SESSÃO SOLENE DE ABERTURA DAS AULAS UNIVERSIDADE DE AVEIRO NOVEMBRO DE 2016

Transcrição

1 1 SESSÃO SOLENE DE ABERTURA DAS AULAS UNIVERSIDADE DE AVEIRO NOVEMBRO DE 2016 Na qualidade de Presidente do Conselho Geral da Universidade cabe-me a honra de encerrar a sessão solene que assinala o início deste ano letivo de 2016/2017. Faço-o dirigindo-me em primeiro lugar ao Senhor Reitor e a todos os que ensinam, investigam, estudam e trabalham nesta grande instituição apresentando-lhes as minhas mais calorosas saudações. Quero também exprimir a todos o desejo do Conselho Geral e meu, de que este seja mais um ano em que a Universidade de Aveiro prossiga na consolidação de um projeto que desde 1973 tem vindo a ser desenvolvido com grande determinação e empenho por aqueles que aqui trabalham e que querem fazer desta instituição uma Universidade de nível europeu capaz de marcar presença nos grandes espaços do ensino superior, da investigação e da ciência. O Conselho Geral, pela sua parte, irá igualmente desenvolver o seu plano de atividades procurando dar um contributo para a consolidação deste projeto sempre em diálogo com os restantes órgãos da Universidade e dentro das regras e dos limites estabelecidos para o funcionamento deste órgão. A este propósito importa referir que ao longo deste período que levo como Presidente do Conselho Geral as relações com o Senho Reitor e com a equipa reitoral bem como com todos os Diretores de Departamento e representantes dos estudantes têm sido muito favoráveis à condução de uma atividade sem obstáculos e sem quaisquer constrangimentos. Bem pelo contrário. Temos encontrado sempre, por parte de todos os sectores da Universidade, um grande espírito de abertura e acolhimento para com as nossas iniciativas e para com as propostas que o Conselho tem vindo a formular.

2 2 Senhor Reitor Minhas Senhoras e Meus Senhores O Conselho desenvolveu nos últimos doze meses um conjunto de iniciativas da maior importância para a Universidade designadamente a revisão dos estatutos e a análise e discussão do funcionamento e dos planos de atividade de muitos dos departamentos que integram a Universidade. A revisão dos estatutos, que teve como objetivo único aperfeiçoar os existentes sem pôr em causa a natureza da instituição, foi conduzida através de um processo muito participado que deve ser saudado de forma especial. E esta saudação tem uma razão de ser uma vez que traduz um elevado nível de envolvimento dos diferentes corpos na vida da instituição o que, em si mesmo, constitui um fator muito encorajador quando se pensa na resolução dos problemas que vamos certamente ter de enfrentar no futuro próximo. No que diz respeito ao trabalho desenvolvido pelos diferentes departamentos o Conselho tem hoje uma ideia muito nítida dos problemas existentes mas tem igualmente uma avaliação muito positiva sobre o desempenho e a atividade de cada um deles numa perspetiva de futuro e de enquadramento da atuação de cada um no projeto coletivo da instituição. Neste contexto e com o objetivo de preparar um documento de trabalho que permita ao Senhor Reitor e à equipa reitoral repensar e reequacionar a estratégia que vem sendo adotada e seguida, o Conselho, para além das tarefas referidas, iniciou recentemente uma reflexão aprofundada sobre o funcionamento da Universidade nomeadamente quanto às potencialidades e fragilidades que identificamos na instituição bem como quanto às oportunidades, e às eventuais ameaças que nos podem surpreender proximamente.

3 3 Trata-se de um exercício com alguma complexidade a que vamos dedicar uma parte da nossa atividade nos próximos meses e a que daremos uma prioridade especial na qual vão estar envolvidos todos os elementos do Conselho. Neste contexto o Conselho está neste momento a meio de um processo de audição de elementos externos à Universidade e ao próprio Conselho que tem como objetivo recolher opiniões e perspetivas necessariamente diferentes sobre o que se espera das universidades e em particular sobre o modo como estes elementos que visitam a Universidade a nosso convite, veem o papel da Universidade de Aveiro nas áreas em que cada um atua e se movimenta. O Conselho pretende assim manter-se atento a todas as matérias que envolvem a Universidade e que em certa medida podem vir a afetar num sentido ou noutro o futuro da instituição. Esperamos que em breve este trabalho possa ser disponibilizado a todos, dado que ele será um documento que, em nossa opinião, pode certamente ser de muita utilidade para um conhecimento mais transversal da Universidade bem como para uma mais exata perceção dos desafios que poderemos vir a ter pela frente. A Universidade de Aveiro é já hoje uma peça muito importante do sistema de ensino superior em Portugal. Pelo ensino que ministra, pelo conhecimento que produz e pelo contributo que dá ao desenvolvimento da cidade, da região e do país. Da estratégia e dos objetivos que têm vindo a ser seguidos gostaria de realçar três deles, nomeadamente i) a procura constante de uma melhoria da qualidade do ensino e da investigação, ii) a interação com as empresas e com os responsáveis pelo desenvolvimento económico, cultural e social na região e no país e, finalmente iii) o esforço que tem sido feito para que a Universidade ganhe maior presença no processo de internacionalização do ensino superior português.

4 4 Em relação à melhoria da qualidade importa reconhecer a grande atividade que todos os departamentos têm vindo a desenvolver para se apetrecharem em termos de recursos materiais, mas sobretudo assinalar a preocupação e o trabalho realizado para reforçar a dimensão e a qualidade do corpo docente e de investigação. Os resultados muito positivos alcançados recentemente nos concursos para financiamento de projetos de investigação mostram que esta é uma área em que é importante continuar a investir e em que a Universidade pode alcançar patamares muito elevados se souber definir uma estratégia de concentração de recursos nos sectores em que se dispõe de maior capacidade instalada. O país para alcançar os níveis de crescimento e desenvolvimento indispensáveis para sair da crise e dos problemas que enfrenta tem que necessariamente continuar a investir fortemente no conhecimento, na investigação e na formação de recursos humanos muito qualificados. A Universidade de Aveiro tem que ser uma das instituições líderes deste processo e para isso teremos todos de colaborar podendo eu assegurar que o Conselho Geral não deixará de estar ao lado da Reitoria e dos responsáveis pelos departamentos na primeira linha dos combates que será necessário travar. Quanto ao envolvimento da Universidade com entidades externas designadamente com empresas, embora todos saibamos que é um campo de atuação em que haverá sempre muito mais que pode ser feito, deveremos sublinhar como aspeto muito encorajador o modo como muitos departamentos desenvolveram nos últimos tempos parcerias com empresas do sector público ou privado quer para a execução de projetos conjuntos na área da investigação quer para a realização de cursos de doutoramento e de formação avançada. No que se refere à internacionalização a Universidade tem já hoje um vasto conjunto de acordos com outras universidades espalhadas pelo mundo ao mesmo tempo que tem vindo a atrair um significativo número de estrangeiros que aqui estudam, ensinam ou investigam. A Universidade vai seguramente continuar a dar prioridade a este processo de internacionalização o que vai implicar, como tem sido referido pelo Senhor Reitor, a definição de uma estratégia e de um

5 5 programa para o ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa nomeadamente no que deve ser feito em relação aos estudantes estrangeiros que nos procuram e que frequentam cursos ministrados em língua inglesa. A utilização do inglês é um fator de atração para muitos dos que vêm de fora do país, mas o português não pode deixar de ser considerado, também por eles, um instrumento muito importante para o seu futuro. A língua portuguesa é uma língua de dimensão universal e uma língua de futuro com uma expansão em todos os campos incluindo o científico, cuja importância deve ser reconhecida e que constitui uma mais-valia e um fator de grande enriquecimento para quem vai entrar num mundo cada vez mais globalizado, tanto no domínio da economia e das empresas como nas áreas da cultura, da ciência e das mais diferentes formas do conhecimento. Significa isto que o português deverá ser uma prioridade para a Universidade e para aqueles que aqui fazem a sua formação no pressuposto de que ao aprenderem e dominarem a nossa língua têm acesso a um mundo de centenas de milhões de falantes que se encontram espalhados pelos cinco continentes. A Universidade de Aveiro tem uma ideia clara sobre o que são os desafios postos pelas questões da língua sendo que o país, nas palavras do Senhor Reitor, poderá sempre contar com o seu contributo em particular quando os programas e os projetos têm um carater transversal capaz de mobilizar a grande maioria das instituições portuguesas com vocação para o ensino e a divulgação da língua portuguesa no mundo. Como exemplo desta visão e desta perspetiva basta recordar o papel fulcral que a Universidade de Aveiro desempenhou durante a realização do projeto lançado pela Fundação Gulbenkian para o ensino do português na República Popular da China, que teve o envolvimento do Instituto Camões e em que participaram catorze instituições de ensino superior, universidades e politécnicos. A Universidade de Aveiro dispõe não apenas do conhecimento como é capaz de mobilizar os seus recurso humanos tendo em vista a realização

6 6 de um projeto concreto e exigente como foi este que eu tive o privilégio de acompanhar de perto. Senhor Reitor, Minhas Senhoras e Meus Senhores É tempo de terminar, mas não quero fazê-lo sem uma palavra dirigida a todos os professores, investigadores e estudantes da nossa instituição. Gostava essencialmente de lhes expressar, como membro externo do Conselho Geral, a grande confiança que tenho no destino e no futuro da Universidade de Aveiro. Os recursos existentes em particular na área dos recursos humanos e o empenhamento e determinação que são evidenciados por todos quantos aqui exercem a sua atividade são a garantia de que a Universidade vai continuar a desenvolver e executar um projeto que tem vindo a impor-se como de grande importância para todo o país. Portugal necessita de instituições fortes e com capacidade para promover não apenas o desenvolvimento económico mas sobretudo para desenvolver e criar um clima favorável à inovação em praticamente todos os sectores da nossa vida em comum. As universidades são as grandes organizações em que assentam a criação do conhecimento e a formação dos recursos humanos indispensáveis à modernização dos diferentes sectores e à melhoria do funcionamento da atividade económica, da vida cultural e do desenvolvimento social. Não precisamos de utopias. Necessitamos apenas de muito trabalho e de muito esforço para conseguir ter um país mais equilibrado, mais desenvolvido e mais capaz de competir no espaço internacional. A Universidade de Aveiro, estou certo, vai continuar a ser uma das instituições com que o país pode contar para encarar e resolver os seus problemas. Para isso temos que distinguir o essencial do acessório e encontrar as melhores formas de nos organizarmos para que a Universidade dê um contributo com significado para o nosso desenvolvimento.

7 7 O país espera muito desta universidade e todos devemos ter a noção de que existe como que um sentido de urgência a que se tem que dar resposta. Estou firmemente convicto de que os que trabalham nesta instituição e a ela se dedicam vão responder com grande dedicação e profissionalismo aos combates que vão ter que enfrentar. Pela minha parte quero aqui expressar todo o meu reconhecimento pelos patamares que a Universidade já conseguiu atingir e insistir na ideia de que no futuro os resultados do vosso trabalho e o do vosso esforço vão seguramente ter um impacto ainda mais relevante do que tiveram até agora tanto ao nível local como nos planos regional e nacional. O acordo estabelecido recentemente na área da Saúde entre alguns dos principais atores responsáveis pelas instituições envolvidas na investigação, no ensino e na prestação dos cuidados de saúde, é seguramente um sinal claro de que é possível fazer mais e melhor se formos capazes de estabelecer as parcerias de que resulte uma otimização dos recursos e uma afirmação dos objetivos comuns às diferentes instituições. Termino desejando a todos um ano letivo cheio de sucessos e de realizações tanto na área do ensino como no campo da investigação. Aos estudantes em particular desejo igualmente um ano cheio de atividades e de trabalho que lhes permita continuar a ganhar as asas de que necessitam para concretizar os seus sonhos e sobretudo para encarar este mundo cada vez mais complexo e exigente em que vivem e em que, em breve, vão ser chamados a assumir responsabilidades mais elevadas do que aquelas que têm nos dias de hoje. Muito obrigado pela vossa atenção. Aveiro 9 de Novembro 2016 Eduardo Marçal Grilo