Análise da influência dos fatores poder, autoridade e cultura organizacional no processo decisório das organizações



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A TOMADA DE DECISÃO: os aspectos do processo decisório e o uso da racionalidade na busca pelo sucesso nas decisões. AURÉLIO FERNANDO FERREIRA

Transcrição:

Análise da influência dos fatores poder, autoridade e cultura organizacional no processo decisório das organizações Ricieri Rostirolla 1 Cristiani Quadros 1 Fabiana Pereira Rosa 2 O propósito deste trabalho é analisar a influência dos fatores poder, autoridade e cultura organizacional no processo decisório das empresas. Desenvolvido na modalidade de ensaio, o texto apresenta o conceito e os tipos de poder com uma perspectiva que o caracteriza como ponto de destaque na gestão das organizações. São descritos os significados e os tipos de autoridade que influenciam nas decisões dentro das empresas, bem como na cultura organizacional. No desenvolvimento do texto, salienta-se que, em um mercado cada vez mais competitivo, é essencial a utilização de uma alternativa que utilize o poder, autoridade e a cultura organizacional de forma a incentivar os colaboradores a levarem as empresas ao sucesso. O estudo sobre o processo decisorial, procurando entendê-lo na sua totalidade, é importante na medida em que as decisões das organizações estão cada dia mais frequentes e desafiadoras (Garcia e Olak, 2005). Poder, autoridade e cultura organizacional, são relevantes para podermos compreender o processo de tomada de decisão dentro das empresas, cada um desses fatores tem um elemento que molda o processo decisório em cada organização. Como mostra Vieira e Carvalho (2003) a capacidade que um indivíduo tem de orientar e controlar a ação dos outros autoridade como o direito de dar ordens ou simplesmente o direito de desempenhar um trabalho que foi designado, corresponde mais um fator que influencia no processo de tomada de decisão juntamente com a cultura organizacional, que conforme Schein (1991,) é um padrão de assuntos 1 Acadêmicos do curso de Administração FACOS/CNEC. 2 Professora orientadora. Página 67

básicos compartilhados que um grupo aprendeu como maneira de resolver seus problemas de adaptação externa e integração interna e que funciona bem a ponto de ser considerado valido e desejável para ser transmitido aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas e consequentemente como deverão tomar decisão. Este ensaio teórico tem como objetivo analisar a influência dos fatores poder, autoridade e cultura organizacional no processo decisório das empresas. A estrutura deste estudo está organizada da seguinte forma: a seção (2) apresenta uma revisão da literatura sobre Processo Decisório nas Empresas, Poder, Autoridade e Cultura Organizacional, enquanto a seção (3) destaca as conclusões a respeito do assunto analisado. Processo decisório nas empresas Neste capítulo estão apresentados conceitos e ideias abordados por diversos autores, que contribuem como forma de dar sustentação teórica para com os objetivos propostos no estudo. Serão abordados, na sequência, os seguintes assuntos: Decisão, Poder, Autoridade e Cultura Organizacional. Decisão A Teoria das Decisões nasceu com Herbert Simon e servia como base para explicar o comportamento humano nas organizações. Na Teoria Comportamental, a organização funciona como um sistema de decisões. Nesse sistema, cada pessoa participa racional e conscientemente, escolhendo e tomando decisões individuais a respeito de alternativas racionais de comportamento. Assim, a organização está permeada de decisões e de ações (FILHO E FILHO, 2010). A essência do trabalho de Herbert Simon encontra-se em seu estudo de processo decisório nas organizações. Simon define a Administração como a arte de fazer as coisas, quando então toda a ênfase é colocada sobre os processos e os métodos Página 68

de realizar uma determinada tarefa. Entretanto, ao colocar ênfase sobre o processo de implementação, no fazer, esquece-se todo o processo prévio de busca de alternativas e de escolha que precedem a própria ação. A conclusão a que ele chega é que uma teoria geral da administração deve incluir princípios de organização que assegurem um processo decisório correto, tanto quanto incluir princípios que assegurem uma ação efetiva (CARAVANTES; PANNO E KLOECKNER, 2005). Segundo Gomes (2007), denomina-se teoria da decisão o estudo dos paradigmas subjacentes à decisão e seus fundamentos analíticos. De acordo com o autor essa teoria possui sua origem na necessidade de dar apoio à atividade humana de tomar decisões mais acertadas. Abramczuk (2009), diz que decisão é o ato ou efeito de decidir. Decidir significa escolher uma dentre várias alternativas de ação que se oferecem para alcançar determinado propósito e renunciar a todas as outras. Toda decisão é, portanto, um processo que envolve simultaneamente escolha e renúncia, onde para se ter um processo decisório satisfatório se faz necessário a observação de elementos, que auxiliam na decisão a ser tomada. Segundo Luecke (2010), os principais elementos presentes no processo decisório são: Estabelecer um contexto para o sucesso: O primeiro passo é criar um ambiente em que as decisões eficazes sejam possíveis. Um contexto que favoreça a decisão em geral não apresenta esses problemas. Além disso, ele garante que as pessoas certas participem do processo. Essas pessoas se reúnem em um ambiente físico que estimula o pensamento criativo e a deliberação cuidadosa. Contextualizar a questão adequadamente: Toda decisão, para ser bemsucedida, depende da compreensão clara das questões que se apresentam e Página 69

das formas como afetarão os objetivos da empresa. É fundamental determinar a natureza do problema. Gere alternativas: Depois de a questão ser devidamente contextualizada, os agentes de decisão devem desenvolver alternativas. Sem alternativas, não há decisão genuína. Avalie as alternativas: Após formular um conjunto realista de alternativas, você deve avaliar a viabilidade, bem como o risco e as implicações de cada opção possível. Muitas ferramentas analíticas inclusive algumas versões de software estão disponíveis para esse fim. Escolha a melhor alternativa: depois de realizar todos os passos anteriores adequadamente e a equipe de decisão entrar em acordo quanto ao objetivo, seus membros podem avaliar racionalmente cada uma das alternativas. Sob circunstâncias ideais, a opção correta será clara. Existem técnicas que podem auxiliar nessa decisão, como tais métodos: catchball, ponto-contraponto e cão de guarda intelectual. O uso dessas técnicas garante que os méritos e deméritos de cada alternativa sejam plenamente compreendidos e debatidos. Os elementos citados anteriormente por Luecke (2010) podem ser visualizados na figura a seguir: Figura 1 Os elementos do processo decisório Fonte: Luecke (2010) Página 70

Para que os elementos da decisão possam ser aproveitados em sua totalidade deve-se estabelecer um ambiente para que se tome uma decisão que seja assertiva para a situação problema. (LUECKE, 2010). Ainda, segundo o autor, existem vários aspectos que contribuem para que seja criado o ambiente correto para a tomada de decisões, tais como: Descrever o objetivo da decisão; Listar os participantes e seus papeis; Determinar o contexto de tempo em que a decisão deve ser tomada; Identificar um ambiente físico para suas reuniões; Concordar como a decisão será tomada (consenso, regra da maioria etc.); Prever como você lidará com impasses e defesas pessoais. Um dos fatores que faz a diferença na tomada de decisão, levando em conta ainda o ambiente e seus sujeitos, é o poder, que exerce influencia para o processo decisório. Também pode ser citada a autoridade, sendo essa adquirida de forma legítima ou informal. E por último, tem-se a cultura organizacional, que constitui o modo institucional de ação e pensamento desenvolvido pelos membros da empresa. Poder Vieira e Carvalho (2003) apud Deutsch (1966) definem poder como a capacidade que um indivíduo ou organização possui para impor extrapolações ou projeções de sua estrutura interna em seu meio ambiente. Segundo o autor, o poder é tratado como um trunfo nas relações, sendo comparado ao dinheiro ou à posse de uma vantagem tática ou estratégica. Segundo os autores, o poder não pertence ao indivíduo, pois são as posições institucionais que, em larga, medida determinam as Página 71

oportunidades de se ter e conservar o poder e de se desfrutar das principais vantagens dessa posse, de forma contínua e importante. Barracho (2007), numa perspectiva sociológica, diz que o poder pode ser visto como o exercício de uma força que se impõe aos outros em termos de dependência e de coação, ou seja, a capacidade que um indivíduo tem de orientar e controlar a ação dos outros, sendo ele imediato ou mediato. Ainda nesse contexto, o autor afirma que a dinâmica do poder em particular nas organizações foi apreendida essencialmente através dos estudos sobre liderança. Esta noção refere-se simultaneamente as características pessoais e aos comportamentos dos sujeitos considerados de acordo com a sua capacidade para influenciar outrem. Segundo Silva (2003) o poder pode ser agrupado em seis tipos, sendo eles: Coercitivo: baseado em sanções físicas, tais como ameaças, imposição de dor, geração de frustração, deformidade ou morte e controle da satisfação das necessidades fisiológicas; Remunerativo: baseado no controle dos recursos econômicos, tais como salários, contribuições, comissões, benefícios, serviços e mercadorias; Normativo: baseado na manipulação de recompensas simbólicas, tais como alocação de liderança, de prestígio ou de estimo. O poder normativo é também denominado poder moral e social; Legítimo: baseado em um cargo que esteja ocupando em determinada empresa, pode ser tanto de baixo para cima quanto de cima para baixo; Referências: baseado em um conhecimento técnico ou experiência profissional ou domínio de um determinado assunto; Página 72

Carismático: baseado em influências ou carisma dentro de um grupo de atuação, sendo uma liderança informal. O poder é algo que circula nas organizações, ou melhor, é algo que só funciona em cadeia, que funciona e se exerce em rede. FOUCAULT (1993). No mesmo sentido, Silva (2003), ressalta que o poder está embutido nos padrões culturais vigentes, está presente em todas as esferas da instituição, atinge diferentes agentes organizacionais e é por eles manipulado nas disputas de interesses e influências. Autoridade De acordo com o pensamento adotado A autoridade é definida como a possibilidade que tem um agente de agir sobre os outros, sem que esses outros reajam sobre ele, sendo, todavia capazes de o fazer (BARRACHO, 2007). Ou ainda, a autoridade é o direito para fazer alguma coisa. Ela pode ser o direito de tomar decisões, de dar ordens ou simplesmente o direito de desempenhar um trabalho que foi designado (Oliveira, 2005). A autoridade divide-se em formal e informal (CHIVENATO 2003; OLIVEIRA, 2005). Para Schermerhorn; Hunt e Osborn (1998) autoridade formal é o potencial de exercer controle sobre os outros através da legitimidade de uma posição gerencial. Oliveira (2005) afirma que a autoridade formal representa a estabelecida pela estrutura hierárquica da empresa, e pode ser delegada pelo superior hierárquico imediato. Oliveira (2004) explica que a autoridade informal flui, na maioria das vezes, de forma ascendente ou horizontal. É mais um privilégio do que um direito. É, geralmente, mais instável do que autoridade formal, pois está sujeita aos sentimentos pessoais. O autor ainda afirma que a autoridade informal é uma espécie de autoridade adquirida que é desenvolvida por meio de relações informais entre as pessoas da empresa, que o fazem voluntariamente e por deferência à sua posição ou status. Na realidade, a autoridade informal serve para modificar a autoridade formal na Página 73

determinação do quanto ela terá de aceitação por parte dos vários subordinados nos diferentes níveis hierárquicos. A autoridade formal se distingue por três características, Segundo Chiavenato (2003): Autoridade é alocada em posições da organização e não em pessoas. Os administradores têm autoridade devido às posições que ocupam. Outros administradores nas mesmas posições têm a mesma autoridade; Autoridade é aceita pelos subordinados. Os subordinados aceitam a autoridade dos superiores, pois, acreditam que eles têm o direito legítimo, transmitido pela organização, de dar ordens e esperar pelo seu cumprimento; Autoridade flui abaixo por meio da hierarquia verticalizada. A autoridade flui do topo até a base da organização e as posições do topo têm mais autoridade do que as posições da base. Os agentes detentores de autoridade e poder são os que modelam a cultura organizacional nas empresas, são os que ditam o modelo a ser seguido dentro das organizações, por isto a cultura organizacional é de extrema importância na tomada de decisão. Cultura organizacional Em Pettigrew (1992) afirma que a cultura organizacional é um sistema de significados aceito pelos atores organizacionais, em determinado tempo, e que serve de parâmetro para a interpretação das situações cotidianas. Ele refere-se ao sistema de significados compartilhado por todos os membros e que distingue uma organização das demais. Constitui o modo institucionalizado de pensar e agir que existe em uma organização. Página 74

Para Trompenaars, 1993, cultura organizacional é a forma pela qual as atitudes são expressas dentro de uma organização e distinguem-se uma das outras por meio de soluções específicas para determinados problemas. A essência da cultura de uma empresa é expressa pela maneira como ela faz seus negócios, a maneira como ela trata seus clientes e funcionários, o grau de autonomia ou liberdade que existe em suas unidades ou escritórios e o grau de lealdade expressos por seus funcionários com relação à empresa. A cultura organizacional representa as percepções dos dirigentes e funcionários da organização e reflete a mentalidade que predomina na organização. Por esta razão ela condiciona a administração das pessoas. Para Schein (1991, p. 9) a cultura organizacional é um padrão de assuntos básicos compartilhados que um grupo aprendeu como maneira de resolver seus problemas de adaptação externa e integração interna e que funciona bem a ponto de ser considerado valido e desejável para ser transmitido aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas. Cultura organizacional é a maneira costumeira ou tradicional de pensar e fazer a coisa que é compartilhada por todos os membros da organização e que os novos membros devem aprender e concordar para serem aceitos no serviço da organização, segundo Jacques (1951) apud Chiavenato (1999). Segundo Srour (1998) a cultura organizacional exprime então a identidade da organização. construída ao longo do tempo e serve de chave para distinguir diferentes coletividades. Maximiano (2011) afirma que todas as organizações desenvolvem uma cultura. O conteúdo específico de cada cultura depende da aprendizagem no processo de resolver problemas de adaptação ao meio ambiente e de convivência interna. O elemento mais simples e mais explícito da cultura, que exemplifica esse processo, é a linguagem. Todos os grupos desenvolvem uma linguagem assim como as sociedades criam idiomas. A linguagem integra o kit de ferramentas de sobrevivência de qualquer pessoa em qualquer organização. Página 75

A cultura organizacional das empresas apresenta diferentes estágios onde são considerados fatores de influência diferentes, sendo estes os componentes da cultura organizacional. Para Chiavenato (1999), toda cultura se apresenta em três diferentes níveis: artefatos, valores compartilhados e pressuposições básicas, da seguinte maneira: Artefatos: constituem o primeiro nível da cultura, o mais superficial, visível e perceptível. Artefatos são as coisas concretas que cada um vê, ouve e sente quando se depara com uma organização. Incluem os produtos, serviços e os padrões de comportamento dos membros de uma organização. Quando se percorre os escritórios de uma organização, pode-se notar como as pessoas se vestem, ou como elas falam sobre o que conversam, como se comportam, o que são importantes e relevantes para elas. Os artefatos são todas as coisas ou eventos que podem nos indicar visual ou auditivamente como é a cultura da organização. Os símbolos, as histórias, os heróis, os lemas, as cerimônias anuais são exemplos de artefatos. Valores compartilhados: constituem o segundo nível da cultura. São os valores relevantes que se tornam importantes para as pessoas e que definem as razões pelas quais elas fazem o que fazem. Funcionam como justificativas aceitas por todos os membros. Em mais culturas organizacionais os valores são criados originalmente pelos fundadores da organização. Na DuPont, muitos dos procedimentos e produtos são resultados dos valores atribuídos à segurança. É que a organização foi criada por um fabricante de pólvora para armas e não é nenhuma surpresa que tenha procurado fazer este trabalho com total segurança através dos novos membros que ingressavam no negócio. Os valores de segurança são os traços fortes da cultura da DuPont desde os tempos em que a pólvora era o núcleo principal de seus negócios. Pressuposições básicas: constituem o nível mais íntimo, profundo e oculto da cultura organizacional. São as crenças inconscientes, percepções, sentimentos e pressuposições dominantes nos quais as pessoas acreditam. A Página 76

cultura prescreve a maneira de fazer as coisas adotadas na organização, muitas vezes através de pressuposições não escritas e nem sequer faladas. A cultura organizacional, levando em conta seus componentes, são os estabelecedores do ambiente onde ocorrerão as decisões nas empresas, sendo então, de extrema importância ter uma cultura organizacional que se adéque a realidade da organização. Considerações finais Este trabalho teve por objetivo analisar a estrutura de poder e o estabelecimento de relações entre poder, autoridade e cultura organizacional existentes nas empresas. Foi desenvolvido nesse ensaio teórico, que o processo de tomada de decisão organizacional está presente em qualquer nível hierárquico da empresa, tanto no nível operacional quanto estratégico, sendo a organização um complexo sistema de decisões. Este ensaio teórico elucidou as ideias estratégicas de que as variáveis: poder, cultura organizacional e autoridade, exercem influência direta na tomada de decisões das organizações, onde cada uma contribui com suas características para a formação de uma realidade do processo decisório das empresas. O poder, de maneira particular nas empresas, está associado à liderança, referindose às características pessoais e aos comportamentos do sujeito para influenciar demais indivíduos. Como as consequências das decisões frequentemente são a manifestação dos processos de influência, o poder se apresenta como uma variável importante visto possuir um papel crucial no processo decisório organizacional. Já a autoridade pode-se dividir em formal, onde o potencial de exercer controle sobre os outros é através da legitimidade de uma posição gerencial, enquanto a autoridade informal é mais um privilégio do que um direito, sendo desenvolvida por Página 77

meio de relações informais entre as pessoas da organização. Numa sociedade empresarial, a tomada de decisão ganha muita importância, pois a geração de riqueza e bem estar das pessoas depende em grande parte das decisões tomadas. Do ponto de vista acadêmico, este ensaio teórico contribui ao apresentar as influências na tomada de decisão tanto por indivíduos com poderes adquiridos dentro da organização, quanto aqueles que obtiveram poder ou liderança através de relações de sentimento, tornando-se informal. Da mesma forma, a autoridade atua no processo decisório organizacional de forma significativa através do controle exercido sobre as pessoas, uma vez que esta pode ser caracterizada por formal ou informal. E finalmente, a cultura organizacional influencia na tomada de decisão, pois defini a maneira de pensar e agir da organização mediante a atitude a ser tomada. Referências ABRAMCZUCK, André A.. A prática da tomada de decisão. São Paulo: Atlas, 2009. BARRACHO, Carlos José Bernardo da Silva. Estratégias de poder e autoridade em contextos sócio-políticos diferenciados. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela, Set. 2007 BATAGLIA, Walter; YAMANE, Celina Teruko. O processo decisório de antecipação de surpresas estratégicas. In: FACEF PESQUISA, v.7, n.2, 2004. Disponível em: <http//:www.facef.br/facefpesquisa/2004> Acesso em: 01/07/2012. CARAVANTES, Geraldo R.; PANNO, Cláudia C.; KLOECKNER, Mônica C.. Administração: teorias e processos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. Página 78

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