9.5 Indutância mútua e transformadores.

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Transcrição:

9.5 ndutância mútua e transformadores. té agora as aplicações da nova lei das malhas se limitaram essencialmente a circuitos com apenas uma malha. única exceção foi o circuito da figura 9.3.9. Mas neste circuito o elemento que fornece a única contribuição apreciável para o fluxo magnético era comum para as duas malhas. gora vamos considerar circuitos de várias malhas de forma mais geral. s malhas nem precisam ter uma conexão condutora que ligue uma malha na outra. Mesmo sem ter contato elétrico, uma malha pode influenciar a outra através do campo magnético. Dependendo da disposição geométrica dos elementos de circuitos das malhas, o campo magnético gerado pela corrente variável de uma malha pode induzir correntes numa outra malha. sta influência mútua pelo campo magnético tem importantes aplicações. Geralmente um acoplamento magnético forte é desejável nestas aplicações. Para conseguir um acoplamento magnético forte entre malhas de um circuito pode-se enrolar um solenoide por cima dos arames já enrolados de um outro solenoide. Desta maneira o campo magnético gerado pela corrente de um solenoide contribui para o fluxo magnético da malha à qual o segundo solenoide pertence. figura 9.5. mostra este tipo de solenoide duplo. videntemente um desenho deste tipo de circuito com duas bobinas superpostas fica muito confuso e na figura tive que usar duas cores para poder melhor distinguir os solenoides. Por esta razão usa-se em esquemas de circuitos uma representação simbólica mais simples que mostra um solenoide ao lado do outro. lém disso, a representação das voltinhas é simbólica e o número exato de espiras não precisa corresponder ao número de voltinhas. Desenham-se ainda umas linhas paralelas entre os solenoides. Fig. 9.5. Circuito de duas malhas com acoplamento magnético. figura 9.5. mostra o mesmo circuito da figura 9.5., mas usando a linguagem simbólica que facilita a visibilidade. Fig. 9.5. O mesmo circuito da figura 9.5. com uma representação simbólica dos solenoides acoplados. Qual é o significado do símbolo das linhas paralelas? Como veremos no capítulo, há motivos para colocar ferro, ou um material com propriedades magnéticas parecidas, dentro dos solenoides. stes materiais modificam a indutância dos solenoides. Mas, fora deste eito desejado, a presença de um bloco de ferro dentro de um solenoide com corrente alternada teria um eito indesejável. O ferro é um condutor e se este material ficasse numa região com campo magnético variável, apareceriam correntes induzidas no material. Fala-se de correntes de Foucault, porque elas têm as mesmas características das correntes que provocam o atrito magnético descoberto por Foucault. stas correntes dissipariam energia inutilmente. Para reduzir esta perda de energia, coloca-se o ferro em forma de lâminas finas de tal maneira que o caminho destas correntes de Foucault fique interrompido. s linhas paralelas do símbolo usado na figura 9.5. têm a sua origem nestas laminas de ferro. figura 9.5.3 mostra um equipamento com bobinas enroladas e com um núcleo de ferro composto de muitas laminas. ste tipo de equipamento é um transformador. 485

Fig. 9.5.3 Transformador ste tipo de transformador é muito usado em pequenos equipamentos eletrônicos. O núcleo de ferro é composto de lâminas em forma de e. figura 9.5.4 mostra como se monta o núcleo encaixando alternadamente s e s dos dois lados das bobinas. Fig. 9.5.4 Montagem de um transformador com núcleo tipo -. carcaça com bobinas Pode haver mais de duas bobinas num transformador e nem todas as malhas envolvidas no circuito precisam estar lâminas de ferro em forma de e lâminas de ferro em forma de e 4 D C 3 eletricamente isoladas umas das outras. figura 9.5.5 mostra um exemplo de um circuito bastante geral. ndiquei com traços vermelhos no esquema uma possível escolha para dinir malhas para este circuito. epare que as malhas e D não estão mutuamente isoladas. Fig. 9.5.5 xemplo de um circuito com diversas malhas magneticamente acopladas. Para poder escrever as leis de malha para cada uma das malhas escolhidas num dado circuito, precisamos do fluxo magnético através de cada uma das malhas. stes fluxos 486

dependem linearmente da matriz coluna formada das correntes de malha. a seção 5.5 introduzimos as correntes de malha como novas incógnitas com o intuito de reduzir o número de incógnitas e equações. qui estas variáveis se tornam um ingrediente essencial para poder dinir as indutâncias num circuito com várias malhas. O fluxo magnético através de uma malha número k de um circuito com malhas independentes pode ser escrito em termos das correntes de malha da seguinte forma linear: Φ (9.5.). k k l l l Podemos escrever estas fórmulas também como uma única fórmula matricial Os elementos da diagonal, Φ Φ Φ k k da diagonal são chamados de indutâncias mútuas. (9.5.)., são chamados de autoindutâncias e os elementos fora dinição do fluxo Φ k usa uma orientação da malha número k tal que o vetor normal da superfície forme com a orientação positiva da corrente k um parafuso direito. Com esta orientação das superfícies, as autoindutâncias são todas positivas. uma disciplina mais avançada se mostra que vale mais do que esta desigualdade. Para quaisquer valores das correntes de malha vale k k l l (9.5.3). l Há uma interpretação física desta desigualdade. O leitor lembra-se da fórmula da energia magnética associada a uma malha com indutância e corrente? a seção 8.4 descobrimos que a energia magnética armazenada numa única malha de indutância com corrente vale Mag (9.5.4). Pode-se mostrar que a energia magnética armazenada num circuito com malhas vale (9.5.5). Mag k k l l l ntão a desigualdade (9.5.3) significa que a energia magnética armazenada não pode ser negativa. sto é bastante razoável tendo em vista que a densidade desta energia é / µ, o que não pode ser negativo. um curso de eletromagnetismo mostra-se ainda que a matriz das indutâncias é sempre simétrica, ou seja, as indutâncias mútuas e são sempre iguais. k l l k Como discutimos na seção 9., há uma aproximação envolvida nesta afirmação. a verdade há também contribuições das correntes de deslocamento. 487

k l (9.5.6) Depois de ter visto como indutâncias podem ser calculadas de forma aproximada para geometrias simples, é fácil calcular os elementos da matriz de indutâncias. Para o caso de duas bobinas longas com aproximadamente a mesma área transversal e mesmo comprimento l com e espiras, obtemos obviamente os seguintes valores: µ µ ± l l µ µ ± l l l k (9.5.7). O sinal das indutâncias mútuas depende da orientação das setas de dinição das correntes de malha e do sentido dos enrolamentos das bobinas. Para o caso das indutâncias (9.5.7) vale (9.5.8). nquanto a relação de simetria (9.5.6) é sempre válida, a (9.5.8) não vale para qualquer transformador. Para muitos transformadores a igualdade (9.5.8) vale de forma aproximada;. gora vamos investigar um primeiro exemplo de circuito com duas malhas com acoplamento magnético. o circuito da figura 9.5.6 temos um transformador ligado numa fonte com eletromotância ( ω t) cos F (9.5.9). Fig. 9.5.6 Circuito de duas malhas com transformador e fonte oscilatória. Os números de espiras e das bobinas da primeira e da segunda malha não correspondem ao número de voltas desenhadas. s correntes e são dinidas em pontos (t) cos(ω F t) que pertencem cada um somente a uma malha. Portanto temos e, ou seja, as correntes que podemos medir com um amperímetro coincidem com as variáveis incógnitas e. s duas leis de malha são: d + dt d dt d dt d dt (9.5.). sto é um sistema inhomogêneo-linear de equações diferenciais. Sabemos que a solução geral é a soma de uma solução particular e a solução geral do sistema homogêneo. Sabemos também que a solução homogênea desaparecerá exponencialmente com o passar do tempo. ntão temos razões para investigar aqui somente a solução particular que deve oscilar de forma estacionária com a frequência da fonte. Transferimos a discussão da solução geral da equação homogênea para o apêndice desta seção. Para encontrar uma solução particular será mais uma vez vantajoso passar tudo para valores 488

complexos. ntão vamos substituir a eletromotância real por uma com exponencial complexa ( ω ) F t (9.5.) i cos e ω Ft e vamos fazer a tentativa de solução complexa o o e iωft e iωft (9.5.). nserindo esta tentativa no sistema (9.5.) com a fonte substituída pela fonte complexa, obtemos a seguinte equação algébrica para os fatores de amplitudes complexas: solução é e + iωf iωf o iω F + iωf o ( + iωf ) ( + ω F )( + ω F ) + ωf ( + iω ) o i i F ( ) F ( ) + iω + + ω F i ω F o + iω F + + ω ( ) F ( ) (9.5.3). (9.5.4) (9.5.5). Somente para tornar nosso trabalho mais simples, vamos supor o caso das bobinas com a mesma área e mesmo comprimento enroladas juntas de tal forma que valem as fórmulas (9.5.7) e (9.5.8). sta hipótese simplifica os resultados: o o ( + iωf ) ( ) + iω + F i ω F ( ) + iω + F (9.5.6) (9.5.7) Vamos investigar o que acontece na malha em duas situações extremas: primeiramente vamos investigar o limite e depois o caso contrário. O primeiro limite não parece ser interessante, pois obviamente ele corresponde ao valor trivial zero da corrente o. Mas este limite se torna interessante quando avaliarmos não a corrente, mas o produto V o. este caso, o limite significa que o d. resistor empenha o papel de um voltímetro ideal. voltagem medida oscila com a amplitude limv.. É esta amplitude que nos interessa: limv i ωf ωf lim + iω + + iω ( ) F F (9.5.8). 489

as aplicações, a resistência não costuma ser um resistor propriamente dito, mas este valor representa a resistência interna da fonte e a resistência da bobina do indutor da malha. o uso comum de um transformador, o valor deve ser muito menor que ω ; F << ω F. Supondo esta situação, podemos fazer a seguinte aproximação: limv (9.5.9). Com as fórmulas das indutâncias (9.5.7) podemos escrever este resultado em termos dos números das espiras das bobinas: limv (9.5.) mesma proporcionalidade vale para os valores icazes: limv (9.5.) ntão o que está na caixa pontilhada da figura 9.5.7 comporta-se como uma fonte com eletromotância alternada de.o novo valor secudário (9.5.) Fig. 9.5.7 Transformador visto como uma fonte secundária. Chamei esta eletromotância de secundária, pois a malha é geralmente chamada de secundária enquanto a malha com fonte é chamada de primária. ntão o transformador permite gerar um novo valor de eletromotância a partir da eletromotância original secudário secudário pode ser menor ou maior que. Com o divisor de voltagem percebemos que não é apenas o valor da eletromotância que interessa quando analisamos uma fonte. resistência interna da fonte é também um item importante. ntão vamos olhar para este aspecto. Podemos descobrir a resistência interna medindo a corrente de curto-circuito. ntão agora vamos investigar o caso. Temos (t) cos(ωft) o curto circuito lim o Ou em termos de valor icaz ntão a resistência interna é secundário int (9.5.3) (9.5.4) secudário (9.5.5) 49

Caso o transformador fosse ideal, o fio enrolado na bobina não teria resistência alguma e o valor representaria apenas a resistência interna da fonte primária. ntão, neste caso, o transformador transforma não apenas a voltagem, mas também a resistência interna é transformada, e esta transformação ocorre com o quadrado do fator que incide sobre a voltagem. ntão, se reduzirmos a voltagem por um fator f, a resistência interna diminui logo por f. a seção 5.5 vimos que se consegue tirar a potência máxima de uma fonte ligando um resistor cujo valor é igual à resistência interna da fonte. O valor desta potência máxima é fotnte Pmax (9.5.6). 4 int. fonte esta fórmula fotnte e int. fonte são a eletromotância e a resistência interna da fonte respectivamente. gora vamos imaginar que o transformador seja ideal e a resistência seja simplesmente a resistência interna da fonte primária. ntão a potência máxima que pode ser tirada da fonte primária vale P max primária 4 potência máxima que se pode tirar da fonte secundária é P max secundária secudário ( ) secundário int 4 4 4 (9.5.7) (9.5.8), ou seja, ela tem o mesmo valor da potência máxima da fonte original. Mas esta potência máxima é tirada da fonte secundária com um resistor diferente daquele que tiraria a potência máxima da fonte original. O transformador ideal conserva potência, mas ele altera o formato desta potência; um produto de alta voltagem e baixa corrente pode ser transformado num produto de baixa voltagem e alta corrente. Uma transformação inversa é igualmente possível. Fig.9.5.8 Um prego de ferro é aquecido com alta corrente fornecida por um transformador cuja bobina primária é alimentada com 7 V. Vejamos um exemplo de aplicação. maginem que queiramos derreter um prego passando um valor de corrente por este prego com um valor tão elevado que a energia depositada nele aqueça o mesmo ao ponto de liquazer esse metal. 49

resistência elétrica do prego é muito pequena e não precisamos dos 7 V da tomada para alcançar a corrente necessária. Se ligássemos o prego diretamente na tomada puxaríamos uma corrente tão alta que os disjuntores de proteção da instalação do prédio iriam desligar imediatamente. Mas com a ajuda de um transformador podemos converter um produto de 7 V e uma corrente moderada num produto de poucos volts e uma corrente gigante. figura 9.5.8 mostra esta experiência. este caso, a bobina secundária com apenas 5 espiras não está enrolada em cima da bobina primária. este transformador, o núcleo de ferro serve não apenas para modificar as indutâncias das bobinas, mas ele guia também as linhas do campo magnético de uma bobina para dentro da outra. Desta forma as bobinas podem ficar uma ao lado da outra. bobina primária tem 5 espiras e ela é ligada diretamente na rede de 7 V. O circuito secundário é fechado através do prego que aparece na foto ardendo. a mesa percebemos pedaços de um prego que se partiu numa experiência anterior. Há um tipo de transformador muito interessante que pode ser chamado de transformador econômico. le possui apenas uma única bobina com um acesso intermediário às espiras como mostra a figura 9.5.9. esta figura não coloquei resistores que representam as resistências do fio da bobina nos trechos O e. qui tratarei somente o caso idealizado de bobina sem resistividade, e o caso mais realista é deixado como exercício. O Fig. 9.5.9 Circuito com transformador econômico. Dini duas malhas e na figura com as correspondentes correntes de malha e. Seja o número total de espiras da bobina e o número das espiras entre os pontos O e. Se a bobina estiver enrolada num núcleo de ferro vale para a matriz de indutâncias K K K K (9.5.9) estas fórmulas, K é uma constante que depende do núcleo de ferro. o próximo capítulo aprenderemos como se calcula o valor desta constante. epare que as indutâncias mútuas são negativas. sto é causado pela escolha de orientação das correntes e. Uma corrente > provoca na malha um fluxo magnético negativo. O leitor verifica facilmente que as equações de malha do circuito da figura 9.5.9 são idênticas às equações de malha do circuito da figura 9.5.6. relação (9.5.8) vale também. Podemos copiar logo os resultados (9.5.6) e (9.5.7). ntão se consegue a mesma transformação do formato de potência <alta tensão baixa corrente> para o formato <baixa tensão alta corrente> com apenas uma bobina. Mas a economia não se limita à eliminação de uma bobina. Vamos dar uma olhada na corrente que flui no trecho O. amplitude complexa desta corrente vale ( + iω F ) + i ωf + iω F ( + ) F ( ) ( ) + iω + + iω + F (9.5.3). 49

representa a resistência interna da fonte primária. sta é geralmente pequena, ou podemos logo supor uma fonte de voltagem ideal com. Com isto obtemos uma expressão mais simples para a amplitude complexa da corrente no trecho O: + iωf + ( ) ωf + i (9.5.3) Como veremos no próximo capítulo, a primeira parcela / iωf deve ser muito pequena para um bom transformador. segunda parcela tem uma amplitude da corrente que flui ligando o resistor na eletromotância segundária, e este valor é reduzido pelo fator ( ) /. ntão, especialmente se não for muito menor do que, a corrente que flui no trecho O é bem menor que a corrente que passa no resistor. Consequentemente pode-se usar um fio mais fino no trecho O. sto é uma valiosa economia de espaço, pois espaço é geralmente muito escasso num transformador. pesar destas vantagens, transformadores econômicos nem sempre são usados. Há uma desvantagem no uso deste tipo de transformador: o circuito secundário não é eletricamente isolado do circuito primário. Se, por exemplo, caísse um raio no circuito primário, a alta tensão estaria também presente no circuito secundário. 9.5. Variac. O botão preto no topo do equipamento permite a escolha do ponto de acesso variável no solenoide toroidal. Há uma variante do transformador econômico muito útil. De forma parecida com o uso de um contato móvel num potenciômetro, podem-se acessar as espiras da bobina com um contato móvel para obter uma eletromotância secundária variável. ste tipo de transformador é chamado de variac. figura 9.5. mostra um variac com bobina enrolada num núcleo toroidal. figura 9.5. mostra o esquema elétrico. esta última figura mostro a configuração mais frequentemente usada, na qual o circuito primário não é ligado nos dois extremos da bobina. Desta forma, a voltagem secundária pode ser tanto maior ou menor que a primária. entrada saída 9.5. squema de uso de um variac. quipamentos com peças mecânicas móveis estão saindo de moda. Se você, jovem pesquisador, encontrar um variac na sucata ou no laboratório que você herdou, não seja bobo de jogar este trambolho no lixo. Variacs são extremamente úteis e, além disso, eles são muito caros! 493

xercícios - - - - - - - - - - - - 9.5.: Duas bobinas com e espiras estão b enroladas densa e uniformemente num toroide de altura h, a raio interno a e raio externo b como mostra a figura 9.5. (embora na figura as espiras desenhadas não estejam muito densas). Supondo que as espiras estão tão densas que se pode usar simetria especular, calcule as autoindutâncias, e as indutâncias mútuas e. Fig. 9.5. Toroide com duas bobinas enroladas. 9.5.: o circuito da figura 9.5.9 não foram previstas as resistências dos fios enrolados. Desenhe um esquema de circuito com transformador econômico mostrando as resistências dos trechos O e O como resistores e escreva as leis de malha para este circuito. 9.5.3: screva os pontos essenciais desta seção. h 9.5 pêndice solução geral do sistema homogêneo associado ao sistema de equações (9.5.) é a solução geral para as correntes de malha do circuito da figura 9.5.6 sem a fonte. figura 9.5.3 mostra o circuito correspondente. s equações de malha deste circuito são Fig. 9.5.3 Circuito descrito pelas leis de malha da fórmula (9.5.3). d n m m mn (9.5.3). n dt Podemos encontrar a solução deste sistema de equações com uma técnica que se emprega também no cálculo dos modos normais de oscilação de sistemas mecânicos. O primeiro passo remove os fatores m do lado esquerdo das equações sem destruição da simetria da matriz do lado direito. sto se consegue com a introdução de novas incógnitas X (9.5.33). m m m d. Com estas variáveis a (9.5.3) fica na seguinte forma: X m mn n (9.5.34). n m n Somente para tornar as fórmulas mais compactas, vamos abreviar o quociente das indutâncias e da raiz quadrada: dx dt 494

T mn mn (9.5.35) d. mn ão é por acaso que escolhi a letra T para esta nova matriz. Dimensionalmente os elementos desta matriz são tempos e podemos chamar esta matriz de matriz de constantes de tempo. Com esta matriz, o sistema de equações fica com o seguinte aspecto: X m dx n Tmn (9.5.36). n dt O segundo passo para a obtenção da solução é a solução do problema de autovalor da C tal que a multiplicação desta coluna matriz ( T mn ). Procuramos uma matriz coluna ( n ) pela matriz ( T mn ) tenha o mesmo eito da multiplicação por um único valor. Ou seja, procuramos ( C n ) tal que se tenha TmnCn τcn (9.5.37), n com algum valor apropriado τ. ste valor especial τ é chamado de autovalor da C é chamada de autovetor da matriz. matriz, e a correspondente matriz coluna ( ) n condição para poder encontrar soluções não triviais da equação (9.5.37) é a T τδ, ou seja, a determinante desta matriz tem que ser singularidade da matriz ( ) nula: mn mn ( )( ) s soluções desta equação quadrática são T T τ T τ T T (9.5.38) + T ( ) τ a + T TT + T + T / 4 (9.5.39), T + T ( ) τ b T TT + T + T / 4 (9.5.4). Para cada um destes autovalores temos um autovetor correspondente: a T τ T b T τ T Com estas matrizes coluna obtemos a solução geral da (9.5.36): X t t t α exp + βexp ( ) a T b T X τ τ τa τb T T (9.5.4), (9.5.4). (9.5.43) 495

esta fórmula, α e β são os parâmetros ajustáveis que deve haver na solução geral. Tendo esta solução, podemos voltar para as antigas incógnitas e : α t β t exp + exp τa τ b α τ T T t exp τ τ T T a b + a β t exp τb (9.5.44). É interessante investigar o caso de um transformador para o qual vale a condição (9.5.8) aproximadamente. Se, então o número ε d. T T T ( T + T ) / 4 é muito menor que. Podemos usar nossa famosa aproximação ( ) podemos calcular os autovalores de forma aproximada: ( ) T + T + T ε ε ( T T ) 4 τ a + ε T + T ( ) ( T T ) + T ε 4 n (9.5.45) + ε + nε e (9.5.46) τ b ε + (9.5.47) a expressão para τ a aparece ε junto com o número e, neste caso, vamos desprezar ε completamente. Faremos o mesmo na fórmula (9.5.44) com os fatores τa T e τb T, nos quais aparece o ε junto com termos da ordem ε. Vamos manter o ε somente na fórmula para τ b, já que não há um termo de ordem aproximação obtemos para as correntes o seguinte resultado: ε. Com esta α t β 4t exp + exp T + T ( T + T ) ε (9.5.48) α T t β T 4t exp exp T T + T T ( T + T ) ε Percebemos que há duas parcelas. primeira decai exponencialmente com uma constante de tempo T + T / + / enquanto a segunda parcela decai muito mais rapidamente com uma constante de tempo ( T + T ) ε / 4. o caso idealizado com, a segunda parcela desapareceria imediatamente. m termos das indutâncias e resistências, o resultado (9.5.48) toma a seguinte forma: 496

α t β 4t exp + exp T + T ( T + T ) ε α t β T 4t exp exp T + T T ( T + T ) ε (9.5.49) xercício adicional:. 9.5.4: Considere o circuito da figura 9.5.4. o lugar de uma fonte alternada, temos uma fonte de voltagem constante. Mas esta fonte não está sempre conectada ao circuito. Para temos t <, a chave S estava aberta e as duas correntes e tinham o valor zero. m t a chave é fechada. Calcule as correntes S e para t. Calcule também a voltagem indicada por um voltímetro ideal no lugar da resistência, ou seja, calcule lim. Você pode supor o caso. fonte de voltagem constante. Fig. 9.5.4 Transformador que pode ser ligado numa 497