a primeiro risco absoluto, uma 3

vez atingida a franquia dedutível da apólice. Essa apólice cobre o compromisso do produtor com seus parceiros no mercado. Seguro de garantia de adiantamentos Nos moldes aprovados pelo IRB e já em vigor desde 1993, cobre o risco moral da não entrega da mercadoria vendida antecipadamente aos segurados. Seguro do patrimônio rural É contratado através de um pacote RD/MULTIRISCO, cobrindo as benfeitorias, estoques de insumos, máquinas e implementos do produtor, bem como os bens oferecidos como garantia colateral a seus parceiros/fornecedores. Seguro temporário de vida Nos moldes do seguro prestamista, é contratado pela duração da exposição ao risco coberto pelo seguro principal, enquanto persistir seu compromisso. Seguro de mercadorias em corredores de exportação Contratado no ramo de Transportes, proporciona uma cobertura "all risks" ininterrupta, desde o momento em que a mercadoria é entregue no armazém de origem até sua colocação na indústria ou no navio para a viagem de exportação. Na cobertura estão incluídos riscos de incêndio, vendaval, transporte, etc., (incluindo transbordos e armazenagem, bem como operações de carga e descarga e, eventualmente, roubo de mercadoria). Um dos atrativos da contratação dessas coberturas integradas a uma Apólice de Seguro Rural é a isenção do I.O.F. sôbre esta, o que é uma vantagem considerável se levarmos em conta o volume dos contratos a serem incluídos no seguro. Embora à primeira vista possa parecer novidade, trata-se apenas do desenvolvimento e atualização das disposições previstas na Circular Nº 05/70 do Conselho Nacional de Seguros Privados, que há um quarto de século atrás já definia as condições de operação do Seguro Rural no Brasil! As dificuldades de venda dêsse novo conceito, porém, não são pequenas. A própria cultura de seguro do brasileiro é um fator de inibição, já que para o indivíduo na ponta da linha o seguro é para indenizar qualquer prejuízo. Assim, da mesma maneira que se o carro bater o seguro paga ou se a casa pegar fogo o seguro também paga, êle acha que se não entregar o produto por qualquer motivo - inclusive variação de preços, no conceito de risco moral - o seguro indenizaria seu financiador por essa inadimplência! Porisso, nas primeiras apólices de Seguro de Garantia de 4

Adiantamentos a Produtores contratadas por nós para a safra de soja 1993/94, era condição primordial que os tomadores não tivessem conhecimento da existência do seguro. E foi exatamente por êsse motivo que também chegamos a recomendar ao IRB em 1996 que não autorizasse a emissão de apólices de seguro de garantia de entrega a produtores rurais sem a correspondente cobertura do risco de perda de safra, já que isso poderia induzir a uma inadimplência generalizada no ramo. Os 2 pontos principais necessários à implementação e operacionalização de seguros rurais privados e comerciais no Brasil, a nosso ver, são os seguintes: 1. Definição da Seguradora/Seguradoras que oferecerão essa cobertura e da forma de operacioná-la, em conjunto com o IRB; e 2. Forma de obtenção de capacidade de resseguro para o Seguro Rural, seja no mercado nacional, seja pela colocação dos excedentes no mercado internacional. Os assuntos acima serão objeto do próximo artigo, e abordarão não apenas a nossa realidade atual mas também a experiência de outros Países no seguro rural, além dos novos produtos que estão disponíveis nos diferentes mercados internacionais, principalmente as coberturas de Perda de Receita introduzidas para as culturas de grãos nos Estados Unidos em 1996. São Paulo, Março de 1997 5