INTERVENÇÃO DE S. EXA. SECRETÁRIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E DA COOPERAÇÃO NO SEMINÁRIO A COOPERAÇÃO DA CPLP NO QUADRO DA UNIÃO EUROPEIA

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1 INTERVENÇÃO DE S. EXA. SECRETÁRIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E DA COOPERAÇÃO NO SEMINÁRIO A COOPERAÇÃO DA CPLP NO QUADRO DA UNIÃO EUROPEIA - 25/01/2017 Gostaria de começar por saudar os participantes desta Conferência sobre A cooperação da CPLP no quadro da União Europeia, que a Assembleia da República teve a ideia de promover e acolher. É uma excelente iniciativa porque permite-nos salientar as pontes que existem e que temos construído entre dois eixos centrais da nossa política externa a CPLP e a UE. A CPLP celebrou, em 2016, o seu 20º aniversário e adotou uma Nova Visão Estratégica para o futuro, uma visão que abre novos horizontes para o espaço lusófono através de uma forte aposta na cooperação e dinamização económica, social e política do espaço lusófono. 1

2 Ao longo das últimas décadas, Portugal tem investido muito na promoção da cooperação com a CPLP e com os países que a compõem. Desde 2000, já contribuímos com cerca de 10 Milhões de euros para o Fundo Especial da CPLP, financiando diversos projetos de formação de recursos humanos e de capacitação institucional nas mais diversas áreas sectoriais. Bilateralmente, temos programas estratégicos de cooperação com os PALOP e Timor Leste, plurianuais e abrangentes. Em 2016 renovámos o Programa com São Tomé e Príncipe, e vamos assinar em breve outro com Cabo Verde. Mas Portugal quer ir mais longe e, na Cimeira de Brasília, propôs que se procurasse efetivar a mobilidade dos cidadãos no espaço lusófono, começando pela liberdade de fixação de residência. Trata-se de um aspeto substancial, que cimentará a efetiva pertença a um espaço comum de cidadania e promoverá uma cooperação aprofundada em diversos outros domínios. 2

3 Temos, de facto, ambições e expetativas elevadas para a CPLP, porque sabemos da sua relevância e pertinência acrescidas num mundo em que os eixos geopolíticos estão em profunda e rápida mudança. A CPLP tem uma presença global, em quatro continentes. É, por isso, mais do que o conjunto dos seus Estados membros, abrindo a porta a regiões de forte expansão demográfica, tecnológica, cultural. Ou seja, a CPLP tem um horizonte vasto e um potencial futuro inegável. Nesse sentido, a valorização da CPLP e dos países lusófonos que Portugal faz, desde sempre e com igual afinco, no seio da UE é hoje reconhecida pela própria União Europeia. Em 2007, durante a última Presidência Portuguesa da UE, esta aproximação traduziu-se na assinatura de um Memorando de Entendimento entre a UE e a CPLP para promover a cooperação em torno dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, documento que gostaríamos de ver atualizado à luz da nova Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. 3

4 Demos também um forte impulso ao programa de cooperação da União Europeia com o grupo dos PALOP e Timor Leste, designado PIR PALOP-TL, que a partir de 2008 passou a contar com um programa alargado de financiamento. No plano bilateral, apoiámos a criação da Parceria Especial da UE com Cabo Verde e, mais recentemente, da com Angola (conhecida como Caminho Conjunto ). Estes regimes privilegiados de diálogo político e de cooperação com a UE são pouco frequentes no quadro europeu e são sinal do reconhecimento particular da União Europeia. Mas estamos conscientes que esta aproximação tem de se traduzir, na prática, em oportunidades para os agentes - públicos e privados - do espaço da CPLP. Nesse sentido, Portugal tem assumido a implementação de diversos projetos com financiamento europeu, através da cooperação delegada ou com recurso a outras modalidades e instrumentos, procurando fazê-lo sempre que possível em parceria com as autoridades locais, a sociedade civil e o setor privado. 4

5 Em 2017 o Camões deverá iniciar seis novos projetos com financiamento europeu, num montante global de 128 Milhões de euros, quadruplicando o total dos últimos 5 anos. Apoiaremos Angola no setor da formação e do desenvolvimento agrícola, Timor Leste no domínio da gestão das finanças públicas, São Tomé e Príncipe no domínio agrícola e o Brasil através de um programa avançado de cooperação multissetorial. Fica claro que, apesar das condicionantes orçamentais que existem para aumentar a APD, temos conseguido aumentar e muito - os recursos disponíveis para a cooperação portuguesa. Conseguimo-lo através do melhor aproveitamento do financiamento europeu, mas, também, através de um trabalho conjunto com o setor privado. 5

6 Um bom exemplo das mais-valias que se alcançam com esta parceria é o Programa de Bolsas que vamos lançar este ano, onde o envolvimento de parceiros privados permite não só aumentar o numero de bolsas disponíveis, como e sobretudo um programa mais eficaz na inserção dos estudantes no mercado de trabalho. É um exemplo claro de como as parcerias transformam simples somas em multiplicações. Por outro lado, este Governo está a relançar a SOFID, o nosso banco de desenvolvimento, para apoiarmos o setor privado que quer investir nos países em desenvolvimento em particular no âmbito da CPLP - e criar condições para um crescimento estruturado e sustentável a longo prazo. A nova Administração da SOFID tomou recentemente posse e iremos em breve apresentar publicamente a sua estratégia de atuação para os próximos anos. Uma coisa é já certa: a SOFID irá trabalhar de perto com a União Europeia no apoio aos países da CPLP. 6

7 A UE vai lançar este ano o seu maior instrumento financeiro de cooperação, o Fundo Europeu de Desenvolvimento Sustentável. Com este Fundo, que combina garantias e empréstimos para projetos de investimento nos países em desenvolvimento, a UE espera mobilizar até 44 mil milhões de euros de investimento, contribuindo decisivamente para uma parceria eficaz entre doadores e setor provado em prol do alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Queremos que os países da CPLP sejam beneficiários deste programa. Queria terminar deixando uma palavra de particular apreço à cooperação parlamentar no quadro da CPLP, nomeadamente ao trabalho que a Assembleia Parlamentar tem feito pelo avanço do projeto, abrindo e legitimando caminhos. Muito obrigada pela vossa atenção. Teresa Ribeiro Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação 7