INTERVENÇÃO DA SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL BERTA DE MELO CABRAL. II Encontro Mundial de Luso-Eleitos

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Transcrição:

INTERVENÇÃO DA SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL BERTA DE MELO CABRAL II Encontro Mundial de Luso-Eleitos Assembleia da República, 24 de outubro de 2013 Só serão válidas as palavras proferidas pela oradora

2 Exm.º Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, dr. José Cesário Ilustres Convidados, Minhas senhoras e meus senhores, Em primeiro lugar quero cumprimentar a delegação de ilustres lusodescendentes aqui presentes e, através de vós, fazer chegar um abraço a todas as nossas Comunidades, espalhadas pelos quatro cantos do Mundo. Um abraço de um País agradecido e orgulhoso. Um abraço que se dá a um familiar que retorna, ainda que por breves momentos, à casa de onde partiu. Um abraço de saudade. Conheço bem as Comunidades portuguesas da nossa diáspora. Não tenhamos medo que as palavras pareçam menos solenes. A saudade é, de facto, o sentimento dominante entre os que ficam e os que partem.

3 Minhas senhoras e meus senhores, Bem-vindos à Casa da Democracia, todos e cada um de vós que, em outros países e culturas, ultrapassaram as fronteiras da vossa comunidade natal e se afirmaram na comunidade de acolhimento através do veredicto do voto. Quero trazer perante vós uma visão singular sobre o papel da Comunidade portuguesa no Mundo. Quero que comigo olhem para As Comunidades no contexto do Conceito Estratégico de Defesa Nacional. O dinamismo e participação cívica dos líderes destas Comunidades são decisivos para a imagem que Portugal transmite de si próprio. A imagem que os outros povos têm de nós resulta, em primeira análise, daquilo que são as Comunidades que lhes estão próximas, verdadeiras embaixadas coletivas de Portugal. Às inúmeras personalidades portuguesas que ocupam funções destacadas nos domínios cultural, empresarial, académico, social e político juntam-se os seus descendentes, com um dinamismo próprio, facilitador da integração. Portugal olha para os lusodescendentes como portugueses e acredita neles como parceiros para a construção de um País melhor. Como é que este olhar sobre as Comunidades está traduzido no Conceito Estratégico de Defesa Nacional?

4 O Conceito Estratégico de Defesa Nacional é o documento que define os aspetos fundamentais da estratégia global a adotar pelo Estado para a consecução dos objetivos da política de segurança e defesa nacional. E logo nos Fundamentos da estratégia de segurança e defesa, o Conceito Estratégico explicita como interesse de Portugal a valorização das comunidades portuguesas. Gostaria que ficasse bem claro que a definição do Conceito Estratégico de Defesa Nacional é um documento de uma enorme importância, onde cada palavra, cada termo, cada ideia é pensada de forma muito cuidadosa. Quando se afirma como interesse de Portugal a valorização das comunidades portuguesas não se trata de um chavão. É o reconhecimento explícito da importância das Comunidades emigrantes, para o nosso País. O peso de cerca de 5 milhões de mulheres e homens que fazem Portugal maior. Comunidades com dinâmicas próprias, resultantes de realidades distintas, convergindo através da nossa herança comum, da história, da Língua Portuguesa e da Cultura. Portugal está no centro da comunidade transatlântica assumindo uma centralidade natural nas relações entre a Europa Ocidental e a América do Norte, a América do Sul e a África Austral. Regiões com as quais se pretende aprofundar o nosso relacionamento.

5 Esta centralidade traz vantagens e traz obrigações. Antes de mais, a obrigação de contribuir para a estabilidade e progresso das áreas onde se joga a afirmação dos nossos interesses estratégicos. A forma mais eficiente de conseguir este objetivo é através da valorização das nossas Comunidades. É olhar para elas como autênticos postos avançados de Portugal nesta vastíssima região do Globo. A nossa capacidade de afirmação como nação está intimamente ligada a Comunidades portuguesas fortes, bem preparadas e interventivas. Quero, assim, deixar registado o meu apreço e o apreço do Governo de Portugal pelo esforço que, a vários níveis, cada um de vós tem feito para promover a vossa Comunidade. Desse esforço decorre a valorização de Portugal. Minhas Senhoras e meus Senhores, As Comunidades de emigrantes tal como a cultura e o espaço linguístico são consideradas como um ativo nacional que importa explorar, maximizando as capacidades nacionais, no quadro do processo de planeamento estratégico.

6 A valorização do papel das Comunidades portuguesas enquanto interesse nacional tem implicações diretas nas políticas de segurança e defesa nacional. A posição internacional de Portugal no Mundo depende de uma maior intensificação das relações com os países com a presença de Comunidades portuguesas ativas. Devemos também reforçar a presença de portugueses nas instituições internacionais afirmando o nosso valor e capacidades, participando na comunidade internacional de forma ativa e decisiva. Portugal procurará afirmar-se como coprodutor e exportador de segurança internacional. A defesa da posição internacional de Portugal está intimamente ligada à nossa participação na comunidade internacional alargada a que pertencemos. Portugal assumiu e assume as suas responsabilidades, empregando os recursos militares nacionais ao abrigo de uma escala geopolítica de prioridades. Uma escala que contempla quatro níveis de intervenção: Em primeiro lugar, os recursos militares nacionais serão utilizados na defesa cooperativa da paz e da segurança nas regiões europeia e euro-atlântica, em conjunto com os aliados, bem como na proteção das Comunidades portuguesas no estrangeiro.

7 Em segundo lugar, estes recursos são disponibilizados para intervenção nas áreas vitais para o combate ao terrorismo transnacional e outras ameaças diretas à região euro-atlântica. Em terceiro lugar, para a cooperação, no domínio da segurança e defesa, com os países da CPLP. Em quarto lugar, para participar em missões de ajuda de emergência das Nações Unidas. Queremos, assim, sublinhar que a proteção das Comunidades portuguesas no estrangeiro está na primeira linha da escala geopolítica de prioridades para o emprego de recursos militares nacionais. Queremos, assim, manter o objetivo de alcançar uma capacidade de dissuasão credível. Minhas Senhoras e meus Senhores, Como documento estruturante, o Conceito Estratégico de Defesa Nacional não ignora o desenvolvimento do potencial de recursos humanos para alcançar os objetivos pretendidos por Portugal. Neste sentido, entre as seis linhas de ação estratégicas, os pensadores identificaram a valorização das Comunidades portuguesas no estrangeiro e o reforço da contribuição dos nossos emigrantes e seus descendentes para a capacidade de influência nacional.

8 Para que esta valorização e contribuição se verifiquem, existe uma condição sine qua non: promover a Língua Portuguesa. A promoção da Língua Portuguesa é um desígnio nacional. É uma tarefa que está ao alcance de todos e merece o esforço coletivo da comunidade lusófona. O Português não é exclusivo dos 10 milhões que vivem em Portugal. Espalhados por todos os continentes, existem pelo menos 240 milhões de pessoas que usam o Português para comunicar no dia-a-dia. Esta dimensão planetária confere à Língua Portuguesa uma atratividade acrescida para a Diáspora. O Português é a quinta língua mais usada no mundo digital. Em dez anos, a utilização do Português no ciberespaço cresceu quase mil por cento! Ultrapassou o Árabe, o Alemão e até ultrapassou o Francês. Isto revela a pujança da Língua Portuguesa no panorama internacional e, simultaneamente, significa uma grande oportunidade para todos os que dominam a Língua de Camões. Esta rica herança implica o dever e a responsabilidade de passá-la aos nossos filhos. A nossa Língua Portuguesa não pode deixar de ser também a Língua deles.

9 Não é justo sonegar-lhes esta competência. Por isso, peço às nossas Comunidades a preocupação de promover o ensino da Língua Portuguesa e encará-lo como um bom investimento. Trata-se de uma competência que será uma mais-valia no quotidiano de todos os lusodescendentes. Como sabemos, há muito a fazer pelo Português. Desde logo, no quadro das Nações Unidas falta conseguir o estatuto de língua oficial que, há muito, se justifica. Também para esta batalha, a ajuda de todos os lusófonos e dos seus descendentes é necessária. A vitória só será possível se houver um sentido de comunidade e um sentimento de comunhão entre todos os falantes do Português. Portugal conta com o vosso contributo. Minhas Senhoras e meus Senhores, Espero que a vossa estadia em Portugal seja proveitosa e que este, ainda que momentâneo, regresso às origens sirva para reforçar o vosso ânimo, a fim de poderem corresponder não só às expetativas de quem vos elegeu mas também às expetativas dos portugueses que por cá continuam e muito esperam de vós para, todos juntos, elevarmos o nome de Portugal.