Intervenção do Senhor Ministro da Educação durante a 37ª Conferência Geral da UNESCO. Paris, 8 de Novembro de 2013

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1 DELEGAÇÃO PERMANENTE DE PORTUGAL JUNTO DA UNESCO Intervenção do Senhor Ministro da Educação durante a 37ª Conferência Geral da UNESCO Paris, 8 de Novembro de 2013 Senhor Presidente da Conferência Geral, Senhora Presidente do Conselho Executivo, Senhora Directora Geral, Caros Colegas, Senhores Embaixadores, Esta Conferência Geral reúne num momento que exige de todos um esforço determinado na procura de soluções que nos ajudem a reforçar a nossa Organização. O momento que atravessamos exigirá que tenhamos que trabalhar com um orçamento mais reduzido que implica, nomeadamente, a diminuição do Secretariado e, consequentemente, a diminuição de competências necessárias à capacidade de intervenção da UNESCO. 1

2 Devemos por isso centrar a atuação naquelas que são as áreas prioritárias da UNESCO evitando enveredar por um caminho em que teríamos uma organização à la carte em função da proveniência e da natureza das suas contribuições. Portugal continuará empenhado em que a UNESCO permaneça organização de referência das Nações Unidas para a promoção da cultura, da educação e das ciências. Sabemos que investir na educação, através do desenvolvimento dos conhecimentos e das capacidades cognitivas básicas, da qualidade da docência e da ligação entre a educação e os outros sectores do desenvolvimento, é também investir no progresso da sociedade. Para Portugal, o apoio na área da Educação foi, é e será uma prioridade no relacionamento multilateral e bilateral com países parceiros, tanto como eixo fundamental do Desenvolvimento Humano como de um crescimento económico verdadeiramente inclusivo. Permitam-me que aqui destaque a cooperação que temos mantido com países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, e Timor. Estamos convictos que a UNESCO deve ter um papel relevante no debate em curso sobre a agenda para o desenvolvimento pós Portugal tem participado 2

3 ativamente nessas discussões, nomeadamente no quadro do Painel de Alto Nível. O acesso universal a uma educação de qualidade, com avaliação constante e empenho nos resultados da aprendizagem, deve ser a via a seguir e, nesse sentido, será essencial que trabalhemos em conjunto. Sabemos que a melhoria dos resultados do ensino se traduzem diretamente numa melhoria da competitividade da economia e da produção de um país. Gostaria ainda de frisar que a educação artística é um vector fundamental no que respeita a uma integral formação individual e no que toca ao desenvolvimento da própria sociedade. A educação artística deve continuar a ser uma prioridade da UNESCO e regozijamo-nos com o facto de ter sido reconhecida prioridade alta. A História, a Cultura e a Identidade de Portugal estão marcadas pelo Oceano. O objectivo de realizar um desenvolvimento sustentável dos espaços marítimos enquanto veículos de progresso económico e social, geridos de forma equilibrada com base no conhecimento científico, requer um esforço acrescido de cooperação internacional. 3

4 O papel desempenhado pela UNESCO no âmbito do seu mandato, implica que se consolide o estatuto de autonomia funcional da Comissão Oceanográfica Intergovernamental, com vista a optimizar a acção concertada e os esforços dos Estados Membros da COI, melhorando os conhecimentos e serviços oceanográficos que presta à Comunidade Internacional e ao Sistema das Nações Unidas. Quanto à cooperação no espaço da CPLP, no âmbito do sector das Ciências, foram estabelecidas pela Comissão Nacional de Portugal parcerias com vários países, nomeadamente o Brasil, S. Tomé e Príncipe e Cabo Verde. Esta cooperação assenta nos objectivos dos vários Programas Científicos da UNESCO, de que são exemplo o Programa Internacional de Geociências, o Programa Hidrológico Internacional e o Programa O Homem e a Biosfera, em temáticas como a Água, Alterações Climáticas ou Desastres Naturais. Com vista a fomentar essas atividades, Portugal trabalhou em rede com vários Geoparques, Reservas da Biosfera, Cátedras UNESCO e Centros de Categoria II. Para além do acompanhamento de projectos científicos específicos, como por exemplo o Projeto Global Human Variome, Portugal tem procurado reforçar parcerias com a UNESCO nos domínios da Ciência ao serviço da Paz e do Desenvolvimento Sustentável. A recente criação de uma Cátedra UNESCO na Universidade de Coimbra sobre a Salvaguarda para a 4

5 Biodiversidade e para o Desenvolvimento Sustentável, une num projecto comum universidades da CPLP e reforça este aspecto da cooperação. O interesse de Portugal na promoção de políticas científicas e na promoção da Ciência revê-se na Iniciativa Ciência em Português, da UNESCO. Ainda no contexto da Ciência, tenho o gosto de anunciar que o Centro de Categoria 2 de Portugal para as Ciências Fundamentais no espaço da lusofonia vai ser amanhã formalizado com a UNESCO. O reforço da articulação da UNESCO com a Aliança das Civilizações é um sinal encorajador no sentido da procura da coerência e de melhores resultados num domínio crucial para a construção da paz. A Década Internacional para a Aproximação de Culturas, que este ano se inicia e é liderada pela UNESCO, deve ser aproveitada para, usando as palavras da Diretora Geral Irina Bokova, exercer a responsabilidade da UNESCO e da Aliança, educando, ensinando, reconciliando. A Cultura, instrumento estratégico do desenvolvimento, constitui uma referência histórico-civilizacional da 5

6 identidade de cada povo. Por essa razão, cada país, a UNESCO e a comunidade internacional em geral, deverão continuar a consagrar a atenção devida à defesa do património material e imaterial da Humanidade, bem como à promoção e proteção da diversidade cultural. Neste contexto, é fundamental que se chegue a um acordo sobre os bens do Património Mundial localizados na Terra Santa, nomeadamente sobre a sua gestão e acesso. Israel e a Palestina devem aproveitar a oportunidade que se lhes coloca para, com coragem, mostrarem ao mundo um sinal de boa vontade e de cooperação para ultrapassar este obstáctulo, na esperança de que também outros possam ser transpostos. Gostaria de assinalar a importância do reforço da credibilidade e da pertinência das disposições da Convenção sobre o Património Mundial e de uma justa representação de todos os países na Lista do Património Mundial. É indispensável promover a preservação dos bens e fazê-lo no respeito pela sustentabilidade e com a implicação das comunidades locais e dos jovens, razão pela qual pugnamos pelo alargamento do Programa de Educação sobre Património Mundial para os Jovens. 6

7 Portugal é um firme defensor da cooperação internacional na área do Património Mundial. Orgulhamo-nos de pertencer a uma Comunidade que valoriza o património cultural e natural universal e se compromete a preservar esse legado para as gerações futuras. Herdeiro de uma tradição de diversidade e de uma vocação como promotor natural do diálogo entre civilizações, culturas, continentes e regiões, queremos partilhar a nossa experiência em matéria de património. São estes os princípios que pautam a presente candidatura de Portugal ao Comité do Património Mundial. Esperamos poder contar com o vosso apoio. Senhor Presidente Portugal subscreve a intervenção que a Lituânia fará em nome da União Europeia. Muito obrigado. 7